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Serra do Açor - A caminho de Coimbra - Parte II

Depois de muitos quilómetros a serpentear a Serra do Açor, chegamos a terras mais chãs. É ali que encontramos Vide, encravada entre os contrafortes das Serras do Açor e da Estrela.

Vide é uma pequena povoação que é atravessada por vários ribeiros, que acabam por desaguar na ribeira de Alvoco. Nas suas margens abundam locais que oferecem boas condições para a pesca desportiva e para o lazer.

Em Vide foram encontrados três núcleos de arte rupestre gravada e encontramos ainda um vasto e bem preservado conjunto de curiosos aglomerados rurais edificados em xisto, cujos habitantes, orgulhosamente, mantêm vivos.
Segue-se caminho e a povoação que encontramos a seguir é Aldeia das Dez. À sua volta observa-se uma das mais belas paisagens. É um lugar ainda de montanha, cheio de recantos e encantos de atmosfera serrana… onde a ruralidade está presente nos mais simples pormenores, na arquitetura, nos montes e vales…

Poucos quilómetros à frente chegamos a Avô, que nos surpreende do lado esquerdo da estrada. É uma bonita vila, banhada pelo rio Alva e pela ribeira de Pomares que aqui tem a sua foz, no Pego de Avô, um pitoresco lago com uma ilhota no meio, sendo mesmo a Vila de Avô considerada como uma das mais bonitas vilas do País.
A vila de Avô tem origens muito antigas, que remontam há época do início da nossa nacionalidade. Esta antiga vila foi senhorio de D. Urraca Afonso, uma filha "ilegítima" de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, como nos diz Isabel de Lencastre no seu livro "Bastardos Reais").

Tendo anteriormente o topónimo de “Couto de Avao“, porque, não havendo pontes sobre o rio Alva e a ribeira de Moura, só se podia entrar no velho burgo atravessando a “vau” estes cursos de água.
Avô foi habitada por romanos que aqui procuravam minérios de chumbo e ouro, tendo estes sido, provavelmente, os fundadores do Castelo, hoje em ruínas. Avô foi também povoada pelos Mouros, e reconquistada pelo primeiro rei português, D. Afonso Henriques, que mandou reedificar o Castelo.
Já a caminho de Coimbra e depois de uma subida de estrada, deparace-nos do lado esquerdo um amplo miradouro. Este é um bonito miradouro, conhecido por Varandas de Avô. A receber-nos um painel de azulejos, com um bonito verso de V. Campos, ali colocado na primavera de 1988.

Dali tem-se um panorama fantástico, enriquecido pela beleza patrimonial da vila. Lá em baixo a bonita povoação de Avô, com o rio Alva e a ribeira de Pomares a emoldurá-la, com o seu casario a fazer lembrar uma pintura, com a fantástica e forte natureza envolvente.
Ali bem perto, merece também destaque a Praia Fluvial de Avô, situada na zona marginal do rio Alva, junto à Ilha do Picoto, recentemente renovada e contando com uma piscina infantil alimentada com água do rio, zonas de relvado, parque de merendas, balneários e passeios pedestres.
A caminho da Ilha do Picoto, situa-se a grandiosa Casa de Brás Garcia Mascarenhas, um solar quinhentista no seu traço original, com bonitas janelas manuelinas.

Depois só mais uma paragem para o jantar, no famoso leitão da Mealhada, antes de se rumar a casa, onde se chega já de noite.

