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Algeciras/Final da viagem


Chegados a Algeciras pelas 14h00, decidimos de imediato iniciar a viagem de regresso a casa, percorrendo durante o resto do dia, todo o caminho até Sevilha, onde pernoitámos, encetando no dia seguinte a última etapa desta viagem a Marrocos, absolutamente inesquecível.

Devo ainda acrescentar, que a descrição desta viagem, me saiu com bastante fluidez, e que um sem números de cheiros, sabores, rostos, conhecimentos, sons, tactos, medos, comportamentos e cenários, foram sendo recuperados, para surpresa minha, levando-me a concluir que afinal a minha "memória de elefante" está em forma.

Algeciras é uma cidade portuária do sul de Espanha, na província de Cádiz, comunidade autónoma da Andaluzia. Localiza-se perto da cidade Gibraltar, ligeiramente mais a norte do que Tarifa, que é a cidade mais a sul da província. Ambas as cidades estão situados no Estreito de Gibraltar e de frente para o Mediterrâneo.

O moderno porto de Algeciras é um dos mais movimentados do mundo, com bastante tráfego de e para África. Devido a esses transportes, existem bastantes hotéis e estalagens na cidade.

Foi "Portus Albus" em tempos de Roma, e seus fornos de cerâmica em "El Rinconcillo" testemunham a sua existência no séc. I da nossa era. Logo desapareceu para renascer com nome mouro, o mesmo que conserva, "Al-Yazirat Al-Jadra" (A ilha Verde), Algeciras, como hoje o pronunciamos.

Aquí nasceu Almanzor, em 939, o grande capitão do exército árabe, que levou a fronteira muçulmana até aos Pirinéus, vencendo cinquenta campanhas seguidas sem perder uma única batalha.

Alfonso XI conquistou a praça em 1342, depois de vinte meses de duro cerco, entrando triunfalmente en Algeciras no dia 28 de Março de 1344, que era domingo de ramos. Em recordação a esta festividade religiosa, o rei mandou consagrar a mesquita da cidade, dando-lhe o nome de igreja de Santa María de la Palma.

A conquista de Algeciras foi para os reis espanhóis tão importante como a conquista do Algarve para os reis portugueses. E a partir daí, uniram o nome de Algeciras à coroa, intitulando-se desde então, "Reis de Espanha e Algeciras".

No entanto, transcorridos vinte e cinco anos, novamente os mouros, capitaneados por Mohamed V de Granada, sabendo que a cidade estava desguarnecida e em represália pelo assassinato de D. Pedro I, seu aliado e amigo, atacam a grande praça de Algeciras em 1369, e poucos anos depois, pensando que não a poderiam conservar em seu poder, incendiaram-na não restando pedra sobre pedra. Assim a que foi "a praça mais importante da Andaluzia", nas palavras de Guichot, se viu convertida a um monte de ruínas fumegantes. Os seus habitantes foram para outras cidades, e aqui ficaram só alguns humildes pescadores...Só alguns restos de muralhas eram testemunho do seu passado grandioso.

A conquista de Gibraltar em 1462, por D. Alonso de Arcos, alcaide de Tarifa, fez com que Henrique IV, então reinante, concede-se diversos privilégios a fim de estimular o repovoamento da praça de Algeciras. Um destes privilégios foi a entrega aos habitantes do rochedo de Gibratar, as terras de Algeciras, e estes transformaram as ruínas da cidade em numerosas hortas, quintas e pomares.

Passou o tempo... Frente às ruínas de Algeciras, Gibraltar vive a sua plácida existência... De nada se suspeita, mas aquela pedra gigantesca irá ser separada violentamente da geografia espanhola, deixando amargurados seus habitantes. Assim, no dia 4 de Agosto de 1704, como consequência da guerra de sucessão, a esquadra anglo-holandesa ataca Gibraltar, com tal fúria, que a praça se rende ao arquiduque Carlos. Mas só umas horas depois é hasteada a bandeira inglesa, e Gibraltar fica a pertencer à rainha Ana de Inglaterra.

Os seus habitantes saem de Gibraltar, não querem viver sob o jugo estrangeiro, abandonando bens e partindo para os campos...O núcleo maior destes gibraltinos, refugia-se junto à ermida de São Roque, de onde depois nasceria a cidade com o mesmo nome. Outro grupo junta-se num oratório, que mais tarde daria lugar à povoação de Los Barrios, e outro pequeno grupo foi para o lugar da antiga Algeciras, situando-se em volta de uma ermida, propriedade da família Gálvez, a actual capela de Nossa Sra. da Europa, onde hoje é a Plaza Alta, dando assim lugar ao ressurgimento da histórica cidade.

A partir deste momento, Algeciras cresce rapidamente, seu futuro vislumbra-se venturoso, e a sua beleza cresce, confirmando uma vez mais o sobrenome de "A Cidade da Bela Baía".

Ceuta



Chegámos a Ceuta depois do almoço e fomos dar uma volta pela cidade, já sobejamente conhecida por nós, de outras anteriores visitas. Como era domingo, todas as lojas estavam fechadas, não sendo possível fazer as compras desejadas.
Ao jantar, num restaurante snack-bar, podémos ouvir nas noticias da televisão espanhola, a triste notícia do incêndio no Chiado, que tinha ocorrido naquele dia ("25 de Agosto de 1988, o incêndio na zona da Baixa em Lisboa. O fogo iniciou-se na Rua do Carmo e propagou-se à Rua Garrett. Muito do comércio tradicional da zona desapareceu, como os Armazéns do Chiado, Jerónimo Martins, Eduardo Martins e outras pequenas lojas e escritórios, alguns já centenários. Dezoito edifícios do século XVIII ficaram completamente destruídos.").
Após o jantar, decidimos ir para o porto, afim de apanhar o Ferry e passarmos para Espanha, para já pernoitarmos em Algeciras. Foi uma má decisão, uma vez que como já era noite, enganámo-nos na entrada e fomos para a zona de embarque destinada aos emigrantes marroquinos. Como as bagagens destes são em grande quantidade, têm que ser todas vistoriadas, afim de evitar a passagem de droga ou contrabando, e o embarque torna-se muito moroso, tendo os restantes turistas a possibilidade de entrar para o Ferry por outra zona de embarque mais rápida, (pura descriminação).
Como nos enganámos tivemos que passar na bicha de carros, duas noites e um dia e meio até embarcarmos com destino a Algeciras. Foi uma experiência desagradável e inesquecível, um verdadeiro pesadelo surrealista.

Ceuta é uma cidade autónoma de Espanha situada no extremo norte de Marrocos, frente a Gibraltar, que juntamente com Melilla, é um enclave espanhol há mais de 500 anos. Ambas as cidades são agora portos francos e partilham um passado semelhante.

