Indiferença


"O oposto do amor não é o ódio, mas sim a indiferença".

Érico Veríssimo

Um passeio por Siena - Duomo - Parte I



A chegada ao final da tarde a Siena, fez com que se pudesse procurar com calma, o lugar de pernoita antes de anoitecer.

Existem duas boas estações de serviço para autocaravanas, em Siena. Uma fica à entrada da cidade moderna a um quilómetro da porta Sul da cidade medieval dentro de muralhas, sendo esta a que foi por nós escolhida, e outra que fica próxima da entrada Norte, bastante distante da primeira. São duas boas estações para ACs, sossegadas, seguras e limpas, com todos os serviços à excepção de ligações à corrente eléctrica. Há também 2 ou 3 parques subterrâneos, para quem leva automóvel, próximos da Porta Fontebranda, à entrada da cidade amuralhada.

Naquela noite já não se saiu e o jantar foi de confecção caseira, uma fritada de peixes e mariscos, acompanhados de uma boa salada verde, finalizando com saborosas taças de tiramisu, que em Itália se compram em qualquer bom supermercado.

No dia seguinte, fomos a pé até à entrada da cidade amuralhada. Pelo caminho o verde brota de todos os lados, servindo de aconchego e berço a inúmeras flores silvestres, que durante a caminhada nos iam dando as boas vindas.

O calor apertava e após uma boa subida chega-se à Porta Fontebranda, a porta Sul da muralha. Ali bem perto e um pouco mais acima à direita, uma moderna fonte branca onde brota água fresca e límpida, refresca-nos. Depois a escada rolante espera-nos levando-nos em vários lances, até lá acima já bem perto da Piazza S. Giovanni, onde se encontra o Baptistério de S. Giovanni.

Ali chegados, foi altura de descansar durante algum tempo, numa simpática esplanada à porta do Baptistério. Para serem adquiridos os bilhetes para a visita ao complexo, temos que subir uma íngreme escadaria do lado esquerdo do Baptistério e a bilheteira fica no topo desta, do lado direito de quem sobe.

Decidimos iniciar a visita pelo Duomo, que fica um pouco mais à frente, na Piazza del Duomo. Nesta Piazza, em frente ao antigo Hospital de Santa Maria della Scala, hoje transformado em hotel, ergue-se enorme e majestosa a Catedral, um esplêndido exemplo do gótico italiano. A porta de entrada do Duomo, no cimo de uma ampla escadaria, leva-nos ao seu interior.

A construção, iniciada em 1230, substituiu uma antiga catedral do século IX, intitulada Catedral de Santa Maria. A cúpula ou domo, foi introduzido em 1264, mas em 1300 a igreja foi completamente transformada.

A nave central foi levantada e iluminada por três arcos janelas e a fachada foi trabalhada, entre outros, por Giovanni Pisano. Em 1300, começaram no primeiro semestre as obras numa tentativa ambiciosa, de transformar esta Catedral no maior templo da cristandade.

No entanto em 1348, as obras foram interrompidas pela peste negra que assolou a cidade, matando 3/5 da sua população, ficando até hoje inacabada. Ainda há vestígios da estrutura efectivamente construída, no lado esquerdo do Duomo actual.

A Catedral de Siena, é uma das igrejas mais bonitas que nós já tivemos oportunidade de visitar, não só por fora como por dentro. O interior é maravilhoso e o efeito do mármore preto e branco é o que mais marca quem visita esta Catedral.

O preto e o branco são as cores do brasão de Siena. Os capitéis das colunas da parte da frente da nave, são esculpidos com bustos e animais alegóricos. Há bustos de 172 Papas, começando com São Pedro até Lúcio III e de 36 Imperadores.

O vitral redondo do coro, representando a Última Ceia, foi feito em 1288 a partir de desenhos de Duccio. É um dos mais antigos exemplares de vitrais da Itália. A cúpula é adornada com uma lanterna, como se fosse um sol dourado. As duas fontes foram construídas em 1462 e 1463. O altar de mármore foi construído em 1532 e é uma obra de Baldassarre Peruzzi.

