Um passeio por Lausanne - Vidy (Parte I)

A chegada a Lausanne fez-se ao final da tarde, mas o sol ainda ia alto. Fomos direitos ao parque de campismo, o “Camping de Vidy”, bonito, arrumado e a confinar com o lago Lèman (lago Genebra).

Depois de arrumarmos a autocaravana num relvado, perto dos balneários, aprontámos o jantar, que foi degustado na esplanada improvisada por nós e ali ficámos em amena cavaqueira até nos dar o sono.

Pertendíamos ficar na cidade dois dias, afim de a conhecer-mos bem. No dia seguinte, resolvemos conhecer a praia e as zonas de Vidy e Ouchy, junto ao lago Lèman. Depois do almoço, agarrámos nas bicicletas e lá fomos nós, por beira lago desde Vidy até Ouchy.

O pedalar ou caminhar pelas margens do lago Genebra, com seus jardins maravilhosos, as suas marinas e portos, a observar os lindos barcos a vapor que cruzam o lago a todas as horas durante o Verão, resulta num passeio inesquecível.

Foi nestas duas zonas à beira lago que há muito, muito tempo, os romanos construíram um acampamento militar, a que chamavam Lousanna, no local de um assentamento celta.

A zona de Vidy, em Lausanne, era na época galo-romana, um porto, o “Porto de Lousanna”. Hoje, nesta zona nas margens do lago, encontra-se um porto de barcos de recreio e iates, uma escola de remo, extensos campos relvados de lazer, zonas desportivas e o parque de campismo de Vidy, escolhido por nós.

A confinar com o lago existe a "Promenade Archéologique", uma estreita estrada, só usada por peões e ciclistas, patinadores e scooters, que pode ser encontrada logo no início da zona lacustre. É um belo passeio pavimentado, entre praias e relvados, onde se fazem belas caminhadas de horizontes abertos.

Era sábado e mais parecia que toda a cidade, tinha descido até ao lago para se refrescar ou espreguiçar tranquilamente. Lausanne é uma cidade de jovens bem dispostos, com hábitos interessantes e salutares, que preservam a vida ao ar livre.

Nos lindos relvados à beira lago ou na praia, encontravam-se imensos grupos de jovens deitados em toalhas, conversando e ouvindo música sem perturbar os vizinhos e todos tinham algo em comum, pequenos fogareiros a carvão fumegantes, onde assavam suculentos pedaços de carne condimentada, que o vento dava a cheirar a quem por lá passasse.

Os relvados, intercalados com pequenos bosques, são de livre acesso e são fustigadas muitas vezes por pequenas tempestades nos dias quentes de Verão, o que felizmente não aconteceu nos dias da nossa visita à cidade.

É também aqui que se encontra a maior praia e a maior área verde do Lago Genebra. Os arranjos à beira lago datam da época da Exposição Nacional Suíça de 1964. Esta grande área de lazer está localizada entre a marina e o pequeno porto de Vidy, onde desagua o rio Chambron.

Lugar de encontro familiar de todos os que residem em Lausanne, a praia está dividida em enseadas de areia, com diferentes zonas lacustres, separadas por diques de rochas, onde aves de várias espécies encontram o seu habitat preferencial.
Depois de varias paragens, para sentir a alma destes lugares, partimos rumo a Ouchy...

Lausanne

Lausanne é uma linda cidade às margens do Lago Genebra e uma das mais agradáveis do país, com uma intensa oferta cultural, teatro, dança, música, gastronomia e uma intensa vida nocturna. Seus moradores são extrovertidos e criativos e diferentes do estereótipo do suíço tradicional.

Lausanne desfruta de um belíssimo panorama sobre o lago Lèman e os Alpes. Denominada capital olímpica, tem como símbolo máximo o seu Museu Olímpico, que está localizado dentro de um gracioso parque à beira do lago.

A cidade está construída numa encosta voltada a sul do planalto suíço, com uma diferença de altitude em relação ao lago, de cerca de 500 metros, entre as margens do lago em Ouchy e sua borda da fronteira norte, em Le Mont-sur-Lausanne e Epalinges.

A cidade de Lausanne é atravessada pelo rio Flon. Este rio forma um desfiladeiro que atravessa o centro da cidade, seguindo em geral o curso da Rue Centrale, com várias pontes de passagem da depressão para ligar os bairros adjacentes.