Devido à sua localização estratégica, Ceuta conheceu uma história de conquistas militares e ocupação, que começou com os Cartagineses no século V a.C., os quais foram seguidos pelos Romanos, Vândalos, Visigodos espanhóis e Bizantinos.

Sob domínio árabe e berbere, Ceuta foi também utilizada como plataforma para invadir a Espanha, em 711, e em 1415, foi tomada pelos Portugueses sob pretexto de promoverem o Cristianismo e minarem a influência muçulmana na zona. A cidade foi reconhecida como possessão portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas (1479) e pelo Tratado de Tordesilhas (1494).

No contexto da Dinastia Filipina, Ceuta manteve a administração portuguesa, tal como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa em 1640 não aclamou o Duque de Bragança como rei de Portugal, ficando sob domínio espanhol. A situação foi oficializada em 1668 com o Tratado de Lisboa, assinado entre os dois países e que pôs fim à guerra da Restauração, no entanto, a cidade decidiu manter a sua bandeira que é composta por gomos brancos e pretos, à semelhança da da cidade de Lisboa, ostentando ao centro o escudo real da época.

Esta pequena região autónoma, com uma superfície total de 23 quilómetros quadrados, fica situada na ponta de um estreito istmo e é dominada por sete montes, incluindo o Monte Hacho, que, segundo a lenda, seria um dos dois Pilares de Hércules.

Uma das principais atracções de Ceuta é o conjunto monumental das Muralhas Reais, situado na parte mais estreita do istmo que liga a cidade ao continente africano e erguido entre os séculos XVI e XVIII. O enclave fortificado é dividido a meio por um fosso navegável que une o Atlântico ao Mediterrâneo.

Em termos de património edificado, a cidade conserva inúmeros vestígios da ocupação portuguesa. Além de restos das fortificações que compunham a Praça-forte (alguns troços das antigas muralhas, do fosso e um baluarte sobre a praia), destacam-se as antigas igrejas de Nossa Senhora da Assunção (hoje uma mesquita), de Santa Maria de África, do Espírito Santo, de São Sebastião, de Santo António, o edifício do antigo Convento de Nossa Senhora do Socorro, entre outros.

Outros locais de interesse histórico são as Muralhas Merínidas (construídas pelos emires da dinastia merínida entre 1307 e 1310 e que incluem as torres gémeas que marcam a monumental Porta de Fez), a Catedral (originalmente erguida pelos portugueses e reconstruída no século XVII), o Castelo do Desnarigado (uma fortaleza dos séculos X ao XVI) e as ruínas dos Banhos Árabes, do século XIII, entre muitos outros monumentos, igrejas e museus que merecem ser admirados.

Em termos de lazer, o Parque Marítimo do Mediterrâneo, no centro da cidade, com os seus lagos de água salgada, quedas de água, fontes e zonas de recreio rodeadas de palmeiras, é também muito apreciado pelos visitantes.

As compras representam outra das grandes atracções turísticas, pois a maioria dos produtos são livres de impostos e a oferta é supreendentemente diversificada, desde os bazares com artesanato típico e produtos alimentares exóticos, à electrónica, roupas de alta costura, perfumes e jóias.

A gastronomia local reflecte a mestiçagem cultural de Ceuta e oferece aos visitantes, magnífico peixe e mariscos frescos, as típicas tapas espanholas, não faltando também os pratos tradicionais árabes.

Ligação Tetouan - Ceuta



O caminho que nos leva de Tetuan até Ceuta, é feito de contrastes: povoações tipicamente marroquinas e grandes urbanizações junto ao mar do género ocidental, claramente destinadas apenas a turistas endinheirados. Nestes 38 Km percorridos junto ao litoral, pode encontrar-se tudo, pastores e seus rebanhos, vendedores ambulantes, camelos e seus donos preparados para a fotografia com os turistas e até caminhantes apressados. Esta estrada que se situa numa espécie de planalto, dá-nos uma panorâmica excelente do litoral mediterrânico, bem como a possibilidade de avistar a Europa, se estiver tempo límpido, uma vez que o Estreito de Gibraltar, tem aqui a sua zona de maior proximidade entre África e a Europa.
O Estreito de Gibraltar é uma importante rota de transporte marítimo do Mediterrâneo para o Atlântico. Este Estreito, cuja profundidade varia entre 300 e 900 metros, faz a real fronteira entre África e a Europa, que na antiguidade eram conhecidas como os Pilares ou Colunas de Hércules. A largura mínima é de 14,4 km, entre Punta de Oliveros em Espanha e Punta Cires em Marrocos.
O Estreito de Gibraltar, assim como o rochedo de Gibraltar, deve seu nome ao general árabe djebel Tarik, de Tariq ibn Ziyad e sua família, que em 711 atravessou o estreito para se estabelecer na Espanha visigótica. Foi a primeira incursão muçulmana na Península Ibérica.

Tetouan, a Pomba Branca



Chegámos a Tetouan já era noite serrada. A procura de hotel para pernoitar foi problemática, uma vez que o número de emigrantes marroquinos em viagem de regresso de férias para a Europa, era elevado. Depois de irmos a inúmeros hotéis, que estavam completos, e com a ajuda de um simpático habitante local, lá encontrámos uma pensão que tinha ainda quartos. Foi talvez o sitio menos simpático onde alguma vez dormimos. As portas não tinham chave nem trinco e ficou aberta toda a noite. Nos corredores cruzávamos com gente muito mal encarada, enfim de arrepiar. Uma aventura total!... No entanto a noite, sem que o esperássemos, passou sem qualquer inquietação, em absoluta paz, e mais uma vez constatámos que Marrocos era um país seguro.
Tetouan ("olhos" na língua berbere) é a capital da região de Tanger-Tétouan, no norte de Marrocos, ligeiramente a sul do Estreito de Gibraltar, e a 60 km de Tânger. Em 2004, a população da cidade era de 320.539 habitantes, dos quais cerca de um quinto são judeus.

Também conhecida por "A pomba branca", é um ponto de encontro de muitos povos, culturas e religiões, Tetouan é uma cidade acolhedora, uma mistura de culturas e cores, que corre ao lado do Mediterrâneo. "Pomba Branca" para os poetas árabes, "Pequena Jerusalém" para os outros, Tetouan, uma cidade que não deixa ninguém indiferente. Única na sua diversidade de origens, quer nos seus fundadores, quer nos seus actuais habitantes. Mudéjares, Mouros, judeus sefarditas da Península Ibérica e árabes.

A capital do Norte de Marrocos, Tetouan está situada no meio de arvoredo. Uma cintura de pomares, plantados com laranjeiras, amendoeiras, romãzeiras e ciprestes, misturam-se com casas brancas que se agarram à encosta. Perto, as sombrias montanhas do rift a enfatizar com agradáveis cores o sítio urbano que domina o vale fértil de Martil.

