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A caminho do fim da viagem


A partida de Trujillo ao final da tarde e sob um céu fabulosamente colorido ao pôr-do-sol, fez com que a última etapa desta viagem a caminho de Cáceres e finalmente de volta a casa, fosse para nós inesquecível.
Em Cáceres fez-se uma paragem para se lavar a autocaravana num posto de lavagem automóvel à entrada da cidade e junto ao seminário. De cara e corpo lavados, partimos para entrar-mos em seguida em Portugal rumo a casa...
Viajar é na realidade um prazer... Gostamos de viajar e, sempre que possível, temos viajado. Entendemos uma viagem como um investimento pessoal valioso, que permite obter grandes e surpreendentes rendimentos, ajudando a construir uma poupança de ideias, de emoções, de valores e, principalmente, de recordações. Viajar é carregar a memória de lembranças e permitir que, no futuro, o passado faça reviver o sabor de bons e lindos momentos...

Trujillo, uma cidade mágica


Quando chegámos a Trujillo já era bastante tarde, mas ainda tentámos ir espreitar a sua Praça Maior, que o Guia da American Express recomendava ver de noite, por ser uma das mais belas de Espanha. No entanto as estradas para a praça estavam fechadas ao trânsito, pelo que resolvemos só visita-la no dia seguinte.

A impressão que o viajante tem quando avista Trujillo ao longe, é a de uma cidade orgulhosa e vigilante que se destaca na planície como que encalhada num belo e surpreendente afloramento rochoso, apresentando uma massa de torres e ameias iluminadas que se destacam no horizonte contra o céu.

No fundo clarividente, entre as luzes, o avistar do altivo perfil da vila medieval, faz com que o viajante quase acredite que o tempo parou e entre no maravilhoso mundo dos sonhos, como que transportado pela arte de algum mágico, à memória medieva que emana das suas ameias, palácios, igrejas e casas ancestrais.

A pernoita foi feita num parque da zona nova de Trujillo paralelo à estrada para Cáceres, em lugar sossegado e junto a uma torre de comunicações, cheia de antenas e ninhos de cegonhas. A noite passou calma e a sensação de segurança garantida por uma brigada de polícia que por ali passava de vez em quando.

Assente sobre uma colina granítica, a cidade de Trujillo conserva restos pré-históricos e pré-romanos, sabendo-se da existência de uma antiga fortaleza, já em tempos muito remotos. Posteriormente foi povoada por romanos, suevos, visigodos e muçulmanos.

A parte mais alta da povoação, a cidade velha entre muralhas, era conhecida como "Turgalium", séculos antes do núcleo posterior do "Castro judeu" ter constituído um município que fazia parte da província da “Lusitânia”(uma antiga província romana que incluía uma parte do que é hoje Portugal, excepto a zona norte, e uma grande porção do que é hoje a Estremadura espanhola), pertencente à vizinha colónia de "Norba Caesarina", hoje Cáceres.*

O domínio visigótico deixou referências à povoação e a chegada dos árabes, séculos mais tarde, fez com que a cidade se desenvolvesse e amplia-se a sua estrutura urbana e a sua relevância militar e comercial.

A "Torgiela" árabe, como era conhecida a Trujillo dessa época, desenvolveu-se à volta do Castelo, edificado no ponto mais alto da cidade e, nos seus arredores, cresceu a vila, à qual não faltaram importantes edifícios militares, religiosos e civis.

Depois de cinco séculos de ocupação destes últimos, foi conquistada em primeiro lugar por Alfonso VIII em 1186. Anos depois voltou a ser de dominação árabe (Almohade), para ser definitivamente conquistada pelos cristãos em Janeiro de 1232, como diz a lenda, com a ajuda da Virgem da Vitória, Padroeira de Trujillo. A praça passou definitivamente para o poder cristão e mais tarde o rei Juan II de Castilla concedeu-lhe o título de cidade em 1430.

Famosa pelos seus monumentos, é um importante centro turístico da Estremadura espanhola, com uma valiosa e sugestiva riqueza monumental. Vibram nela e nas suas antigas vielas, as vozes eloquentes de uma casta senhorial, aventureira, lutadora e mística.

