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É mentira que seja um combate sem quartel...



Se o conhecimento traz problemas, não é a ignorância que os resolve...

Na luta de classes o filho da puta tenta parecer que está do teu lado. Saltita para administrar os interesses da sua classe. É verdade que Portugal não pode manter todos os privilégios e ineficiências que alimentam tantos filhos da puta. É mentira que seja um combate sem quartel. O nosso quartel é a rua. Amanhã sai de casa. Vem fazer a luta. Rua a rua. Corpo a corpo.

Só os cobardes se movem no escuro...
 


Fonte: http://5dias.net/2011/09/30/como-se-combate-um-filho-da-puta/

A Inveja em Portugal


"A inveja tem muita força em Portugal porque somos uma sociedade fechada"

José Gil

Portugal, Hoje: o Medo de Existir é o novo livro do José Gil, o filósofo português que foi considerado um dos 25 grandes pensadores do Mundo, pela revista francesa Nouvel Observateur.


José Gil licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne) em 1968. Em 1969, obteve a "maîtrise de Philosophie" e, em 1982, o "doctorat d´Etat de Philosophie". Actualmente é professor catedrático na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. José Gil tem obras publicadas no Brasil e está traduzido nos EUA, França e Itália.

Segundo José Gil, "O livro toca nesses podres em que a população portuguesa atingiu um grau de insuportabilidade. O que o livro provoca em muitos é "vamos fazer qualquer coisa".

Classifica “Portugal como o País da não-inscrição, da negação do conflito e da normalização, dominado pelos medos e pela inveja, herdados do salazarismo, onde não existe um espaço público, lugar ocupado atualmente pelos média. Não se pode continuar assim, não sabendo bem o que fazer. Quando eu falo da não-inscrição é porque nós precisamos de respirar, o que significa criar, fazer, ver, ou seja, ter a noção de que quando nós fazemos, escrevemos, pintamos, compomos, etc., nós temos uma inscrição, afirmamos qualquer coisa que se marca no real, se transforma e cria real".

O filósofo exemplificou: "Se vamos a um espetáculo de um coreógrafo que vem a Portugal, gostamos de dança e descobrimos qualquer coisa de novo, uma parte daquele espetáculo deveria derrubar alguma coisa na nossa vida e mudar a nossa vida, descobrir espaços diferentes, maneiras de falar e de comunicar, etc. mas o que acontece é que tudo isso fica para dentro. Nós gostámos muito, tivemos mesmo em êxtase, mas ao sair do espetáculo voltamos para casa, gostámos, mas não acontece nada... O feed back nos jornais é geralmente uma crítica sempre descritiva porque tem-se medo de inscrever. Não se ousa criticar porque se tem medo".

Relativamente à inveja, José Gil admite que "não é uma característica portuguesa, antes um dos sentimentos mais espalhados pelo mundo. Simplesmente acontece que em Portugal a inveja tem uma força tal porque nós somos uma sociedade fechada. E quando as sociedades se fecham, tudo se concentra, tudo se paralisa, tudo se adensa e não respira. Uma universidade é um antro de inveja em qualquer parte do mundo, seja nos Estados Unidos, em França ou na Inglaterra. Mas vimos cá para fora e respiramos ar puro. Em Portugal não, sai-se cá para dentro e não para fora", refere, defendendo, por isso, que a inveja está em toda a parte no País.

Para o autor, "a inveja, que tem imensas estratégias, não é uma relação puramente psicológica, é mais do que isso: trata-se de um sistema que tem autonomia e vive em meios fechados, que cria entraves àqueles que têm ideias, iniciativas e empreendimentos".

O filósofo argumenta que "se nós nos abrirmos ao exterior mudamos as condições de subjectivização e temos possibilidade de ver florescer a mudança. Para que haja mudança, é preciso que haja desejo de mudança. Nunca uma sociedade é completamente fechada, há sempre fraturas, linhas de fuga. Uma das linhas de fuga pode ser a loucura. Eis alguém que não quis ser moldado. Se há linhas de fuga, então procuremos as linhas de fuga. Elas estão sempre na nossa singularidade. O que me impressiona no Portugal normalizado de hoje é quão pouca diversidade existe na singularidade portuguesa".

Os Donos do Poder

O Fim do Mundo num Gemido


Quase todos os dias podemos ver a procissão de homens ocos. A sair dos carros blindados com vidros escuros, caminhando apressados no centro de um grupo de assistentes que carregam as pastas e caminham um passo atrás, como os súbditos, sorrindo ou franzindo os olhos para as câmaras, conforme a gravidade da situação. Apertam muito as mãos uns dos outros. E às vezes fazem pose para a fotografia de grupo, com os olhos espantados e a imobilidade de espantalhos.

