Visita a Almagro - 2º Dia - Parte IV

Uma vez mais na Plaza Mayor de Almagro, depois da visita ao Corral de Comedias, fomos até ao edifício do Ayuntamento, onde no rés-do-chão fica situada a Oficina de Turismo da cidade, para recolhermos mais informações sobre os pontos a visitar.
O belo edifício da Câmara Municipal oferece uma elegante fachada de pedra de cantaria, com três portas e janelas gradeadas no piso térreo, com uma varanda principal com cinco aberturas com vergas, tendo ao centro um grande escudo com as armas antigas da cidade, onde não falta a cruz da Ordem de Calatrava. No canto esquerdo, o edifício apresenta uma pequena torre com um relógio e um sino, datada de 1798, que veio do antigo Convento de Santa Catalina de frades franciscanos.
Segundo informação recolhida no turismo, a cidade tinha um castelo mouro, a que chamavam Almagrib, que estava levantado num dos caminhos que iam de Toledo a Córdoba.  E Almagreb era um nome que se referia à argila vermelha característica da área, a cor de Almagro. O ocre é ainda hoje usado para pintar a madeira das suas casas e está presente na coloração da Plaza Mayor e outros edifícios municipais da cidade.
A Plaza Mayor de Almagro está no mesmo local da antiga praça medieval, que passou por uma transformação notável durante o séc. XVI e foi em grande parte construída sob a responsabilidade da família Fugger, os banqueiros de Carlos V de Habsburgo. Dessa época são também os seus edifícios com balcões de cor verde, com arcos de inspiração flamenca suportados por colunas toscanas e feitos à imagem da Europa Central. Por baixo dos pórticos existem bares e lojas de artesanato.
Los Függer (ricos banqueros flamencos traídos por Carlos I) la hicieron a imagen y semejanza de las del centro de Europa.É um lugar com muitas reminiscências de outra época e de uma outra maneira de entender a vida, com lojas já difíceis de se encontrar, onde os artesãos locais nos abrem as portas, com as rendas delicadas, cestaria e produtos regionais, como as suas famosas berenjenas de Almagro (beringelas em calda), que resultam do trabalho realizado desde tempos imemoriais, de homens e mulheres almagreños.
A partir da Câmara Municipal, segue-se à esquerda, pela Calle San Agustín e logo se esbarra na Iglesia de San Agustín, que já se fazia notar à distância, pelas suas duas torres observadas da Plaza Mayor.

A igreja é um edifício barroco do séc. XVIII, encomendada em 1625 emandada construir, como muitos outros em Espanha, por um mandado testamentário de uma família, a família Figueroa. Foi terminada em 1719 e é uma obra-prima do barroco provincial e outrora pertencia a um convento de frades agostinianos já desaparecido. Encontra-se situada no lugar onde outrora se encontrava o palácio da família Fugger. Por se encontrar fechada no momento da nossa visita não pudemos visitá-la por dentro.
Caminha-se para oeste e mais à frente na mesma rua encontramos do lado direito o Teatro Municipal de Almagro, com uma belíssima fachada branca e ocre. Situado a uma curta caminhada da praça central desta cidade encantadora é um teatro/ópera que tem uma agenda movimentada durante todo o ano.
O Teatro Municipal foi construído em 1863 pelo arquiteto Cyril Rod e Soria, que tentou resumir na sua fachada a aparência e ornamentação própria dos valores da burguesia do século XIX. A sua fachada branca e ocre é neoclássica, com três arcos ladeados por duas portas de serviço e duas janelas e possuindo nichos com esculturas. No seu interior o teatro pode acomodar 530 pessoas.
Pela Calle Encomienda, voltamos para a esquerda e segue-se pela Calle Diego de Almagro, a caminho do Almacén de los Fugger (Armazém dos Fúscares), do séc. XVI. No caminho encontra-se também o edifício da Biblioteca Pública Municipal Manoelita Espinosa e um pouco mais à frente aparece-nos o famoso Armacén de los Fugger, um edifício de cor ocre.
O Almacén de los Fugger é realmente um antigo armazém construído no século XVI pelos Fugger, uma família de banqueiros, ou para gerenciar e armazenar o mercúrio das Minas de Almaden e cereais. A fachada é de tijolo burro de barro vermelho e é um edifício rústico observado do lado de fora. No interior, está organizado em torno de um pátio quadrado com galerias da Renascença e arcadas de tijolo apoiadas em colunas de calcário.
O pátio, foi originalmente construído para ser uma espécie de hall de entrada com escadaria para o primeiro andar. É composto de belas arcadas apoiadas em colunas. Após a partida dos Fugger, no final do século XVIII, teve diversas utilizações, sendo adquirido pelo Ayuntamento em 1984. Hoje abriga a Universidade Popular de Almagro e é uma das áreas cénicas do Festival Internacional de Teatro Clássico da cidade.
Fonte: Wikipédia.org / http://www.turismocastillalamancha.com / http://www.turismoalmagro.com/monumentos_sanagustin.htm

As 7 Virtudes Capitais - Como andam as suas virtudes?