O seu Kasbah, as suas pequenas casas e palácios (com pátios, fontes e jardins), os seus minaretes, mausoléus e seus terraços. Ela tem preservado, ao longo do tempo a alma andaluza e o corpo mouro, o que a torna a mais Hispano-árabe de todas as cidades marroquinas.

Fundada em 1305, a muralha de Merinid Abou Tabit, serviu de base para operações militares contra as invasões a Ceuta e mais tarde tornou-se um refugio de piratas. Foi mais tarde invadida por espanhóis que a ocuparam por um longo período, e quando a não conseguiram conservar, destruíram-na. No entanto, a vila foi repovoada no séc. XVI, pelos muçulmanos que lá se fixaram e os judeus que tinham sido perseguidos desde a Andaluzia e que aqui de fixaram.

A cidade prosperou sob o reinado de Moulay Ismail. Tal como Rabat e Fez, Tetouan é uma cidade "hedrya", isto é, um centro de cultura e requinte. As ruas entre as paredes brancas e azuladas desembocam em pequenas praças, que se transformam em centros de intensa actividade.

Tetouan tem souks espalhados ao redor da Medina, muitos deles situados em zonas demarcadas. Os alimentos são vendidos no entanto em zonas diferentes, não ocupando o seu próprio espaço, e sim vendidos nas ruas. Todos os tipos de frutas e legumes e também peixe fresco, podem ser comprados ali, no início da manhã . De madrugada chegam mulheres para vender os seus produtos. Envoltas em impermeáveis e calçando polainas até ao joelho, ou usando roupas coloridas às riscas, feitas com tecidos berberes e chapéus de palha decorados com pompons, elas oferecem a manteiga, o mel, produtos hortícolas e plantas aromáticas, a uma animada clientela.

O Suuq al-Houts está na zona direita da Medina e o Suuq ar-Bab Rouah, próximo da Praça Hassan II, e é tão charmoso como é pequeno. Tetouan tem uma determinada especialidade de tecidos de algodão riscado, conhecida como fouta, que tem uma grande variedade de padrões. Nas ruas, é visto na indumentária comum, quer em homens, quer em mulheres, como por exemplo um tipo de saia usada pelas mulheres berberes das aldeias. Mas em casa, é utilizado para decoração.

No Guersa al-Kebira, mercado de objectos usados, onde se pode vender tudo em ferro e aço e também camas, cuja simples presença é absolutamente impressionante, uma vez que as ruas que circundam a área deste mercado, são tão estreitas e curvas que em muitos pontos a passagem de uma cama de dois metros, parece impossível.

Tetouan merece a sua reputação como um centro cultural, tem muitos monumentos: Uma fortificação bem preservada, uma série de mesquitas e fontes, e por último mas não menos importante, o antigo palácio do Khalifa, que é agora uma das residências de Sua Majestade o rei de Marrocos. O palácio foi construído no século XVII, mas foi renovado e restaurado em 1948 de modo a que mantivesse o seu carácter, sendo um exemplo ideal da arquitectura hispano-árabe.

A praça Hassan II, situada no ponto onde o antigo e o moderno da cidade convergem, é o coração da cidade. Reminiscência da Andaluzia com seus quiosques, fontes e bancas de flores, a praça continua a ser um ponto de encontro ideal para o final da tarde. Os edifícios com varandas em ferro forjado e vitrinas preenchidas com mercadorias importadas, fascinam as multidões de transeuntes. A Medina de Tetuan está classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1997.

Dois museus, um conservatório de água, uma Academia de Belas Artes e uma Escola de Arte marroquinas estão entre os estabelecimentos culturais que Tetouan. Ainda assim, o melhor e mais fascinante na visita a esta bela cidade, continuam a ser as suas vielas, que por vezes mergulham sob grandes arcadas, apenas para reaparecer numa pequena praça ou mesmo conduzir a um beco sem saída.

Cada rua é ocupada por um tipo de comércio. A rua dos tintureiros que, não é muito longe da dos tecelões e joalheiros. Os fabricantes de objectos de couro estão mais próximas dos curtumes e de outras oficinas de artesanato. Tetouan detém muitas vivências e maravilhas, mantendo a venerável tradição, e um modo de vida, que a torna uma cidade única.

Tetouan traça as suas origens desde o séc. III a.C., sendo de início um simples assentamento chamado Tamouda que existiu até 42 a.C., quando foi destruída pelos exércitos romanos. Quando o sultão Merinid Abu Thabit, mandou construir um Kasbah em Tetouan, em 1307, a cidade muçulmana começou a encontrar a sua forma. No entanto, era um refúgio para os piratas e Tetouan chamou a ira do castelhano, rei Henrique III, cujas forças conquistaram a cidade em 1399.

Um século depois, Tetouan entrou num período de declínio, até ficar sob a protecção da Andaluzia, por influência de refugiados vindos de Granada. A partir de 1484, a cidade teve um grande desenvolvimento de carácter cultural e arquitectónico de influência espanhola e também muçulmana, que até hoje perduram. Em 1913 passou a ser a capital do protectorado da Espanha até à independência do território em 1956.

Localizada numa área agrícola, Tetouan é hoje um mercado moderno e o centro de toda a área agrícola envolvente, onde cereais, citrinos, animais e artesanato são comercializados. Além disso, uma grande variedade de produtos são fabricados em redor da cidade, incluindo tabaco, sabão, jogos, materiais de construção e têxteis. As principais indústrias da cidade são as de conservas de peixe e o artesanato.

O caminho até Tetouan



Saímos depois do almoço de Meknès, com o intuito de fazermos o maior número de quilómetros possíveis. Após 45Km de estrada percorrida em planalto (até Sidi Kacem), com temperaturas um pouco mais baixas que nos dias anteriores, talvez por já estarmos mais perto do litoral, avistámos a cidade Sidi Kacem.

Sidi Kacem é uma cidade de média dimensão do Noroeste de Marrocos. Os seus habitantes, os "Kacemis" são cerca de 74.062 (segundo o censo 2004). Situada entre as cidades de Meknes (45 km), Tanger (210 km), Fez (85 km) e Rabat (120 km), perto do rio Rdom, a partir do qual se estende a grande e fértil planície do Gharb ("Gharb" em árabe significa o Ocidente).

Fazendo parte da "província de Sidi Kacem" (região do Gharb-Chrarda-Beni Hssen) mais conhecida por "Chrardas", a cidade é um centro de recolha de grão, produzido nas montanhas a leste e a norte. A cidade também é um mercado activo, do Sudeste de Marrocos, devido aos produtos da rica planície do Gharb, como os citrinos, o azeite, o algodão, a beterraba e o arroz. Estes produtos são escoados para o resto do país, através da estação e linha de caminho de ferro que serve a cidade e os seus arredores.

