Angers - 19º Dia - Parte II





Angers é a capital histórica de Anjou e foi durante séculos um importante reduto no noroeste da França. É o berço da dinastia Plantageneta e foi durante o reinado de René de Anjou um dos maiores centros intelectuais da Europa.
Angers está situada a sul da confluência de três rios, o Mayenne, o Sarthe, e o Loir, todos vindos do norte, que se juntam para formar o rio Maine, que por sua vez flui para sul, desaguando no rio Loire.
A área metropolitana de Angers é um importante centro económico do oeste da França, e uma cidade particularmente ativa nos setores industrial, hortícola e turistico.
Angers é um belíssimo exemplo de convivência, entre um parque urbano moderno, desenvolvido a partir de um centro marcado pela monumentalidade histórica.
O antigo nome de Angers, Juliomagus, era composto por Julius”, por ser provavelmente dedicada a Júlio César, e “magos”, uma palavra celta que significa "mercado". As cidades dedicadas a imperadores romanos eram comuns quer na Gália Romana (bem como topónimos que mantinham elementos da língua gaulesa, lugar de onde provinham os povos que viviam em torno da cidade), quer nos territórios ocupados noutras regiões da Europa.
Depois da visita ao Château de Angers caminha-se em direção contrária ao caminho feito na vinda. Desceu-se sempre contornando as altas muralhas do château de Angers e já cá em baixo, junto às margens do rio Maine, caminha-se pelo Quai du Roi de Pologne, seguindo pela Promenade Jean Turq, um belo caminho ladeado confinado por pérgulas e rodeado de lindos jardins, situado na margem direita do rio Maine.
A caminhada é longa mas prazerosa levando-nos até ao Quai Ligny, um antigo caís de atraque. É ali que se para, olhando-se cá de baixo a bela e elegante Cathédrale Saint-Maurice d’Ángers. Subindo a comprida e linear escadaria até ao Montée Saint Maurice, depressa se chega à porta da Catedral.
A Cathédrale Saint-Maurice é como o nome indica, dedicada a Saint Maurice (São Maurício) que era o líder da lendária Legião Tebana no séc. III, e um dos santos mais amplamente venerados.
De acordo com a lenda que provem de 443-450 d.C. e contada por Euquério de Lyon, a legião encontrava-se na cidade de Tebas, no Egito, quando o Imperador Maximiano lhes ordenou que marchassem para a Gália para ajudar os romanos contra os rebeldes da Borgonha. A Legião Tebana era comandada durante a sua marcha por três bravos legionários, Maurício, Cândido e Exupério, hoje todos venerados como santos. Quando chegaram à cidade de Agaunum, hoje Saint-Maurice-en-Valais, na Suíça, a legião inteira resolveu recusar fazer sacrifícios pelo Imperador, não atacando os rebeldes, pelo que lhe foi aplicado o Decimatio ("dizimação"), que era uma das mais severas punições aplicadas no exército romano. Tratava-se de uma medida excecional, para casos de extrema covardia ou amotinamento. O decimatio foi aplicado, ou seja, a morte de um em cada dez de seus homens, sendo o processo repetido até não restar ninguém.
A Cathédrale Saint-Maurice possui uma bela arquitetura, que foi sendo realizada ao longo de muitos anos, sendo por isso numa mistura de estilos românico e gótico.
A frente oeste é impressionante por ser extremamente estreita e alta. Possui duas torres gémeas que datam do séc. XV e uma torre central que foi introduzida no séc. XVI. Na base da torre central estão as esculturas de Saint-Maurice e seus companheiros, com uma oração pela paz anteriormente.
O portal oeste possui um alto arco em ogiva, todo trabalhado na arquivolta interior com esculturas dos eleitos e as pessoas de muitas raças e línguas, tendo nas duas arquivoltas exteriores representados os 24 Anciãos do Apocalipse, todas esculturas do séc. XII.
No outro portal de meados do séc. XII, o tímpano mostra-nos um Cristo em Majestade, cercado pelos símbolos dos quatro evangelistas.
Lá dentro a sua grande nave românica, sem corredores laterais, abre-se para um cruzeiro de transição que nos leva ao coro gótico. O interior é iluminado com vitrais datados entre os séculos XII e XVI.
O altar-mor é barroco (1758), projetado por Henri Gervais. Seis colunas monolíticas apoiam o dossel. Diz a lenda que Gervais foi levado até ao altar-mor, enquanto agonizava, para que antes de morrer pudesse dar as últimas instruções sobre a sua conclusão.
Possui ainda um enorme púlpito de madeira datado de 1855, que foi projetado por um sacerdote chamado Choyer. As suas esculturas ilustram o tema da Palavra de Deus, com Moisés do seu lado esquerdo, e São João a receber a sua revelação à direita.
 