As sete Virtudes Capitais para combater os sete Pecados Capitais são:

. Humildade
. Paciência
. Generosidade
. Temperança
. Castidade
. Disciplina
. Caridade


Como todo o pecado tem o seu oposto, também aqui deixo as virtudes que a eles se opõem.

A Humildade - Que se opõe ao Orgulho

A Humildade vem do latim “húmus”, que significa “filhos da terra”. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam projetar-se sobre outras pessoas, nem  mostrar-se superior a elas. A humildade é uma qualidade pessoal, que  dá o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia, respeito, reverência e submissão em relação à vida e o respeito pelas outras pessoas.

A Paciência - Que se opõe à Ira

A Paciência é a virtude de manter um controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente na tolerância a erros ou fatos indesejados. É a capacidade de persistir a uma atividade difícil, tendo ação tranquila e acreditando sempre que irá conseguir o que quer, de ser perseverante, de esperar o momento certo para atitudes certas e ter a capacidade de se libertar da ansiedade. Nunca ninguém se deve esquecer que ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância.

A Generosidade - Que se opõe à Avareza


A Generosidade é a virtude que a pessoa tem quando acrescenta algo ao próximo. Não é pedir aos outros para dar ao próximo, isso é filantropia (que também é um sentimento bastante meritório), é quando a pessoa dá algo a alguém tendo o suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em dar bens materiais, Generosos são tanto as pessoas que dividem um tesouro, como as que elogiam, bem dizem, dão em troca… porque isso faz com que se sintam melhores, ou dividam o seu tempo com outros, para ensinar, dar companhia, dar trabalho... sem a necessidade de receber algo em troca.

A Temperança - Que se opõe à Gula

Temperança significa equilibrar, colocar sob limites, moderar a atração dos prazeres, assegurar o domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar o uso de bens criados.

A Castidade - Que se opõe à Luxúria

A Castidade é um comportamento voluntário de abstinência de prazeres e práticas de atos sexuais, seja por motivos religiosos ou sociais. Castidade diz respeito aos prazeres sensuais, e nisso já se acha outra fonte de constantes equívocos. Pois sensual não é necessariamente o mesmo que sexual, embora possa haver conexão entre ambos.

A Disciplina - Que se opõe à Preguiça

Disciplina é uma palavra que tem a mesma etimologia da palavra “discípulo”, que significa "aquele que segue” ou Diligência, aquele que diligencia. Um bom exemplo, é quando alguém é disciplinado nos seus afazeres em geral, nos seus passatempos, nos seus deveres, cumprindo metodicamente os horários, os compromissos, as aulas que tenha que assistir ou dar, sem faltar.

A Caridade - Que se opõe à Inveja


A Caridade não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. O verdadeiro sentido da palavra caridade, é  a benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e o perdão das ofensas. É o espirito de Deus em nós, é sempre uma luz vencendo trevas.

E então, como andam as suas virtudes???

Os 7 Pecados Capitais - Com qual se identifica mais?



Os Sete Pecados Capitais são diretamente opostos às Sete Virtudes.

Escolha o seu preferido:

A Ira

A Ira ou Ódio é o intenso e descontrolado sentimento de raiva, rancor que geralmente gera sentimentos de vingança. A ira torna a pessoa furiosa e descontrolada com o desejo de destruir tudo aquilo que provocou a sua ira.

Por isso o ódio espuma.


A Preguiça

A Preguiça é a aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio e vadiagem.

Então a preguiça se derrama.


A Gula

A Gula é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida.

Então a Gula engorda.


A Avareza

A Avareza é o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro.

Então a Avareza acumula.


A Luxuria

A Luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material.

Então a Luxúria se oferece.


A Soberba

A Soberba é associada ao Orgulho excessivo, é arrogância e vaidade, caracterizada pela falta de humildade, pelo sentimento exagerado de autossuficiência, sempre afirmando o seu ego.

Então a Soberba ou Orgulho brilham.


