Educação, Ética, Direito e Moral


A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos” e que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem da palavra “mores”, significando costumes.
 
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava a Moral como a “ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
 
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma como todo o homem deve comportar-se no seu meio social.

Ética e Moral são então os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida".

Assim o homem, no seu livre arbítrio, vai formando o seu meio ambiente ou destruindo-o. Apoiando a natureza e suas criaturas ou subjugando tudo que pode dominar, e assim ele se transforma no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral formam-se numa mesma realidade.


Fontes: http://www.coladaweb.com/filosofia/moral-e-etica-dois-conceitos-de-uma-mesma-realidade; http://www.youtube.com/watch?v=NmkZfRySFRI

A Educação Proibida


A Educação Proibida (La Educación Prohibida) é um filme documentário que se propõe questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação, visualizando experiências educativas diferentes, não convencionais que colocam a necessidade de um novo paradigma educativo.

Este é um documentário imperdível para todas as pessoas que sejam educadores, pais e todos aqueles que de alguma maneira, estejam envolvidas em atividades educativas e de crescimento de crianças.

Boa visualização…



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=AeubY7iqQ2U
 

Dá que pensar!


A PERMANÊNCIA DA MILITÂNCIA INSURGENTE


A aposentação é uma fase da vida que sucede a muitas outras, umas por de mais inquietas, outras (in)utilmente seguras e outras ainda (talvez, poucas) de remanso aconchegado. Com a reforma apressa-se uma outra casta de desassossegos (e, sobretudo de ruturas) que suscita, na vida de cada um, inopináveis intimidações e/ou instigações, na contraditória presença de uma vida que se ausenta e de uma outra que, embora ainda ausente, se presta (por cumplicidade) ao diálogo da reinvenção. Apesar de alguns ganhos esperados, as perdas existem e o espectro da desagregação persiste em atrair (na sua peculiar crueldade) depreciações que envelhecem. Posto isto, interpelar (com convicção) o círculo e a materialidade do que (realmente) pode fazer sentido torna-se um eficaz antídoto para, com vantagem, alcançar um atraente porvir pese embora o que se abandona do tempo vencido.
Enquanto o corpo e a mente – solidários – permitem aspirar desses proveitos, há que cuidar desse bem, aliás cada vez mais escasso, destinando desígnios ao tempo incerto que o compõe. Confesso, que uma das atividades por mim adotada, por arreigada oposição ao politicamente conveniente, está no empenhamento aperfeiçoado da insurgência como prática libertadora de capturas múltiplas cevadas nesta (e por esta) paradoxal democracia. Nela, cria-se e faz-se prosperar uma cultura surreal (política e cultural) celebrando-se liberdades que, com descaro, se abastardam na densidade (própria e estranha) de tuteladas obediências que se impõem num angustiante crescendo. Dar forma à razão genuína, sentida e vivida como verdade, torna-se (assim) num experimento de recomeçados questionamentos e de infindáveis afinidades de reação e resistência.
Aqui, ali ou em todo o lado, não se pode dizer tudo, não se pode falar de tudo e muitos não podem sequer falar. O tabu, a ritualização e o privilégio dos que decretam e podem, aclaram assim os limites do dizível assinalando as sombras da inclusão (ou os territórios da exclusão) onde as singularidades se silenciam e os medos se escondem. O politicamente conveniente não é, nem poderia ser, um lugar rumoroso. Ele nada anuncia e a discrição é o seu poderoso disfarce. Habita (por isso), na excelência do silêncio, os lugarejos onde se engenha o domínio e a acomodação das verdades e dos saberes úteis. Verdades e saberes que obedecem a vontades de poderes combinados, embora nem sempre amigáveis, que dão forma e traçam os roteiros, beatos e amáveis, donde irrompe o dizível. A insurgência tem uma outra vontade, provavelmente avessa, não desconhecendo que os poderes renascem sempre e que sempre reagem onde a liberdade espreita. Assim sendo, a militância da insurgência regressa, igualmente sempre, ao prólogo de um texto que o legitima acreditando que o texto que sucede seja distinto, naturalmente para melhor…
Almiro Lopes, in Revista ESCOLAinformação (SPGL), de janeiro de 2013

