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De Mesão Frio ao Peso da Régua - 5º Dia - Parte II



A partir da entrada para a Quinta do Solar da Rede, desce-se a encosta em estrada estreita, por vezes de curvas acentuadas até à margem direita do Douro. Uma vez ali a estrada acompanha o rio e rola-se devagar por terras de Ribadouro.
Daí para cima deve-se apreciar de preferência com olhos de ver, aqueles pendores que ladeiam o rio e que formam o vale mais profundo, mais peculiar e mais encantador de todos os vales de Portugal.
As povoações sucedem-se apertadas entre a margem do rio e as encostas vinhateiras. Eido, Ribeira da Rede, Rede, Quinta do Reimonde. A partir de Quinta do Reimonde, acaba o descer da estrada e encontra-se o rio Douro, que bem perto corre.
A partir dali a estrada acompanha o rio, quase sem curvas e a partir da povoação de Bebereira, segue-se o rio pela sua margem direita até à Régua.
Dali de baixo temos a nítida sensação de estarmos a observar uma autêntica obra-prima, realizada pela natureza em conjunto com o esforço humano de muitas gerações, que com o seu suor foram modificando aos poucos as encostas deste vale, realizando uma imensidão de socalcos, cultivados com inúmeras cepas, que nos contam uma aventura de três séculos de trabalho e paixão pela terra.
Ao longo de gerações, multidões de homens desventraram o solo, remexeram o xisto, elevaram fileiras de socalcos e plantaram vinhedos, para que dele nascesse o tão afamado Vinho do Porto.

Na mais antiga região demarcada do mundo os durienses empenharam a alma e o corpo em sucessivos Verões e Invernos, cuidando a terra, tratando a vinha para no início do Outono, fazer a vindima. Nesta época passam dias e noites a fio, cortando os cachos, transportando cestos e pisando os bagos, nos lagares entre risos, cantigas e concertinas afinadas.
Lá em baixo junto ao rio, o cenário é esmagador e sentimo-nos muito pequeninos, rodeados por uma paisagem grandiosa, que une o rio, as vinhas e a sua história milenar.

Passamos depois por Granjão, e em seguida aparece-nos Caldas de Moledo, que nos tapa por instantes o correr do rio. Caldas de Moledo é uma povoação que sobe a encosta desde o rio até à estrada e como o próprio nome indica, situam-se ali umas termas com águas mineromedicinais.
O parque das caldas é um surpreendente espaço arborizado por enormes plátanos, formando um largo terraço sobre o Douro, obra dos tempos da famosa Ferreirinha (D. Antónia Adelaide Ferreira, empresária vinhateira portuguesa, que nasceu em 1811, e que ficou famosa por se ter dedicado ao cultivo do vinho do Porto, introduzindo notáveis inovações), que aqui tinha o seu palacete, separado deste parque pela estrada da Régua para Amarante.
 

No interior deste parque, fechado por um gradeamento e monumentais portões do séc. XIX, encontra-se o edifício do balneário e também o edifício chamado das Piscinas. É notoriamente um lugar de repouso e silêncio que se não curar males físicos, curará por certo os “espirituais”.
 
Deixam-se as caldas e um pouco mais adiante, empoleirada na encosta, chama a nossa atenção a pequena povoação de Cederma. No caminho, agora já bem próximo da Régua, ainda passamos por Salgueiral e Olival Basto, que antecedem a chegada à cidade de Peso da Régua.

Fonte: http://www.douronet.pt/ http://www.aguas.ics.ul.pt/ http://viagem-historiamovimento.blogspot.pt/ Google maps