Trujillo foi a terra natal de muitos conquistadores espanhóis, como por exemplo Francisco Pizarro, conquistador do Perú, cuja casa senhorial e a sua estátua equestre se erguem na Praça Maior, e também de Francisco de Orellana, que foi um aventureiro e explorador espanhol, que também participou na conquista do Perú.

Estes conquistadores deixaram à cidade um importante conjunto de edifícios de enorme valor histórico e artístico, que converteram a cidade numa das mais belas e mais visitadas da Estremadura espanhola.

A zona primitiva da Vila ampliou-se até à “Plaza Mayor”, que passou a ser o principal centro da povoação, a partir do século XVI. A Praça Maior é linda e nela além de restaurantes e lojas de produtos artesanais da Estremadura, possui muitas casas senhoriais, como por exemplo, o Palácio del Marquês de la Conquista, mandado edificar pelo irmão de Francisco Pizarro, Hermano Pizarro, construído com as riquezas trazidas do Novo Mundo.

Este palácio destaca-se na Praça Maior, por ter complicadas janelas de esquina, uma obra de engenharia complicada para a época, com as cabeças esculpidas em pedra, dos irmãos Pizarro e das suas mulheres incas. Ainda nesta praça podemos observar o belo Palácio de Pizarro - Orellana, do séc. XVI, que foi construído por descendentes de Francisco Orellana, o explorador do Equador e do rio Amazonas.

Para visitar Trujillo é necessário faze-lo a pé, passo a passo, com calma, não é uma cidade para turistas de câmara e janela de automóvel, mas sim de sapatos confortáveis, chapéu e pau de caminheiro.

Trujillo tem o seu próprio tempo, porque, uma vez ali, a passagem do tempo perde importância. A partir da Praça Maior devemos caminhar para a Cidadela árabe, através da íngreme e serpenteante viela ou rua dos Arqueiros, para depois se fazer a ronda das ameias.

A subida faz-se a um passo forçado até ao acesso à cidadela pela porta de Santiago ou a de San Andrés, qualquer caminho é bom, todos eles levam a mergulhar no passado e a apreciar os vários registos relativos à sua história e arte.

A partir de uma parcial "captura" ao castelo de onde é possível ver toda a cidade e registar a beleza da paisagem nas nossas câmaras mágicas. Aqui perto encontrámos primeiro a torre da igreja de Santa Maria a Maior, que é a chamada de Torre Nova erigida posteriormente no século XVI.

Assim, além dos já referidos, entre os principais monumentos encontram-se: O Castelo, antigo alcazar árabe, que defendeu a cidade contra o avanço dos cristãos durante a reconquista, sendo mais tarde tomado por D. Fernando III de Espanha. A igreja de Santa Maria a Maior, do séc. XIII, a igreja de São Francisco e a igreja de São Martinho, que podem ser visitadas a partir das 16h30.

No final da visita, custou abandonar a cidade, que lá ficou esplendorosa, coroando o alto da colina e dominando as planícies estremenhas com a silhueta do seu recinto medieval amuralhado...

* in Wikipédia

O silêncio de Calatayud


Após o almoço, que foi degustado numa estação de serviço mesmo à saída de Zaragoça, posemo-nos a caminho de Madrid, com o intuito de fazermos o maior número de quilómetros possíveis. No entanto quando passámos por Calatayud não resistimos ao chamamento das suas duas belas torres mudéjares e fomos visitar a cidade.

Calatayud é uma cidade fundada muito cedo pelos muçulmanos, certamente no século V ou VI, criada com o objectivo de controlar o cruzamento dos vales dos rios Jalon e Jiloca e, ao mesmo tempo, de explorar a sua planície irrigada e fértil.

Os romanos iniciaram o povoamento da região, fundando a cidade de Augusta Bilbilis, que se encontra a aproximadamente quatro quilómetros ao norte da actual Calatayud. A cidade moderna foi fundada pelos mouros em torno do castelo de onde provém o seu nome árabe Qal'at 'Ayyūb, "forte de Ayyub".