O enorme cibório de bronze é obra de Vecchietta (1467 - 1472) e os anjos em volta do altar são obras-primas de Francesco di Giorgio Martini. Contra os pilares estão oito candelabros na forma de anjos, feitos por Domenico Beccafumi.


O púlpito de Siena, feito em mármore de Carrara, foi esculpido em 1265, por Nicola Pisano e seu filho, Giovanni Pisano, bem como seus assistentes Arnolfo di Cambio, Lapo di Ricevuto e vários outros artistas. É a obra mais antiga da igreja. Nicola Pisano ganhou essa encomenda a partir de seu trabalho no púlpito do Duomo de Pisa. O púlpito de Siena é mais ambicioso e é considerado a sua obra-prima. Toda a mensagem do púlpito é centrada na doutrina da Salvação e no Julgamento Final.

O pavimento da Catedral é belíssimo, com baixos-relevos em mármore branco embutidos em mármore preto, cobrindo toda a área da Catedral sendo um dos mais decorados da Itália. A sua construção durou dois séculos e quarenta artistas trabalharam na obra. São 56 painéis em diferentes tamanhos. O chão inteiro pode ser visto apenas durante três semanas do ano e nós tivemos a sorte de o observar. Para o proteger, no resto do ano, o pavimento é coberto e poucas áreas podem ser vistas.

Fonte: Wikipédia / http://www.sacred-destinations.com / http://www.italiansrus.com/


Poder/Carácter


Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder.

Abraham Lincoln

Nós e os Outros

Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas e satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro...

Dalai Lama

Siena, a bela

Emoldurada entre três colinas, a sul de Florença, esta pitoresca, e bem conservada cidade medieval, é um dos principais centros da Toscana.

Rival histórica da cidade dos Medici, Siena, é famosa pelas suas praças, igrejas e arquitectura, que ao longo dos séculos, os seus habitantes preservaram a aparência gótica da sua cidade, adquirida entre os séculos XII e XV.

O centro histórico de Siena está delimitado por uma circunvalação de 7 quilómetros de muralhas (construídas desde o séc. XIV ao XVI), com seus baluartes e torres, que aqui e além são perfuradas por várias portas, numa rota que segue os contornos das três colinas em cima das quais está construída a cidade.

Diz a lenda que Siena foi fundada por Senio e Ascânio, os filhos de Remo, da famosa dupla Rómulo e Remo que fundaram Roma. Por isso, estátuas de uma loba amamentando os gémeos são observadas por toda a cidade.

No entanto reza a história que Siena foi fundada pelos etruscos e que mais tarde se tornou uma colónia romana conhecida como Saena Julia. Os romanos estabeleceram um posto militar naquele lugar, a que chamaram Saena, e que se transformou num posto de troca de legiões, pouco ocupado nos anos seguintes.

Os lombardos chegaram no séc. VI d.C. e os francos também tiveram, segundo a história, uma presença no governo da cidade. Grandes obras foram ali realizadas, sendo a mais importante a Via Francigena, uma estrada que ligava Roma a França, muito utilizada pelos peregrinos e viajantes, o que aumentou muito a importância de Siena.

Durante este tempo a Igreja foi-se envolvendo activamente no governo da cidade, especialmente entre os séculos IX e XI, o que levou povo de Siena a reclamar o seu direito de governar e administrar a cidade.

A economia e o poder militar cresceram muito e inevitavelmente cresceu o atrito entre a cidade de Siena e a cidade de Florença, com ambas as cidades a tentarem ampliar o seu território. Houve por isso muitas batalhas entre as duas cidades, entre os séculos XIII e XV, algumas vencidas por Siena, outras por Florença, mas Siena acabou incorporada no território florentino, ficando sob a sua administração.


Apesar de ambas as disputas, externas com os países vizinhos e internas pelo domínio da cidade, nos anos de 1150 a 1300, os grandes artistas renascentistas foram descobertos e a cidade foi embelezada por belos monumentos.