De Amarante a Mesão Frio - 5º Dia - Parte I



Deixamos a formosa cidade de Ribatâmega e rumamos à Régua, em direção a Mesão Frio pelas estradas nacionais, que fazem as serranias.
A estrada nacional passa pelas serranias do interior e vales belíssimos de Baião. São paisagens de suster a respiração. Entre as encostas do rio Douro e os cumes rochosos da Serra do Marão, Baião é o concelho mais interior do distrito do Porto e também o de carácter mais marcadamente rural.
A estrada nacional fica enquadrada na serra do Marão e faz a ligação entre os concelhos de Marco de Canavezes a oeste, Amarante a norte, Mesão Frio e Peso da Régua a este.
A paisagem vai oferecendo panoramas deslumbrantes das grandes serras e vales tranquilos, por onde serpenteiam rios e ribeiras, com passagem por pequenas aldeias tradicionais, com belíssimos solares rústicos dos séculos XVII e XVIII, que exibem brasões de armas de secular granito, que o musgo retoca e mais envelhece.
De todas as casas senhoriais destaca-se a Casa de Tormes, do séc. XVIII, onde o escritor Eça de Queiroz viveu durante algum tempo e o Solar da Rede, a meia encosta de quem desce de Mesão Frio até ao rio. É uma bonita casa senhorial, que domina uma quinta empoleirada na encosta norte do vale do Douro, onde é possível fruir de belíssimas panorâmicas sobre o vale e cujas terras plantadas com castas do vinho do Porto, vai descendo em socalcos até ao rio. É um lugar ótimo para se parar e descansar, tomar um cálice de vinho do Porto, antes de se prosseguir viagem.
O Solar da Rede é hoje uma Pousada de Portugal onde já estivemos hospedados há alguns anos, durante um fim de semana, quando colecionávamos estadias nas Pousadas Nacionais Portuguesas em tempos de “vacas gordas”, quando ainda era possível pernoitar a bons preços nestas casas e que hoje nos apresentam preços proibitivos, sendo no entanto possível visitá-las sempre que por elas se passa.
Para além dos solares, em todas as freguesias por onde se passa, levantam-se singelas e antigas igrejas e ermidas, e pelo caminho vão-se vendo aqui e ali rústicas esculturas, terras cultivadas em socalcos, alfaias agrícolas, nichos com santos, fontanários e outras obras de arte.

Longe da poluição e agitação das grandes cidades o sossego e a tranquilidade destes caminhos, são sobretudo um reconfortante reencontro com a natureza no que de mais autêntico e singular ela tem, representando para nós viajantes uma experiência única.

Entre montes e vales de vegetação densa, em caminhos surpreendentes e pouco explorados pelo turismo, encontramos belíssimos recantos para repouso e miradouros de uma beleza ímpar, que nos proporcionam momentos inesquecíveis.
Entrados em Mesão Frio aparece-nos a região dos vinhedos, típica do Douro, onde dezenas de pessoas labutam todos os anos em setembro, na época da vindima. Nessa época, na tradicional apanha das uvas, carregam-se cestos com uvas, que depois são levados às costas por homens. São cada vez mais raros os lagares onde antigamente se fazia a pisa das uvas, para obtenção do mosto, que após envelhecimento em cascos de carvalho irá resultar no magnífico vinho do Porto.
A pequena povoação de Mesão Frio fica situada no cimo dos contrafortes rochosos que descem num vasto anfiteatro voltado ao Douro. É um local de miradouro natural, que até onde a vista alcança, nos vai mostrando as depressões profundas e os vales alinhados, as formas planálticas de relevos adoçados e quase uniformes na feição inconfundível da sua grandiosidade, num cenário perfeito para os amantes da natureza em estado puro. É um local onde o espaço imenso, repousa num imenso silêncio.
Fonte: http://artigos.netsaber.com.br/ http://www.etc.pt/ http://ribadouro.jfreguesia.com/ http://www.mesaofrio.com.pt/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte III



O centro da cidade de Amarante está aliado a uma beleza natural sem igual que se une na perfeição com um amplo património histórico, fazendo desta cidade uma caixinha de surpresas, pronta a despertar os nossos cinco sentidos.
 