A cidade tem dois grandes Souks (mercados), o de quinta-feira, na cidade e os novos Souks (desde 1978) no domingo, na estrada para Fez a norte da cidade. Tem também um festival anual de gado, com várias espécies e ainda cavalos árabes. A cidade foi fundada em duas fases, que deram origem a duas zonas distintas e separadas, a Zaouia que é o centro da cidade e o seu souk al-Khmis.

A história da cidade teve início a partir de 1699, quando se formou o primeiro núcleo habitacional, reforçado pela chegada de Mouay Ismail, que procedeu à construção do Kasbah para aqui instalar soldados numa espécie de quartel militar (Aabid el boukhari), na porta Bab tissra, para a passagem do sultão Moulay Ismail que pretendia visitar as regiões setentrionais do país. O quartel aqui ficou a partir dai e a cidade de Sidi Kacem passou a desempenhar uma tripla função: Económica, Religiosa e Militar.
A paragem seguinte, já ao cair da tarde, foi Souk El Arba du Raharb, que apesar de ser pouco mais do que o seu nome indica (quarta-feira, Mercado da planície), pois não passa de uma estrada onde se estende um mercado de barracas, com grill-cafés e alguns hotéis. A cidade não é um lugar muito atraente para se parar mas foi aqui que o apetite se fez notar, uma vez que cheirava a frangos assados, com qualquer especiaria que aguçava a fome.
Em Souk El Arba Du Rharb há a oportunidade de visitar Bassorá, o retiro de verão de Idriss II, o sultão que criou a cidade de Fez. Para se lá chegar, ruma-se a Ksar El Kebir, virando à direita e depois a cerca de 9 km vira-se no sentido de Ouezzane, depois de 12 km, chega-se a uma aldeia com as ruínas de Bassorá permanentes sobre colinas. As paredes desta cidade foram demolidas no século XVI, mas ainda podem ser observadas algumas, juntamente com os portões da cidade. Agora é um agradável miradouro e um óptimo lugar para um piquenique.
Novamente a caminho, passámos por Ksar El Kebir, local onde terá ocorrido a batalha de Alcácer Quibir, (onde desapareceu o jovem rei português D. Sebastião), como ficou conhecida no mundo ocidental, ou a batalha dos Três Reis, nome recebido entre os que professam a fé islâmica, (para os muçulmanos foi uma batalha vitoriosa, embora também tenha significado a perda igualmente misteriosa dos dois soberanos islâmicos envolvidos), sendo objecto de inúmeras histórias e narrativas tão espectaculares quanto trágicas e misteriosas.
Antes de chegarmos ao destino desse dia, Tetouan, passámos pela cidade de Larache, junto ao litoral (costa atlântica), onde se parou para beber um chá de menta, (bebida nacional marroquina).
Sobre ela pode ler-se numa crónica da época da batalha de Alcácer Quibir, ..."A cidade é sobre o oceano, em lugar alto e montanhoso, a quatro léguas de distância de Arzila. O rio Lucus depois de cingir os muros de Alcácer Quibir, vem desembocar perto dela, formando uma enseada com suficiente capacidade para fundo das maiores galés. Proporcionando aos corsários turcos e mouros, um refúgio onde os navios podiam dormir seguros ao abrigo dos ventos e das marés, ali se acolhiam apesar da boca da barra ser estreita, e com todo o tempo invernavam zombando das tormentas"..."Diante de Larache dilata-se a extensa campina chamada Adarga, cortada a norte pelo rio Mucassin, o qual se confunde com o Lucus uma légua acima da cidade, dando o nome a ambos"..."Deste porto mais favorecido pela natureza, do que protegido pelas fortificações costumavam os infiéis assaltar as terras marítimas da Andaluzia e do Algarve, semeando o terror por todos os lugares...".

Meknès









Meknès é também uma cidade Imperial do norte de Marrocos, capital da província homónima, situada numa fértil planície ao norte do médio Atlas. Embora não tivéssemos tempo para visitar a cidade de forma mais pormenorizada, conforme queríamos, uma vez que as férias estavam a acabar, resolvemos dar umas voltas, que nos dariam, pelo menos uma ideia geral da cidade. Assim, ficam aqui algumas impressões relativamente ao que vimos e li sobre ela.

Na sua produção industrial, predominam a industria alimentar - transformação de frutas e verduras, a elaboração de azeite de palma, as fundições de metal, as destilarias, a elaboração de cimento e o artesanato (tapetes e lã).

A agricultura nesta região, dedica-se ao cultivo de cereais e frutas. A cidade está rodeada por uma tripla fila de muralhas que abriga o palácio do sultão e uma cidadela Almóadas.
Ao norte, encontram-se as ruínas romanas de Volúbilis e a cidade santa de Moulay-Idriss, fundada em 788 d.C.

Meknès foi construída há mais de 350 anos e continua a abrigar mesquitas, palácios, e jardins. A cidade histórica é rodeada por uma enorme muralha, de 40km de ameias e torres. Meknès já foi a antiga capital de Marrocos. Uma das principais atracções é o Palácio de Dar El Kebira, mandado construir pelo sultão Moulay Ismail no séc. XVII.
A visita à cidade deve começar fora da Medina, na Ville Nouvelle, onde estão localizados os hotéis e restaurantes, circulando-se para se verem as grandes muralhas e suas portas de entrada na Medina, as "babs".

O Palácio Real, com seus estábulos imensos e bonitos, que segundo os guias abrigava 12.000 cavalos e todas as infra-estruturas para os cavaleiros, tratadores, inclusive os silos para os alimentos secos e palhas, o reservatório de água com um mecanismo engenhoso para alimentar de água, tanto o palácio quanto a "Medina", além dos jardins suspensos com oliveiras.

A Mesquita, com interior ricamente ornado, é uma das poucas visitáveis por não muçulmanos.

O Mausoléu de Moulay Ismail, sultão marroquino que reinou de 1672 e 1727, teve 500 esposas, 548 filhos e 340 filhas. Ele ordenou que os palácios em Fez e Marrakech fossem destruídos para que nenhuma cidade fosse mais bonita que Meknés, escolhida por ele para sua capital. Considerado um tirano, Ismail reinou durante 55 anos e é apontado como responsável pela morte de 30 mil pessoas.

O Aquedal, imenso reservatório de água, foi construído apenas para regar os jardins reais e divertir suas 500 esposas. Por essas realizações, este sultão é venerado na cidade, como seu rei eterno. Mulheres muçulmanas passam o dia a rezar no mausoléu, onde estão depositadas as suas cinzas.

Em Meknès tal como em Fez, existem muitos artesãos de primeira, que se dedicam à arte decorativa marroquina: São uma beleza..., a carpintaria, os mosaicos cerâmicos decorativos com desenhos geométricos e composições impressionantes, o estuque (a caligrafia cursiva com versos do Corão em árabe escrito nas paredes) e as delicadas filigranas sobre metal. Um choque visual exótico, belo e inesquecível. Espero um dia lá voltar...