A Inveja

A Inveja ignora tudo o que possui, para cobiçar o que é do próximo. É um sentimento que se caracteriza pela ausência de sintomas aparentes, mas o invejoso sabe que tem um desejo exagerado por posses, habilidades e tudo o que outra pessoa tem e consegue. Não se deve confundir com o ciúme, que é querer manter o que se tem; nem com cobiça, que é querer o que não se tem; Inveja é simplesmente não querer que o outro tenha, querendo tirar de qualquer modo tudo o que outro possa ter ou vir a ter. 

Também segundo o filósofo José Gil, (in, Portugal, Hoje: o Medo de Existir), a inveja tem imensas estratégias e não é uma relação puramente psicológica, é mais do que isso: trata-se de um sistema que tem autonomia e vive em meios fechados, que cria entraves àqueles que têm ideias, iniciativas e empreendimentos.

Por isso tudo, de todos os pecados capitais, só a Inveja se esconde e mente.

Ver tudo em: J.Thomé » A Inveja DesvendadaPENSE - A Inveja (muito importante, não deixe de ler!)
Fonte: http://www.culturaonline.net/ Wikipédia.org

Recordando a Angola de outros tempos

Estas imagens são em especial dedicadas aqueles que fizeram parte da debandada que foi o maior êxodo de todos os tempos da história mundial, no ano de 1974, recorrente da libertação dos cravos, que abreviou em passos acelerados todo um conjunto de circunstâncias, que levaram muitos ao abandono de todos os seus bens, acumulados em tantos anos de trabalho e sacrifícios e deixando para trás e definitivamente as belas terras africanas, sem se despedir de ninguém e apenas com a roupa que levavam no corpo, sem dinheiro e sem outros valores que não os de si mesmos.

Que a terras portuguesas chegaram, sem consentimento prévio, tendo como único remédio, o crer que Portugal fosse a partir daí o seu “Paraíso” futuro, que infelizmente não é, nem nunca foi e cada vez mais difícilmente será...

Nova Lisboa – Huambo



Luanda




Angola antes da Guerra


Fonte. YouTube - Broadcast Yourself

Os Donos do Poder

O Fim do Mundo num Gemido


Quase todos os dias podemos ver a procissão de homens ocos. A sair dos carros blindados com vidros escuros, caminhando apressados no centro de um grupo de assistentes que carregam as pastas e caminham um passo atrás, como os súbditos, sorrindo ou franzindo os olhos para as câmaras, conforme a gravidade da situação. Apertam muito as mãos uns dos outros. E às vezes fazem pose para a fotografia de grupo, com os olhos espantados e a imobilidade de espantalhos.

 "The hollow men", um dos grandes poemas de T.S. Eliot, é um dos que mais influenciaram a literatura posterior, não poderia ter melhores representantes do que esse conjunto de fraquezas e conveniências a que chamamos "líderes europeus".

 O que fazem os líderes europeus? Cimeiras. Fazem cimeiras. E antes das cimeiras dizem que vão resolver os problemas da Europa e da zona euro e depois das cimeiras dizem que novos passos e definitivos passos foram dados para resolver os problemas da Europa e da zona euro e uma semana depois, esgotado o primeiro impulso otimista dos mercados, volta tudo ao mesmo. Os juros sobem, os ratings descem, os bancos descapitalizam, o desemprego aumenta. E a Grécia continua a descida ao fundo do poço. Em cada cimeira aparece um pacote de medidas que serão "implementadas" no futuro, sabendo todos que o futuro é para a semana que vem.

 Antes das cimeiras os líderes europeus dizem que não pode ser a Alemanha a decidir o futuro do euro, depois das cimeiras os líderes europeus concordam com as decisões alemãs sobre o euro. Antes das cimeiras os líderes europeus juram que já perceberam que a austeridade é perigosa para as economias, depois das cimeiras os líderes europeus afirmam que mais austeridade é o único caminho. Estamos nisto há uma eternidade.

Custa a crer como é que um conjunto de gente supostamente eleita por ser inteligente consegue ser tão vilmente estúpida. Custa a crer como é que o Governo alemão resolve impor unilateralmente aos gregos um "comissário" financeiro, destituindo-os da última parcela de soberania, como se a Grécia fosse um protetorado, sem que o resto da Europa se levante num clamor.