Amarante é por tudo isto um lugar perdido no tempo que guarda em cada pedaço da cidade muito da nossa essência como povo. A descoberta desta cidade é assim a descoberta da nossa ancestral cultura. Tradições que achávamos perdidas são ali reencontradas e de novo apaixonamo-nos por uma cultura que são as raízes de todos nós.
Contemporânea da formação de Portugal e com íntima ligação às gentes e famílias que protagonizaram a fundação da nossa Nacionalidade, Amarante é também um testemunho do papel relevante que este território outrora desempenhou na história da nobreza e das ordens religiosas em Portugal.
Antes de deixarmos a cidade, queríamos comprar e provar alguns dos seus famosos doces amarantinos. A história de Amarante é indissociável da história da doçaria conventual do nosso país. Estas iguarias, com origem no Convento de Santa Clara, o mais antigo da cidade hoje em ruinas, são uma das referências locais, onde a oferta é bastante variada.
Para os encontrarmos bastou entrar no Café S. Gonçalo, onde tínhamos estado sentados na esplanada a observar o vai e vem das gentes, na Praça da Republica. Lá dentro os doces tradicionais esperavam-nos, sendo os mais emblemáticos os papos de anjo, as lérias, os bolos de S. Gonçalo, os foguetes e as brisas do Tâmega. De todos eles os mais interessantes pela história associada são os bolos de S. Gonçalo, mais conhecidos na região por “Ferramentas de S. Gonçalo”, por terem a forma de um falo.
São Gonçalo é o santo protetor das “velhas” e as preces a este santo, acredita-se, que curam os problemas de fertilidade masculina. Segundo reza a lenda, este santo teria casado em segredo alguns habitantes de uma aldeia chamada “Ovelha”, que a Igreja não queria casar por já viverem maritalmente há algum tempo. Entre estes encontravam-se novos e velhos, e assim o povo passou a dizer que São Gonçalo era o "casamenteiro dos de Ovelha". Este dizer popular foi ao longo do tempo sendo abreviado ou transformado, dando "casamenteiro das Velhas". Das questões sentimentais a ele associadas rapidamente o povo passou para as questões de ordem sexual. Assim para as festas e romarias de Amarante começaram a ser feitos bolos em forma de falo, com a mesma massa das cavacas das Caldas da Rainha, que os noivos ofereciam às noivas.
E foi assim que o santo homem vê uma parte da sua fisiologia que de pouco lhe teria servido, transformada em bolo brejeiro através do carinho do povo: as Ferramentas de São Gonçalo, doces de massa de farinha e açúcar, com ou sem recheio, semelhantes às galhofas e às cavacas. Diz-se ainda que este bolo seria uma homenagem ao papel conciliador das desavenças matrimoniais, feito pelo beato. Quem o come são sobretudo as mulheres, em geral como oferta amorosa do companheiro.
Esteve este doce proibido por indecente durante o Estado Novo, embora se tenha sempre portado como bolo da “resistência”, sendo confecionado na clandestinidade e vendido à socapa. Ainda hoje, nas barracas e nas pastelarias mais tradicionais de Amarante, podem encontrar-se estes bolos fálicos.
Fonte: http://myguide.iol.pt/ http://www.rotadoromanico.com/ http://cozinhaeliteratura.blogspot.pt/ http://conversasamesa.blogs.sapo.pt/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte II



Depois da visita à Igreja de S. Gonçalo, sai-se para a Praça da Republica caminhando em direção ao Café/Bar S. Gonçalo, com uma boa esplanada de onde se pode apreciar bem o movimento e a dinâmica da Praça.
Dali também se observa bem a Ponte de S. Gonçalo, que juntamente com a Igreja do mesmo nome representam o epicentro do centro histórico da cidade de Amarante.
Primitivamente supõe-se ter existido neste local da atual ponte uma outra de origem romana, dado ser esse o traçado da estrada romana que passaria em Amarante em direção a Guimarães e Braga.
No entanto, por volta do ano 1250, e segundo uma antiga lenda existente na cidade, São Gonçalo terá construído ou reconstruído essa ponte, que mais tarde desmoronou devido a uma cheia do rio Tâmega. Nela havia um cruzeiro com o Senhor da Boa Passagem, que foi retirado uma hora antes do histórico desmoronamento da ponte e mais tarde colocado num nicho a um recanto da Igreja de São Gonçalo, ficando a imagem de Nossa Senhora da Ponte a proteger o trânsito.

A atual Ponte de S. Gonçalo é uma bela construção construída em granito no final do séc. XVII e é uma das imagens de marca da cidade. A placa de mármore fixada num dos obeliscos que guardam a entrada da ponte recorda a defesa e a vitória do general Silveira, futuro conde de Amarante, que a 2 de Maio de 1809 defrontou as tropas napoleónicas.
 
Esta ponte permite contemplar as calmas águas do Tâmega e a paisagem em redor. Descendo para o Museu Municipal Amadeu de Souza Cardoso, que naquele dia infelizmente por ser feriado se encontrava fechado, o visitante depara-se com uma estátua de Teixeira de Pascoaes, grande poeta oriundo da cidade. Não muito longe daqui está a agradável Praia Fluvial da Aurora e o Mercado Municipal.

Sobranceiro ao rio, e junto à igreja de São Gonçalo, encontra-se um templo de pequenas dimensões dedicado a Nosso Senhor dos Aflitos. Contudo, a designação mais comum é a de Capela de São Domingos, por ter sido fundado pela Venerável Ordem Terceira do Patriarca São Domingos.
 