Fonte: http://www.feriasemportugal.pt/ http://www.aldeiadasdez.pt/  http://www.flickr.com/http://www.guiadacidade.pt/

Serra do Açor - A caminho de Coimbra - Parte I

De volta ao Piódão, foi tempo para mais um pouco de descanso antes da partida a caminho de Coimbra, para o regresso a casa.
Na mesma esplanada do Snack-Bar-Restaurante "Solar dos Pachecos", onde estivemos pela manhã, degustámos um lanche de iguarias fabricadas na aldeia, como queijo de ovelha, bucho e presunto, apreciando a ida e vinda permanente dos visitantes da aldeia. Em volta, as bancas com produtos artesanais da região, como licores, mel, pão regional, bolos e artesanato… convidam às compras, que antecedem a partida.
Já a bardo da autocaravana, seguimos o caminho de casa. A partir do Piódão, percorrem-se estradas sinuosas e estreitas, que serpenteiam as encostas xistosas da Serra do Açor.
À volta, por onde quer que se olhe, avistam-se nas encostas as inúmeras quelhadas, que ao longo dos tempos, foram criando condições para a subsistência das populações daquela região esquecida, conquistando com muito suor à serra, cada pequena leira cultivada.
Na estrada e ainda próximas do Piódão, que ao longe ainda nos observa lá atrás, aparecem-nos as típicas aldeias da Foz e de Chãs de Égua, que pertencem ainda à freguesia do Piódão. e com ela partilham a sua beleza mística da Serra do Açor.
Estas aldeias tal como o Piódão, são caracterizadas pelo seu aspecto rural serrano, com as suas típicas casas de xisto e lousa, circundadas por uma natureza quase em estado puro, rica em espécies de fauna e flora que aqui encontram o seu habitat natural. Durante muitos anos e tal como o Piódão, estavem isoladas do resto do mundo.
Lá em cima, longe do vale onde corre a ribeira do Piódão, passava a “Estrada Real”, que ligava Coimbra à Covilhã.
São aldeias com origens remotas e que sobreviveram às intempéries em comunidade. As suas origens são bem longínquas, como o confirmam as cinco dezenas de pinturas rupestres do Neolítico e da Idade do Bronze que foram descobertas na zona da aldeia de Chãs d’Égua, que são consideradas pelos especialistas apenas como a “ponta do véu” de um santuário mais vasto e rico.
De facto, pensa-se que o próprio topónimo de Chãs d’Égua virá do tempo da ocupação romana, por aqui serem criadas as éguas destinadas a serem atreladas nos carros de desporto e combate da época.
Em Foz d´Égua situa-se também uma praia fluvial de grande beleza, onde se faz o ponto de encontro da ribeira de Piódão com a ribeira de Chãs, correndo ambas em direcção ao rio Alvoco.
Nesta época do ano, a primavera, as serranias estão cobertas por um manto de flores, onde sobressai a coloração amarela das giestas, tojos e carquejas, e ainda o lilás das urzes. As rochas estão salpicadas por líquenes e musgos de cor verde oliva. Ao longe da estrada vemos manchas de pinheiros, carvalhos e castanheiros.
Pela serra são frequentes as ruínas do que outrora foram casas de xisto de agricultores. Abandonadas e desgastadas pelo tempo, fazem hoje apenas parte da paisagem. Olhando para estas ruinas, facilmente podemos imaginar, o impacto da migração e emigração nestes lugares, quando muitos jovens partiram para fora do país ou para as grandes cidades em busca de uma vida melhor, abandonando a pastorícia e as atividades artesanais, ligadas sobretudo à floresta.
Antes delas, os habitantes destas regiões serranas, viveram durante séculos do mel, azeite, queijo, centeio e milho a que, já mais recentemente agregaram a exploração do carvão e das minas de volfrâmio.
Curavam as maleitas com responsos e mezinhas e quebravam o isolamento com grandes caminhadas. São deliciosas as histórias, por exemplo, das “galinheiras”, mulheres que calcorreavam caminhitos em terra batida, até à Covilhã, de cesta à cabeça, em dias de neve ou calor abrasador, recolhendo ovos pelos montes que depois vendiam na cidade maior.
Durante o caminho no meio das exuberantes escarpas e vales profundos, situam-se pequenos povoados que se fundem na paisagem.
Ao final da tarde, rasgando os céus, observa-se o açor, a ave de rapina que deu nome a esta maravilhosa e colorida serra.
Fonte: http://www.regiaocentro.net/canais/passeios/2002/Piodao/default.asp http://www.flickr.com/photos/cidagarcia/4824130310/