Por isso, durante os séculos XIII e XIV, Siena floresceu como uma das principais cidades da Europa, enriquecendo à custa da banca e do comércio da lã. O séc. XIV foi o início de uma grande quantidade de grandes construções, o Duomo, o Palazzo Publico e a Torre del Mangia, na Piazza del Campo.
O Conselho dos Nove, um corpo de cidadãos que governou a cidade em meados do séc. XIII, foi o responsável por muitas destas melhorias, que ainda hoje se podem ver. Mas em 1348, a peste negra atingiu Siena, enquanto o Conselho dos Nove estava a planear o alargamento do Duomo, matando 3/5 da população da cidade, ficando até hoje inacabadas essas obras. Este desaire, juntamente com a agitação política subsequente, deu início a uma queda drástica na sorte da cidade.

Depois de um período, em que uma grande diversidade de líderes governaram a cidade, entre os séculos XIV e XIX, entre os quais se incluem o imperador Carlos V e Cosimo I de Medici, Siena cresceu em poder económico, devido à actividade bancaria, que sem dúvida contribuiu para a segurança dos cidadãos da cidade através dos tempos.

Quando a Itália fundou a República, Siena passou a fazer parte da região da Toscana, e hoje prospera a partir da combinação das finanças e do turismo, graças ao seu bonito património cultural e artístico.

http://www.aboutsiena.com / http://www.zerozero.pt

Humildade


"A humildade é a única base sólida de todas as virtudes."

Confúcio

O real valor


"Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu carácter, as suas ideias e a nobreza dos seus ideais."

Charles Chaplin

Visita a Florença - Palazzo Ricardi - 4º Dia (Parte II)

Depois da visita ao Duomo de Florença, retomámos à Via Cavour para o regresso à Piazza San Marco, onde apanharíamos o autocarro até à estação ferroviária de Campo di Marte.

No caminho e logo à entrada da Via Cavour, destaca-se um edifício belo e imponente. É um grandioso edifício, que sobe à altura de trinta metros e tem uma moldura rude e estreita, que combina com a solidez do conjunto.

É um palácio que remonta à Florença medieval e que fica situado num lugar estratégico, no cruzamento de duas ruas (Via Larga, a actual Via Cavour e a Via de Gori), na vizinhança das igrejas protectoras da família (São Lourenço e São Marcos) e do Duomo.

Este é o Palazzo Ricardi, que chama a atenção de qualquer visitante, não só pela sua imponência, mas também como um nobre exemplar da arquitectura mista que apareceu nos períodos anteriores do renascimento das artes, tendo um aspecto mais semelhante ao de uma fortaleza inexpugnável, do que uma residência principesca.

O Palazzo Ricardi foi o berço da família Médici, que o construiu a partir de um projecto de Michelezzo, no ano de 1481, sendo a residência dos Médici até ao ano de 1540, quando foi trocado pelo Palazzo Vecchio.

Depois de várias passagens de propriedade entre os membros da família Médici, em meados do séc. XVII o palácio voltou à posse dos grão-duques, naquela época a residirem no opulento Palazzo Pitti. Estes decidiram vender o obsoleto palácio de família a uma rica família de banqueiros, os Riccardi, os quais haviam prestado importantes serviços políticos ao grão-duque sendo, por isso, agraciados por ele com o título de marqueses. Deste modo, esta família adquiriu o palácio, em 1659, mudando-lhe então o nome.

Vale a pena fazer uma visita a este belo palácio, pois possui um acervo de preciosidades, como a Capela dos Magos (Cappella dei Magi), decorada com maravilhosos frescos, obra-prima do florentino Benozzo Gozzoli, aluno de Beato Angelico.

Este pequeno espaço realizado em 1459, era a capela privada da família Ricardi. Nas três paredes maiores está representada a Cavalgada dos Magos (Cavalcata dei Magi), um tema religioso que serve de pretexto para representar toda uma série de retratos de família e de personagens políticas da época, retratando a celebração da conquista política da família.