Fonte /Ler mais em: http://en.wikipedia.org/Saint_Maurice   http://en.wikipedia.org/wiki/Angers http://fr.wikipedia.org/ http://www.sacreddestinations.com/france/angershttp://www.espacoerrante.blogspot.pt/

Limites: a formação necessária do Superego


Hoje olhamos, falamos e discutimos muito sobre a violência e as consequências sociais e psicológicas dela decorrentes, mas, o que mais nos assusta e atinge é a indiferença com que o violento se comporta, como não se importasse nem com o seu ato e muito menos com as consequências dele; como se nada do que nos horrorizasse fizesse algum sentido; mas, assim também é com o menino que rouba ou com o jovem que atropela porque bebeu.

São as sequelas da ausência de lucidez, a Aufklãrung de Kant ou a ausência do Superego de Freud, que pode ser adquirido no colo de um cuidador.

Esta é mais uma excelente palestra do Café Filosófico, realizada por Ivan Capelatto, psicoterapeuta, psicólogo clínico e professor do curso de pós-graduação em pediatria da Faculdade de Medicina da PUC do Paraná. Ivan Capelatto é também autor da obra Diálogos sobre Afetividade - o nosso lugar de Cuidar (2001).

No entanto, embora Ivan Capellato aborde com pormenor o assunto, deve aqui ficar feita a diferenciação entre Id, Ego e Superego, para melhor entendimento daquilo que se escutar nesta ótima palestra.

O que é o Id? Id significa identidade. Mas Id também é uma das três estruturas do aparelho psíquico, juntamente com o Ego e o Superego. O Id é responsável pelos instintos, impulsos orgânicos, e os desejos inconscientes. O Id não tem contato com a realidade e pode satisfazer-se na fantasia, mesmo que não realize uma ação concreta referente aquele desejo.

Os psicopatas têm um Id dominante e um superego muito reduzido, o que lhes tolhe o remorso, sobressaindo a falta de consciência moral.

E o que é o Ego? O Ego é a segunda natureza existente na nossa psicologia. É a nossa parte mais grotesca, a nossa parte animal, que infelizmente se constitui em 97% da nossa psicologia. A essência constitui-se apenas em 3%, porém está adormecida, inconsciente... Então a conclusão disto tudo é que passamos a vida toda adormecidos, achando que vivemos em plena consciência.

Vivemos a vida do Ego, com as suas preocupações, preconceitos, rancores, invejas, maledicências, orgulhos, luxúria, vaidades, materialismos, enfim os nossos pecados capitais; ou vivemos de lembranças do passado ou de planos para o futuro, e esquecemos de viver o momento presente, o agora, isto é o exato instante.

Finalmente o que é o Superego? O Superego designa na teoria psicanalítica, uma das três instâncias dinâmicas do aparelho psíquico. É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade.

O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado; e a consciência moral (al. Gewissen), que determina o mal a ser evitado. O Superego tem três objetivos: Inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (consciência moral); Forçar o ego a comportar-se de maneira moral (mesmo que irracional); Conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras (ego ideal).

O Superego forma-se após o Ego, durante o esforço da criança de intrometer os valores recebidos dos pais e da sociedade, a fim de receber amor e afeição.

Segundo o livro de André Luiz (um autor espiritual, que escreve pela mão de Francisco Cândido Chavier), "Num Mundo Maior", o nosso cérebro é como um castelo de três andares. No primeiro andar, o sistema nervoso, é a sede de nossas atividades subconscientes, onde estão arquivadas todas as nossas experiências, desde os menores factos. No segundo andar, na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos a parte do cérebro que sintetiza as energias necessárias para nossas conquistas atuais. É onde reside o consciente. O terceiro andar representa a parte mais nobre deste castelo. É onde fica o superconsciente, e onde estão escritas as leis divinas. As metas superiores estão aí, em forma de embrião à espera para desabrochar...


