Injustiça


"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros."

Che Guevara

"Não há amizades, parentesco, qualidades, nem grandezas que possam ultrapassar o rigor da inveja."

Miguel de Cervantes

Passeio por Orvieto – Parte I


A nossa saída para a visita a Orvieto, foi realizada após a hora de almoço e pretendíamos estar na cidade até ao final do dia.

Fomos a pé até à estação de comboios de Orvieto, situada na base da colina. O terminal de funicular está situado fora da estação. Tentámos apanhar o funicular para a cidade, o que foi impossível, pois este estava encerrado para obras.
Assim apanhámos um autocarro urbano até à Piazza Cahen na borda oriental da cidade, perto da escarpa rochosa. A abordagem à cidade é um dos momentos mais gloriosos a recordar, sobre a visita de Orvieto.
O caminho até à cidade é magnífico e é realizado por uma estrada íngreme, ventosa e sinuosa, que nos proporciona uma paisagem deslumbrante da Úmbria, em especial sobre as amplas planícies circundantes, com vinhedos e campos de cultivo.
Entrar na cidade é uma delícia! Visitar a cidade significa caminhar através da história. A cidade não é grande e ao caminharmos pelo Corso Cavour, a espinha dorsal da cidade que nos leva ao centro histórico, encontramos muitos restaurantes, pizarias e geladarias, em ruas de paralelepípedos que se fragmentam em todas as direcções.

Com vários arcos de pedra, casas de pedra vulcânica com janelas bem pintadas e floridas, algumas ruínas, pequenas pracetas onde encontramos lojas de cerâmica pintada à mão e vários bares onde se servem os seus clássicos vinhos, Orvieto é sem dúvida um dos tesouros mais preciosos da Itália.

O Corso Cavour é uma estrada central, com passagem só para piões e que nos leva até ao centro da cidade. Pelo caminho encontramos a Piazza San Francesco ou Piazza Monaldeschi, onde se pode observar o portal do Palazzo Monaldeschi a residência de uma das famílias mais importantes da cidade. Mandado construir por Sforza Monaldeschi, o palazzo é um dos mais belos e melhor preservados da cidade.

Um pouco mais à frente encontrámos do lado esquerdo um pequeno estúdio/galeria de arte, com trabalhos fabulosos do actor, poeta, pintor e escultor Umberto Verdirosi, que podemos fotografar sem qualquer problema.

Verdirosi com 65 anos é hoje um dos artistas mais autênticos, com uma enorme excentricidade, reflexo de um espírito e de uma inteligência animada e construtiva, própria de uma sensibilidade subtil.

Em contraste, a tradição da arte figurativa é percebida e perseguida como uma necessidade e, sobretudo, como uma originalidade conquistada, dia após dia, com uma dose considerável de imaginação, faculdades e sentimentos que são agora quase sempre deliberadamente ignorados. A sua pintura do fantástico é simplesmente maravilhosa!


Fonte: http://wikitravel.org/en/Orvieto / http://www.cactuslanguage.com / http://www.myspace.com/verdirosi

Não fostes criados para viver como animais, mas para perseguir a virtude e a sabedoria.

Dante Alighieri

Sabedoria


O homem sábio é aquele que não se entristece com as coisas que não tem, mas rejubila com as que tem.

Epicteto

Consciência Moral - I e II


Nas questões de consciência a lei da maioria não conta.

Mahatma Gandhi

A minha consciência tem para mim mais peso do que a opinião do mundo inteiro.

Cícero

Orvieto


A saída ao pôr-do-sol de Siena fez com que a viagem até Orvieto, já se fizesse de noite. A chegada a Orvieto pela hora de jantar, fez com que fossemos logo procurar o lugar de pernoita, que facilmente se encontrou numa boa área de serviço situada muito próxima do ascensor e da estação de caminho-de-ferro, que se situa no sopé do morro sob o qual se estende a cidade, lá em cima num planalto único.
Mesmo à saída da auto-estrada entre Florença, Siena e Roma, Orvieto acolhe os visitantes ao longe, capturando completamente a nossa atenção devido à sua localização notável. Situada numa enorme rocha de origem vulcânica, a pequena cidade de Orvieto, aparece como uma união perfeita entre a natureza e aquilo que foi construído pelo homem. Como uma ilha deserta, com suas falésias e com vista para o vale verdejante do rio Paglia, deixa qualquer um boquiaberto.