A Bela Cidade de Fez


Fez. a mais antiga das cidades imperiais, é um dos mais importantes centros religiosos e de irradiação da cultura islâmica. É uma cidade do centro-norte de Marrocos, com cerca de 950 mil habitantes (sen. 2004) e foi fundada em 808 d.C, tendo sido a capital de Marrocos durante vários períodos da sua história.

É o centro intelectual e espiritual do país, e a mais antiga cidade do reino de Marrocos. Mantendo a fisionomia do Islão Medieval, é uma cidade, que sofreu poucas alterações através dos tempos, conservando dentro das suas muralhas, os tesouros artísticos da milenária monarquia. Durante a sua história, a cidade teve longos períodos de grandes dificuldades, mas sobreviveu a todos eles, tendo hoje a sua própria cultura e o seu orgulho.

A cidade de Fez, foi fundada pelos merínidas, (berberes que se destacaram como grandes construtores), em 789 d.C, num lugar entre as montanhas, junto ao rio. Os merínidas foram uma dinastia berbere que reinou em Marrocos, após a queda dos almóadas entre os séculos XIII e XV. A dinastia teve as suas origens nos berberes zenatas, aliados tradicionais dos omíadas de Córdova. Em 1248 o chefe da tribo, Abu Yahya, conquistou a cidade de Fez e nos dez anos que se seguiram conquistou todo o Marrocos, com excepção de Marrakech, tomada em 1269 pelo seu irmão e sucessor, Abu Yusuf.

A visita a Fez é uma aventura que se renova a cada esquina e que atinge o seu ponto mais alto, com a visita à Medina, que possui no emaranhado de ruelas com o seu comércio, toda a fisionomia de uma cidade medieval.
Na verdade a Medina de Fez el-Bali é ainda uma cidade medieval, das maiores do mundo, com as características mais evidentes daquelas cidades, as muralhas que a circundam e os enormes portões para acesso ao seu interior. As portas e muros que cercam a cidade, suas mais de 9.000 de ruelas e seu souk fazem desta cidade, uma das melhores atracções de todo o Marrocos, onde se encontra a Medersa Bou Inania, uma universidade de Teologia construída em 1350, a mais antiga do mundo árabe-islâmico.
O passeio pelas suas estreitas ruas, ao encontro das Mesquitas Mulay Idriss e Karaouyine, as escolas do Corão, a Fonte Nejjarin e os Souks, com inúmeras oficinas da artesanato e as tannereis - indústrias de curtumes, são alguns dos atractivos desta cidade fascinante.
Para visitar um curtume, os visitantes andam por ruelas estreitas, sinuosas, labirínticas do Souk e vão sendo transportados a um mundo medieval que pouco mudou desde então. No Souk de Fez todos os sentidos são exigidos, sem exagero... Até o olfacto, além da audição, visão, paladar e tacto, são exigidos, ora discreta, ora exasperadamente. É o que acontece quando se entra num curtume de tingimento de couro.

Os visitantes passam por uma estreitíssima passagem, através de uma construção, como se fosse um túnel, e repentinamente vêmo-nos num espaço amplo e aberto, ao ar livre. Um cheiro fortíssimo, misto de esterco de galinha curtido, ácido sulfúrico, amónia e couro de animais recém sacrificados, invade o ambiente e queima as narinas.

Subindo por escadinhas estreitas o visitante alcança uma laje, um dos terraços das construções vizinhas que circundam o curtume e que permitem uma visão aérea impressionante e completa, do processo de curtume e tingimento. Alguns não suportam o cheiro e providencialmente, os guias distribuem ramos de arruda ou menta que as pessoas esfregam na ponta dos dedos, macerando as folhas e liberando o odor natural, que levam ao nariz tentando adocicar o forte odor de amónia-esterco-couro-ácido.

Sobre lombos de burros, pilhas de peles de carneiro recém abatidos, ainda com suas cabeças e cornos, são retirados para o início do processo. É uma visão exótica, marcante, estranha e impressionante... Homens sentados nas bordas dos tanques trabalham no processo lavar, amaciar, desengordurar, tirar os pelos e tingir os couros. Cada tanque tem quase dois metros de diâmetro e cheios até a metade de diferentes misturas, sejam líquidos escuros ou massas brancas pastosas.

Finalmente, os couros ficam num banho de tinta por vários dias antes de serem postos a secar ao sol. E o resultado disso?... Além de belo artesanato em couro que se pode comprar ali mesmo, adiante no souk, é sem dúvida uma lembrança absolutamente inesquecível!
A Dança do Véu, do Ventre ou ainda Dança Oriental, é muito praticada em Fez, e quase todos os hoteis oferecem aos seus hospedes espectáculos desta dança. É uma das formas mais antigas de expressão artística dos povos árabes, nasceu dos rituais religiosos primitivos e espalhou-se pelo mundo com a ajuda de viajantes, mercadores e nómadas. Sofreu variadíssimas influências e acumulou em cada região, diferentes interpretações e significados. Hoje a Dança do Véu apresenta-se como um caminho para despertar o corpo, a mente e a alma, numa expressão pessoal de sensibilidade, beleza e harmonia que se reflecte em cada corpo que dança, e é uma forma de demonstrar o seu folclore na cidade de Fez. A não perder.
As temperaturas em Fez rodavam os 45º a 50ºC, e durante a nossa estadia na cidade, quase não consegui ingerir qualquer alimento, uma vez que a desidratação provocada pelo calor excessivo, só me fazia beber água. As águas minerais marroquinas, não são insípidas, tendo um sabor acentuado a terra, o que dificultou a situação, fazendo deste episódio o único que recordo com alguma insatisfação.

O caminho de Fez

O caminho para Fez, foi feito sob um sol abrasador, com temperaturas a rondar os 45ºC. A viagem iniciou-se percorrendo todo o planalto de Tadla, até avistarmos Beni Mellal, um dos principais centros agrícolas do país.

Beni Mellal situada no sopé do monte Tassemit (2247m), é uma cidade agrícola, com muralhas que datam de 1688, e em redor destas estendem-se olivais e pomares de laranjeiras que se prolongam até ao monte onde se encontra uma pequena fortaleza sobranceira, da qual se desfruta de uma belíssima vista sobre a cidade e o planalto Tadla.

É uma cidade que nasceu da fusão de duas pequenas aldeias antigas, Soumaa e Zawiya, e onde nasceu Ibn Zayyat Tadili, o maior biógrafo do misticismo marroquino.

Considerada como uma das mais importantes cidades do centro de Marrocos, Beni Mellal, é também uma cidade histórica. Seu Kasbah, Bel Kush, construído no séc. XVII por Moulay Ismail, foi restaurado no século XIX.