O Medo que dá Medo


Muitas mães estão com medo de que os seus filhos sintam medo. Pedem para a escola não contar determinadas histórias e para trocar a indicação do livro que o filho deve ler. Elas também não deixam que as crianças assistam a filmes que, seja qual for o motivo, provoquem medo. Basta que o filme veicule uma ideia: nem precisa conter cenas aterrorizantes.

Essa reação dos pais leva a crer que o medo é necessariamente provocado por um motivo externo à criança e que é uma emoção negativa que os pequenos não devem experimentar. Vamos pensar a esse respeito.

Primeiramente, vamos lembrar que toda criança pequena sentirá medo de algo em algum momento de sua vida. Medo do escuro, medo de perder a mãe e medo de monstro são alguns exemplos. E esses medos não serão originados necessariamente por causa de uma história, de uma situação experimentada ou de um mito. Esses elementos servirão apenas de isca para que o medo surja.

Tomemos como exemplo o medo do escuro. De fato, é na imaginação da criança que reside o que nela lhe dá medo; o escuro apenas oferece campo para que essas imagens de sua imaginação ganhem formato, concretude.

É que, no escuro e em suas sombras, a criança pode "ver" monstros se movimentando e até "ouvir" os rugidos ameaçadores dessas figuras. No ambiente iluminado, tudo volta a ser a realidade conhecida porque a imaginação deixa de ter seu pano de fundo. Os rugidos dos monstros voltam a ser os sons naturais do ambiente. E as monstruosas imagens são diluídas pela claridade.

E por que é bom a criança experimentar o medo desde cedo? Porque essa é uma emoção que pode surgir em qualquer momento da sua vida e é melhor ela aprender a reconhecê-la logo na infância para, assim, começar a desenvolver mecanismos pessoais de reação.

A criança precisa reconhecer, por exemplo, o medo que protege, ou seja, aquele que a ajudará a se desviar de situações de risco. Paralelamente, precisa reconhecer o medo exagerado que a congela, aquele que impede o movimento da vida e que exige superação.

É experimentando os mais variados medos que a criança vai perceber e aprender que alguns medos precisam ser respeitados pelo aviso de perigo que dão, enquanto outros medos exigem uma estratégia de enfrentamento que se consegue com coragem.

A coragem, portanto, nasce do medo. E quem não quer que o seu filho desenvolva tal virtude?

Por fim, é bom lembrar que, muitas vezes, a criança procura sentir medo por gostar de viver uma situação que, apesar de difícil, ela pode superar. Cito como exemplo um mito urbano que provoca medo em muitas crianças na escola: "a loira do banheiro". Para quem não a conhece, é a imagem de uma mulher que assusta as crianças quando elas vão ao banheiro.

Uma escola decidiu acabar com esse mito. Por meio de várias estratégias conseguiu convencer os alunos de que isso não existia. Alguns meses depois, as crianças construíram outro mito para que pudessem sentir o mesmo medo que experimentavam quando se viam perseguidos pela "loira do banheiro".

E quantas crianças não choram de medo depois de ouvir uma história e, no dia seguinte, pedem aos pais que a contem novamente?

Conclusão: o que pode atrapalhar a criança não é o medo que ela sente, e sim o medo que os pais sentem de que ela sinta medo. Isso porque a criança pode entender que os pais a consideram desprovida de recursos para enfrentar os medos que a vida lhe apresenta.

Rosely Sayão, in Jornal Folha de São Paulo de 02-04-2013


Rosely Sayão é psicóloga e consultora educacional há mais de 30 anos.