No primeiro andar há a destacar alguns belos aposentos e a Galeria dos Espelhos, realizada em 1685, sendo um dos resultados mais significativos e atraentes do Barroco florentino. Decorada com estuques dourados e espelhos pintados e provida de amplas e luminosas janelas no lado sul, é famosa sobretudo pela grande abóbada pintada por Luca Giordano.

Uma parte da colecção de antiguidades dos Riccardi, como estátuas, bustos, relevos e fragmentos de inscrições em pedra, pode ser encontrada no pátio interior, no rés-do-chão do edifício, em ambiente fresco e verdejante de inspiração barroca.

Após a visita ao Palazzo Ricardi, caminhámos para a Piazza San Marco, onde apanhámos a urbana a caminho da autocaravana, para o derradeiro adeus à belíssima cidade de Florença.
Fonte: Wikipédia / http://www.oldandsold.com

Vive a Vida


"Vive a vida o mais intensamente que puderes. Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes. E ela será ainda mais intensa no absoluto do imaginário de quem te lê".

Vergilio Ferreira

Visita a Florença - 3º Dia (Parte II)


Depois de um breve almoço na Piazza San Marco, tomámos a Via Cavour a caminho da Piazza del Duomo. A Via Camillo Cavour é uma avenida direita e uma das principais ruas da zona norte do centro histórico de Florença.
Na realidade esta rua juntou duas ruas antigas, a Via Larga e o Caminho de São Leopoldo, que levava até à Praça da Liberdade, também chamada de Piazza Cavour. A Via Larga era, como o próprio nome indica, uma das maiores ruas no antigo centro de Florença e que era muitas vezes utilizada como local para festas e eventos, por ser mais larga do que muitas praças da antiga Florença.

No final da Via Cavour abre-se a Piazza San Lorenzo, onde se destaca a antiga Basílica com o mesmo nome. Esta praça triangular era um dos lugares elegantes da antiga Florença. Esta praça está nos dias de hoje ocupada durante o dia, com uma feira com vendedores ambulantes.

Escavações arqueológicas debaixo da igreja trouxeram à luz os restos de uma casa romana e também uma câmara que parece ter sido um lugar de culto primitivo, dando razão à crença de que o seu nome actual provém de uma capela pertencente a uma residência cristã do séc. VI, que mais tarde se transformou numa igreja no séc. V.

No séc. XII a igreja foi totalmente reconstruída por determinação do Papa Pascal II, sendo o pórtico e a torre sineira de dois andares, pertencentes a esse período.

A Basílica de San Lorenzo é uma das maiores igrejas de Florença situada a poucos metros da Piazza del Duomo, que marca o centro da cidade. Outrora esta era a principal área comercial, e a Basílica foi o lugar do enterro de todos os principais membros da família Médici, uma vez que San Lorenzo foi à igreja paroquial da família.

É uma das igrejas mais antigas de Florença e quando foi consagrada em 393 ficava fora dos muros da cidade. Por mais de 300 anos foi a catedral da cidade, antes da sede episcopal passar para a catedral de Santa Reparata, mais tarde substituída pelo Duomo actual.

Depressa se chegou à Piazza del Duomo, onde nos esperava uma longa fila de turistas que também queriam visitar a catedral. Depois de uma breve paragem para se degustar um saboroso “gelatto”, fomos para a fila que rapidamente se desvaneceu dentro da catedral.

A enorme Catedral de Florença (Duomo), está entre as obras mais importantes da arquitectura do período entre o gótico e renascentista, e é uma das maiores e mais belas catedrais da Europa. O seu nome, Santa Maria del Fiore ("Santa Maria da Flor") refere-se ao lírio, símbolo de Florença.

A fachada é de uma beleza sofocante e dei por mim, muitas vezes a olhar para ela absolutamente deslumbrada. A sua construção foi iniciada por ordem das autoridades máximas da cidade em 1296, pelo mão do arquitecto Arnolfo di Cambio, no local da antiga Catedral de Santa Reparata e foi concluida em 1436.

É totalmente coberta com mármores policromados, verdes, rosas e brancos e decorada com numerosas esculturas e painéis esculpidos, em grande parte substituídos por cópias que estão guardados no Museo dell'Opera del Duomo.