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Lf7SeEfy_s8

Fontes / Ler mais em: http://www.significados.com.br/id/ http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060710112137AAm7Hnl http://pt.wikipedia.org/wiki/Superego http://espiritismo-br.blogspot.pt/2009/05/limites-formacao-necessaria-do-superego.html

Ninguém Tem Pena das Pessoas Felizes



…“Em Portugal, a felicidade é reprimida. Não se pode entrar feliz num lugar, resplandecente na cara soalheira que Deus Nosso Senhor nos deu, sem que algum marreco nos venha meter o queixo no sovaco e pergunte: «Então? O que é que aconteceu? Saiu-lhe a sorte grande ou quê?» Se uma mulher, de repente, pega na bainha da saia e se põe a atravessar a rua aos saltinhos, só porque é precisamente assim que lhe apetece atravessá-la, há uma corrida às cabines telefónicas a ver quem é o primeiro a ligar para o Júlio de Matos.

A felicidade, em Portugal, é considerada uma espécie de loucura. Porquê? Porque os portugueses quando vêem uma pessoa feliz, julgam que ela está a gozar com eles. Mais precisamente: com a miséria deles. Não lhes passa pela cabeça que se possa ser feliz sem ser à custa de alguém. Acham que as pessoas felizes são esponjas-com-pernas, daquelas de banho, cor-de-laranja, muito alegres, que andam pelas ruas a chupar a felicidade toda às outras pessoas.

Se houvesse um livro de Bernardim Ribeiro que começasse «Menina e moça voltei para casa dos meus pais e desde esse dia nunca mais chorei uma só lágrima», nunca teria arranjado editor. Portugal pode não ser um país triste, mas é decididamente um país infeliz. Em mais nenhuma língua «ser feliz», que deveria ser uma coisa natural, significa também «ter sorte», ser bem sucedido.

Ninguém tem pena das pessoas felizes. Os Portugueses adoram ter angústias, inseguranças, dúvidas existenciais dilacerantes, porque é isso que funciona na nossa sociedade. As pessoas com problemas são sempre mais interessantes. Nós, os tontos, não temos interesse nenhum porque somos felizes. Somos felizes, somos tontaços, não podemos ter graça nem salvação. Muitos felizardos (a própria palavra tem um soar repelente, rimador de «javardo» vêem-se obrigados a fingir a dor que deveras não sentem, só para poderem «brincar» com os outros meninos.

É assim. Chega um infeliz ao pé de nós e diz que não sabe se há-de ir beber uma cerveja ou matar-se. E pergunta, depois de ter feito o inventário das tristezas das últimas 24 horas: «E tu? Sempre bem disposto, não?». O que é que se pode responder? Apetece mentir e dizer que nos morreu uma avó, que nos atraiçoou uma namorada, que nos atropelaram a cadelinha ali na estrada de Sines.

E, no entanto, as pessoas felizes também sofrem muito. Sofrem, sobretudo, de «culpa». Se elas estão felizes, rodeadas de pessoas tristes, é lógico que pensem que há ali qualquer coisa que não bate certo. As infelizes acusam sempre os felizes de terem a culpa. É como a polícia que vai à procura de quem roubou as jóias e chega à taberna e prende o meliante com ar mais bem disposto.

Em Portugal, se alguém se mostra feliz é logo suspeito de tudo e mais alguma coisa. «Julgas que é por acaso que aquele marmanjo anda tão bem disposto?», diz o espertalhão para outro macambúzio. É normal andar muito em baixo, mas há gato se alguém andar nem que seja só um bocadinho «em cima». Pensam logo que é «em cima» de alguém.

Ser feliz no meio de muita gente infeliz é como ser muito rico no meio de um bairro-de-lata. Só sabe bem a quem for perverso.

Infelizmente, a felicidade não é contagiosa. A alegria, sim, e a boa disposição, talvez, mas a felicidade, jamais. Porque a felicidade não pode ser partilhada, não pode ser explicada, não tem propriamente razão. Não se pode rir em Portugal sem que pensem que se está a rir de alguém ou de qualquer coisa. Um sorriso que se sorria a uma pessoa desconhecida, só para desabafar, é imediatamente mal interpretado. Em Portugal, as pessoas felizes sofrem de ser confundidas com as pessoas contentes.