Pela sua situação, a cerca de 45Km de Marrakech e também devido ao seu potencial agrícola, esta região tornou-se um íman para os amantes do turismo de montanha e de aventura.

Azrou, aldeia berbere e um conhecido centro de artesanato, foi a paragem seguinte, uma vez que o calor insuportável fez com que a água do depósito do nosso carro a gasóleo, entrasse em ebulição, bem como o da gasolina do carro dos nossos acompanhantes. Esta paragem obrigatória foi pretexto para um lanche ajantarado, num restaurante à beira da estrada, onde um prato de ensopado de borrego, nos deixou demasiado saciados.

Azrou é uma simpática aldeia situada 89 km ao sul de Fez. É um bom lugar para parar e descansar. Azrou tem uma antiga tradição na indústria de tecelagem, uma vez que era um antigo mercado do povo nómada. Tecidos, tapetes e cobertores podem ser encontrados nas vendas de artesanato locais. A cidade é famosa pelas telhas de cor verde nos telhados.

A região é excepcionalmente bela. As florestas de cedros, com muitos macacos, o cone vulcânico Jbel Hebri, que fica a cerca de 15 Km, e o mirante d'Ito, nas proximidades, de onde se pode desfrutar uma vista magnífica sobre as montanhas, são lugares a não perder.

A paragem seguinte, e já ao cair da tarde, foi Ifrane. Ifrane é uma estação de esqui no meio da cordilheira do Atlas. A palavra Ifrane significa caverna, numa das línguas berberes. Ifrane é uma agradável e interessante cidade pseudo-alpina, com moradias com telhados inclinados próprios de zonas de neves intensas.

Desenvolvida pelos franceses durante a sua administração, a partir de 1929, é provavelmente uma das cidades mais limpas, em Marrocos. Devido a seu agradável clima, esta cidade tem um aspecto notavelmente europeu, como se fosse uma aldeia alpina. Por causa de sua elevação, a cidade experimenta neve durante os meses de Inverno, e um clima fresco durante o verão.

Em Ifrane também foi registrada a temperatura mais baixa de África, -23 °C, em 1935. Lá podem ser encontrados, o macaco de barbary, o urso, e o tigre-da-neve, alces e raposas, e ainda uma fauna exuberante. Possui bosques semelhantes aos europeus e cerejeiras, típicas das regiões de clima frio.

A cidade também tem uma casa de verão do rei do Marrocos, a Universidade Al-Akhawayan e uma universidade privada de língua inglesa. É uma cidade poliglota e cheia de vida, com turismo todo o ano, de idosos, estudantes estrangeiros, franceses e muitos americanos.

O seu clima, a sua natureza selvagem, as águas límpidas de montanha e as quedas de água, permitem que os visitantes, sejam eles caminhantes, ciclistas, pescadores ou escaladores, tenham um mundo de opções para o desafio e a aventura.

Marrakech


Com mesquitas e minaretes protegidas por antigas muralhas de cor ocre, instaladas num imenso oásis verdejante, com os picos nevados da Cordilheira do Atlas, ao fundo, Marrakech é a cidade das mil e uma noites, um lugar mítico e místico, um ponto de encontro de exploradores e de sensações insólitas e deslumbrantes.

Marrakech fica situada a 453 m de altitude. Cidade imperial e capital do Sul, é rodeada por um vasto palmar (oásis de palmeiras), o mais setentrional de Marrocos, e fica num importante entroncamento no sopé do Alto Atlas, num pano de fundo semelhante aos Himalaias, 220 km a sul de Casablanca. É conhecida como a "cidade vermelha", a "pérola do sul" ou ainda a "porta do sul".
Marrakech é a segunda maior cidade do Marrocos, após Casablanca, e era conhecida pelos antigos viajantes como "Cidade de Marrocos". A cidade é o ponto de encontro das culturas berbere, africana e árabe, numa fascinante mescla de cores, sons e actividades, aqui se confunde o medieval com o que há de mais moderno; é um enorme centro de artesanato, e o destino preferido por todos os visitantes. Os souks que se espalham pela Medina possuem vendedores que vêem de todos os cantos do sul do país.

Cidade de uma beleza indescritível, a que Winston Churchill chamou "Paris do Deserto", prende os visitantes pelo esplendor dos seus palácios e jardins, misturados com a atmosfera do Marrocos tradicional, o que lhe dá uma cor e um fascínio surpreendentes. "Primeiro estranha-se, depois entranha-se" - referiu Fernando Pessoa no seu caderno de viagens, com a impressão que teve de Marrakech. Uma vez entranhada, pode-se respirar o seu ar de surpresas, repleto de sabores intensos, cores frenéticas e sons vibrantes. Marrakech é realmente camaleónica, ao estilo das grandes metrópoles cosmopolitas, como Nova Iorque ou Paris.

A história de Marrakech começou em finais do século X. Na época, a medina era o único bairro da cidade. Durante séculos, Marrakech converteu-se numa residência luxuosa, e com o passar do tempo, numa cidade majestosa e brilhante. O primeiro nome da cidade foi Marroukech ("vai-te depressa")... embora hoje em dia muitos visitantes ficassem aqui para sempre, entre os souks e as ruelas sombrias, bebendo chá de erva doce.
Nos tempos da dinastia almohade, Marrakech foi a cidade mais importante do ocidente muçulmano, a capital do Império do Magreb. Prosperava sobretudo graças ao lucrativo comércio trans-sahariano, que conseguiu permanecer como tal, graças à sua localização estratégica no centro interior do país, numa depressão entre a costa atlântica, as montanhas do Alto Atlas e duas cidades principais de negócios (Casablanca e Rabat).
Antes da chegada dos almorávidas, no século XI, a região era governada a partir da cidade de Aghmat. Quando decidiu erguer uma nova capital, o chefe almorávida, Abu Becre ibn Omar, escolheu construí-la na planície, em local neutro entre o território de duas tribos que competiam pela honra de receber a nova cidade. Os trabalhos começaram em Maio de 1070, mas Abu Becre foi chamado a acabar com uma revolta no Sahara, em Janeiro de 1071, de maneira que Marrakech foi terminada pelo seu substituto e futuro sucessor, Iuçufe ibn Tachfin. O apogeu da cidade deu-se sob a direcção de Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur, terceiro sultão almohade, que iniciou a construção da mesquita de Kutubia e de um novo kasbah.

Hoje possui um vastíssimo Kasbah, e a exótica Praça de Djemaa el Fna, fervilha de animação: músicos, vendedores de bebidas, encantadores de serpentes, saltimbancos, cartomantes, acrobatas, contadores de histórias... Nos bazares, artífices fabricam artesanato. Existem vendedores de laranjas e do seu sumo, de especiarias, de frutos, de nozes e outros frutos secos, de ervas raras, de amuletos, aguadeiros (vendedores de água)…; ao entardecer a confusão ainda aumenta mais, para se comer à noite, bolo de batata, couscous e espetadas.