Existem poucos prédios no mundo tão maravilhosos e imponentes como a catedral de Florença. Impressionante por fora, simples e diferente por dentro. O seu interior, embora menos bonito que o exterior, é gótico e cavernoso, mas particularmente notável pelos seus vitrais, alguns desenhados por Ghiberti e pelo seu bonito pavimento em mármore. A cúpula é também notável e o seu interior é maravilhosamente pintado com um fresco de Giorgio Vasari e Federico Zuccari representando o Juízo Final.

O número de turistas dentro da catedral é enorme e o som de vozes é bastante audível, pelo que de vez em quando se ouve a partir dos microfones uns sonantes chios, aos quais todos obedecem, calando-se… para daí a pouco se repetir o mesmo. Também não se pode entrar de calções, vestuário sem costas ou com alças, havendo neste caso que vestir um leve casaco ou lenço tapando as zonas nuas, em caso contrário somos impedidos de entrar.

Como é vulgar nas igrejas de Itália, a torre sineira, é construida ao lado do corpo da igreja e nunca pegada ao edifício. A Torre desta catedral foi projetada por Giotto, daí o seu nome, Torre de Giotto, mas foi realizada por Andrea Pisano e por Francesco Talenti que a terminou. Tem 84 metros de altura e 414 degraus até ao topo da torre. Nos painéis da base estão representadas as atividades humanas, numa demonstração da real Florença medieval, executados por Andrea Pisano e Luca della Robbia.

Fonte: Wikipédia / http://www.worldlingo.com

À minha querida mãe


Branca mulher de olhos claros
De olhar verde e luminoso
Que tinhas luz nas pupilas
E luz nos cabelos louros
Onde te levou o destino
Que te afastou para longe
Da minha vista sem vida
Da minha vida sem vista?

Andavas sempre sozinha
Sem cão, sem homem, sem Deus
Eu seguia-te sozinha
Sem cão, sem homem, sem Deus
Eras a imagem de um sonho
A imagem de um sonho eu era
Ambas levando a tristeza
Dos que andam em busca do sonho.

Ias sempre, sempre andando
E eu ia sempre seguindo
Pisando na tua sombra
Vendo-a às vezes se afastar
Nem sabias quem eu era
Não te assustavam os meus passos
Tu sempre andando na frente
Eu sempre atrás caminhando.

Toda a noite em minha casa
Passavas na caminhada
Eu te esperava e seguia
Na protecção do meu passo
E após o curto caminho
Da praia de ponta a ponta
Entravas na tua casa
E eu ia, na caminhada.

Eu te amei, mulher serena
Amei teu vulto distante
Amei teu passo elegante
E a tua beleza clara
Na noite que sempre vinha
Mas sempre custava tanto
Eu via a hora suprema
Das horas da minha vida.

Eu te seguia e sonhava
Sonhava que te seguia
Esperava ansiosa o instante
De defender-te de alguém
Mas nem sempre o consegui
Mesmo quando precisas-te...

E então meu passo mais forte
Dizia: quero falar-te
E o teu, mais brando, dizia:
Se queres construir... vem.

Eu ficava. E te seguia
Pelo deserto da praia
Até avistar a casa
Pequena e branca da esquina.
Entravas. Por um momento

Esperavas que eu passasse
Para o olhar de boa-noite
E o olhar de até-amanhã.

Uma noite... não passaste.
Esperei-te ansiosa, inquieta
Mas não vieste. Por quê?

Foste embora? Procuraste
O amor de algum outro passo
Que em vez de seguir-te sempre
Andasse sempre ao teu lado?

Eu ando agora sozinha
Na praia longa e deserta
Eu ando agora sozinha
Por que fugiste? Por quê?
Ao meu passo solitário
Triste e incerto como nunca
Só responde a voz das ondas
Que se esfacelam na areia.