As pessoas contentes, satisfeitas, da palmadinha na barriga, que não querem nada da vida para além do que já têm, é que podem ser suspeitas. As pessoas felizes, coitadas, não. O mais das vezes são criaturas insatisfeitas. Só que não se importam muito com isso. A pessoa contente é aquela que sabe o que se passa e tem tudo o que quer. A pessoa feliz é aquela que, independente do que se tem, não só não sabe o que se passa como também não quer saber. As pessoas felizes não pensam nisso. Pensam tanto como as abelhas. Em vez de viver, zumbem.

As pessoas felizes precisam de se afirmar, de deixar de fingir que também estão permanentemente na fossa. Devia haver emblemas grandes a dizer «EU SOU FELIZ E ESTOU-ME NAS TINTAS» ou «EU SOU FELIZ E NÃO TENHO CULPA». É preciso acabar com subtil racismo dos Portugueses contra a raça dos felizes. As pessoas felizes são tão portuguesas como as outras. Também choram, também sofrem, também se angustiam. Só que menos. (Hi! hi! hi!...)

Está bem, pronto. A revolta começa aqui. As pessoas felizes não sofrem quase nada! Todos agora: Hi! hi! hi!...
Miguel Esteves Cardoso, A Felicidade, in 'Os Meus Problemas' (ASSÍRIO & ALVIM, 11ªedição, páginas 125-127)

Os Desafios da Arte no Mundo Contemporâneo


“Passeava com dois amigos ao pôr-do-sol – o céu ficou de súbito vermelho-sangue – eu parei, exausto, e inclinei-me sobre o muro – havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.”

Edvard Munch

                                           Skrik de Edvard Munch
Como é que a filosofia nos pode ajudar a enfrentar a crise contemporânea? O que é ser artista? O que é a arte dos dias de hoje?
 
Como é que a arte se expressa numa sociedade como a nossa, que se transforma tão rapidamente, com o avanço da tecnologia, com as descobertas científicas e que ao mesmo tempo, se questiona sobre os seus valores e o seu futuro? O mundo reinventa a arte ou a arte recria o mundo?

Quais são os desafios da arte no mundo contemporâneo? Como é que as artes plásticas, o teatro, a poesia convivem com a tecnologia, e os novos meios?
O lugar do teatro; Os destinos do livro; a computação gráfica; o (des)limite entre as artes; o direito autoral; as expectativas e ansiedades sobre o mundo contemporâneo são aqui debatidas neste episódio do Café Filosófico.
Para este debate, Viviane Mosé (poetisa, filósofa, psicóloga e psicanalista), convida o ator Henrique Diaz e o artista plástico Marcos Chaves, para conversarem em conjunto sobre os desafios da arte no mundo contemporâneo.


Mas também em Portugal este tema foi objeto de análise. Pode a crise contemporânea ser uma fonte de inspiração para quem é artista?

Neste vídeo da SIC Noticias, emitido no dia 27.01.2013, subordinado ao tema: “A Arte da Crise”, podemos ver o jornalista Pedro Mourinho, a conversar com um artista de Art Grafitti, um poeta popular, um escritor brasileiro radicado em Portugal e um cantor de intervenção, que nos mostram como a situação atual do país pode ser, afinal, um motivo para dar largas à criatividade.



Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=plZhcbJLVRk ; http://www.youtube.com/watch?v=MY2OqtPi-eQ
http://raiz-de-pensamentos.blogspot.pt/2009/05/o-grito-de-edvard-munch.htm   

A Vida das Estrelas


“Para do nada fazermos uma tarte de maçã, necessitamos antes de inventar o Universo.”
 


O 9º episódio inicia-se com o fabrico de uma tarte de maçã, que depois de feita é apresentada a Carl Sagan que nos diz como é que os átomos e seus componentes se interligam, levando-nos à ideia da grandeza dos valores numéricos, quando se trabalha numa escala tão pequena.

Desde a época de Demócrito, no séc. V a.C., que sempre se especulou sobre a existência de átomos, mas só agora na nossa época, é que realmente somos capazes de os ver e estudar a sua constituição. Mostra-nos então um filme que mostra o pulsar aleatório dos átomos de urânio, aumentados cem milhões de vezes, dizendo-nos que Demócrito teria adorado vê-lo.  