Mario Sergio Cortella é um filósofo, possui Graduação pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira 1975, mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica 1989 sob a orientação do Prof. Dr. Moacir Gadotti e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 1997, onde também é professor-titular do Departamento de Teologia e Ciência da Religião e da pós-graduação em Educação (Currículo), além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=VhvmmDxcfrg / Wikipédia.org
 
 

A Roma Antiga


Ambição, conquista, luxúria, homicídio e o poder de uma tecnologia sem igual. Estas são as pedras fundamentais do Império Romano.
Por mais de 500 anos, Roma foi a mais imponente e avançada civilização do mundo. Governada por tiranos e visionários, a ambição e a sede de poder fê-los empreender obras de engenharia sem precedentes.
As construções colossais de Roma, como a Muralha de Adriano, a Ponte de César, o Coliseu, o Panteão, os Banhos de Caracala e a Casa Dourada de Nero, em Roma, e os Estádios, Palácios, Estradas e Aquedutos, que espalharam por 3 continentes, revelaram o poder e a promessa da civilização mais avançada do mundo.
Mas embora os romanos tenham dominado a paisagem com esses enormes feitos de engenharia, eles foram impotentes para evitar a própria autodestruição.
"Eles foram motivados por um ego cultural coletivo e essas estruturas eram símbolos das ideias de Roma".

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2FlRwSte3P0; http://www.documentarios.org/video/detalhar/1153/roma_construindo_um_imperio___parte_01_e_02/

Ponte da Barca - Centro Histórico - 4º Dia - Parte II



Seguimos depois a pé para continuarmos a visita ao centro histórico de Ponte da Barca que é lindíssimo. A embelezá-lo, encontramos diversos monumentos dos mais emblemáticos da vila.

Pequena vila minhota de feição arejada, Ponte da Barca tem um tecido urbano antigo, com ruas estreitas, conservando ainda um dédalo de ruas bordejadas de casas tradicionais dos séculos XVII e XIX.

Por entre as suas antigas casas, dominadas pelo granito, descobre-se um valioso património, com destaque para o Pelourinho manuelino, implantado no centro da velha Praça do Mercado. Frente ao central Pelourinho, a olhar o Lima, encontra-se o Antigo Mercado do séc. XVIII, uma das obras mais emblemáticas da vila. Este peculiar mercado foi erguido em 1752 e constitui uma espécie de grande alpendre retangular com arcadas, que outrora era utilizado para alugar em parcelas aos feirantes em dia de mercado, abrigando-os do sol ou chuva, ou ainda como arrumação de barcos.

Dali até à Igreja Matriz, do século XVIII, é um pulinho. Sobe-se a larga e alta escadaria e em lugar elevado em relação à estrada, com uma bela vista pela frente, encontra-se a Igreja dedicada a São João Batista, com risco de Vilalobos e que possui no seu interior um belo e valioso recheio, onde chama à atenção uma variada talha dourada. À sua volta um belo e arejado largo, convida ao descanso e meditação.

Desce-se a larga escadaria e já na estrada, segue-se a caminho da Igreja da Misericórdia do séc. XVI, um pouco mais acimo do lado esquerdo, com a sua fachada rococó da segunda metade do séc. XVIII. A Igreja da Misericórdia encontra-se num largo, rebaixado em relação à estrada e servido por uma escadaria circular.

Caminha-se depois em sentido contrario, a caminho do Largo do Côrro e do lado direito ergue-se a bela Ponte Medieval, construída durante a regência de D. Pedro, na primeira metade do séc. XV, possuindo 10 arcos de bom diâmetro.

De facto, esta bela Ponte Medieval é o símbolo de Ponte da Barca a que a própria vila deve o atual topónimo. Outrora apelidada de “Nóbrega”, topónimo de provável origem celta, séculos mais tarde foi apelidada de “Barca”, devido ao atravessamento do rio Lima ser então efetuado por meio de uma barca. Posteriormente, aquando a construção de finais do séc. XIV do símbolo da cidade, esta bonita Ponte, passou a ser conhecida por “Ponte da Barca”.