Visita ao Piódão - Parte II

Após o almoço, foi iniciado o passeio pela aldeia e redondezas. Encaminhamo-nos para a igreja vestida de branco reluzente e lá dentro uma senhora da terra que bem nos recebe, não nos deixa fazer qualquer registo fotográfico.
A Igreja Matriz do Piódão, que mais parece ter sido construída a olhar para uma pintura naïf, preside a praça principal e é o elemento que mais se destaca no cinzento da aldeia, pintada de azul e branco. Datada do século XVII, a sua fachada atual foi reconstruída no século XIX.
Segundo reza a história, um dia os habitantes do Piódão juntaram todo o ouro que tinham e pediram a um velho pastor, para pedir ao Bispo de Coimbra autorização para construir uma igreja. Perante tão dispendiosa solicitação, preparava-se o Bispo para recusar o pedido, quando o velho pastor, abrindo o seu barrete serrano, lhe mostrou as luzidias moedas de ouro necessárias a tal empreitada, aceitando o Bispo de imediato o pedido.
Dentro da igreja encontra-se a escultura antiga em calcário pintada de cores vivas de Nossa Senhora da Conceição, da segunda metade desse século e anterior a 1676, que data da criação da freguesia e que poderá também ser contemporânea da edificação da Igreja.
No final do século XIX, a fachada da Igreja Matriz ameaçava ruir e foi reconstruída ao sabor do gosto neobarroco, eclético e romântico da época, por iniciativa do cónego Manuel Fernandes Nogueira. As quatro finas torres cilíndricas rematadas em cone, parecem conferir movimento à frontaria, enquanto a torre sineira de planta quadrada se encosta a meio da fachada sul da Igreja. Os três retábulos que alberga, datam do século XVIII, e eram originariamente em talha dourada.
Por trás da Igreja podem ainda descobrir-se, algumas ruínas de um antigo Mosteiro dos monges de Cister, ordem religiosa reformada por São Bernardo de Clairvaux. Os monges brancos de São Bernardo, como são conhecidos, construíam sempre os seus mosteiros em estreitos vales - Benedictus montes, Bernardus valles - tal como fizeram no Piódão, e a enorme influência que exerceram em todas as vertentes da cultura portuguesa, remonta já aos tempos da Reconquista.