Lausanne foi habitada desde a Idade da Pedra. Os romanos construíram um acampamento militar, a que chamavam Lousanna, no local de um assentamento celta, perto do lago, onde actualmente se encontram as zonas junto ao lago de Vidy e Ouchy. Na colina acima, foi erguido um forte chamado “Lousodunon Lausodunon”.

Após a queda do Império Romano, a insegurança forçou a transferência de Lausanne para o seu centro actual, uma colina, um sitio mais fácil de defender. A cidade que surgiu do acampamento foi governada por duques de Sabóia e pelos bispos de Lausanne.

Depois os calvinistas passaram a liderar a cidade do ponto de vista religioso (1536-1798) e alguns dos seus tesouros culturais, incluindo as tapeçarias penduradas na Catedral, foram definitivamente removidos.

Após a revogação do Édito de Nantes, ficou estipulado que a confissão católica permanecia na religião oficial do estado francês, mas também foi oferecida aos calvinistas franceses a liberdade de praticarem o seu próprio culto.

Em 1685, Lausanne juntamente com Genebra, tornou-se um lugar de refúgio para os huguenotes franceses (denominação dada aos protestantes franceses, quase sempre calvinistas). Em 1750, noventa pastores foram enviados de volta à França para trabalhar clandestinamente, e rapidamente esse número subiria para quatrocentos.

A perseguição aos calvinistas terminou em 1787 e uma faculdade de teologia protestante foi fundada em Montauban em 1808 e o seminário católico de Lausanne foi definitivamente encerrado, em 18 de Abril de 1812.

Durante as Guerras Napoleónicas, o estatuto da cidade mudou e em 1803, tornou-se a capital do recém-formado cantão suíço de Vaud, que se juntou à Confederação Suíça.
Fonte: Wikipédia

A caminho de Lausanne

Após o almoço seguimos viagem até Lausanne, onde pretendíamos ficar dois dias. A viagem de Genève a Lausanne é curta, uma vez que as duas cidades estão separadas por apenas 61 Km de distância.

Fomos parando pelo caminho, para observar a paisagem que se desfrutava das margens do lago, uma vez que não fizemos o percurso pela auto-estrada e sim pela estrada do lago (junto ao lago Lèman).

As margens do lago Lèman, são pontuadas por cidades e vilas de onde partem barcos de transporte de pessoas e mercadorias, bem como, barcos para pequenos cruzeiros. O reflexo das montanhas nas suas tranquilas águas azuis, faz dele um dos mais cativantes cenários suiços.

No caminho quer se olhe para a esquerda ou direita, o vestido das pastagens é verde. Admirar o panorama das margens do lago ou olhar as cristas altas das montanhas do Jura é de deixar qualquer um sem fôlego.

As montanhas mais altas, no Verão, ainda guardam algo do seu habitual avental branco. As videiras ocupam um lugar muito especial no coração desta região, com uma paisagem absolutamente arrumada e bucólica, caracterizada pelo constante encontro de aldeias tão bem enquadradas nos seus espaços que ajudam a reflectir a verdadeira natureza da paisagem.

Esta é uma rota delicada e deliciosa para todos os nossos sentidos, de vinhedos que mais parecem jardins, com adegas de trabalho que se misturam harmoniosamente nos pequenos povoados de casas de varandas e janelas floridas.

Em Nyon, cidade da nossa primeira paragem, o passado e o presente encontram-se. Há inúmeras indicações de uma longa história de prestígio dessa antiga colónia romana. A região circundante não é menos bem equipada, com palácios, igrejas e outros locais classificados, testemunho de uma longa história passada.

A cidade tem um belo castelo branco, um edifício fortificado, com cinco torreões. O castelo foi construído no séc. XII. No séc. XVI o edifício foi reconstruído e em seu redor, o castelo apresenta um bonito terraço panorâmico. Nos últimos anos o castelo tem sido amplamente renovado, e hoje abriga um museu histórico, que na altura da nossa visita, se encontrava fechado.

A seguir foi a vez de pararmos em Rolle, uma pacata vila com um castelo medieval do séc. XII, com um fosso mandado construir pelo Duque de Sabóia no séc. XIII. O castelo segue uma planta triangular, com uma torre em cada canto e confina com o lago Lèman. A vila encontra-se no coração da zona vinícola de La Côte e possui uma bela marginal, só para peões, junto do lago.