 "The hollow men", um dos grandes poemas de T.S. Eliot, é um dos que mais influenciaram a literatura posterior, não poderia ter melhores representantes do que esse conjunto de fraquezas e conveniências a que chamamos "líderes europeus".

 O que fazem os líderes europeus? Cimeiras. Fazem cimeiras. E antes das cimeiras dizem que vão resolver os problemas da Europa e da zona euro e depois das cimeiras dizem que novos passos e definitivos passos foram dados para resolver os problemas da Europa e da zona euro e uma semana depois, esgotado o primeiro impulso otimista dos mercados, volta tudo ao mesmo. Os juros sobem, os ratings descem, os bancos descapitalizam, o desemprego aumenta. E a Grécia continua a descida ao fundo do poço. Em cada cimeira aparece um pacote de medidas que serão "implementadas" no futuro, sabendo todos que o futuro é para a semana que vem.

 Antes das cimeiras os líderes europeus dizem que não pode ser a Alemanha a decidir o futuro do euro, depois das cimeiras os líderes europeus concordam com as decisões alemãs sobre o euro. Antes das cimeiras os líderes europeus juram que já perceberam que a austeridade é perigosa para as economias, depois das cimeiras os líderes europeus afirmam que mais austeridade é o único caminho. Estamos nisto há uma eternidade.

Custa a crer como é que um conjunto de gente supostamente eleita por ser inteligente consegue ser tão vilmente estúpida. Custa a crer como é que o Governo alemão resolve impor unilateralmente aos gregos um "comissário" financeiro, destituindo-os da última parcela de soberania, como se a Grécia fosse um protetorado, sem que o resto da Europa se levante num clamor.

T.S. Eliot escreveu "The Hollow Men" em 1925, no rescaldo da I Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, The hollow men, the stuffed men. Os homens ocos, os homens de palha. As nossas vozes secas/ Quando sussurramos juntos/ São silenciosas e sem sentido.
O poema acaba com a estrofe catastrófica: This is the way word ends/ This is the way the world ends/ No with a bang, but a whimper. E assim acaba o mundo, não com um estrondo mas com um gemido. O poema entrou no vocabulário anglo-americano e foi citado milhares de vezes em escritos posteriores, em livros, filmes, séries de televisão. Como uma profecia, a leitura actual do poema devolve-nos este tempo histórico comandado por homens ocos.

O verdadeiro défice europeu não é financeiro. É humano. Na história da Europa dos últimos séculos nunca houve um conjunto de burocratas e de chefes tão afastados da grandeza europeia como esta gente que se junta em Bruxelas para decidir sobre gente que não conhece. O provincianismo de Merkel, uma engenheira química que cresceu do outro lado do Muro, mostra-se nos discursos. A senhora Merkel tem a eloquência prudente e limitada de um alemão da Alemanha interior, um território mental sem pingo de cosmopolitismo, conservador nos costumes e nos hábitos, inspirado pela frugalidade luterana ou a centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético. Esta Alemanha desdenha o desconhecido território do hedonismo e do esbanjamento, desdenha os povos de "índole voluptuária" (citando Latino Coelho) que agora estendem a mão.

O falhanço de Merkel foi o de não ter explicado as razões pelas quais os hedonistas ameaçam o sistema capitalista mundial. E ameaçam a economia, o bem-estar e a estabilidade da Alemanha. Uma Alemanha que ainda não perdeu a mania do lebensraum, de quer estender uma hegemonia às soberanias nacionais que não conseguiu controlar ou vigiar antes do desastre. Nem a Alemanha nem a Europa. A Grécia dava sinais inequívocos de descontrolo financeiro e fiscal e nem um único chefe europeu ou alemão entendeu colocar a burocracia europeia não ao serviço de si mas da fiscalização. A punição pela punição não produz efeitos e só serve para afastar a Grécia (e Portugal) da Europa do centro e sentenciá-los à morte. Sem investimento nem estímulo, a economia não cresce e fica nas mãos de meia dúzia de agentes e intermediários, o que está a acontecer. Portugal torna-se um entreposto. A austeridade tem um preço alto. Aniquilação da soberania política e económica. Destruição do Estado. Miséria social. Desemprego. Desigualdade. Emigração. Dependência. A quantas cimeiras de homens ocos teremos de assistir antes de o nosso mundo acabar com um gemido?

Clara Ferreira Alves
(in Revista Única, Jornal Expresso de 4 de fevereiro)

Um novo abril precisa-se! Pelos vistos por toda a Europa.