Também situado na praça principal, em nível inferior, o Museu do Piódão é uma extensão do Museu Etnográfico de Arganil que recorda a vida da aldeia. Com muitas peças doadas pelos habitantes, funciona como uma mostra da memória coletiva da freguesia de Piódão. A coleção inclui o aerodínamo, que trouxe pela primeira vez luz elétrica à aldeia.
Em seguida começámos por percorrer as ruas inclinadas e estreitas da aldeia, dominadas pelo xisto. Sobe-se por caminhos de xisto reluzente, sendo alguns deles substituídos por escadarias estreitas, que lentamente nos levam encosta a cima. No caminho passamos pela Fonte dos Algares, com o seu arco ogival de xisto.
no cimo do emaranhado de casas, encontramos a pequenina Capela de São Pedro, que misturada com o casario passa muitas vezes despercebida. Tal como a igreja, também esta está vestida de branco. Lá dentro, a D. Zulmira, que toma conta da capela e que ao contrário da senhora da Igreja Matriz, deixa-nos fazer o registo fotográfico à vontade, mostrando-nos em seguida orgulhosa a sua linda casa, embelezada à entrada com uma viçosa e verdejante parreira.
Pouco tempo depois começamos a descer, por trilhos com escadinhas e caminhos declivosos, pela encosta que acompanha a ribeira do Piódão. Os caminhos que descem ao lado das casas de xisto são muito bonitos, tanto pela vegetação que nos acompanha, como pela grandiosa paisagem da serra e do vale, onde corre a ribeira.
A meia encosta para-se num pequeno largo, para descansar e tirar fotos e o Sr. Sebastião que adora conversar, põe-se à conversa connosco, contando-nos histórias antigas do Piódão e de quando trabalhava em Lisboa, retornando à terra quando se reformou.
Desce-se ainda mais e lá em baixo junto da ribeira, acompanha-se o correr da água até ao local onde ela se encontra com a ribeira do Piódão. Numa zona onde ambos os vales são bastante estreitos e profundos, um açude faz a água recolher em piscina, é a praia fluvial do Piódão.
Depois de muito se chapinhar, cão e seus donos fizeram o regresso por caminhos bastante perto da linha de água e depois vencendo uma subida longa mas pouco acentuada, chega-se ao miradouro, situado na encosta oposta à outra onde se empoleira o Piódão.
Ali a alguma distância, observa-se a aldeia, que parece estar situada num ninho formado pelas muitas quelhadas (socalcos) de verdura que existem à sua volta, tal como numa tela cubista imobilizada no tempo. A natureza envolvente de intenso verde está quase em estado puro e o Piódão, aldeia histórica com as suas casas de xisto que parecem estar em precário equilíbrio, está em perfeita harmonia com o resto da paisagem.
Pelo caminho e à nossa volta os carvalhos-alvarinhos e os castanheiros estão um pouco por todo o lado, destacando-se nesta região pela dimensão de alguns dos seus exemplares e pelos bosquetes que parecem remanescer de outros tempos.
Há volta da aldeia podemos visitar lagares de azeite, conhecer a tradicional apicultura, observar a flora ribeirinha, conhecer a agricultura tradicional e todo o seu mundo rural ou simplesmente estar em contacto com a natureza.

Visita ao Piódão - Parte I

O acordar no Piódão, foi lá pelas 10h00. Foi um acordar aos poucos, com o barulho dos carros que chegavam com os visitantes da manhã. Depois o pequeno-almoço, na esplanada do "Solar dos Pachecos", um pequeno café situado numa pequena casa de xisto, do largo que serve de átrio ao povoado.
A aldeia já fervilhava de atividade àquela hora, o que testemunha que o cartaz turístico da aldeia tem na realidade sortido efeito.

A visita detalhada à aldeia foi iniciada só após o almoço e foi antecedida de um longo repouso numa esplanada situada bem perto das diversas lojas tradicionais, que nos oferecem o que de melhor se produz na aldeia, entre artesanato, licores, mel, pão ou outros deliciosos produtos gastronómicos. Aproveitámos para ler e observar o remoinho de gentes que chegavam ou partiam do Piódão.
O Piódão viveu isolado do mundo durante séculos e ainda há poucos anos o único acesso à “aldeia presépio” era um “caminho” de bois em terra batida. Face à sua localização, escondida no fundo da serra, e à dificuldade de acesso, o Piódão foi, em tempos que já lá vão, abrigo ideal para foragidos da Justiça, pensando-se que ali se terá escondido um dos assassinos de D. Inês de Castro..
O próprio conjunto arquitetónico e a sua disposição tão característica, é o maior atributo de Piódão, destacando-se também locais de interesse como a Igreja Matriz do século XVII ou o Núcleo Museológico do Piódão, por onde iniciámos a visita e onde estão expostos os costumes, as tradições e modo de vida destas antigas paragens.
O Piódão tem um traçado e uma disposição típica de um povoamento de montanha. Abrigadas dos ventos dominantes, as casas trepam pela encosta acima.
A maioria das casas guarda a estrutura de antigamente. São compostas por dois pisos, sendo o térreo destinado a guardar as alfaias agrícolas, as arcas dos cereais e as salgadeiras. No primeiro piso está a habitação propriamente dita, muito escura e parca de mobiliário. O interior é construído em madeira de castanho e o telhado suspenso em barrotes cobertos por xisto.
As paredes das casas têm duas camadas, uma exterior com pedras maiores e uma interior com pedras mais pequenas. Os telhados têm uma ou duas águas, chegando a ter quatro graus de inclinação média, por causa dos nevões invernais.
Talvez por causa das distâncias ou das dificuldades de acesso, a matéria-prima utilizada na construção da aldeia é predominantemente a madeira e o xisto local, que aparece também no pavimento das ruelas e os telhados feitos em ardósia.
O azul que pinta as portas e janelas é outro dos mistérios ainda por resolver. Ninguém sabe ao certo a razão. São várias as explicações, mas a mais conhecida prende-se com o isolamento da aldeia e com a chegada de uma lata de tinta azul. Não havendo escolha, o azul impôs-se e é atualmente parte integrante do conjunto arquitetónico da aldeia do Piódão.