Mais uns poucos quilómetros percorridos e chegámos a Lausanne. A cidade tende a inspirar uma hipérbole. Num país de grande e espectacular beleza natural, esta é uma das suas mais belas cidades.

É uma cidade de colinas incrivelmente íngremes que se tem desenvolvido por camadas acima do lago, numa sucessão de compactos terraços orientados a sul.

Sobre ela Victor Hugo escreveu: "Do terraço da Catedral, eu vi o lago acima dos telhados, as montanhas acima do lago, as nuvens acima das montanhas e as estrelas acima das nuvens. Foi como uma escada onde os meus pensamentos subiam passo a passo e eram ampliados a cada nova altura.”

Nós também vimos o mesmo e os nossos pensamentos também voaram...

Jean Calvin, o grande Reformador (1509-1564)

Jean Calvin foi um teólogo e jurista que nasceu em Noyon, na região da Picardia em França, em 10 de Julho de 1509, e morreu em Genebra a 27 de Maio de 1564.
Seu pai, Gérard Calvin era filho de uma família de artesãos e teve uma carreira próspera como notário da catedral e escrivão do tribunal eclesiástico, o que lhe valeu a amizade de pessoas da alta sociedade, com as quais Calvin teve excelentes relações. Sua mãe, Jeanne Le Franc, era filha de um taberneiro de Cambrai.

Calvin foi o segundo dos três filhos do casal, que sobreviveram à infância. A sua mãe morreu alguns anos depois do nascimento de Calvin. O pai Gérard destinou para o futuro dos seus três filhos, Charles, Jean e Antoine, o sacerdócio.

Jean Calvin foi particularmente precoce e com apenas doze anos de idade, foi contratado pelo bispo como escriturário e recebeu a “tonsura” (cerimónia religiosa em que o bispo dá um corte no cabelo do ordinando ao conferir-lhe o primeiro grau no clero, chamada também "prima tonsura"). O corte dos cabelos nesta cerimónia simboliza a dedicação do ordenando à Igreja Católica.

Em Agosto de 1523, Jean Calvin ingressou na universidade de Paris, onde estudou latim, filosofia e dialéctica. Em 1525 ou 1526, Gérard Calvin conseguiu matricular o seu filho na Universidade de Orleans, para que este estudasse Direito.

Gérard acreditava que seu filho iria ganhar mais dinheiro como advogado do que como um padre. Com esse fim vai para Órleans, depois para Bourges, onde estuda grego. Formou-se em Direito, mas, com a morte do pai, vai para o Collège de France, fundado pelo rei Francisco I em 1530.

Quando, por volta de 1534, Calvin começou a se preocupar com os problemas religiosos na França, onde já havia adeptos de uma reforma dentro da própria igreja católica, tanto da parte dos luteranos como dos humanistas, que eram muito importantes na França.

Durante este período Calvin experimentou uma súbita conversão protestante. Não se sabe muito sobre as circunstâncias que lhe deram origem, mas ele fez uma referência a essa conversão no prefácio do seu Comentário sobre o Livro dos Salmos:

"Deus, finalmente mudou o meu curso religioso noutra direcção, através de uma secreta mudança de providência divina. O conhecimento da verdadeira piedade, levou a um intenso desejo de progredir nela, aprofundando os estudos sobre os seus ensinamentos com mais ardor".

Os estudiosos têm argumentado sobre a interpretação precisa desta afirmação, mas foi acordado que sua conversão correspondia com sua ruptura com a Igreja Católica Romana.

Dotado de grande inteligência, além de ter sido excelente orador e autor de muitos livros e de vasta correspondência, tinha também excepcional capacidade de organização e administração. Essas características fizeram com que Calvin se destacasse como figura dominante da Reforma.

Exerceu influência especialmente na Suíça, Inglaterra, Escócia e América do Norte. Sua educação reflecte a influência do liberalismo e do humanismo do Renascimento.

Obrigado a refugiar-se por causa do que pregava, Calvin foi convidado a morar na cidade de Genebra, na Suíça. Lá implantou as “Ordenanças Eclesiásticas”, leis rígidas e intolerantes baseadas na sua crença.