Branca mulher de olhos claros
Minha alma ainda te deseja
Traz ao meu passo cansado
A alegria do teu passo
Onde te levou o destino
Que te afastou para longe
Da minha vista sem vida
Da minha vida sem vista?
Adaptado de um poema de
Vinicius de Moraes

Visita a Florença - 4º Dia (Parte I)


No quinto e último dia em Florença, saímos do Parque de Campismo Michelangelo em definitivo e fomos em direcção à cidade, onde procurámos encontrar um bom lugar para deixarmos a autocaravana e apanharmos uma urbana para o centro da cidade.

Naquele dia queríamos visitar o Duomo, a catedral de Florença que tínhamos nos dias anteriores, encontrado fechada em várias circunstâncias e por motivos vários.

Encontrámos um bom lugar para deixarmos a autocaravana, num parque de estacionamento perto da Estação Ferroviária de Campo di Marte, situada a alguns quilómetros do centro histórico de Florença, a poucos metros do Estádio Artemio Franchi.

Ali apanhamos a urbana até à Piazza San Marcos, na zona norte do centro histórico da cidade, que é dominada pela Basílica de San Marco, outrora ligada e pertencente ao complexo do Convento de San Marco.

A Basílica de San Marco é uma das igrejas da cidade velha, que fazia originalmente parte do grande complexo do Convento de San Marco, que hoje abriga o Museo Nazionale di San Marco. No centro da praça encontra-se a estátua do General Manfredo Fanti.

Neste mosteiro, viveram e trabalharam muitos dos mais importantes representantes da espiritualidade e da cultura do séc. XV, como Cosimo, o Velho, Santo António de Lisboa, o Beato Angelico, Fra Bartolomeo, Tommaso Caccini, conhecido por ter processado Galileu Galilei e Girolamo Savonarola, que pregava contra a decadência da moral e que acabou enforcado e depois queimado na Piazza della Signoria.

Esta Basílica deve a sua aparência actual, à reconstrução de um convento medieval anterior, realizada pelo arquitecto Michelozzo, sob encomenda de Cosimo, o Velho, entre 1436 e 1446.

Três anos depois de se tornar propriedade do Estado em 1866, tornou-se sede de um museu que abriga obras de muitos nomes sonantes da arte renascentista, incluindo o ciclo de frescos mundialmente famosos do Beato Angelico, possuindo também muitos de seus trabalhos em madeira.

Ao Convento de San Marco está também ligado um episódio que envolveu directamente Galileu Galilei. Em 1615, um frade dominicano do convento, Niccolò Lorini, denunciou Galileu à Inquisição, entregando uma cópia de uma carta, em que o matemático defendia a validade das teorias de Copérnico, acusando Galileu de blasfémia, por fazer “duvidosas e insolentes” afirmações.

Perto da Piazza San Marco, na entrada da Via Battisti, fica situado um palácio, hoje com uma fachada vermelho-alaranjada, que já abrigou a antiga Câmara de Estudos e que hoje abriga os escritórios centrais da Reitoria da Universidade de Florença.

Ali perto, mesmo em frente, no canto oposto da entrada da Via C. Battisti, encontra-se a Galleria dell’Accademia, com arcadas e que reuniu os pintores e artistas de Florença, bem como o antigo Hospital de San Mateo.

A Galleria dell’Accademia é nem mais nem menos a Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, ou simplesmente Galeria da Academia, criada em 1784 pelo grão-duque Pietro Leopoldo, é a mais antiga escola de belas-artes do mundo.

Hoje é um importante museu de Florença, dedicado à preservação de um rico conjunto de obras de arte de fins do gótico até o final do século XIX. Ali se encontra a maioria da estatuária e outras esculturas, que imortalizaram muitos dos nomes sonantes da renascença italiana. Nela se encontram diversas esculturas de Michelangelo, entre as quais o famosíssimo David.

Ali bem perto desta Piazza San Marco encontra-se também o Giardino dei Semplici, o terceiro mais antigo Jardim Botânico do mundo, depois do Jardim Botânico de Pisa e do Jardim Botânico de Pádua .

Fonte: Wikipédia / http://tuscany_travel_guide/florence.san.marco