
A caminho de casa

Santuário de Nossa Senhora do Sameiro
O Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, cuja construção se iniciou em meados do séc. XIX, mais precisamente a 14 de Julho de 1863 e é o segundo maior centro de devoção mariana em Portugal, depois do de Fátima.
Do conjunto monumental destaca-se a basílica, a imponente e vasta escadaria, virada para a cidade, e os monumentos aos Papas Pio IX e João Paulo II. O Templo, só foi concluído no século XX, e nele se destacam no seu interior o altar-mor em granito branco polido, bem como o seu sacrário de prata.A história deste santuário é longa e interessante. Em 14 de Junho de 1637, o então Arcebispo de Braga, jurou solenemente defender o privilégio da Imaculada Conceição da Virgem Nossa Senhora, mais de duzentos anos antes de a Igreja definir o seu dogma.
Na mesma data do ano de 1863, foi benta e lançada à primeira pedra de um monumento em honra de Maria Imaculada, no alto do Monte Sameiro, sobranceiro à cidade. O monumento era um amplo quadrado com uma coluna encimada por uma bela estátua de mármore da padroeira. Só em Agosto de 1880 foi benta uma capela, junto ao monumento, que receberia a imagem que ainda hoje lá se venera, esculpida em Roma e benzida pelo Papa Pio IX. O actual templo, que alberga a mesma imagem, foi iniciado dez anos depois e elevado por Paulo VI à categoria de Basílica.O templo actual só foi concluído já no século XX, e nele se destaca no seu interior o altar-mor em granito branco polido, bem como o sacrário de prata.
Em frente do Templo ergue-se uma imponente e vasta escadaria, no topo do qual se levantam dois altos pilares, encimados da Virgem e do Coração de Jesus. Do cimo desta escadaria com 265 degraus, avista-se uma paisagem esplendorosa, não só de Braga, mas também dos seus arredores até à linha do horizonte.
Pólo de grandes peregrinações, só em 1955 entraram no Sameiro mais de um milhão de pessoas. Por outro lado, acarinhado por vários Papas, a partir de Pio IX, o santuário foi visitado em 1982 por Sua Santidade o Papa João Paulo II e a ele dedicou o monumento ao Papa Peregrino. A festa da Senhora do Sameiro foi fixada em 12 de Junho, dia em que S. Pio X coroou oficialmente a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
3º Dia - Braga - "A Cidade dos Arcebispos"
O astrónomo e geógrafo grego Claudius Ptolemeu (c. 85 – c. 165), em meados do século II, referiu na sua obra - "Geografia" (8 v.) -, que a cidade de Bracara Augusta era anterior à Invasão Romana da Península Ibérica. A recente pesquisa arqueológica, conduzida pela Universidade do Minho, identificou uma cerca defensiva com planta poligonal, reforçada por torreões de planta semicircular, que remonta ao século III.

O processo de romanização iniciou-se por volta do ano 200 a.C., consolidando-se a partir dos primórdios da nossa era, com a fundação da primeira cidade, Bracara Augusta. A partir do século V, as invasões bárbaras (Suevos e Visigodos), trouxeram à região profunda conturbação que se prolongou com os Árabes até finais do século VIII, só se iniciando o processo reorganizativo nos finais do século seguinte.
Sofrendo com os focos de conflito e destruição devidos às invasões francesas e lutas liberais, Braga ganha nova vida em meados do século passado com a vinda do dinheiro e o gosto dos brasileiros (emigrantes portugueses regressados do Brasil), verificando-se então na cidade algumas "melhorias" a nível de infra-estruturas e equipamentos.

A cidade tem muitos topónimos, devido a vários factos que foram ocorrendo através dos tempos. Assim temos: A "Cidade dos Arcebispos", porque durante séculos o seu Arcebispado foi o mais importante da Península Ibérica e ainda é o detentor do velho título de Primaz das Espanhas. A "Cidade Romana", porque no tempo dos romanos era a maior e mais importante cidade situada no território que mais tarde constituiu o território português. Ausónio, ilustre letrado de Bordéus e perfeito da Aquitânia, incluiu Bracara Augusta entre as grandes cidades do Império Romano.