A não perder: http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=1389430&audio_id=2021877

Ler poema de T.S. Eliot : http://gothicarts.kit.net/obras/poesias/os_homens_ocos.htm

Imitando bichos

“A verdade é que os bichos, quando imitam as pessoas, perdem toda a dignidade”.

Mário Quintana


Por vezes quando ando a tratar do meu jardim; quando saio de casa para ir buscar qualquer coisa ao carro; quando vou dar comida aos meus cães; quando desfruto de um pouco de sol no jardim de minha casa;… alguém na vizinhança em gritos estridentes imita gatos, pavões, corujas, pássaros...


Quando olho em direção aos sons, alguém invariavelmente se esconde na folhagem de frondosas árvores do jardim vizinho. Quando isto acontece, lembro-me sempre de um salmo de São Mateus: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.” (Mateus 10:16)

Como este tipo de acontecimentos já dura há muito tempo, ao ponto de já estar habituada, não dando importância ao assunto, continuo a fazer a minha vida normal. No entanto não posso deixar de me perguntar: E quando os homens imitam com tanta insistência os animais, ganham dignidade?

Para acabar recordo aqui também e mais uma vez, o salmo do mesmo apóstolo: “E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis.” (Mateus 10:11)

Que pena esta ser a minha casa permanente e não uma qualquer hospedaria, não é?

A Alcateia do Ódio

O ódio liga mais os indivíduos que a amizade. O ódio, a inveja e o desejo de vingança ligam muitas vezes mais dois indivíduos um ao outro do que o podem fazer o amor e a amizade. Pois está em causa a comunidade de interesses interiores ou exteriores e a alegria que se sente nessa comunidade - onde é muitas vezes determinada a essência das relações positivas entre os indivíduos: o amor e a amizade são sempre relativas e não são em nenhum caso, um estado de alma permanente; mas as relações negativas, essas são, a maior parte das vezes, absolutas e constantes. O ódio, a inveja e o desejo de vingança têm, poder-se-ia dizer, um sono mais ligeiro do que o amor. O menor sopro os desperta, enquanto que o amor e a amizade continuam tranquilamente a dormir, mesmo sob o trovão e os relâmpagos.


Arthur Schnitzler, in 'Relações e Solidão'

Salve-se quem poder...

"A ética deve fundar-se no bem comum no respeito aos direitos do cidadão e na busca de uma vida digna para todos."

Ferreira Gullar
O crime e os abusos de todo o tipo, estão instalados em Portugal. Esta realidade já ninguém a nega, embora nem todos os comportamentos criminosos sejam vistos por todos da mesma forma.

Há alguns anos que um certo tipo de máfia portuguesa se mistura com o poder. Antes era facilmente identificável, agora, ocupam lugares públicos, nas empresas públicas, nos clubes de futebol ou ocupam cargos de chefia e são especialmente bem relacionados com o poder local ou nacional.

Têm pelo menos um bom tacho, num desses sectores. Dominam bem o polvo da corrupção, e quem os quiser enfrentar vê-se grego. Até agora, nem o Estado tem conseguido.
Existem também aqueles que usam e abusam de recursos públicos a seu belo prazer, como carros, casas e até aviões, para fins nada próprios, e quem paga essas extravagancias é o Zé povinho.

Os compadres como os de antigamente já não existem. Hoje não há lugar para o compadrio saudável, nem espaço para o comprazimento que só a amizade proporciona. O compadrio agora é outro e nos dias que correm é já uma palavra altamente suspeita, duvidosa, aconselhando a máximas precauções e redobrados cuidados.

Falar de compadrio hoje, destila logo uns fumos de corrupção, uma suspeita de cunha ou de favor ou mesmo de fácil conluio. Os compadres hoje, dando-se ares de “padrinhos”, não se coíbem a prestarem favores com a maior das facilidades, utilizando para isso uma teia ainda mais alargada, em que qualquer um serve, desde que os meios justifiquem os fins.

Aprendemos rapidamente que com a crise de justiça que se vive actualmente em Portugal, nem vale a pena recorrermos a ela, pelo que estamos sujeitos a arbitrariedades de toda a ordem.

Na própria cultura portuguesa, está instituído o favor e a reverência, cozinhado outrora por meia dúzia de senhores a quem os outros reverenciavam, mas que hoje todos cultivam e salve-se quem poder...

Curiosamente hoje qualquer um vive acima da ética, de tal forma que se sente a todo o momento a sua falta, na vizinhança, nas comunidades, na família, nos ambientes de trabalho, onde uma moral desprovida de ética, absurda, paradoxal, bizarra, foi criada e é cada vez mais nítida.

Para mim isto ficou muito claro, em muitíssimas experiências que há já algum tempo tenho vivido. Quem sabe um dia vou vislumbrar viver num mundo provido de moral e ética...