T.S. Eliot escreveu "The Hollow Men" em 1925, no rescaldo da I Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, The hollow men, the stuffed men. Os homens ocos, os homens de palha. As nossas vozes secas/ Quando sussurramos juntos/ São silenciosas e sem sentido.
O poema acaba com a estrofe catastrófica: This is the way word ends/ This is the way the world ends/ No with a bang, but a whimper. E assim acaba o mundo, não com um estrondo mas com um gemido. O poema entrou no vocabulário anglo-americano e foi citado milhares de vezes em escritos posteriores, em livros, filmes, séries de televisão. Como uma profecia, a leitura actual do poema devolve-nos este tempo histórico comandado por homens ocos.

O verdadeiro défice europeu não é financeiro. É humano. Na história da Europa dos últimos séculos nunca houve um conjunto de burocratas e de chefes tão afastados da grandeza europeia como esta gente que se junta em Bruxelas para decidir sobre gente que não conhece. O provincianismo de Merkel, uma engenheira química que cresceu do outro lado do Muro, mostra-se nos discursos. A senhora Merkel tem a eloquência prudente e limitada de um alemão da Alemanha interior, um território mental sem pingo de cosmopolitismo, conservador nos costumes e nos hábitos, inspirado pela frugalidade luterana ou a centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético. Esta Alemanha desdenha o desconhecido território do hedonismo e do esbanjamento, desdenha os povos de "índole voluptuária" (citando Latino Coelho) que agora estendem a mão.

O falhanço de Merkel foi o de não ter explicado as razões pelas quais os hedonistas ameaçam o sistema capitalista mundial. E ameaçam a economia, o bem-estar e a estabilidade da Alemanha. Uma Alemanha que ainda não perdeu a mania do lebensraum, de quer estender uma hegemonia às soberanias nacionais que não conseguiu controlar ou vigiar antes do desastre. Nem a Alemanha nem a Europa. A Grécia dava sinais inequívocos de descontrolo financeiro e fiscal e nem um único chefe europeu ou alemão entendeu colocar a burocracia europeia não ao serviço de si mas da fiscalização. A punição pela punição não produz efeitos e só serve para afastar a Grécia (e Portugal) da Europa do centro e sentenciá-los à morte. Sem investimento nem estímulo, a economia não cresce e fica nas mãos de meia dúzia de agentes e intermediários, o que está a acontecer. Portugal torna-se um entreposto. A austeridade tem um preço alto. Aniquilação da soberania política e económica. Destruição do Estado. Miséria social. Desemprego. Desigualdade. Emigração. Dependência. A quantas cimeiras de homens ocos teremos de assistir antes de o nosso mundo acabar com um gemido?

Clara Ferreira Alves
(in Revista Única, Jornal Expresso de 4 de fevereiro)

Um novo abril precisa-se! Pelos vistos por toda a Europa.

A não perder: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1389430&audio_id=2021877

Ler poema de T.S. Eliot : http://gothicarts.kit.net/obras/poesias/os_homens_ocos.htm

De Princesa a Bruxa


“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal”
 
(1 Coríntios 13:4-5).

 
Quando a nossa vida profissional, pessoal e sentimental corre bem, o aspeto e a forma como nos mostramos irradia uma carga positiva muito grande.

Naturalmente, o nosso “astral” está em alta e isso passa uma mensagem para quem connosco convive, que pode ser uma faca de dois gumes. Os nossos verdadeiros amigos sentem-se felizes por verem a nossa vida correr bem. Os outros, aqueles que não conseguem alcançar os seus objetivos, que são fracassados, ou que pura e simplesmente não gostam de nós, são “atacados” pelo mal da inveja. A inveja no Brasil é definida de uma forma muito interessante, chamam-lhe “olho grande” ou “olho gordo” mas, na realidade, manifesta-se em qualquer parte do mundo da mesma forma.

Inveja é a total insatisfação com o que possuímos por muito bom que seja. Nunca nos sentimos realizados, e o que os outros adquirem é sempre motivo de despeito e mau-olhado.

A inveja é um dos sentimentos mais torpes e difíceis de serem eliminados da alma humana. Trata-se de um dos vícios que mais sofrimento causa à humanidade. Onde houver apego à materialidade das coisas aí estará a inveja. Basta alguém se destacar em qualquer área, por mais ínfima que seja e lá estará o invejoso pronto para apontar o dedo e tentar minimizar o feito do seu próximo. Uma roupa diferente, um calçado da moda ou mesmo uns simples brincos ou pulseira torna-se motivo para elogios, nem sempre sinceros.

Segundo o dicionário, inveja significa: Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem ou desejo extremado de possuir o bem alheio.