Organizou a Igreja Calvinista em termos de fiéis, pastores e um conselho de anciãos. Suas ideias difundiram-se com rapidez. Teodoro de Beza, que dirigia em Genebra a Academia Teológica, levou-as para Génova, na Itália. Logo alcançaram também a França. a Holanda, a Inglaterra (onde o calvinismo se chamou puritanismo) e a Escócia (introduzido por Jean Knox).
Aproximadamente em 1533 Calvin declarou-se protestante. Em 1534, deixou a França e estabeleceu-se em Basiléia, na Suíça. Nessa cidade publicou a primeira edição de seu livro “Instituição da Religião Cristã” (1536). Este livro provocou imediata admiração por Calvin. Durante sua vida ele alterou a obra, aumentando-a. O livro apresenta as ideias básicas de Calvin sobre religião.

Em 1536, Calvin foi convidado a liderar o primeiro grupo de pastores protestantes de Genebra. Em 1538 os líderes de Genebra reagiram contra as rígidas doutrinas dos pastores protestantes e Calvin e vários outros clérigos foram banidos.

No mesmo ano, Calvin tornou-se pastor de uma igreja protestante de refugiados franceses em Estrasburgo. Foi profundamente influenciado pelos antigos líderes protestantes alemães de Estrasburgo, especialmente Martinho Bucer. Calvin adaptou as ideias de Bucer sobre o governo da Igreja e do culto.

Ao mesmo tempo, Genebra ressentia-se de falta de liderança política e religiosa. O conselho da cidade de Genebra pediu a Calvin que voltasse, o que ele fez em 1541. A partir dessa época até à sua morte, Calvin foi a personalidade dominante em Genebra, embora fosse apenas um pastor.

Fonte: sepoangol.org

Genève

Genève (Genebra) é a segunda maior cidade da Suíça (após Zurique), situada na margem oeste do lago Léman (Lac de Genève, Lac Léman, Genfersee ou Genfer See), junto ao local onde o rio Ródano se desvia para França.

É uma cidade dividida pela água, a capital do cantão francófono e também a sua maior urbe. É a sede de mais de 200 organizações internacionais e o seu belo lago Léman, é o maior lago natural da Europa Ocidental.
Traços arqueológicos com 12.000 anos já atestavam a existência de uma população no local, onde hoje se situa Genève. Dirigida, durante a Idade Média, por um príncipe, acabou por ser englobada nos domínios da Casa de Sabóia, da qual se tornou independente em 1536.

A partir de 1536, a história da cidade de Genève passa a estar associada com a história da Reforma Protestante no espaço cultural francófono. Genève ganhou então o cognome de "Roma protestante" ou "a cidade de Calvin".
Em vez de se unir a Savóia, que permanece associada ao catolicismo, Genève vai acabar por optar por orientar-se pelas outras cidades da confederação, entre as quais Berna, hoje capital da Suiça.

O líder protestante francês Jean Calvin instalou-se em Genève pela primeira vez em 1536 e definitivamente em 1541. Pregou nesta cidade, tendo-a tornado um bastião da Reforma. Calvin faleceu em Genève em 1564 e a partir de 1536, Genebra passou a ser local de refúgio da maioria dos protestantes europeus.
A Roma Protestante, como passou a ser conhecida, atraiu refugiados reformistas oriundos de outros países europeus, muitos deles possuidores de fortunas que contribuíram para o seu rápido desenvolvimento.

No decorrer do século XVI, esta urbe transforma-se num importante centro comercial. Após ter sido, durante pouco tempo, sucessivamente uma república independente e até um território francês, aderiu, em 1815, à Confederação Helvética.
Genève, juntamente com Neuchâtel e Waadtland são as poucas cidades das regiões de língua francesa onde a Reforma Protestante teve assento, com reformadores como Guillaume Farel, Théodore de Bèze e sobretudo o próprio Calvin.

Terra de asilo internacional, Genève tem recebido, através dos séculos, sucessivas ondas de refugiados que têm contribuído também para o seu desenvolvimento.

Hoje é uma cidade internacional, com mais de 40% de residentes estrangeiros, uma espécie de grande caldeirão, aberto a todas as culturas, de todas as origens... Além disso, Genève, tem também um enorme poder de integração, onde rapidamente os estrangeiros se sentem em casa.

Genève é uma das principais cidades da Suiça, que por estar no centro da Europa, é muito usada para negociações internacionais e para a realização de conferências e congressos de todo o mundo. Estas trocas constantes de ideias e interesses, contribui para o seu dinamismo, a sua abertura ao mundo e o seu enorme sentido cosmopolita.