As muralhas da cidade, do séc. XII, com as suas nove portas, com 19 km de perímetro e 202 torreões, de fortes tons rosados, e com o minarete da Mesquita Koutoubia, de 70 m de altura, séc.XII, a porta Bab Aguenaou, contemporânea da Koutoubia, vizinha da porta Bab er Rob, sendo a primeira, um belo exemplo da porta monumental almóada.

Nas fábricas de curtumes do souk, vemos os gestos ancestrais dos curtidores de peles, onde há séculos nada muda... Por entre as peles estendidas ao sol, sobre palha, perto das vasilhas, os artesãos utilizam em permanência, o açafrão para obter o amarelo, a papoila para o vermelho, o indigo para o azul e o antimónio para o preto... Tendo aqui um olhar indispensável sobre o passado.

A viagem de caleche pelo palmeiral, embalados pelo trote vigoroso do cavalo; sentindo a brisa que corre ligeira; admirando as palmeiras que se desenham, abraçando o céu; dando a volta ao palmeiral, ao pôr-do-sol, é momento a não perder.

O Mausoléu do Soberano e a universidade religiosa de Ben Youssef, que é a maior do Maghreb, (séc.XVI); a mesquita El-Mansour, séc. XII, com seu grande minarete. À direita da mesquita, uma rua estreita conduz à entrada dos túmulos Sádidas, pequeno cemitério com esplêndidos mausoléus, onde repousam os membros desta dinastia, que foram construídos no séc.XVI.

A El Badia foi edificada no final do séc. XVI, encontrando-se hoje em ruínas. No interior deste palácio existe um laranjal. O Parque Ménara (a cerca de 2 km para oeste de Bab Jdid), enorme reservatório de água do séc. XII (que servia para regar um extenso laranjal, e que está aberto todos os dias até ao pôr-do-sol), onde o rei se passeava num barco que lá afundou; a mansão de Yves Saint Laurent com o seu soberbo jardim, (onde recentemente, depois da sua morte, foram lançadas as suas cinzas), e ainda muito, muito mais para ver da cidade mais pitoresca e procurada de Marrocos…

A caminho de Marrakech


A nossa 8ª etapa, tinha como rumo a cidade de Marrakech. Ao sairmos de Marrakech, Seguimos a estrada da mesquita, junto ao mar, e a poucos quilómetros de Casablanca, situa-se a estância balnear de Ain- Diab, próxima de uma ponta de onde se observa uma bela vista sobre o oceano e a costa, com uma praia de 3 km. Aqui próximo fica o marabout, muito frequentado, de Sidi-Abd-er-Rahmane, e assente num pitoresco rochedo acessível apenas na maré baixa. Regressámos à estrada S 114, e a partir daqui o percurso tornou-se monótono e muito rápido, sobre boas estradas até Berrechid, e depois ascendendo ligeiramente até Settat, a 361 m de altitude. Berrechid, a primeira cidade que encontrámos no caminho é uma cidade industrial, que fica a 30 km ao sul de Casablanca.
A cidade seguinte, Settat, é uma cidade situada na região centro-norte de Marrocos com cerca de 120000 habitantes, sobre a Chaouia, planície costeira, e que fica a cerca de 57 km de Casablanca.Settat foi a maior zona de paisagem agrícola, vista por nós. É uma zona onde se produz muito algodão, o que deu origem a uma excelente indústria de produção de tecidos e roupas de algodão. Settat está bem conectada com outros centros urbanos através do transporte ferroviário e rodoviário, em especial com as cidades de Casablanca e Marrakech, o que facilita o escoamento das suas produções. É uma das cidades mais ricas de Marrocos, o que se reflecte na sua atraente arquitectura e na existência de uma universidade.

Marrocos é um país predominantemente agrícola, e mais de metade da população vive do cultivo da terra. Nas montanhas criam-se grandes rebanhos de gado ovino e caprino. Apesar de tudo, profundas diferenças separam os níveis de vida da população e existe muita pobreza. A maioria dos agricultores possui apenas uma pequena parcela de terra do qual extrai o sustento para si e para os seus familiares.

Casablanca, uma Cidade Cosmopolita







Casablanca (Dhar-al-Bayda) é a maior cidade de Marrocos, na costa atlântica do país. Tem cerca de 3,7 milhões de habitantes e é o maior porto e o maior centro industrial e comercial de Marrocos. Símbolo da hospitalidade marroquina, é a capital económica do país e um dos portos mais activos de África. Casablanca parece mais uma cidade comum da Europa, do que uma cidade Árabe, contudo, mantém as características que a tornaram uma das cidades mais apreciadas do reino de Marrocos.
A cidade possui uma praça principal, da qual irradiam todas as avenidas. Na generalidade, os edifícios constituem uma versão francesa da arquitectura árabe-andaluza, brancos com linhas simples, sendo de especial interesse a área da Praça das Nações Unidas, onde se localizam as maiores infra-estruturas. Dinâmica e próspera, alberga toda uma miscelânea de culturas, conjugando tradição e modernidade, proporciona um ambiente único e especial, seduzindo irresistivelmente os forasteiros.

Mais conhecida mundialmente, pelo famoso filme «Casablanca», contudo, não deixa de ter laços íntimos com os Portugueses. Conquistada por estes, em 1468 e 1515, a então cidade conhecida pelo nome de Anfa, foi destruída também pelos portugueses em 1468, que em 1515 fundaram a actual cidade com o nome de Casa Branca. A cidade foi definitivamente anexada ao reino de Marrocos no século XVIII, passando-se a chamar-se Dhar Bayda (tradução literal de Casa Branca).

Destruída novamente pelo terramoto de 1755, foi reconstruída pelo sultão de Marrocos em 1757. Nessa época instalaram-se na cidade muitos mercadores espanhóis passando Casa Branca a ser conhecida como Casablanca. Foi ocupada em 1907, pelos franceses que promoveram o seu desenvolvimento.

A crescente actividade mercantil atraiu um grande número de comerciantes e artesãos que se instalam na Medina Velha - um mundo que vive de cores e cheiros únicos e fascinantes. No início do século XX, chegam os franceses que lhe dão um toque mais parisiense - surgem largas avenidas, ladeadas por brancos edifícios que albergam lojas e residências e servem de sede às grandes empresas acabadas de chegar a Marrocos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, em Janeiro de 1943, foi o palco de uma conferência entre o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill.

Casablanca possui um dos maiores portos artificiais do mundo, sendo um local importante de negócios e comércio. As principais indústrias são a pesqueira, a vidreira, a de mobiliário, a de materiais de construção e a do tabaco. Existem várias áreas de comércio, onde são vendidos vários tipos de produtos, nomeadamente o artesanato.