Orvieto é uma cidade da Úmbria, cuja fama é devida basicamente a 4 origens, a sua majestosa beleza, a sua linda catedral, o seu clássico vinho e a sua bonita cerâmica. É uma cidade pequena e de grande antiguidade, tão antiga que sua história inicial é incerta. O seu nome deriva da palavra “Urbs Vetus”, ou seja, “velha cidade”, o nome latino de Orvieto, outrora o principal centro da civilização etrusca.

Os etruscos, de fato, que se fixaram nas grutas escavadas na grande massa de tufo, devem ter dado origem de Orvieto. Mas a cidade assumiu papéis de grande importância na Idade Média, nas invasões góticas, nas lutas entre guelfos e gibelinos, citadas por Dante Alighieri, e entre o segundo semestre de 1300 e primeiro semestre de 1400, quando passou a ser completamente do domínio papal.

Para se aceder à cidade lá no alto, os visitantes podem apanhar o ascensor, que não estava em funcionamento aquando da nossa visita à cidade, ou tomar um autocarro a partir da estação ferroviária e do parque de estacionamento na base do morro até o cume do morro, onde está situada a cidade.

Foi um destes autocarros que nos levou ao cimo da plataforma sem qualquer sobressalto, no entanto, na viagem de volta, um jovem condutor totalmente irresponsável, conduziu-nos até cá abaixo a alta velocidade, quer em recta, quer em curva, praticamente sem usar o travão, fazendo desta uma viagem verdadeiramente alucinante, deixando todos os passageiros incrédulos com o sucedido.

A sua posição estratégica sobre uma plataforma planáltica com uma base de tufos vulcânicos porosos, dominando as planícies em redor, faz dela um lugar de absoluto fascínio, tendo sido ao longo do tempo, o motivo de ferozes lutas pelo poder, desde a época etrusca, passando pela romana e logo em seguida pelos godos, finalizando com as guerras civis entre as famílias medievais, os Monaldeschi e os Filippeschi, pela posse da cidade.

O morro que suporta Orvieto é uma espécie de “colmeia”, camuflando muitas cavernas etruscas e medievais, escavadas em tempos longínquos por antigos habitantes. É possível visitar os cerca de 100 metros de cavernas e poços, onde se podem observam os restos de uma antiga prensa de azeite e de uma pedreira de cimento etrusca primitiva, a 130 metros de profundidade.

Assim sendo a cidade de Orvieto viveu desde sempre em simbiose com o tufo vulcânico em que se encontra, num extraordinário exemplo da integração da natureza através do trabalho do homem.

Visitar esta cidade significa caminhar através da história, em busca de traços de quase três mil anos de existência. É uma cidade calma, que se visita sem stress quer de dia quer de noite, embora com alguns os turistas durante o dia. As suas ruas são ladeadas por edifícios em pedra de origem vulcânica.

Há muitos anos atrás a cidade tornou-se numa das principais atracções culturais de seu tempo, quando S. Tomás de Aquino ensinou no Studium de Orvieto, uma pequena universidade, que agora faz parte da Universidade de Perugia. Esta antiga universidade teve as suas origens com o nome de Studium Generale, sendo concedida à cidade pelo Papa Gregório XI, em 1736.

Fonte: Wikipédia / http://www.argoweb.it/orvieto

Talento e Carácter


O talento é feito na solidão; o carácter, nos embates com o mundo.

Goethe
Preocupa-te mais com o teu carácter do que com a tua reputação, porque o teu carácter é o que tu realmente és, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que tu és.

Autor desconhecido

Moral Verosímil como Meio de Criação Humana - Parte II

Outro aspecto discutido da natureza humana é a existência da relação do corpo físico com o espírito ou alma, que transcende os atributos físicos do homem, bem como a existência de qualquer propósito transcendente.