Basta uma pessoa atingir algum sucesso ou estar feliz, para ter alguém a invejá-la. A partir daí, tudo o que a pessoa faça ou diga é motivo de crítica, maledicência, gerando um ataque cerrado, vindo de quem cerca a pessoa e curiosamente de muitos não próximos, através de terceiros enviados para a molestar psicologicamente.

Outro exemplo clássico é a inveja profissional. A inveja é sintoma de incompetência. Para que um olho não invejasse o outro, Deus colocou o nariz no meio.

Quando alguém se sobressai, a inveja é a primeira a dar os parabéns; A força da sua inveja é a velocidade do meu sucesso.

A inveja tem uma ligação ao «quero», mas num querer que é «do que é do outro», de viver o que o outro vive, ter o que o outro tem. É algo sombrio, que se procura esconder – a palavra de raiz é “invidia” que significa «olhar enviesado, de soslaio». Basta o sucesso de alguém para a despertar.

O invejoso presta muita atenção ao que os outros fazem ou deixam de fazer – para falar mal de tudo e de todos e por todo e qualquer motivo. Naturalmente, encontra sempre uma forma de depreciar, de desvalorizar. E é dramático porque não há forma de agradar a um invejoso – a não ser apagando-se. O impulso e o comportamento de quem inveja, é de querer retirar do outro ou simplesmente estragar o que é desejável – e, que bem vistas as coisas, é do outro.

A inveja é uma das mais perigosas paixões humanas sobretudo, porque nunca se apresenta como tal e o seu grau de destruição costuma ser máximo. Também não é um sentimento que os menos dotados dominem, mas atrai sobretudo as pessoas inteligentes. O invejoso não deve mostrar o objeto ou motivo da sua inveja, pois nessa atitude poderá desmascarar-se. A inveja, naturalmente, é típica dos medíocres (que nunca conseguem alcançar os seus objetivos), daqueles que ficaram abaixo do potencial sonhado, dos que conhecem as próprias limitações, embora nunca o confessem. Mas o que a move é sempre a argúcia e a paciência. A inveja pode ser fascinante, pois os que dominam esta "arte" têm de conhecer bem os pontos fracos dos que odeiam, trata-se do primeiro passo para sobre eles construírem a lenda presistente e devastadora. Em certa extensão, a inveja usa a força do movimento (envio e receção de mensagem silenciosa) através de uma subtil mudança na direção desse mesmo movimento. Um ligeiro desvio da energia pode ser arrasador. Sendo um dos elementos da natureza humana, a inveja rodeia-nos, sempre disfarçada por sorrisos hipócritas. E a todo o momento se sente o gozo dos que a praticam todos os dias.

Shakespeare, no seu “Yago feroz”, definiu os invejosos como “porcos humanos”, que vivem num chiqueiro amontoado de infâmias e covardias, capazes de todas as traições e deslealdades...

O maior antídoto contra a inveja é o ideal de vida. Quem se extasia diante uma obra de arte ou mesmo de uma poesia ou de um romance, ou se comove a ponto de rolarem lágrimas pela face ao ouvir uma peça musical, ou tem criatividade para elaborar pesquisas científicas, ou trabalhos literários e artísticos, jamais terá um “neurónio” capaz de alojar qualquer manifestação invejosa e por isso bem-haja.

Fonte: http://www.fontedeluz.com/ http://psicologia.org.br/internacional/inveja.htm


A Grande e Forte Vida


Conviria distinguir bem um do outro o caminho para o êxtase e o próprio êxtase; o primeiro ainda pode ter algum interesse por todas as lutas interiores, por todas as incertezas, por todo o esforço de pensar amplamente a que em geral dá origem; no entanto já nele mesmo poderíamos ver, além de uma preocupação egoísta, uma alternativa de esperança e desespero, um gosto da revelação e dos auxílios sobrenaturais que não poderão talvez classificar-se como superiores.

Do êxtase, porém, não alimentamos grandes desejos; o amor que nele descobrimos não pertence à categoria do amor que mais nos interessa — o que eleva o amado acima de si próprio, o que se esforça por esculpir uma alma com entusiasmo e paciência; é um amor a que se chega como recompensa de tarefa cumprida; não marca as delícias do caminho difícil, apaga-as da memória; faz desaparecer do peito do homem o seu único motivo de alegria, a sua única fonte de verdadeira glória.