Leva-nos a um laboratório em Cambridge, onde o reino do muito pequeno, o átomo, e seus componentes foram descobertos. Fala-nos dos elementos químicos naturais e refere que todo o que nos rodeia é feito de ligações harmoniosas destes mesmos elementos, para nos dizer por último, que a maioria dos átomos dos nossos corpos foi feita no interior das estrelas.

Uma vez apresentadas as noções básicas de física e química, Sagan passa aos modelos explicativos a respeito da vida do sol e de outras estrelas, descrevendo estágios como as gigantes vermelhas, anãs brancas e buracos negros, bem como a possível ocorrência da explosão de uma supernova na Antiguidade, representada em pinturas rupestres do povo Anasazi.

Com animação computorizada e espantosa arte astronómica, é-nos mostrado como as estrelas nascem, vivem e morrem. Carl Sagan persegue a origem e a natureza dos buracos negros, objetos com uma gravidade de tal ordem que a luz não consegue sair deles.

A explicação de Carl Sagan recai depois sobre o «último dia perfeito» da Terra, que poderá ocorrer daqui a 5 biliões de anos, após o Sol, entrando na fase vermelha gigante, reduzirá a Terra a cinzas carbonizadas e o fim da vida na Terra. Serão então engolidos pelo sol, todos os planetas do sistema interno. Será o fim do planeta Terra e os nossos descendentes ter-se-ão aventurado já, para um outro lugar…

Leva-nos depois numa viagem pelo Cosmos, a bordo da sua nave interestelar. Testemunhamos a explosão de estrelas distantes que produzem raios cósmicos que provocam mutações nos seres da Terra. No sentido mais profundo, a origem, evolução e destino da vida do nosso planeta estão relacionados com a evolução do Cosmos, por isso o nosso planeta Terra, a nossa sociedade e nós mesmos, somos todos feitos de material estelar.

Leva-nos a um tubo de lava, uma caverna construída pela saída de lava derretida e com o auxílio de um contador Geiger e de um pedaço de urânio, Carl Sagan, para detetar a energia emanada deste elemento e dos raios cósmicos que entram na caverna. Mostra-nos assim, a importância das estrelas na evolução da vida na Terra, uma vez que os raios cósmicos provenientes de supernovas podem ter atuado nas mutações ao longo do processo evolutivo.

Fala-nos depois da força da gravidade e faz uma analogia interessante com a história da Alice no País das Maravilhas, para nos explicar como funciona esta força, quando se altera, explicando-nos em seguida como ela funciona dentro de um buraca negro, e na possibilidade de viajarmos no espaço mais rapidamente, podendo emergir em locais totalmente desconhecidos e exóticos, onde o bom senso da realidade poderá ser seriamente desafiada.

Põe finalmente a hipótese de nós no futuro ou outras civilizações extraterrestres, poderem viajar no espaço, utilizando o expresso da gravidade, colocando a possibilidade do espaço estar cheio de buracos ou tuneis cósmicos, que nos levariam rapidamente de uns lugares para outros.

Este episódio acaba numa viagem pelas estrelas, numa espécie de viagem ao passado, quando nasceu a via láctea, enumerando todos os corpos celestes que podem existir, ou possam ainda a vir a ser descobertos numa galáxia, para nos dizer mais uma vez que pertencemos ao cosmos e somos filhos das estrelas…
 
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=JQAsX4flmN0
 

Angers - 18º e 19º Dias - Parte I



Despedimo-nos com pena de Rennes, com a certeza de que a cidade merece muito mais atenção, mas nesta viagem o objetivo era ir dormir a Angers.
Esta última etapa realizada no 18º dia de viagem, foi toda feita já de noite, e chegámos tarde a Angers. Quando lá chegámos fomos direitos à AS, situada num pequeno parque de estacionamento todo vedado por rede e com portaria, mas que aquela hora já se encontrava encerrada, o que não impossibilitou contudo, a utilização da zona de manutenção, construída no lado exterior e a possibilidade de aí pernoitar, num dos lugares de estacionamento reservados aos mais atrasados como nós.

Em Angers estava por nós destinada uma visita ao Château d'Angers, a residência dos Duques de Anjou e dentro dele ansiávamos por ver a famosa Tapeçaria do Apocalipse, a maior tapeçaria que chegou até aos nossos dias.
No dia seguinte, como a AS ainda ficava longe do centro histórico de Angers, resolvemos levar até lá a autocaravana, que depois de estacionada num parque de uma pousada, nos possibilitou com uma breve caminhada a pé, encontrar facilmente o casco histórico.