Fonte:
http://www.visitportugal.com/NR/exeres/5DB73E2D-6C3C-4A9C-AEA4-9378F1948E5E,frameless.htm / http://www.regiaocentro.net/canais/passeios/2002/Piodao/default.asp / http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-piodao-1691 

Piodão - Serra do Açor

Chegados ao Piódão, procurámos com alguma dificuldade o lugar para a pernoita. Ali o terreno é invariavelmente acidentado e depois de muitas voltas, decidimos que o melhor lugar que nos permitiria ter um repouso adequado, seria à entrada do pequeno  largo plano, que serve de átrio à povoação.
Vestimos casacos mais grossos, uma vez que ali o frio aperta à noite, pois é lugar de grandes amplitudes térmicas, e partimos à procura de um bom lugar para jantar.
A igreja destaca-se à noite, não só pela iluminação circundante, mas também e sobretudo pela brancura da cal, que sobressai em contraposição ao casario escuro de xisto.
O Piódão é uma aldeia serrana, de feição rural, e acessos difíceis, um excelente exemplo de como o ser humano se adaptou ao longo dos séculos aos mais inóspitos locais.
A aldeia ter-se-á desenvolvido a partir de um anterior castro lusitano, o “Casal de Piodam”, hoje em ruínas, que terá ao longo do tempo sabiamente aproveitado e aperfeiçoado a agricultura em socalcos.
Já no século XX o estilo de vida que durante anos perdurou no Piódão, sofreu uma grande mudança, com a emigração em massa que se fez sentir um pouco por todo o Portugal, perdendo-se a força da terra.
Depois a fama do Piódão voou longe, através de cartazes de propaganda turísticos, que espalharam o seu exótico retrato, que ainda hoje encanta qualquer um, por alguns caminhos do mundo… Hoje em dia Piódão é uma força turística, que continua a preservar a sua essência.
Quando lá se chega, a primeira impressão é de deslumbramento, e depois quando visão trepa encosta a cima, a emoção sentida é de amor à primeira vista. As suas típicas e escuras casas de xisto e lousa, com janelas em madeira pintadas de azul-forte, descem graciosamente a encosta da serra, até enquadrarem a pequenina igreja, que mais parece uma peça de barro pintado, de presépio tradicional. Por esta razão, a aldeia e o anfiteatro formado pelas suas casas na encosta íngreme da Serra do Açor, é apelidada de “aldeia presépio”.
O único restaurante aberto é um espaço moderno ali construído recentemente, que se destaca do casario escuro de xisto, pela sua arquitetura moderna, pintado de bordeaux e branco, com algum betão à vista.
Para lá nos dirigimos, sendo o jantar a tradicional chanfana, e como sobremesa a “tigelada”. Depois um breve passeio por algumas ruas adormecidas, onde nem cães nem gatos se viam, o que nos convenceu a recolher mais cedo. Pensámos, “Em Roma, sê romano”, pois cada lugar tem seus hábitos e costumes, que devem ser seguidos por quem os visita.
Fonte: http://www.visitportugal.com / http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-piodao-1691  / http://www.quintadoriodao.com/port/out/acor.html