Alargada no século IX e XI, já totalizava dentro das suas vastas muralhas uma população de cerca de 5000 habitantes, sendo a capital de um Distrito do Reino Árabe de Saragoça. A cidade foi conquistada por Afonso I de Aragão em 1120 e foi a capital de sua própria província durante três anos, no século XIX.

Uma parte da população muçulmana continuou a dedicar-se às actividades agrícolas e à construção, o que iria favorecer o desenvolvimento de Calatayud, na sua região com a "arte mudéjar", sobretudo no século XIV e XV.

O conjunto constituído pelas suas muralhas islâmicas julga-se ter sido construído, em grande parte, de 862 a 863, sendo o mais antigo do seu género, conservado em Espanha. É parcialmente cavado na rocha de gipso, (rocha sedimentar formada de sulfato hidratado de cálcio cristalizado, também chamada gesso de Paris), e a sua construção tem uma base de alvenaria de pedras de gipso e de taipa. Na sua parte Sul desapareceu, mas o que se conserva até hoje, mostra que se trata de um dos mais complexos conjuntos de muralhas medievais.

A nossa visita à cidade começou com um reconhecimento pela parte velha da cidade, que se encontra um pouco degradada e abandonada, notando-se no contraforte sedimentar sobranceiro à cidade a presença de algumas casas trogloditas.

Estas casas são construídas dentro de pequenos montes sedimentares e em muitas delas só se vê as portas e algumas janelas. Logo abaixo encontrámos o presépio da cidade em tamanho real, que me fez lembrar os belos presépios vivos que no Lobito, a terra da minha infância, se faziam e de que eu tanto gostava.

A igreja de San Juan el Real, encontrava-se fachada para pena nossa, pelo que não podemos observar as telas com pinturas de Francisco de Goya do início da sua carreira. Era sábado à tarde e a cidade estava calma e silenciosa...

O silêncio só era quebrado pelo espírito do vento ou pelo ruído do motor de algum carro que pelas suas ruelas se lembrava de passar. A visita pelas ruelas da cidade adormecida à hora da "siesta", resultou na verificação que a cidade estava vazia de gentes, mas não das coisas da alma, uma vez que em muitas das janelas e varandas das casas, observava-se a imagem impressa em tecido vermelho do Menino Jesus!...

*Mais sobre Calatayud em: Calatayud - Verão 2003 - Espanha

Zaragoza, a "sempre heróica e imortal"

Partimos de Figueres já depois do jantar a caminho de Barcelona. Quando chegámos a Barcelona resolvemos não parar para visitar a cidade e assim depois de atestarmos a autocaravana de combústivel, seguimos para Zaragoza, onde resolvemos pernoitar. O caminho fez-se bem até metade do percurso, mas a outra metade foi feita sob nevoeiro serrado, o que tornou esta última etápa penosa não só por já ser bastante tarde mas também por se ter de fazer o resto do precurso muito devagar.

Zaragoza ou Saragoça, cidade já por várias vezes visitada por nós, está localizada no nordeste da Espanha, devendo à sua posição, parte do que fez esta cidade tão famosa e tão cobiçada por muitos conquistadores. Zaragoza fica situada no vale do rio Ebro que torna a área extremamente fértil e perfeita para a agricultura.

Numa importante encruzilhada entre os Pirenéus e o reino de Castela, casa de muitos reis e rainhas de Espanha e num ponto-chave da entrada no reino, Saluba, como era conhecida no momento em que foi tomada pelos romanos, que a nomearam Colonia Caesaraugusta. Após os romanos chegaram os suevos, os visigodos e os mouros.

Em 1118, Alfonso I de Aragão ocupou a cidade, e durante séculos foi a residência dos reis de Aragão. A cidade mais tarde foi atacada pelos franceses no início dos anos 1800 e pelos Carlistas (partidários de D.Carlos, na Guerra da Sucessão Espanhola, que lutavam para evitar uma união das coroas francesa e espanhola), 30 anos mais tarde, e em ambas as vezes Zaragoza sobreviveu, dizendo-se que Saragoça é uma cidade "Sempre heróica e imortal".