O Château d'Angers destaca-se com toda a sua magnificência, e é para lá que nos dirigimos. Circunda-se então as suas altas muralhas, onde se destacam vários torreões até à entrada para o interior das muralhas. Por fora a austeridade aparente desta grande fortaleza de xisto e calcário, que o jovem rei Luís IX tinha construído numa das bordas do seu reino, no séc. XIII, contrasta com os edifícios tranquilos do interior das muralhas.
Dentro do Castelo encontra-se a agradável residência dos Duques de Anjou, composta por edifícios construídos no final da época gótica. Para transformar e embelezar o Castelo, a fim de o tornar mais acolhedor e ali sediar o tribunal de Anjou, a edilidade estabeleceu terraços, jardins e galerias no interior das muralhas.

Foi feita uma visita minuciosa à antiga residência dos Duques de Anjou, onde se podem ver várias maquetas, que mostram a evolução arquitetónica da residência ao longo do tempo.
No entanto não é a residência dos Duques de Anjou que é a atração maior no interior dos muros do Château d'Angers, mas sim a famosíssima Tapeçaria do Apocalipse. Com seus 104 metros de comprimento, é a maior tapeçaria medieval chegada até aos nossos dias, em qualquer parte do mundo.

Encomendada no séc. XIV pelo duque Louis d’Anjou, a Tapeçaria do Apocalipse é a mais antiga tapeçaria bíblica, que pretende ilustrar o livro do Apocalipse com a mensagem de salvação do Apóstolo São João, como uma das "coisas que em breve devem acontecer". Foi tecida entre 1377 e 1382, e baseada num desenho do pintor Hennequin de Bruges e tecidas nas oficinas do tecelão Nicolas Bataille, em lã, seda, ouro e prata, tendo sido provavelmente acabada em 1382.
A tapeçaria era a principal forma de expressão artística na Idade Média, surgida a partir de uma técnica desenvolvida no Egito antigo. Diferentes dos tapetes orientais, as peças de lã e seda feitas à mão em ateliês, quer da França, quer na Holanda nunca viam solas de sapatos, sendo feitas para serem colocadas nas paredes.

Esta belíssima Tapeçaria do Apocalipse é gigantesca, levou oito anos a ser tecida e embora tenha estado perdida durante bastante tempo, felizmente foi redescoberta, e classificada como monumento histórico no séc. XIX.
A tapeçaria retrata as visões do Apóstolo São João, registradas no livro do Apocalipse, que fecha o texto da Bíblia. Nela podem ver-se representações de pragas divinas, homens torturados por feras hediondas, uma explicação alegórica do enforcamento, e muito, muito mais… É uma representação de um mundo hermético e misterioso, que espanta qualquer visitante contemporâneo.

Mas a obra também impressiona pelo seu extraordinário tamanho: é constituída por 70 cenas conservadas até hoje, que se revelam ao longo de cerca de 100 metros de comprimento, com 4,50 metros de altura.
Durante a Revolução Francesa, muitas cenas foram cortadas e usadas como cobertores e tapetes. Em 1843, uma grande parte dos fragmentos da tapeçaria foi comprada pelo Bispo de Angers, enquanto outras foram sendo achadas depois duma busca obstinada. No entanto, cerca de um terço das cenas ficou perdido para sempre.

As cores brilhantes originais, segundo o guia da visita, ainda são visíveis na parte de trás, no entanto na parte da frente a tapeçaria tem muitas falhas de cor e fios, uma vez que ao longo do tempo ficou consideravelmente prejudicada. Por este motivo, em 1998, a galeria onde está exposta, passou por algumas modificações, eliminando as grandes janelas que deixavam entrar a luz do sol e da lua, dando lugar a uma galeria agora escura, que mantém uma temperatura especial para proteger e preservar o melhor trabalho de tapeçaria europeu do séc. XIV.




 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=O_tY88TGivM; http://www.youtube.com/; http://pt.wikipedia.org/;  http://www.abestados1000anos.com.br/; http://www.tripadvisor.com/

Rennes - 18º Dia - Parte II


 
Deixámos Fourèges e seguimos viagem com rumo a Angeres, onde iriamos pernoitar, mas no caminho ficava-nos Rennes onde queríamos passar, mais que não fosse para observar as suas ambiências e vida.