Na realidade esta Ponte é para a vila de grande importância no domínio comercial, constituindo um forte ponto de passagem, centro e eixo regional na direção do litoral.

Mas a esta bela ponte está também ligado um costume antigo das gentes do concelho de Ponte da Barca. É costume antigo, na ponte que atravessa o rio Lima entre Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, fazerem-se batizados à meia-noite. O ritual era procurado por mulheres cujos partos costumavam ser difíceis, os filhos nasciam mortos, ou morriam em poucas horas.

Comecemos pela descrição da cerimónia que, como todos os atos religiosos, tem o seu ritual necessário.

Numa das noites do último mês de gravidez, a mulher prostrava-se na meia laranja brasonada no centro da ponte, antes da meia-noite. Aí, esperava-se a passagem da primeira pessoa, que faria o batizado utilizando água tirada do rio com um púcaro de barro suspenso numa corda. Essa pessoa, que seria chamada de padrinho, deveria passar por acaso e não propositadamente depois da meia-noite e antes dele não podia ter passado fôlego vivo, cão ou gato, ou fosse o que fosse.

Então esse primeiro fôlego humano (não poderia ser cão nem gato, pois não tendo “alma” é óbvio que não a poderia fazer o batizado) faria o batizado. A cerimónia do batizado faz-se de forma simples: embebido na água, um ramo de oliveira, asperge-se por três vezes, o ventre da mulher, repetindo a fórmula: - Eu te batizo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não se pode dizer «Ámen». Não se sabe bem por que razão, mas isso fica reservado ao padre, no outro batismo, depois do nascimento da criança. Também não se lhe põe nome, na impossibilidade de saber se será macho ou fêmea. Cumprido o ritual, o padrinho anima a mulher desejando-lhe uma boa hora no parto.

Finda a visita a Ponte da Barca, deixamos por um bocado o rio Lima para trás e seguimos viagem a caminho de Ponte de Lima, para ai lhe deixarmos um último adeus, a fim de encetarmos os quilómetros que faltavam para o final desta viagem, já em direção a casa.

No caminho ainda se parou para um lanche ajantarado numa área de serviço de autoestrada, na companhia de muitos peregrinos de Penafiel, que em excursão, vinham de Santiago de Compostela, e que tal como nós regressavam de um fim de semana alargado, voltando a casa.


Fontes: http://wikimapia.org/4240043/pt/Jardim-dos-Poetas; http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-ponte-da-barca-15596; http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas51/08_Barbara.pdf ;http://www.noivarte.pt/site_marlene/Geral%20site/Batizado%20da%20Meia%20%20Noite.html;http://comunidade.sol.pt/blogs/paz/archive/2008/02/29/BAPTIZADOS-DA-MEIA-NOITE.aspx ;http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-ponte-de-ponte-da-barca-14023

Ler mais sobre os tradicionais batismos da meia-noite no rio Lima em: http://www.lendarium.org/narrative/lenda-dos-baptizados-da-meia-noite/