Saragoza é uma cidade verdadeiramente notável. Com uma história longa e sangrenta, mas recheada com episódeos de heroísmo e histórias de encantar. A cidade que descansa agora pacificamente no vale do Ebro, com uma paisagem exuberante e bela, tal como o Monumento que é a cidade propriamente dita...
*Mais sobre Zaragoza em : Zaragoza -

Tributo a Salvador Dalí





Teatro Museu Gala Salvador Dalí

Costuma-se dizer que “o melhor fica sempre para o fim”. Assim foi, guardámos a visita a este magnífico museu para o final das nossas férias de Natal... O Teatro Museu Gala Salvador Dalí, é uma Casa Museu, que há muito queria visitar e nunca tinha tido oportunidade para o fazer. A nossa visita a este museu, deixou-nos encantados com todo o espectáculo que se vive no seu interior, que é absolutamente incrível!

O museu situado em Figueres, terra natal de Dali, foi todo criado pelo próprio Salvador Dalí com a ajuda de um arquitecto seu amigo, a partir das ruínas do teatro da cidade, deixadas pelas bombas da Guerra Civil Espanhola. O museu abriu em 1974 e foi ampliado nos anos 80 e é o mais visitado museu de Espanha, depois do Museu do Prado. É uma obra-prima e no seu interior tudo se pode considerar Arte: pinturas, esculturas, jóias e até a própria arquitectura do edifício...
Este Museu foi também o “sonho paranóico” de Salvador Dalí que, como ele próprio referia, era a forma como desejava que qualquer visitante saísse depois de visitar o seu Teatro Museu, como saindo de um verdadeiro sonho paranóico. Desde a entrada, até à saída o museu possui pormenores que só vindos de um génio poderiam ser idealizados e realizados.

A ida ao Teatro Museu Salvador Dalí é sem duvida uma experiência alucinante, para além das fantásticas obras do mestre do Surrealismo, todo o museu é por si só uma experiência surreal, mas também uma experiência maravilhosa. O próprio fez questão de o decorar com as mais bizarras figuras, instalações, esculturas e de demais objectos de arte que realizou propositadamente para o rechear.

Esta Casa Museu contém a maior e mais completa colecção de obras de Salvador Dalí do mundo. Nem todas as obras são do pintor surrealista e nenhum dos seus melhores trabalhos se encontra ali. Além de pinturas de todas as décadas da sua carreira, também abriga inúmeras esculturas, colagens e tapeçarias.

A meio da exposição podemos encontrar uma sala/quarto no mínimo bizarra e excêntrica, homenagem do pintor a uma actriz americana, que para se observar a real intenção do artista, quando o concebeu, tem que se subir uma escada e quando se observa o conjunto de cima podemos ver o rosto da actriz Mae West. Um espanto!...

O próprio edifício do museu é também... surrealista. As pinturas e esculturas podem ser classificadas entre inusitadas ou completamente bizarras, mas sem dúvida belas e primorosas obras de arte... Um dos meus quadros favoritos de Salvador Dalí, "A Persistência da Memória", que também lá se encontrava, ou melhor, uma miniatura algo diferente e mais pequena, baseada no original, porque o verdadeiro não se encontra neste museu e é muito maior. Nesta obra, as imagens flácidas dos relógios que se dobram, mas não se desfazem, e que evocam a obsessão humana com a passagem do tempo e com a memória, foi segundo Dalí, um quadro que levou apenas 2 horas para a ser pintado. Gala, a sua mulher e "Musa", ao voltar do cinema, quando o avistou, afirmou que "quem visse esta pintura jamais a esqueceria".

Logo à entrada podemos ver o Cadillac preto, designado de "Táxi Chuvoso" e uma escultura do artista, que é um monumento apropriado para o homem que ali está sepultado. Na ampla sala que se segue avista-se um quadro que preenche toda a parede e que parece convidar a entrar naquele “sonho”. Depois é só vivê-lo em catadupa... De sala em sala...De corredor em corredor...