Dali também se observa uma fonte integrada na parede exterior da Igreja de S. Gonçalo, num vão pouco profundo em arco pleno, confrontando com o terreiro do Convento.
Do lado Norte observa-se a Igreja dos Clérigos de São Pedro, que o IPPAR classificou de Imóvel de Interesse Público. É um edifício erigido em finais do séc. XVIII, que se encontra em posição altaneira em relação à Praça da Republica, com a torre sineira incorporada na frontaria. Apresenta na sua arquitetura motivos barrocos mas, já com influências neoclássicas e possui no seu interior, talha barroca, de estilo joanino.

Fonte: http://www.ruadireita.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://amaranteportal.com/

Amarante - 4º Dia - Visita a Amarante - Parte I




No 4º dia de viagem (2º em Amarante) após o almoço, fomos de autocaravana até à cidade para percorrermos o centro histórico, antes da partida rumo ao vale do Douro.
 

Amarante é uma calma e bonita cidade, situada no verdejante vale do rio Tâmega, fundada na mesma época da formação de Portugal. Segundo reza a história a cidade nasceu no séc. XIII, quando S. Gonçalo, um pregador com fama de santo decidiu construir ali uma ermida. A fama desse homem de Deus foi o mote para logo ali se começarem a juntar pessoas para naquele lugar residirem, sendo iniciado assim o desenvolvimento da cidade que hoje reflete sobremaneira o carácter religioso da sua fundação.

Poder-se-á dizer então que o povoado se desenvolveu sob o aspeto religioso e a Natureza envolvente fez o resto. Mais tarde ali foi fundado o Convento de S. Gonçalo envolto pelo bucolismo das margens do rio Tâmega, à volta do qual foi crescendo o povoado.

O centro histórico da cidade encontra-se hoje situado em volta da Praça da República, que alberga a imponência da Igreja e Convento de S. Gonçalo, mandado edificar em 1540 pelo rei D. João III, o Pio e sua esposa, a rainha D. Catarina de Áustria, infanta de Espanha e irmã mais nova do imperador Carlos V.

O Convento que demorou oitenta anos a ser construído, constitui um dos monumentos com maior expressão do Norte do país e tem agregada uma bonita igreja de fachada grandiosa com três andares, um deles barroco e os outros dois renascentistas. O portal lateral de três andares tem colunelos em estilo renascentista italiano, rematados por um frontão branco, com a estátua do Beato S. Gonçalo de Amarante, o padroeiro da cidade, colocada no nicho central do primeiro andar.

No conjunto conventual destaca-se à esquerda do portal principal, a Varanda dos Reis, com as estátuas dos monarcas que patrocinaram a sua construção numa atitude provável de homenagem - D. João III, D. Sebastião, D. Henrique e D. Filipe I.
O interior é de três naves, onde sobressai um magnífico retábulo barroco em talha dourada e, claro, a importante Capela de São Gonçalo onde repousa o santo, situada à esquerda da capela-mor, sobre uma estátua tumular de calcário finamente trabalhada.
 
 
De relevo no conjunto monástico é a Galeria dos Reis, a Capela de Santa Rita de Cássia, o Órgão do século XVIII, a Varanda dos Reis, a barroca Torre Sineira, os dois belos claustros e o monumental chafariz.

Além da Igreja e Convento de S. Gonçalo, ainda encontramos no centro histórico as igrejas de S. Pedro e de S. Domingos (que atualmente acolhe o Museu de Arte Sacra), o Solar dos Magalhães e a Casa da Cerca (onde funciona a Biblioteca Municipal). Por ser feriado só se encontrava aberta para a missa a Igreja de S. Gonçalo, encontrando-se as restantes fechadas. Naquele dia a Igreja de S. Gonçalo estava cheia, uma vez que era Sexta-feira Santa e os fiéis tinham vindo assistir à missa.

No exterior na parede da Igreja de S. Gonçalo já a caminho da Ponte de S. Gonçalo sobre o Tâmega, vemos num nicho Nossa Senhora da Ponte (séc. XIV) uma imagem medieval, atualmente venerada na igreja conventual.

Fonte: http://www.ruadireita.com/ http://www.lifecooler.com/ http://www.guiadacidade.pt/

Ler mais sobre a vida do Beato S. Gonçalo de Amarante em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alo_de_Amarante

Amarante - 3º Dia - Jantar em Amarante


O acordar no dia seguinte ao da chegada a Amarante, foi muito calmo e saboroso, a olhar o correr da água do rio Tâmega e a ouvir o cair da chuva, que persistiu teimosa quase durante todo o dia.
Aquele dia foi quase todo passado no Parque de Campismo, numa sossega reconfortante. A maior parte da manhã foi passada a ler, por baixo do toldo da autocaravana, a sentir o cheiro a terra molhada e a observar no rio a passagem de alguns praticantes de canoagem.
 