Serra do Açor - A caminho de Piodão

Novamente no caminho de xisto que nos levou à Fraga da Pena e que nos trás de volta à autocaravana, percorremos novamente o vale sombrio de vegetação luxuriante, onde corre a ribeira da Mata da Margaraça.
Esta mata além de ser uma autêntica relíquia botânica, também propicia a existência de uma fauna que a desertificação da serra, ou a sua "eucaliptação" fez desaparecer. Assim e ao que parece, regressou a esta mata o javali; perdurou a gineta e conservaram-se as aves de rapina, como o açor que deu o nome à serra. Também ali se podem encontrar o gavião e a coruja do mato, bem como o cuco, que naquele final de tarde e de vez em quando, ia dando um ar da sua graça.

Já na autocaravana, deixamos o vale formoso da Fraga da Pena e voltamos para trás, para Benfeita. Lá em cima, do lado direito observamos despedindo-se de nós, a bonita aldeia de Pardieiros.
A partir de Benfeita, viajamos em direção de Monte Frio, que observamos estirada na lomba de um cabeço, ainda a aproveitar o sol de fim de tarde, e seguimos em direção de Relva Velha.

Do alto da serrania observa-se lá em baixo a mancha escura da Margaraça. Já na estrada de Coja, espreitamos lá do alto. A paisagem é de uma beleza indescritível e ao longe observam-se as pequenas povoações de Moura da Serra e Mourisca, estendidas nas encostas da belíssima Serra do Açor, debruçadas sobre os socalcos que laboriosamente os seus habitantes foram edificando ao longo de gerações.
Lá em baixo observam-se aldeias construídas nas encostas de profundos vales, com típicas casas de pedra onde o tempo parece ter parado, e sobretudo toda a fabulosa beleza paisagística, albergando no horizonte toda esta realidade serrana, com a Serra da Estrela e a Serra da Gardunha como pano e fundo.

Continuamos a subir a Serra do Açor e já lá bem alto, avistam-se as pequenas povoações de Soito da Ruiva, e lá mais ao fundo Sobral Magro, que nos acompanham enquanto se rola na crista da serra. A estrada renovada está uma beleza, em comparação com a velha estrada que foi outrora caminho de almocreves e ponto de passagem entre o litoral e a Beira mais interior.
A estrada leva-nos até ao marco geodésico que comemora a nossa chegada aos 1341 m de altitude. Dali podem ser avistadas outras serranias em seu redor, como a Serra da Estrela ou a massa serrana enfileirada a nordeste. Para norte avistam-se as terras mais chãs e para sul, a Serra da Cebola, mais alta que este pico da Serra do Açor, que no entanto a comanda. Desta o seu ponto mais alto, é o Picoto do Piódão, que atinge os 1.400 metros de altitude.

O percurso está ali quase a findar, quando ainda no alto da Serra do Açor, nos preparamos para começar a descer. Estamos no Alto de S. Pedro e é ali que se observam os Penedos Altos, xistos erguidos em cutelo.
Observada lá de cima a estrada que é o único vestígio da humanização naquele lugar, mete respeito, pela altitude, inclinação e pelas angulosas sinuosidades do seu traçado.

Começamos a descer bem devagarinho, não vá o diabo tece-las. As sinuosidades rigorosas e ingremes acompanham-nos por 3 a 4 Km, sempre a descer até ao Piodão, aldeia encastrada na encosta à sombra das altitudes da Serra do Açor e aninhada no fundo de uma lomba, onde já chegámos ao anoitecer.