Nesta grande sala, podemos ver ainda ao fundo, ao centro de três arcadas e ao fundo da arcada central, um quadro deveras surpreendente, que parece feito por um qualquer programa de computador próprio para trabalhar imagens, que só um génio como Dalí seria capaz de o conceber. Trata-se de uma imagem que no centro apresenta um nu perfeito de Gala, sua mulher, mas ao tentarmos fotografa-lo, aparece-nos a imagem de Abraham Lincoln, décimo sexto presidente dos Estados Unidos da América, e deixa de se ver Gala. Uma maravilha!...

Qualquer canto é especial, porque em todo lado há ARTE. As três horas que passaram a correr, em que viajámos por aquele mundo tão próprio de Salvador Dalí, levou-nos a sair pensando... “Hei-de cá voltar... muitas vezes”... É assim o Museu Dalí... Quando se sai, a imensa sensação de preenchimento total ou quiçá vazio, é inevitável!...


Figueres - A Terra Natal de Salvador Dalí

A viagem de regresso pelo Sul de França, fez-se durante toda a tarde e principio da noite do primeiro dia do ano de 2009. Atravessámos todo o Sul de França, com algumas breves paragens para se fotografar a paisagem ou para se petiscar qualquer coisita. No caminho também foram feitas as compras finais de perfumes e cosméticos à base de lavanda, de que tanto gosto.
No final do dia, já depois da noite ter caído, detivemo-nos na cidade de Figueres já em Espanha, perto da fronteira com a França. A noite em Figueres esperava-nos numa calma profunda, não se vendo vivalma. Depois de várias voltas pela cidade para se fazer o seu reconhecimento, foi escolhido para a pernoita, um grande e sossegado parque de estacionamento junto ao Parc Bosc, a cerca de 120 metros do Teatre Museu Gala Salvador Dalí, que no dia seguinte se revelou buliçoso devido ao movimento frenético de carros que chegavam e partiam a todo o momento.

Figueres, o local que viu nascer o famoso pintor Salvador Dalí, que também ali morreu, em 1989, faz parte da região que foi também uma espécie de pano de fundo para grande parte de sua obra. Situa-se na fértil planície fluvial de Empordà na província de Girona, no nordeste de Espanha, perfeitamente localizada a poucos quilómetros das praias da Costa Brava, abençoadas pelo glorioso sol da Catalunha, e perto da sua capital, pois a cidade fica a cerca de 100 km ao norte de Barcelona.

Figueres encontra-se submersa na cultura catalã, que é celebrada com fervor através de uma série de festivais, eventos e exposições ao longo do ano. É uma cidade muito agradável, com suas ruelas e ruas movimentadas, cheias de turistas que aqui se deslocam para visitar, tal como nós, o "Teatre Museu Gala Salvador Dalí".
As ruas de Figueres estão repletas de excelentes restaurantes catalães que servem delícias da gastronomia local com fortes influências espanholas e francesas, pelo que não deixámos a cidade sem experimentar duas das suas afamadas paellas.
A cidade tem excelentes lojas de recordações, com réplicas das obras de Dalí, de onde não saí sem comprar um dos célebres relógios moles de Dalí. A animação nocturna em Figueres é também de grande qualidade, com entretenimento para todos os gostos. A quinta-feira é dia de mercado em Figueres, que é a oportunidade ideal para comprar e experimentar os seus deliciosos produtos regionais.

La Moyenne Corniche



Quer seja a partir do cinema, da história da actriz Grace Kelly que de um dia para o outro se transformou em princesa do Mónaco, ou a partir da visita às cidades da Côte d'Azur, a Grande Corniche para muitos é apenas uma estrada. Mas não...

Entre Nice e Menton montanhas descem directamente para o Mediterrâneo. Três estradas foram construídas entre estas duas cidades. A estrada de la Corniche Grande, já percorrida por nós numa anterior viagem até Génova, é construída a grande altitude, por vezes com altitudes superiores a 400 metros, com belíssimas vistas para o mar e cidades próximas.