Viver interessa mais que ter vivido; e a vida só é vida real quando sentimos fora de nós alguma coisa de diferente; se a diferença se tornar oposição, se o que era caminho diverso se transformar em muro de rocha, então no duelo que se trava, no instável equilíbrio que a cada momento se pode romper e precipitar-nos das alturas, nesta batalha em que não há um minuto de rancor pelo adversário, encontraremos a grande e forte vida; ora o êxtase consiste realmente no apagar das distinções, na identificação perfeita de dois termos.


Agostinho da Silva, in ' Diário de Alcestes '

A história do Homem em quatro parágrafos

A Trágica Necessidade de Conquista e de Mudança

Em todos os tempos os homens, por algum pedaço de terra de mais ou de menos, combinaram entre si despojarem-se, queimarem-se, trucidarem-se, esganarem-se uns aos outros; e para fazê-lo mais engenhosamente e com maior segurança, inventaram belas regras às quais se deu o nome de arte militar; ligaram à prática dessas regras a glória, ou a mais sólida reputação; e depois ultrapassaram-se uns aos outros na maneira de se destruírem mutuamente.

Da injustiça dos primeiros homens, como da sua origem comum, veio a guerra, assim como a necessidade em que se acharam de adotar senhores que fixassem os seus direitos e pretensões. Se, contente com o que se tinha, se tivesse podido abster-se dos bens dos vizinhos, ter-se-ia para sempre paz e liberdade.

O povo tranquilo nos lares, nas famílias e no seio de uma grande cidade onde nada tem a temer para os seus bens nem para a vida, anseia por fogo e sangue, ocupa-se de guerras, ruínas, braseiros e matanças, suporta impacientemente que os exércitos que mantêm a campanha não tenham recontros, ou se já se encontraram e não sustentem combate, ou se enfrentam e não seja sangrento o combate, e haja menos de dez mil homens no local.

Muitas vezes chega a esquecer os seus mais caros interesses, o repouso e a segurança, pelo amor que tem à mudança e pela mania de novidade ou das coisas extraordinárias.


Jean de La Bruyére, in "Os Caracteres"

Recordando o passado...




Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.

Bob Marley


As férias da Páscoa já lá vão, mas foi o tempo escolhido para a leitura de dois belos livros sobre Angola, a minha terra natal. Esses dois livros, além de me terem proporcionado bons momentos de leitura, estão cheios de lugares comuns que remontam à minha infância, descrevendo um quotidiano vivido por muitos que tiveram o privilégio de por aquelas terras passar.

Embora diferentes, são ambos documentos que descrevem um caminho feito de cruzamentos múltiplos que nos conduzem a uma persistente comparação rigorosa e próxima da realidade do nosso passado.

“Fazenda Sofia, Uma gratificante história do passado - Janela de Esperança do Futuro”, de João Guerra da Silva, um belíssimo documento que é uma história de vida e “Fala-me de África”, um romance de Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário de Carlos Matos Gomes), que tal como escreve o autor é "Uma história dos afetos e rivalidades de uma família com uma causa comum: o amor a África!" (que deu origem a uma série de televisão com o nome “Regresso a Sizalinda”), são os dois livros que muito apreciei; um recordando a vida de muito trabalho numa fazenda africana e com muitas e belas imagens, e o outro cheio de realidades e momentos porque muitos de nós passámos.

O último livro referido, que ainda estou lendo, descreve com grande autenticidade muitos lugares comuns ao meu passado, quer em Portugal (as férias de verão na Nazaré e o Colégio Andaluz), quer em Angola (o Porto do Lobito; a Catumbela, o Caminho de Ferro de Benguela; Benguela, a minha terra natal; a Praia Morena, a Caotinha, muitos termos angolanos, o quimbundo…), resultando esta leitura num despertar constante de sentimentos de felicidade (pela lembrança do que foi viver naquele país), de saudade pelos tempos lá vividos que não voltam mais, e o recordar constante de memórias que há muito pareciam estar apagadas.

Trata-se de um romance com muito de verídico e, certamente, algo de biográfico que nos trás à memória o drama de uma debandada a que muitos foram obrigados, e a luta para reconstruir toda uma nova vida, num meio que discriminava quem “retornou”, mais que não fosse por razões históricas, pois tal como o autor refere, "África foi sempre uma doença para Portugal! Levou os novos e deixou os velhos, derrubou a monarquia, fez cair o anterior regime! Tudo por causa de África... Mas, se não tivéssemos lá estado, não sabíamos o que aquilo era." (pág. 172)

Este foi o motivo que levou a que em mim despertasse a vontade de rever novamente esses lugares, que partilhando aqui vos deixo…


Lobito, A Sala de Visitas de Angola e Benguela