Fraga da Pena - Serra do Açor

Prosseguimos viagem a partir de Benfeita, por uma estreita estrada com lombas arredondadas de xisto e ravinas profundas, de onde se avista do lado esquerdo, a pequena povoação de Pardieiros, reluzente lá no alto, sendo esta visão a companhia bem-vinda até se encontrar o início do caminho para a Fraga da Pena.
Ali se entra na área protegida da Serra do Açor, regime que lhe foi determinado pela existência da Mata da Margaraça, durante muitos anos devassada, pelos olhos cobiçosos dos madeireiros da região. Esta classificação foi devida ao seu interesse botânico, pois é considerada segundo J. Paiva, como uma das “raras e mais significativas relíquias que nos restam da floresta que teria coberto a maior parte das encostas das serranias do centro de Portugal”.


Ali encontramo-nos o reino do carvalho alvarinho e do castanheiro, do medronheiro, do folhado e do azereiro, mas também o mundo do azevinho, da giesta, da aveleira, da cerejeira brava e do loureiro.

Mas ao entrarmos na área de reserva ecológica e antes de passarmos propriamente à zona florestal da Mata da Margaraça, cabe-nos gozar de um trecho da paisagem bucólica, no sítio da Fraga da Pena. É no meio deste arvoredo de verde intenso, que chegamos ao cruzamento de estreitas estradas, onde se encontra uma tabuleta que nos indica que por ali se vai à Fraga da Pena.

Deixa-se a autocaravana na borda da estrada e a pé se avança por um caminho feito de xisto, bordeado por um corrimão de madeira e pela encosta que sobe a partir do vale por onde corre a ribeira da Mata da Margaraça.
Quando se chega ao lugar da Fraga da Pena o cenário é surpreendente. A frescura é imensa, uma vez que o arvoredo sombreia o local. É um recanto de xisto com múltiplos encantos, cujas águas gélidas sem qualquer poluição aparente, são de uma limpidez surpreendente.

Observa-se um conjunto de várias cascatas, uma pequena ponte de madeira que cruza a ribeira e um pouco mais adiante, um poço profundo com uma cascata que se despenha duma fraga, de uma altura total de mais de setenta metros (somando todas as cascatas), cortando as rochas ao longo de milénios.
O que há na fraga é uma sucessão de quedas de água, algumas vertiginosas, que formam pequenos lagos conectados entre si pelo sulco de um ribeiro talhado no xisto. O desnível da maior das cascatas da Fraga da Pena chega aos 20 metros de altura.

Estas cascatas têm origem num acidente geológico e são consideradas uma das maiores mais-valias entre os recursos naturais da paisagem protegida da Serra do Açor.

A Fraga da Pena está localizada no interior da Mata da Margaraça e está inserida em plena área protegida da Serra do Açor. É um local ideal para um passeio de verão, onde por certo se passarão bons momentos e onde nos podemos refrescar, mergulhando nas águas frescas das pequenas lagoas que as cascatas formam.

As suas águas depois de se despenharem nas escarpas formando as cascatas, correm por um vale muito apertado aberto na montanha e a zona da Fraga surge dotada de vegetação abundante de forma repentina, a cobrir as encostas xistosas.
Assim, e para quem como eu gosta de “botanizar”, a mata circundante à Fraga da Pena, é incomparavelmente mais rica do que a fraga, que ali funciona sobretudo, como mero aperitivo.

O acidentado percurso da água é todo ele sombreado por um arvoredo denso, onde se observam carvalhos, adernos, azereiros, folhados e loureiros.
Ali há também um moinho de água e, nas ravinas por onde a água se precipita, as encostas são uma festa para os sentidos, pois estão engalanadas com musgos, líquenes e fetos, muitos arbustos e árvores, que se agarram às escarpas em equilibro improvável e a alguns musgosos torrões de terra, de onde extraem o seu permanente sustento.


Fonte: http://dias-com-arvores.blogspot.pt/ http://www.portais.ws/ http://www.lifecooler.com / Wikipedia.org