Ponte da Barca - 4º Dia - Parte I


 
No último dia deste fim de semana, acordámos tarde e depois de uma ligeira refeição partimos do Parque de Campismo de Entre Ambos-os-Rios a caminho de casa.
Durante o curto caminho que separa Entre Ambos-os-Rios de Ponte da Barca, pode observar-se bem a beleza desta região. A região de Ponte da Barca é um daqueles lugares onde se pode admirar e sentir um Portugal diferente, mais eloquente e original na sua personalidade geográfica.
Está parcialmente inserida no maravilhoso Parque Nacional da Peneda-Gerês, com uma paisagem idílica, de verdes montes banhados por diversos cursos de água, afluentes do Lima, que aqui e ali proporcionam recantos únicos, onde abundam praias fluviais e onde todas as razões se unem, para uma maior aproximação à natureza.
Naquele dia como ainda era cedo, queríamos parar na vila de Ponte da Barca, para a visitarmos. Quando lá chegámos, a vila parecia adormecida. Era hora de almoço e feriado.
Quando lá chegámos parámos primeiro no centro moderno da vila, onde se vê o Largo do Hospital e o Largo da Câmara Municipal, bem como o Jardim central com uma bela esplanada. Depois seguimos para a zona da Ribeira Lima, onde pode ser encontrado um ótimo parque de estacionamento no Largo do Côrro.
É ali que se encontram dois belos jardins. O jardim situado em frente do Largo do Côrro onde se encontra um belo Cruzeiro, na margem direita do rio Lima, é o Choupal do Côrro, e depois da Ponte,  encontramos o Jardim dos Poetas, a partir das arcadas do Velho Mercado, acompanhando a beira rio, para norte. E foi por ali que deambulámos naquele início de tarde.
Ponte da Barca, magnificamente situada na margem direita do rio Lima tem no Jardim dos Poetas um sítio onde alguns monumentos principais da vila se harmonizam perfeitamente com o rio, tornando-o num bom lugar para descanso.
Este jardim é sem dúvida nenhuma um convite sorrateiro a um piquenique, à leitura e porque não, ao deixar que a “pena” se aventure pela arte da poesia, tal como o fizeram dois dos filhos da terra. já que parece que mais ninguém como eles o fez até hoje.
Debruçando-se sobre as tranquilas águas do rio Lima, entre o Pelourinho e algumas das mais belas moradias do centro histórico de Ponte da Barca, o Jardim dos Poetas, foi assim chamado em homenagem aos seus acarinhados irmãos poetas, dois vultos da poesia lírica portuguesa de quinhentos, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz (poetas da paisagem, das fontes e da saudade), que tão bem conseguiram deixar–nos como memória, a sua forma de olhar o Lima, com tanta delicadeza, simplicidade e melancolia.

Vendo Narciso em huma fonte clara,
A sombra só da própria fermosura,
De si vencido (Amor quis por ventura
Vingar as Nimfas qu’elle desprezara.)

Todo enlevado na beleza rara,
Que seu peito abrasou em chama pura,

Chorando disse, à sua vã figura,
Por quem perdeo em fim a vida chara:

Ó Ninfa destas agoas moradora´
Surda em ouvirme, muda em responderme,

Não ves a quem não ouves, nem respondes?
Não ves que sou Narciso? Ay que por verme,

Mil Nimfas d’ outras fontes saem fora,
E tu por não me ver, nesta t’ escondes.

 
Diogo Bernardes, Soneto CXXVII
 
O Jardim dos Poetas é sobretudo um lugar de paz e encanto bucólico, onde coabitam a candura da água e o verde característico da região, com os seus muitos bancos de pedra e as convidativas sombras das árvores.
 
O mundo é sonho vão, que enleia a vida,
Quem nele está melhor, tem pior alma
E quem o desprezou, tem alma e vida.
Frei Agostinho da Cruz

Fontes: http://wikimapia.org/4240043/pt/Jardim-dos-Poetas; http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-ponte-da-barca-15596; http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas51/08_Barbara.pdf