As praias do lago de Genève atraem invasores há milénios e nos dias de hoje, visitantes de todo o mundo. A cidade é perfeita para ser explorada a pé ou de bicicleta e com facilidade podemos aventurarmo-nos pela cidade.


A melhor parte de qualquer dos itinerários da cidade, deve ser a visita às margens do lago de Genebra (Léman), com o seu famoso géiser artificial, o seu belo relógio de flores no Jardim Inglês, a Catedral de São Pedro, o Muro dos Reformadores, a Place Neuve e o local da criação das Nações Unidas.


O apego às tradições e a renovação constante, são basicamente a força da cidade. A cordial e bela cidade de Genève estende-se pela margem oeste do lago, emoldurada por altos montes cobertos de neve, criando um cenário espectacular por toda parte, para onde o olhar vaguear.


Fonte: Wikimedia.org

A caminho da Suiça



Saímos de Avignon ao final da tarde e tomámos o rumo determinado de Genève, na Suíça. Já chegámos tarde, pelas 2h30 da madrugada e mesmo assim fomos fazer o reconhecimento habitual da cidade.

Escolhemos para lugar de pernoita o paredão, na margem sul do lago Léman, com a autocaravana voltada para a cidade. Era nossa intenção deixar-mos a visita á cidade, não para o dia seguinte, mas sim para uma segunda estadia na cidade, programada para o final da nossa viagem à Suíça.

Assim encontrámos Genève com calor tropical, na "altura em que a flores dão lugar á neve, patos e gaivinhas acompanham a comida que lhes damos entre rochedos, e que Deus lhes deve. Através do géiser ao longe percorre-se a marginal e chegados à sua beira ficamos com simples sandes de preço que mesmo em francos se leva a mal." (in CoaBreca)

Por isso, esta primeira passagem pela cidade não foi muito demorada, não passando de uma boa e segura pernoita, um acordar demorado e relaxante e um caro e vulgar almoço numa esplanada na margem do lago Léman, a ver bem de perto o géiser, símbolo da cidade.

Após o almoço e depois de uma sessão de fotos, algumas delas feitas à nossa família, por dois jovens executivos portugueses que ali estavam a negócios, seguimos viagem.

"Antes disto, dois portugueses de fato direito e expressão lisa capturam-nos num flash com cisnes à vista. Na marginal acordamos e através dela continuámos travados por um stop do lado direito em que um relógio de ajardinado diferente mês a mês conta também trazer gente.” (in CoaBreca)

A cidade preparava a grande Feira de Genève, que todos os anos tem início no primeiro de Agosto, dia nacional da Suíça e que nós pretendíamos visitar na volta.

A visita ao Palácio Papal de Avignon


Depois de acordarmos junto ao rio Ródano, fomos almoçar ao restaurante do parque de campismo ali perto, a ver do outro lado do rio, o Palais des Papes, que nesse dia queríamos visitar.

Após o almoço, pegámos nas bicicletas e lá fomos nós para a cidade de Avignon, que como em todos os dias do Festival, se encontrava com um trânsito infernal e repleta de uma amalgama de visitantes, misturados com actores de rua, ou cada grupo por seu lado, actuando ou assistindo aos espectáculos, por toda a cidade.

Dirigimo-nos então para o o Palais des Papes, que nesses dias tem menos gente que o habitual. A visita ao palácio começou com a passagem pela porta do palácio de Champeaux, a entrada principal do pontificado de Clemente VI.

Após o cruzar a sala da guarda (actual bilheteira) e do pequeno "Hall da Audiência", onde funcionava o tribunal e onde nos dias de hoje são entregues os guias turísticos de áudio, chega-se à sala do Tribunal de Honra, que se abre por três portas, a porta de Champeaux, de Peyrolerie e de Notre Dame.

As alas Leste e Norte mostram a simplicidade do antigo palácio de Bento XII, enquanto as do Oeste e Sul, são amplamente abertas ao exterior, com janelas decoradas com esculturas esculpidas em baixo relevo e molduras que reflectem o gosto de Clemente VI e de seu mestre de obras, Jean de Louvre.