No início da tarde a chuva amainou e podemos percorrer os caminhos florestais do parque de campismo, que sobem a encosta serpenteando por entre luxuriante arvoredo.
 
Na verdade, a sua privilegiada localização, elevando-se em acentuado desnível desde a margem direita do rio Tâmega, a 60 m de altitude até ao cimo de uma elevação florestal em que atinge os 128 m, o Parque proporciona aos utentes recantos de maravilhosa beleza, face ao seu enquadramento natural.
Possui muitas sombras disponíveis devido à abundante vegetação, com choupos, abetos, carvalhos, pinheiros, sobreiros, plátanos, castanheiros, etc., que nos proporcionam refrescantes pausas durante o passeio pelo parque.
Quando começou a chover novamente, foi a vez de voltar à autocaravana, para se fazer um lanche almoçarado, seguido de uma boa sesta no quentinho do interior, num divinal sossego, que dificilmente se esquece. No final da sesta, quando a noite começou a cair, fomos de mota até à cidade, para se procurar um bom local onde se pudesse saborear a deliciosa gastronomia da região. A gastronomia é outro dos vários motivos de deleite para quem visita Amarante, e foi esse o motivo que nos levou naquela noite à cidade.  
Lá chegados e antes de se procurar um bom restaurante para o jantar, fomos dar uma vista de olhos pelo centro histórico da cidade, pois é belíssimo aquela hora.
Junto da ponte sobre o Tâmega, é quase imperativo observar-se o Românico, espalhado um pouco por todo o lado nas ruas do centro histórico, onde se podem admirar pórticos, arcos, tímpanos e capitéis, com toda a sua ornamentação.
Podem distinguir-se, em Amarante, dois núcleos de Românico bem diferenciados, um em cada margem do rio. Na margem direita, existem construções mais exuberantes, como por exemplo a bela Igreja de São Gonçalo, pertencente ao Convento dominicano com o mesmo nome. Na margem esquerda, com menores recursos económicos e de matéria-prima, os monumentos são mais modestos, merecendo ainda assim uma visita pelas suas ruelas empedradas, cheias de belo e antigo casario com terraços virados ao rio.

Foi ali um pouco antes da ponte, que encontrámos o pequeno restaurante típico onde jantámos, a “Tasquinha da Ponte”, que nos serviu excelentes iguarias típicas da região, como uma entrada de Papas de Serrabulho e ótimos pratos de Polvo Frito e Rojões à Moda do Minho.
Fonte: http://www.baixotamega.pt/ http://www.rotadoromanico.com/ http://igrejas-catedrais.blogspot.pt/ http://www.amarante.pt/

Chegada a Amarante - 3º Dia - Parte III



Depois da visita ao final da tarde ao belo cabeço silencioso, de largas vistas e ambiente bucólico do alto do Monte de São Romão, onde se encontra a Citânia de Briteiros, partimos com rumo a Amarante.

Pelo caminho a estrada vai alternando entre o vale e a montanha, decorrendo ora por entre culturas e pastagens, ora por entre matagais e pequenos bosques de pinheiros, sobreiros e castanheiros, o itinerário integra, não apenas uma fauna e flora ricas e variadas, mas também vão sendo observados vários exemplares do património histórico-cultural da região.
A chegada a Amarante já de noite fez com que depois de uma passagem pelo centro da cidade, fossemos logo para o Parque de Campismo Municipal do Penedo da Rainha, situado a 1 Km a Este da cidade, entre frondoso arvoredo na margem direita do rio Tâmega.
Na receção uma simpática senhora mostra-nos o plano do parque e nele descobrimos o lugar ideal para a pernoita e estadia em Amarante. A escolha recaiu numa plataforma em terra batida, bem servida de ligações de luz, com um bom balneário, rodeada de belo arvoredo e como não podia deixar de ser, a beijar o Tâmega.
Este parque de campismo com uma privilegiada localização oferece recantos de maravilhosa beleza, onde não faltam espaços com sombras e vegetação abundante. Dispõe de inúmeras facilidades e tem como principais atrativos a praia fluvial, situada a 50 metros, possuindo ainda uma pequena piscina que se situa na parte mais alta do parque. Único senão, são os chuveiros a precisar de serem trocados, uma vez que a água espirra para todos os lados menos para baixo, obrigando o banhista a colocar uma mão permanentemente no chuveiro, para melhor direcionar a água.
"Para quem viaja em busca de valores culturais ou de uma estadia em comunhão com a Natureza, mais tarde ou mais cedo acaba por fazer de Amarante um destino óbvio." Amarante é uma cidade pequena e acolhedora, sendo fácil nela "construir a leitura pessoal da cidade: o religioso, o aristocrático, o peso da serra e do rio... Lida de uma maneira ou outra, Amarante é uma verdadeira encruzilhada, mostrando-nos com facilidade e sem grande procura, a sua história, os seus monumentos e as suas tradições."
“Descobrir a cidade e o concelho, é uma aventura que apetece viver. Se é a natureza que chama, o destino é o rio Tâmega, ou são as serras da Abobobeira e do Marão, oferecendo ambas paisagens de sonho e aldeias de gente afável, acolhedora, ricas de tradições e com uma arquitetura marcada de granito e xisto.” (in, Portal de Turismo de Amarante)