A Moyenne Corniche é igualmente interessante, e foi a percorrida por nós nesta viagem, de onde se desfrutam magníficas paisagens. A estrada de la Corniche Baixa (ou Route du littoral) é a que percorre todas as cidades e todas as aldeias do litoral, junto ao mar Mediterrâneo.

La Moyenne Corniche é a majestosa estrada que tal como o vento, cavalga a crista montanhosa junto à costa, a partir de Nice até Este de Menton e que nós na viagem de regresso a casa tivemos tempo para melhor observar, pois já tínhamos visitado as cidades à ida até Menton. É uma estrada sem paralelo, constituída por uma elegante estrada a meia encosta, que liga à estrada direita e abaixo da costa, a "Basse Corniche", no sopé da serra.

Dela se avistam várias vilas e cidades maravilhosas, desde o Mónaco, como Le Cap Ferrat e Villefranche-sur-Mer, que fica numa íngreme colina que contorna um curvo porto natural, sendo esta talvez a melhor imagem para descrever Villefranche-sur-Mer, um dos destinos mais aconchegantes da Côte d'Azur.

Protegida por uma cidadela do século XVI, Villefranche acolhe os visitantes em ruas sinuosas que descem do alto da colina, em direção ao mar, cercadas por muros. Um pouco mais adiante, a oeste, encontra-se a cidade vizinha de Villefranche, Beaulieu-sur-Mer, que é um belo lugar que já fez parte de Villefranche, da qual se separou em 1891, tornando-se independente.

Depois encontramos várias lindas cidades, como Nice, Vence, Saint Paul de Vence e Cagnes sur Mer, Antibes e Juan les Pins, Le Cap d'Antibes, Cannes e muitas outras até Saint Tropez.

Mas a Grande Corniche é também um parque com um labirinto de trilhas, com uma "Maison de la Nature" para informação de visitantes, oferecendo uma grande e detalhada diversidade de trilhos nas montanhas do Mercantour para caminhadas para observação de paisagens de tirar o fôlego, nas arredondadas colinas que estas montanhas formam.

Para além de tudo isto, para os amantes das observações de aves, o Parc de la Grande Corniche oferece a oportunidade de marcar uma águia ocasional, uma grande coruja, ou outra ave que paire por cima de nós.

Desde as estradas em direcção ao mar, do litoral de San Remo até à península de St Tropez, este novelo de estradas brilham à distância. Há até quem diga que num dia muito claro, talvez mesmo da ilha de Córsega, podem observar-se estas estradas, de forma sinuosa e fraca flutuando sobre o horizonte das curvaturas montanhosas do litoral continental...

Menton

Menton é uma pequena cidade vizinha do principado do Mónaco que tem um estilo Mediterrâneo, com uma forte influência italiana (a fronteira é apenas a três quilómetros de distância). A cidade velha supervisiona a baía, que se situa entre Cap Martin e Cap Mortola.

Menton é uma estância balnear formada pela Igreja de São Miguel e o seu casario muito característico que formam um todo de uma formosura quase indescritível. A cidade no Inverno, mantém usualmente numerosos eventos culturais.

Até meados do século XIX, Menton fazia parte do Principado do Mónaco, mas a cidade foi separada em 1860, tornando-se parte da França. Rumo ao oeste a estrada leva à Roquebrune e Cap Martin. Roquebrune é uma aldeia medieval que mantém um castelo muito antigo, do século X, que não visitámos por falta de tempo.

O Fim de Ano no Mónaco


Para passarmos o nosso dia e noite de final de ano de 2008, foi escolhida a zona junto à Marina de Monte Carlo, também designada de Porto de Hércules. À volta do Porto de Hércules, estende-se o bairro de La Condamine caracterizado por uma actividade comercial intensa, com muitas cafés, restaurantes e esplanadas.
La Condamine é o segundo bairro mais antigo do Mónaco, e o seu nome provem da Idade Média e significa o solo arável ao pé de uma aldeia ou de um castelo. Primeiro, encontra-se o mercado coberto da Place d'Armes, totalmente renovado, que proporciona um espaço de convívio, ao mesmo tempo moderno e funcional. Perpendicular à artéria comercial da rua Grimaldi, estende-se a zona de peões da rua Princesse Caroline constituída de numerosas lojas, ordenamentos paisagísticos e esplanadas de cafés, que revela ser uma passagem agradável para o Quai Albert I e a zona do porto.