Para Leste do pátio, uma porta dá acesso à “Fazenda Grande” do Velho Palácio, onde eram realizados os serviços financeiros e que abrigam hoje parte do Museu de Avignon. O Tesouro estava ao lado, na ala Sul e em seus cofres subterrâneos, abrigou outrora, moedas, objectos de ouro, etc.

Ao tomar a escada dentro da sala da “Fazenda Grande”, entra-se na sala de Jesus, uma espécie de antecâmara, onde os cardeais estavam à espera do Papa, antes deste entrar no consistório. Em seguida, mais ao sul, encontra-se a ala de Chamberlain e ali se encontra a sala do colaborador mais próximo de Bento XII, cujo apartamento revela uma estratigrafia e complexa decoração de paredes pintadas.

Depois é a vez da sala Pontifícia, que serviu ao Papa para vestir os seus ornamentos antes da sua entrada para o Consistório. A sala seguinte encontra-se no piso térreo da ala oriental e era destinada à vida oficial da Cúria (corte do Papa). Neste local, recebiam-se reis, embaixadores e pessoas importantes e hoje abriga o arquivo de frescos do pórtico de Notre-Dame des Doms. Ela dá acesso a Leste, à capela pintada por Matteo Giovannetti.

Depois chega-se ao claustro, que é o coração do antigo palácio. Ao Norte, fica a Capela Grande de Bento XII e na ala Sul encontra-se a sala do Conclave (uma sala de recepção), com espaços fechados para os visitantes.

Na escada do claustro, chega-se ao Tinel, também uma sala de recepção, onde se realizavam as festas papais e onde também se realizavam os conclaves. Esta sala faz fronteira a Norte com a cozinha. A leste, uma porta dá acesso à capela de Saint-Martial, onde Matteo Giovannetti pintou nas paredes e no tecto, imagens da vida deste santo evangelista da região francesa de Limousin.

Ao Sul, encontra-se a sala de estar, antecâmara com espaços públicos e quartos privados. Esta sala era usada para plateias pequenas, onde oficiais de justiça estavam permanentemente montado guarda, à porta do quarto do pontífice.

Uma porta de vidro permite descobrir o quarto de recolhimento de Bento XII, o único espaço que preserva a arquitectura original do século XIV. Em seguida, este quarto dá acesso ao coração do apartamento papal e à sala do Conselho de Bento XII e de Clemente VI, localizada acima dos jardins, com um notável tecto pintado em 1343.

Em seguida, deve passar-se a “passagem de Peyrolerie”, que com as várias obras realizadas ou longo do tempo, perdeu a sua disposição original e seus muitos vãos de escadas para chegar à sacristia da Capela Clementine. Ela revela uma colecção de peças que evocam memórias do tempo das várias personalidades papais que estiveram em Avignon.

Cruzando a porta do Papa, entra-se na nave enorme e única da Capela Clementine. No outro extremo da capela, a partir de uma porta do séc. XVII, pode penetrar-se directamente na ala dos dignitários, começando com a Casa de Chamberlain e do Notariado. Ali uma escadaria contemporânea em metal, leva até o terraço, oferecendo um panorama extraordinário da cidade e seus arredores.
Depois da bela vista observada durante longo tempo, chegou a hora de se começar a descer e embora estivesse calor a descida oferecia um vento fresquinho que nos deliciou. Depois da maravilhosa vista observada por longo tempo passamos a porta da capela-mor, para uma galeria aberta, atravessando a zona da "Bênção de Indulgência", onde o Papa apaziguava a multidão de fiéis reunidos no pátio.

O pátio do palácio é bastante grande e quando o visitámos estava ocupado com uma estrutura em anfiteatro, onde são realizados os espectáculos de teatro do Festival d’Avignon, durante a noite, uma vez que o dia está destinado aos espectáculos de rua.
Depois de se passar pelo pátio amplo e luminoso, que dá acesso à sala mais solene do palácio, a sala da "Audiência Grande", que abrigava o Tribunal Apostólico e que nos oferece um belo fresco dos profetas, pintado numa abóbada alta a leste do salão.

No final da visita pode atravessar-se a sala da Escola de Artilharia e de Teologia que está hoje ocupada por uma loja de iguarias da região de Avignon e uma loja de recordações.

Nesta visita o Palais des Papes só nos revela 40% da sua área. O resto do palácio abriga hoje, o Museu de Avignon, os arquivos do departamento de Vaucluse e o Centro Internacional de Convenções.