Lindoso - 3º Dia - Parte V


Olhando as calmas águas da Albufeira do Alto Lindoso e as serranias em seu redor, percebemos rapidamente que não se deve abandonar de ânimo leve aquelas paragens de ampla e singular beleza, já que as serras portuguesas do Soajo e do Lindoso e a serra espanhola de Santa Eufémia constituem um magnífico e imponente cenário de enquadramento ao espelho de águas azuis da barragem.
Foi precisamente por isso que seguimos até a zonas mais altas para melhor vermos esse belo enquadramento. Da Barragem do Alto Lindoso à aldeia do Lindoso é um pulinho.
Sobranceira à barragem e a olhar de terras altas a albufeira que se estende a montante, a aldeia do Lindoso é um lugar pitoresco onde sobressaem os tons graníticos que tão bem se misturam com os tons da serra.
Situada a cerca de 25 quilómetros da vila de Ponte da Barca, esta aldeia promete sempre ao visitante um agradável passeio entre o verde da natureza e o azul do rio Lima.
Lindoso é um topónimo de origem italiana, possivelmente de uma família que se mudou para Portugal em 1245, em plena Idade Média. Lindoso deriva do latim 'Limitosum', aparecendo pela primeira vez nas inquirições de 1258.
Contudo há uma lenda que nos fala de uma visita ao Lindoso, do rei de Portugal, D. Dinis, que quando ali chegou o achou "tão alegre e primoroso, que logo lindoso o chamou", facto que o levou a fazer várias visitas ao Castelo de Lindoso, tendo-o mandado reconstruir em 1278.
No aglomerado da aldeia que tão bem se mistura na serrania, sobressai o Castelo de Lindoso, altaneiro em relação ao povoado que desce em anfiteatro a meia encosta, do qual se vislumbra uma sublime paisagem sobre a albufeira do Lindoso, e umas boas dezenas de espigueiros.
Os espigueiros são o seu ex-líbrisreveladores da importância do trabalho coletivo, muito próprio das comunidades de montanha daquela região.
O Pelourinho, o Cruzeiro do Largo do Destro e a Igreja Matriz são aquilo que mais chama a nossa atenção na pequena aldeia. Mas a aldeia ainda possui outra importante função, pois é uma Porta do Parque Nacional do Parque da Peneda-Gerês na zona do Lindoso.
O Castelo de Lindoso é um monumento com funções defensivas e que assumiu particular importância no período de conflitos militares com Castela, na defesa da fronteira portuguesa.
Desde sempre relacionado com a defesa da portela da Serra Amarela e Vale de Cabril, foi o Castelo do Lindoso fundado nos inícios do séc. XIII, pois já aparece referido nas Inquirições de 1258.
Nas Guerras da Restauração, séc. XVII, assumiu uma grande importância pela sua localização fronteiriça. Mais tarde, em 1662, foi ocupado pelos Espanhóis na sequência dessas guerras, sendo ampliado com uma muralha do tipo Vauban, em forma de estrela pentagonal. Dois anos depois o Castelo voltou a ser recuperado pelos portugueses, ficando a partir daí ocupado por guarnições militares ao longo do séc. XVIII, até que, em 1895, foi desativado. No seu interior, as muralhas, as casas do alcaide e da guarnição, a capela e o forno, entre outros, foram recentemente restaurados.
Numa posição dominante sobre a aldeia, proporciona paisagens panorâmicas soberbas para a Albufeira do Lindoso.
Desce-se a serra e toma-se o caminho de Ponte da Barca, seguindo pela estrada que segue o rio Lima, que corre à direita. No caminho, na proximidade de Entre Ambos-os-Rios, fizemos um pequeno desvio para uma visita à Barragem do Touvedo. Esta, fica a cerca de 20 quilómetros a jusante de Lindoso e a sua principal função é a produção de energia elétrica e também o controlo do caudal do rio que é aumentado pelo trabalho das turbinas da Barragem do Alto-Lindoso.
Chegados a Ponte da Barca aproveitamos para comprar vinho verde num supermercado da vila, e como já se fazia tarde encaminhamo-nos para o jantar, num restaurante onde se servisse boa comida regional.
A procura foi fácil, uma vez que praticamente em frente do supermercado, o Restaurante Alto da Prova chamou a nossa atenção em boa hora. Simples, rústico e espaçoso, fica situado num alto, a ver a vila e serve muito bem, onde se destaca o Bacalhau à Prova, uma delícia, a Posta Mirandesa e o Leitão Assado no Forno de Lenha.
 