No coração de uma baía natural onde os navegadores fenícios já tinham por hábito fazer escala, o Porto do Mónaco faz parte da cidade desde que o Príncipe Alberto I, instituiu em 1900 uma comissão encarregue pela construção de um porto que fornecesse um abrigo aos vários iates de recreio estacionados na Côte d'Azur, constituindo também uma saída para o comércio da região.
Nos anos 60, foram empreendidos estudos para melhorar a protecção do plano de água, dispondo, de diques implementados ao largo, sendo feito também um novo dique destinado a proteger o porto das marés provenientes do sector Leste. Estes estudos acabaram por levar, nos anos 80, à implementação de um procedimento chamado "muro de água fixo", através da construção de um dique semi-flutuante de 352 metros de comprimento.

As obras terminaram em Julho de 2002, tornando o porto de la Condamine ou Porto Hércules, com estas novas infra-estruturas de acolhimento, num dos maiores portos de recreio do Mediterrâneo, e contribuindo assim para o desenvolvimento da paisagem urbana e a economia do bairro de la Condamine, actualmente principal eixo do desenvolvimento económico do Principado do Mónaco.
Na foz do vale Vallon des Gaumates encontra-se a Capela Votiva, dedicada à santa padroeira do Mónaco e da Família Principesca. A capela da Santa Devota, foi construída no século XI, onde decorrem, todos os anos, no dia 27 de Janeiro, cerimónias em sua memória.

Para nós esta singela capela, serviu-nos de abrigo no final da tarde de fim de ano, que decorreu muito chuvosa, permitindo-nos assistir a uma belíssima missa rezada por um padre já ancião, com um ar boníssimo, que no final da homília, veio para a porta da capela, não só despedir-se de todos os fiéis que à missa assistiram, mas também desejar a todos um Bom Ano de 2009.

Foi aqui neste glamoroso local, que ainda durante o dia, escolhemos o café/restaurante mais bonito e simpático da Marina de Monte Carlo, onde iríamos passar a nossa noite de réveillon. Aqui ao início da noite, fomos carinhosamente recebidos por todos os funcionários e pelo dono do restaurante, onde durante toda a noite fomos mimados, sem esquecer a simpatia das restantes pessoas que tal como nós tinham escolhido o mesmo local para passar o réveillon.

Esta escolha, resultou melhor do que inicialmente tinhamos previsto, resultando num belíssimo final de ano, com o restaurante/bar cheio de gente jovem onde se degustou um menu de cozinha francesa absolutamente primoroso, que mais parecia não ter fim, regado com champanhe da melhor qualidade.

A Marina de Monte Carlo, é um local sinónimo de festa e famoso pelos quatro cantos do planeta por aliar um mar de um azul paradisíaco, gente bonita, restaurantes primorosos e uma noite dentro das casas nocturnas preparadas para o réveillon, para lá de agitada. No entanto e talvez devido ao tempo chuvoso que se fazia sentir, a cidade estava calma. Uma calma tão gostosa que me é difícil pensar nestes momentos lá vividos, sem uma enorme saudade.

Aqui onde milionários de todo o planeta, gostam de se encontrar, sem contudo se fazerem notar, tornando o local de uma simplicidade e tranquilidade impar, sem contudo deixar de ser ao mesmo tempo glamoroso. Afinal, este local proporciona o tradicional réveillon à beira-mar, com direito a contagem regressiva num grande ecrã situado na encosta onde se encontra o palácio, fogos de artifício, que em meu entender são bastante pobres para o local em causa, embora o som do buzinão que provem de centenas de iates, que se faz tradicionalmente ouvir à meia noite, seja um espectáculo fascinante e inesquecível.