A "Roma Portuguesa", porque no século XVI o arcebispo D. Diogo de Sousa, influenciado pela sua visita à cidade de Roma, desenha uma nova cidade onde as praças e igrejas abundam tal como em Roma. A este título está também associado o facto de existirem inúmeras igrejas por km² em Braga. É ainda considerada, como o maior centro de estudos religiosos em Portugal. A "Cidade Barroca", porque durante o século XVIII o arquitecto André Soares transforma a cidade de Braga no Ex-Libris do Barroco em Portugal.

A cidade está estritamente ligada a todo o Minho: a Norte situa-se o tradicional Alto Minho, a Este o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Sul as terras senhoriais de Basto e o industrial Ave e a Oeste o litoral marítimo Minhoto.
A Caminho de Braga

Algumas aldeias por que passámos como Cervos que nos oferece uma arquitectura muito característica das aldeias transmontanas, com casas em pedra antiga onde podemos apreciar as sacadas trabalhadas, solares de família e os antigos espigueiros tão característicos da zona, tal como o forno comum da aldeia utilizado ainda pelas poucas famílias da localidade.
Em seguida mergulhamos de um momento para o outro dentro da serra em direcção a Braga. A estrada que nos guia, convida a reduzir a velocidade e a apreciar as vistas que desde logo se tornam panorâmicas. Embora já noite a Barragem de Venda-a-Nova faz adivinhar paisagens de enorme beleza, dando-nos a certeza de em breve lá voltarmos.

Por vezes a estrada oferecia-nos zonas de miradouro a pequenas vilas e aldeias lá em baixo e passados mais alguns quilómetros chegámos a Braga, onde num escaparate de estacionamento, jantámos o famoso e saboroso cosido à transmontana, (com carnes só de fumeiro), em pleno centro da cidade.
2ºDia - Montalegre a Capital do Barroso
Depois de se petiscar um pouco de todo este cardápio, tentámos dar uma volta pela simpática vila de Montalegre, mas o frio estava de rachar, pelo que se voltou para a caravana que estava quentinha e por isso muito mais comfortável que a rua.
Depois de dormirmos um sono descansado, embora a noite tivesse decorrido sob vento e chuva fortes, quando acordámos já a feira fervilhava de actividade. A XVIII Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso, cartaz vivido em Montalegre de 22 a 25 do mês de Janeiro, foi o evento que nos chamou ao Norte do País neste final de semana.Quem por lá passou por certo observou imagens singulares e até insólitas que ficam na memória de todos. Por entre um enorme leque de "flashes", podemos reter imagens diferentes que caracterizam este evento que arrasta mais de 50 mil pessoas à Capital do Barroso.

Paulo Portas parece que tal como nós, não resistiu a uma visita à feira do fumeiro, tendo-se cruzado connosco umas duas vezes, acompanhado por alguns elementos da sua J, aproveitando a ocasião para angariar votos por terras conservadoras. Quanto a nós, depois da compra de vários quilos de várias destas iguarias, e depois de as termos deixado na caravana, fomos dar uma boa passeata pela vila afim de a conhecermos melhor e visitarmos as suas zonas mais emblemáticas.
Montalegre é uma vila transmontana, sede de concelho, que se situa na linda região das terras altas de Barroso, que incluem as serras do Gerês, do Larouco e do Barroso, e formam uma zona natural de serras, carvalhais, rios e ribeiros com zonas áridas mas ao mesmo tempo aconchegante.