Rennes não é frequentemente citada em guias turísticos, e embora seja a maior cidade da Bretanha, é uma cidade de tamanho médio, que vale bem a pena visitar.

Fundada pelos gauleses e colonizada pelos romanos Rennes está estrategicamente situada na confluência dos rios Ille e Vileine. Após a anexação da Bretanha pela França, em 1532, a cidade tornou-se a capital da região.

Em 1720, um incêndio que durou 6 dias destruiu-a quase por completo, tendo restado uma pequena parte da antiga cidade medieval, juntamente com uma série de edifícios do séc. XVIII.

É uma cidade universitária por excelência, e por isso é cheia de jovens, mesmo fora da época escolar, o que dá à cidade uma vida noturna vibrante. É a Fez-noz, que significa em bretão festival da noite, onde as pessoas de todas as gerações se juntam, para ouvir música tradicional, beber cerveja ou chouchen (uma bebida alcoólica bretã) ou até mesmo dançar.

Chegámos à cidade num sábado ao fim da tarde, e por isso, as suas ruas tinham já alguma animação, como por exemplo a animada Rue Saint Michel, por onde é obrigatório passar.

Os habitantes de Rennes chamam à Rue Saint Michel, "la rue de la soif", que significa rua da sede. Um passeio pela Rue Saint Michel numa sexta-feira ou sábado à noite é uma experiência muito interessante. No entanto, para quem na realidade quiser nesta cidade "faire la fête", comemorar ou apenas divertir-se, na "Rue de la Soif" o melhor é ir até ao bar "Jeudi Soir", durante o ano letivo. O Jeudi Soir está praticamente toda a noite aberto e a abarrotar de estudantes.

No entanto, Rennes é ainda mais buliçosa enquanto os estudantes permanecem na cidade, que costuma ficar praticamente vazia após o dia 15 de julho, uma vez que a maioria de seus habitantes migra durante a época de veraneio para o litoral atlântico. No entanto, mais recentemente esta é uma tendência que tem vindo a amenizar-se e as esplanadas e cafés de Rennes estão agora movimentadas durante todo o ano.

Rennes é particularmente agradável no verão, mas segundo os guias turísticos é no início de julho, durante o "Festival des Tombées de la Nuit", que é mais interessante visitar a cidade, uma vez que esta se enche de forasteiros, que vêm apreciar as animações de rua e comer ou beber, nas esplanadas dos restaurantes e cafés.

Embora seja uma cidade moderna, ainda conserva na zona antiga, algumas amostras arquitetônicas e monumentais de toda a sua longa história. Além de edifícios de traça bretã, possui restos de edifícios que remontam ao período de dominação romana.

A viagem no tempo tem como parada inicial os Portões de Mordelles, de 1440, que são o acesso de entrada ao cascovelho da cidade, repleto de lindas construções medievais e renascentistas.

Nos arredores da Place des Lices encontra-se tanto a Catedral de Rennes, construída e restaurada diversas vezes entre os séculos XIII e XIX, em estilos gótico e neoclássico. Possui ainda restos da muralha galo-romana do séc. III.

Vageando pelas ruas que partem da Place des Lices e da Place St-Anne, é facil imaginar como seria a Rennes antes do grande incêndio de 1720.

Na Place de la Marie, encontramos o edifício da idilidade, do séc. XVIII, e perto do Hôtel de Ville, fica a fabulosa Ópera de Rennes, um dos prédios mais belos da cidade, criado em 1836 e que até hoje é palco para concorridos espetáculos de música erudita.