Após a saída do restaurante, continuámos a festa no exterior, com as muitas actividades preparadas pelo principado, para o Natal e o Fim do Ano. Além de uma pista de gelo, encontrámos várias lojinhas de artesanato e de comes e bebes, como é comum em todas as cidades de França na época de Natal. A Vila Natal em tudo idêntica à sua homónima da nossa vila de Óbidos, garantia aos menos endinheirados uma festa tão ou mais divertida que a festa vivida dentro dos locais de caros réveillons...

O Grand Casino do Mónaco

Num mero rochedo no extremo leste da Provença, numa cidade escarpada sobre o Mediterrâneo, que se tornaria num território de inevitável sedução, num “principado de sonho”, e num país quase “irreal”, nasce o primeiro Casino de Monte Carlo.

Na segunda metade do século XIX, o Mónaco possuía uma economia frágil e instável, constantemente abalada pelas extravagâncias de seus governantes. Coube ao príncipe Carlos III, encomendar ao famoso arquitecto Charles Garnier, (também responsável pela Ópera de Paris), o projecto do grandioso edifício que abrigaria o primeiro Casino de Mónaco, a ser instalado no alto de um penhasco com uma maravilhosa vista da marina.

Inaugurado em 1878, ao qual deram mais tarde o nome de Casino de Monte Carlo, em honra do príncipe Carlos III, os seus luxuosos salões abrigavam visitantes nobres, milionários e aventureiros vindos de toda a parte para tentar a sua sorte, neste que acabou por ficar conhecido como o “pátio de recreio” dos ricos da época.

Graças ao seu casino, o Mónaco alcançou a estabilidade económica e financeira, apesar de ter a sua reputação seriamente abalada, demorando anos para recuperá-la. O sucesso do casino foi tal, que proporcionou ao príncipe lucros imensos e possibilitou a abolição dos impostos em 1869. Hoje o Casino de Monte Carlo é considerado a maior atracção do principado, recebendo desde turistas a grandes jogadores com acesso a exclusivas salas de apostas.

O casino foi concebido para ser um local dedicado à "arte dos jogos de azar", e trata-se de um edifício impressionante. O seu interior, em estilo "Belle Époque", lembra o tempo em que aqui se encontravam príncipes, aristocratas e aventureiros. Está rodeado de magníficos jardins e oferece uma vista soberba sobre a baía de Monte Carlo.

O edifício foi construído em 1863, com vista para o mar Mediterrâneo. No seu interior destacam-se: O "Atrium", pavimentado a mármore e com paredes de mármore pintadas a ouro, é cercado por 28 colunas em ónix e conduz ao auditório da ópera.
Actualmente as slots machines ocupam a Salle Blanche, e as roletas a Salle Europe, que por um preço módico se podem visitar, sendo o jogo, no entanto, para os mais afortunados. As salas destinadas ao jogo, compreendem uma sucessão de várias divisões, que nos apresentam vitrais, decorações fantásticas, admiráveis esculturas, várias pinturas alegóricas e candeeiros em bronze.

O Auditório da Ópera, também chamado "Salle Garnier", está decorado a vermelho e dourado, com uma profusão de baixos-relevos, frescos e esculturas. Aqui, há mais de um século, decorrem espectáculos internacionais de ópera, ballet e concertos de música.

Se olharmos para cima, nos telhados, podemos observar um impressionante trabalho de Victor Vasarely (pintor e escultor húngaro radicado na França, que faleceu em 1997, considerado o "pai da OP ART", abreviatura da Optical Art), com peças cerâmicas, geométricas e multicoloridas, que decoram os telhados do Centro de Convenções e do Auditório.

A parte de trás do Casino, em frente ao mar, está rodeada de terraços ensolarados. Em todo o exterior do casino podemos ver magníficos canteiros e relvados intercalados com lagos e repuxos de água, formando jardins de encosta que descem suavemente em direcção da rua comercial da cidade, formando uma perspectiva muito admirada por visitantes de todo o mundo.