Sendo a favor da visão filosófica naturalista, discordando da Alegoria da Caverna de Platão, em que a alma é um espírito que apenas usa o corpo e que a forma como vemos o mundo que nos rodeia é simplesmente um reflexo de algo mais elevado.


Sou da opinião que os humanos são seres não planeados do produto da evolução, que opera em parte pela selecção natural e mutação aleatória; sou algo a favor do Tomismo, uma vez que este assegura que o empirismo e a filosofia, quando adequadamente exercidos, conduzirão inevitavelmente à crença razoável em Deus, à alma humana e ao objectivismo moral, o que assim sendo nos levará a prática do “sentir”, e deixar o preconceito do “já sentido”, de que nos fala Mário Perniola, pois através desta “moral” poderemos deixar as surpresas insólitas e perturbadoras, irredutíveis à identidade, ambivalentes, excessivas que se encontram entretecidas na existência de tantos homens e mulheres do século XXI, sendo isto, efectivamente o carácter não puro do sentir, que se liga à ausência de sensatez, seja, à falta de moral e razão.


"Há de se notar que um indivíduo, vivendo em sociedade, constitui de certo modo uma parte ou um membro desta sociedade. Por isso, aquele que faz algo para o bem ou para o mal de um de seus membros atinge, com isso, a toda a sociedade" [1]


"A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria" [2]


Com um sentir mais duradouro, poderemos ter a paz necessária para a prática criativa. A predisposição para uma moral, para a sensatez, leva-nos a indagar sobre o Estado de Natureza.


De acordo com Pelagius, o estado do homem na natureza, os Homens não são tentados pelo pecado original, mas plenamente capazes de escolher entre o bem e o mal.


De acordo com Hobbes, os seres humanos no estado de natureza estão inerentemente numa "guerra de todos contra todos", e a vida neste estado é em última instância "desagradável, bruta, e curta." Para Hobbes, esse estado de natureza é sanado pelo bom governo.


Concordo com Bertrand Russell e consequentemente com Hobbes. Para Russell o mal moral ou pecado é derivado de instintos que tenham sido transmitidos para nós de nossos ancestrais por bestas de rapina. Esta ascendência originou-se quando certos animais se tornaram omnívoros e empregados na caça (matando e furtando), de forma periódica para devorar a carne, bem como as frutas, para apoiar o metabolismo, em concorrência com outros animais para a escassez de alimentos e de comida vegetal, fontes no ambiente predador em que evoluiu. Assim, o simples facto de que os seres humanos devem comer outra vida ou então têm fome, leva-nos a pensar que a morte é a provável origem primordial do mal moral contemporâneo e histórico, isto é, as coisas más que fazemos uns aos outros como mentir, enganar, difamar, assaltar e matar.


Assim, acreditando no livre arbítrio de escolher entre o bem e o mal, de alguns homens, com predisposição para praticar bons actos, acredito na seguinte premissa: “Trate as pessoas como se elas já fossem o que poderiam ser e você as ajudará a se tornarem aquilo que são capazes de ser." [3]


Assim como Hobbes refere, um bom Governo trará boas práticas. E forma-se um novo círculo: Boas práticas trarão paz interior e consequentemente o “pleno sentir”, então amenizar-se-ão os conflitos interiores e inter-pessoais, e consequentes conflitos da criação humana…o “sentir em pleno” trará a plena obra de arte, percebida por todos como tal, quando “válida”, que será não mais que a revelação esperada da sua origem: o Artista, o Homem e seu “Mundo”, e a sua origem primordial, a “Terra”.


[1] Santo Tomás de Aquino, “Summa Theologiae”, I-II, q. 21, a. 3.
[2] São Tomás de Aquino.
[3] Goethe.

Estética e Criticismo

Lia Cardoso

Bibliografia:
-Heidegger, Martin; A Origem da Obra de Arte; Edições 70 Lda; Junho de 2008.
-Platão; A República, livro VII.
-Santo Tomás de Aquino, “Summa Theologiae”
-http://pt.wikipedia.org/