 
Fontes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Barragem_de_Touvedo;http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/aldeias.php?aldeiaid=10001 http://escape.expresso.sapo.pt/boa-vida/roteiros/natureza-no-alto-minho-passeio-aldeia-lindoso-16556381;

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lindoso;
 

Educação é Tudo


"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos, as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas
para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".

Rubem Alves




Hoje trago aqui uma entrevista com Rubem Alves, filósofo, educador, psicanalista, teólogo, poeta e escritor brasileiro, que é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis.

A sua mensagem é direta e, por vezes, romântica, explorando a essência do homem e a alma do ser. É algo como um contraponto à visão atual de homo globalizatus que busca satisfazer desejos, muitas vezes além de suas reais necessidades.

"Ensinar" é descrito por Rubem Alves como um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte. É como a vida de um palhaço que entra no picadeiro todos os dias com a missão renovada de divertir.

Ensinar é fazer aquele momento único e especial. Ridendo dicere severum: rindo, dizendo coisas sérias. Mostrando que esta, na verdade é a forma mais eficaz e verdadeira de transmitir conhecimento. Agindo como um mago e não como um mágico. Não como alguém que ilude e sim como quem acredita e faz crer, que deve fazer acontecer.



"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos
fragmentos de futuro em que a alegria é servida como
sacramento, para que as crianças aprendam que o
mundo pode ser diferente. Que a escola,
ela mesma, seja um fragmento do
futuro..."

Rubem Alves

Fonte: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp; http://pt.wikipedia.org/wiki/Rubem_Alves

“Aquilo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”



A duração da crise, a intensidade da confusão e a dificuldade em compreender o processo de decisão do  Presidente, ajudaram decisivamente a criar a ideia de que as eleições estavam ao virar da esquina.

No final (?) de quatro semanas loucas, qualquer pessoa tem razões de sobra para duvidar da solução. Mas com um pouco de frieza percebe-se que o novo modelo do Governo, os nomes que o integram e o grau de compromisso que os dois partidos foram obrigados a assumir, transforma o Governo remodelado numa solução para dois anos. Se lá chega ou não, é outra questão, mas que tem esse horizonte, isso parece-me óbvio. Este dado não muda rigorosamente nada nas questões de fundo: a dramática austeridade, a irrealidade das metas orçamentais, as profundas diferenças entre PSD e CDS e as irremediáveis desconfianças de Passos sobre Portas e vice-versa.

Um Governo que nasceu torto nunca se endireita mesmo. E um Governo que transformou a austeridade e os cortes num modo de estar não ganha eleições. Mas pode fazer todo o mandato. PSD e CDS perceberam isso, nem que seja pelo mais básico instinto de sobrevivência. A oposição devia perceber isso. Como dizia o António Vitorino, por razões bem diferentes, "habituem-se".


Ricardo Costa, in Jornal Expresso de 25 de Julho de 2013

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Cécile Kyenge, ministra italiana da Imigração, tem sido alvo dos actos mais abjectos. Há dias, Roberto Calderoli, vice-presidente do Senado, chamou-lhe orangotango. Na passada sexta-feira, atiraram-lhe bananas. Estes actos definem, naturalmente, apenas e só quem os pratica. A barbárie vem à superfície, desta vez, por Cécile Kyenge ser negra. A ministra da Integração poderia ter respondido, por exemplo, citando Simone de Beauvoir: não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus hábitos. Poderia e teria razão para isso. Todavia, Cécile Kyenge preferiu outro caminho. A citação seria um mero recurso retórico. Cécile meteu o discurso na realidade: com tantas pessoas a morrer de fome por causa da crise é triste desperdiçar comida assim. O sentido democrático e a maturidade cívica também são isto. O desapego de si, da sua posição formal como ministra e a sensibilidade que permite pensar em terceiros mesmo sob fogo cerrado. Acossada, não se defendeu a si própria, mas remeteu para o sofrimento de outros, ridicularizando assim, ainda mais, o gesto obsceno dos que a pretendiam ofender. Na resposta, Cécile foi simplesmente Cécile. Trata-se, obviamente, de uma chapada de luva negra que estalou na face dos energúmenos. Mas é, também, um exemplo para quem, a uns milhares de quilómetros de distância, ainda há umas poucas semanas, com altivez, desvio corporativo e insuflado sentido da própria honra, citou Beauvoir para chamar carrascos, de forma absolutamente desproporcionada, aos cidadãos que se manifestaram nas galerias da casa que se diz ser a da nossa democracia.