Um pouco por toda a região encontram-se vestígios arqueológicos que mostram uma presença humana já desde os tempos pré-históricos, de facto no local onde se encontra a vila de Montalegre, é provável que tenha existido um povoado castrejo pré-histórico que, mais tarde, teria dado lugar a um povoado de vocação agro-pastoril.
Por Montalegre habitaram Lusitanos, Celtas, Visigodos, Suevos e, claro, Romanos, que deixaram um importante património arqueológico, tendo sido posteriormente uma terra importante na Idade Média, dado a sua localização estratégica. Montalegre conta, pois, com uma interessante história e um património rico.
Caracterizada pelo seu imponente castelo que a vigia dia e noite do alto vai, segundo a lenda, buscar o seu nome à história do fidalgo que com as suas comitivas por aquelas paragens passavam e nas aldeias entravam, pilhavam e se abasteciam de tudo um pouco sem prestar as devidas contas.
Os barrosões exigiram então, junto do alcaide do castelo que se pagassem as dívidas e fosse feita justiça e o fidalgo que comandava os assaltantes foi preso até que todas as contas fossem saldadas. A família socorreu o preso e pagou tudo o que o fidalgo devia e este, avisado para não voltar, foi ordenado que montasse o seu cavalo e desaparecesse. Em jeito de despedida e ironia montou o cavalo e proferiu as palavras já tão conhecidas por aqueles lados, "Monto e monto alegre!".

O seu castelo do século XIV, com a sua imponente Torre de Menagem com 27 metros de altura, que foi provavelmente o terceiro castelo a ser construído nesta localidade, a Capela da Misericórdia, e toda a arquitectura rural granítica atestam o valor patrimonial de Montalegre.

Santa Marta de Penaguião

Fomos atendidos com a simpatia e simplicidade habitual das gentes do norte, por duas senhoras da loja, que ficaram encantadas com o meu vulgar chapéu, e um dos representantes da Cooperativa que nos deu a ajuda necessária à escolha dos vinhos das melhores colheitas. Após a saída da Adega Cooperativa, rumámos a Montalegre debaixo de muita chuva, granizo e vento forte, que nos acompanharam até ao destino com a persistência habitual numa boa noite de Inverno.
Santa Marta de Penaguião é uma bonita Vila, sede de concelho, da região Norte do País, situada na fantástica Região Demarcada do Douro e muito afamada pela sua Adega Cooperativa, produtora de muitos apreciados vinhos, caracterizada pela natureza envolvente de campos de vinha a perder de vista, disposta em socalcos. Aqui, tal com no resto da região do Douro, o homem a golpes de força desmedida moldou a montanha xistosa em milhentos calços, transformando-a num admirável anfiteatro.

Santa Marta de Penaguião apresenta vestígios de ocupação humana bem remotos, com algumas fortificações castrejas por todo o território concelhio, como em Fontes, Lobrigos, Cumieira, Louredo e Medrões. Apesar de alguns documentos referirem a vida municipal de Santa Marta de Penaguião, foi sem dúvida a criação da Região Demarcada do Douro, em 1756, que mais contribuiu para o desenvolvimento deste concelho, conferindo uma riqueza até aí nunca vista.
A vila está rodeada de uma paisagem magnífica, caracterizada pelos socalcos cultivados, pela imensa vinha, e pelo Rio Corgo, que confere uma beleza única ao conjunto, enriquecido com o património arquitectónico da vila, como a Igreja Paroquial com uma original torre sineira, o Pelourinho da vila ou os muitos Moinhos de água existentes por toda a região, uns comunitários, outros domésticos, símbolo da importância dos muitos cursos de água aqui existentes e da manutenção agrícola que se mantém ao longo dos anos.
O rio Corgo, um dos mais importantes afluentes do rio Douro, forma no concelho de Santa Marta de Penaguião, que atravessa, uma zona de fortes declives e de grande beleza, conhecida por "encostas do Corgo", local afamado pelos excelentes vinhos aí produzidos.

As tradições de Santa Marta de Penaguião estão, elas próprias, muito ligadas á viticultura, como se pode observar no interessante Artesanato da região, nomeadamente em técnicas ligadas à cestaria e á tanoaria, bem como a tapeçaria, rendas e bordados que eram utilizados para servir doces e o Vinho do Porto.

1º Dia - Peso da Régua
Depois de percorridos muitos quilómetros, parámos na cidade de Peso da Régua, onde passámos a noite de 22 para 23 de Janeiro. Estacionada a autocaravana em frente da Marina da cidade e a ver o Douro, a pernoita foi repousante e o acordar reconfortante, pela beleza da paisagem observada.