Fonte: http://wikitravel.org/ http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/franca-rennes www.espacoerrante.blogspot.com/ Guia da American Express, França (pág.274)

Mont Saint-Michel e Fougères - 18º Dia - Parte I



A noite em Le Caserne passou com grande tranquilidade. Durante a manhã descansámos e só saímos com a autocaravana após um pequeno-almoço almoçarado.
Como o Mont Saint-Michel tinha só sido visitado à noite, foi para lá que rumámos mais uma vez. Lá chegados estacionámos a autocaravana no parque rebaixado em relação à estrada, em cota abaixo do nível do mar, que àquela hora estava disponível por estar maré baixa, só sendo esperada a maré alta, lá para o final da tarde.
Antes de caminharmos em direção ao Monte, ficámos ali durante algum tempo a olhá-lo, e a tirar fotos de vários ângulos. É um lugar inesquecível e de grande beleza cénica, sendo sem qualquer dúvida, um daqueles locais que uma vez olhados de perto despertam em nós um amor prolongado, que nunca mais se esquece.
Depois foi a vez de revisitar o povoado medieval, deambular pelas ruas apinhadas de gente, ver as lojas, os recuerdos, procurar recantos escondidos… e até subir-se a meia encosta para olhar mais uma vez a baia de areias douradas pelo sol, um misto de beleza Etéria e ao mesmo tempo estéril…
A meio da tarde e depois da visita, deixámos com muita pena nossa o Mont Saint-Michel para trás e iniciámos o caminho de retorno, com rumo a Fougères, a apenas 40 Km de distância e classificada como village de France (Pays Villes et d'Art et d'Histoire), cujo nome bretão é Felger.
Não é por acaso que esta bela cidade medieval se chama “Fougères” (em português, Samambaias). Lembro-me como se fosse hoje, da chegada a Fougères. A cidade é tão verde e emboscada que mais parece um ninho de cucos.
Respira-se um clima de tranquilidade e sossego tão grandes que a cidade parece parada no tempo. É também um lugar que respira história por todos os poros.
Segundo os guias turísticos, a cidade tem como principal atração e interesse monumental o seu famoso Château de Fougères, uma antiga fortaleza medieval, rodeada por muralhas, construída em cima de um monte granítico, que foi outrora propriedade do duque da Bretanha.
O núcleo histórico situado no vale onde corre o rio Nançon é dominado pelo Château de Fougères, dos séculos XI-XV, e ao seu redor desenvolve-se o antigo povoado da época Armórica.
Mas não só do seu castelo vive a cidade. Fougères é de uma beleza rara. Situada numa cova de terreno, cresceu trepando pelas encostas (entre terrenos situados na fronteira entre a Bretanha e a Normandia), culminando estas em dois assentamentos de onde se desfrutam belas vistas do burgo medieval, lá em baixo.
Foi ao cimo de uma dessas encostas, onde chegámos vindos do Mont Saint-Michel. Depois de estacionarmos a autocaravana num pequeno parque de estacionamento situado junto da Place aux Arbres, fomos a pé até à Église St-Leonard, do séc. XVI que se empoleira em lugar privilegiado.
Esta igreja foi construída em 1397, e tem uma importância simbólica para a cidade. Fundada por comerciantes locais, permitiu que pessoas comuns pudessem assistir às missas, o que anteriormente não sucedia, sendo apenas um privilégio do clero e da nobreza.
Há sua volta encontramos um belo jardim, arranjado à maneira francesa, e para oeste, no ponto em que o declive se acentua, encontramos um miradouro que lá do alto, nos mostra a antiga cidade medieval envolta em verde profundo.
Destes jardins que descem pela encosta em socalcos até ao burgo, existem caminhos que nos levam até ao rio Nançon e às casas medievais que circundam a Place du Marchix.
Fougères é historicamente uma cidade de origem galesa, pois foi fundada pelos primeiros colonos chagados à Bretanha e vindos do País de Gales, para a antiga Armórica (que em galês, quer dizer “lugar atingido por mar”), provindo o seu nome da língua galesa, que designava a cidade por Foujerr”.
A cidade esteve envolvida numa célebre rebelião contra a Revolução Francesa em 1793. A escaramuça deu-se perto de Fougères e foi o tema de um quadro do pintor francês Julien Le Blant's (1851-1933), designada Le Carré Bataillon, Affaire de Fougères 1793”, que ganhou uma medalha de ouro na Exposição Universal de 1889.

Também a esta escaramuça Honoré de Balzac faz referência, em “Les Chouans” um romance de 1829, incluído nas “Scènes de la vie militaire” de sua La Comédie humaine, fazendo figurar Fougères e o seu Castelo, como lugar de ação. (podem ler este livro em: http://www.inlibroveritas.net/lire/oeuvre2514.html)





Fonte: http://fr.wikipedia.org/ http://maps.google.pt/ www.espacoerrante.blogspot.com/http://www.youtube.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Les_Chouans