Rui Rocha, in http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/ em 27.07.13

“O essencial é invisível para os olhos.”


"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirás, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"

Antoine de Saint-Exupéry, in “O Principezinho” 


Numa altura em que se sente um conjunto de fenómenos sociais, onde imperam o descaramento, o julgar os outros por si próprios, o não respeitar a personalidade alheia ou a diferença, o fechar de olhos ao não, porque o que interessa é o que “quero nem que seja à martelada”… E onde não resulta, nem uma persistente ética de sobrevivência como antídoto para a situação, é oportuno fazer aqui um apelo à leitura de um livro que deviria estar presente em qualquer época, para a concretização de uma boa formação pessoal e social.

Esse livro é “O Principezinho”. É um livro que todos nós devíamos ler e mesmo para aqueles que já o leram em alguma das fases da sua vida, é sempre um livro a reler.  

Ele mostra-nos o caminho para uma profunda mudança de valores, e mostra-nos como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão. Nós entregamo-nos às nossas preocupações diárias, tornamo-nos adultos de forma definitiva e esquecemos a criança que fomos.

O Principezinho de Saint-Exupéry, é aparentemente um livro infantil mas que na verdade é, um livro dedicado à criança que todo o adulto foi um dia.

É uma espetacular e simples metáfora sobre a natureza humana em si. Incrivelmente cheia de sutilezas e subjetividade, a história faz o leitor pensar e descobrir-se consciente ou inconscientemente, sendo uma verdadeira lição de vida.

Na metáfora global da história, o Principezinho simboliza a esperança, o amor e a força inocente da infância que habita no nosso inconsciente; a rosa simboliza a taça da vida, a alma, o coração, o amor, enfim representa no fundo a perfeição; o deserto é nossa própria mente. O tempo que o Narrador passa com o Pequeno Príncipe é uma jornada para o autoconhecimento, e a água que o Narrador, angustiado, teme acabar, é a sua satisfação espiritual. A Raposa aparece inexplicavelmente, quase como uma epifania e simboliza a sabedoria. O seu diálogo com o Principezinho é um dos momentos imperdíveis do livro, explicando a importância do “cativar=criar laços” e falando-nos nas sutilezas que os olhos não veem. (Ler o diálogo entre o Principezinho e a Raposa em: http://www.cirac.org/Principe/Ch21-pt.htm)

Mas neste livro existem ainda muitas outras sutilezas e mensagens sobre a dualidade adulto x criança nos vários diálogos, que não se devem perder…

Para aqueles que quiserem assistir aqui à sua leitura, deverão prestar muita atenção, e então quando terminar a audição deste pequeníssimo e simples livro, julgo, não serão mais os mesmos.
Boa audição.



Também poderão lê-lo na integra em: http://www.cirac.org/Principe/Ch1-pt.htm

“Tu tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas.”

Antoine de Saint-Exupéry, in “O Principezinho”

Fontes: https://www.youtube.com/watch?v=HtUwu9tv9_o&list=PLF6195BED69261C72; http://animusmundus.wordpress.com/category/o-pequenoprincipe/; http://alquimistadaalma.blogs.sapo.pt/5379.HTML

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