Fonte:https://maps.google.pt/ http://aconquistadabolina.blogspot.pt/http://www.amarante.pt/ http://www.amarante.pt/ http://www.igogo.pt/

Citânia de Briteiros - 3º Dia - Parte II




Depois de se visitar demoradamente o Parque e o Santuário da Penha, seguimos rumo à Citânia de Briteiros, um sítio arqueológico situado no alto do Monte de São Romão, na freguesia de Salvador de Briteiros, a cerca de 15 km de distância a Noroeste da cidade de Guimarães.
As suas ruínas foram descobertas pelo arqueólogo vimaranense Martins Sarmento, em 1875. Trata-se de um lugar habitado pelos celtas na Idade do Ferro, que permaneceu ocupado até à época da invasão romana da Península Ibérica.


A influência da romanização neste povoado, no séc. I a.C., é evidenciada em numerosos vestígios, tais como inscrições latinas, moedas encontradas no local, da República e do Império Romano, bem como fragmentos de cerâmica importada (terra de sigillata), vidros, e outros.
 
Como se sabe, a Idade do Ferro trouxe os celtas e com eles surgiram os Castros ou Citânias, ou ainda, como o povo lhes chama, os Crastos. Estas são cons­truções fortificadas no cimo dos montes com carácter marcadamente defensivo.

Podem ser encontradas em todo o Norte de Portugal e mais do que rudimentares fortalezas, cada Citâ­nia e cada Castro seria uma espécie de observatório, uma vez que se encontram situados na sua grande maioria, em zonas altas e de vistas largas.
O espólio geralmente encontrado nos Castros escavados, têm carac­terísticas neolíticas, como por exemplo os machados polidos, a cerâmica, as lâminas de sílex e mós do tipo primitivo.

A visita leva-nos por estreitos caminhos em pedra, com valas em pedra onde corria água, numa espécie de sistema de canalização. Os caminhos serpenteiam à volta do morro, os restos de uma grande povoação murada. Na realidade existem três muralhas, que teriam cerca de dois metros de largura, em média, e cinco metros de altura.
Revela-se nesta cultura traços da influência indígena no dispositivo topográfico da povoação, no traçado das muralhas, na planta circular das casas, no processo da sua construção e na decoração com motivos geométricos.

Um dos monumentos pré-romanos mais curiosos é um Balneário, constando de uma pequena câmara redonda ligada a um recinto quadrangular. Os dois compartimentos eram divididos por uma estela de forma pentagonal, com uma pequena abertura no fundo, para se poder passar de um para o outro. Uma das câmaras servia para se tomarem banhos de vapor, a outra para se tomarem banhos de água fria. Durante algum tempo, pensou-se que este Balneário fosse um edifício de carácter funerário.
Esta citânia deve ter sido definitivamente abandonada no séc. III e estudos recentes permitem atribuir-lhe o papel de capital política dos "Callaeci Bracari" no início do século I, onde se reuniria o respetivo "consilium gentis", na grande casa circular de bancos adossados às paredes, situada no cimo do povoado, bem perto das três casas circulares reconstruidas.

Como testemunho do primitivismo das origens da Citânia de Briteiros existem os vários achados, que revelam instrumentos de pedra polida ou de bronze inicial. Por outro lado, as "mamoas" nas vizinhanças da citânia e as gravuras rupestres nas encostas dos montes, mostram a existência de uma cultura autóctone anterior à romana.
 
Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910, e nela o pôr-do-sol é formidável.
Fonte: http://comunidade.sol.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.guiadacidade.pt/