Com uma forte influência ocidental, especialmente francesa, Casablanca apresenta-se como uma cidade moderna, diferente das outras cidades do país. Aqui, o uso do véu por parte das mulheres é praticamente inexistente, sendo usado apenas por mulheres tradicionalistas ou algumas mulheres mais velhas. As jovens, além de andarem com o rosto descoberto, preferem roupas mais ao estilo europeu.

Mas não pense que a cidade perdeu a sua identidade! Nas ruas ainda impera o uso do djellaba, fato tradicional marroquino usado por homens e mulheres que nos pés trazem calçados os belgha, espécie de chinelos em pele, bastante confortáveis. E atenção, quando se pretende fotografar alguém, deve-se pedir autorização antes, porque se não, poderemos passar por situações um pouco embaraçosas!

Como monumento mais importante, existe a Mesquita Hassan II, (concluida recentemente à data da nossa viagem), e que parece flutuar no oceano, é um dos edifícios mais altos do mundo. O seu minarete ergue-se a uma altura de 200m. A Mesquita Hassan II, a segunda maior do mundo, com espaço para abrigar 20 mil pessoas na suntuosa sala de orações feita inteiramente de mármore e granito. Na esplanada externa, há vagas para 80 mil pessoas. Mais de 2.500 artesãos de todo o país trabalharam em turnos ininterruptos para que a mesquita fosse inaugurada em agosto de 1993. O templo está aberto aos não-muçulmanos.
Seguindo o Islamismo como religião oficial do reino, o dia rege-se pelos cinco chamamentos à oração, anunciados pelo muezzin (sacerdote) do cimo do minarete das mesquitas. Mas a coexistência com outras religiões é perfeita, sendo autorizada pela Constituição a prática de outras crenças. A igreja cristã de Notre Dame de Lourdes, com os seus belíssimos vitrais, é disso exemplo.

Ao longo da La Corniche (Avenida Marginal) de Casablanca pode apreciar-se o mar que ali surge com todo o seu esplendor. No Verão a agitação é permanente, com as praias cheias de gente que ali vai descansar, apanhar sol ou nadar numa das várias piscinas naturais que ali foram construídas. Hotéis, bares e restaurantes rodeiam a larga avenida, dando-lhe vida durante todo o ano. Se se perguntar a um marroquino qual a zona mais animada da cidade, de certeza que a resposta será La Corniche!...

Marrocos e a sua capital - Rabat



Situado no extremo ocidental da África do Norte, numa região designada Magreb, Marrocos possui um litoral que se estende do Mediterrâneo ao Atlântico. A costa mediterrânica é muito acidentada contrariamente à do Atlântico que oferece numerosas praias. Uma imensa planície fértil com inúmeros vales e colinas estende-se entre o Atlântico e a cordilheira do Grande Atlas que atinge, no cume de Toubkal, a Sul de Marrakech, 4.165 m de altitude.

A cerca de cinco mil metros de altitude, o reino de Marrocos parece uma manta de retalhos, alternando entre verde, castanho e vermelho. Em Marrocos, a terra é de um vermelho absorvente, tal como as bandeiras que ondulam ao vento por todos os caminhos das cidades imperiais.

As cidades imperiais são quatro: Rabat, Meknes, Fez e Marrakech, distanciadas por 1047 quilómetros, foram erigidas para deslumbrar. Atravessando séculos de História, os monumentos e a agitação destas cidades encantam qualquer visitante.
Nas ruas estreitas das medinas, centenas de pequenos bazares, alojados nos soukes (mercados), oferecem um espectáculo de aromas e cor, típico destas paragens. Faquires, encantadores de serpentes, vendedores de remédios, corretores de apostas, dentistas e aguadeiros, invadem as praças numa mescla agitada. Balak-balak - cuidado, cuidado,... é o aviso constante a quem impede a passagem.
Todas as cidades marroquinas têm sua cor própria nas construções, que as personalizam e identificam: Marrakech é a cidade vermelha, Meknes é verde; Fez é amarela e Rabat, a cidade branca do litoral do Oceano Atlântico.
Em todas as cidades imperiais há palácios imperiais. Em Rabat porém, ergue-se o maior deles todos e que é a residência oficial do rei, o Palácio Real. Rabat é também a sede do Governo Marroquino, dos ministérios e da administração central. Nela se encontra a maior universidade do país, diversos armazéns, livrarias, cinemas e teatros.
Abrigada no ocre das muralhas, a capital Rabat é uma cidade em que a cor branca é a mais utilizada nos edifícios da cidade, muitos dos quais possuem inúmeros pátios floridos e jardins encantadores. A tudo isto dever-se-á juntar as extensas praias de areia dourada e as florestas de sobreiros da Mamora.
A necrópole de Chellah, (necrópole construída fora das muralhas pelos Merenidas no século XIII, abriga as ruínas da antiga cidade), construída sobre a antiga colónia romana de Sala é hoje refúgio de cegonhas. O café mouro das Oudaías, para saborear a pâtisserie e o típico chá de menta, são lugares a não perder, bem como o Mausoléu Mohamed V, (belo e luxuoso mausoléu, que contém os restos mortais do avô do actual rei, e pai do rei Hassan II, que governava Marrocos à data da nossa viagem), com os olhos postos na Torre Hassan (enorme torre de 44 metros, é o que resta de uma antiga mesquita, que desmoronou aquando do terramoto de Lisboa -1755).
A capital Rabat encanta e inspira. Outrora porto de escala de navegadores fenícios e cartagineses, foi mais tarde refúgio de corsários. A sua história leva-nos a viajar no tempo, na era pré-romana, quando a instalação de Chellah foi estabelecida na boca do rio Bou Regred. A sua fortaleza, juntamente com o seu Kasbah e Oudayas são provas do passado grandioso de Rabat.
Rabat tornou-se capital de Marrocos em 1912, e desde esta altura, passou a ser a cidade moderna e dinâmica de hoje. Rabat é uma cidade do século XXI, com todas as conveniências e entretenimento dos nossos dias.
Como a maioria das culturas árabes, a população de Rabat é famosa pela hospitalidade. Os marroquinos adoram visitantes internacionais e ficam sempre empolgados em dividir sua cultura connosco.

Tanger

No inicio da tarde, deixámos Sevilha com rumo a Algeciras, percorrendo a auto-estrada de Cádiz. Chegados a Algeciras, fomos de imediato para o porto, afim de comprarmos bilhetes e procedermos ao embarque com destino a Tanger, uma vez que a travessia para África, nesta zona (Estreito de Gibralter), leva cerca de 02h30m a 03h00.

Quando chegámos a Tanger, já estava a anoitecer, e logo que desembarcámos, fomos procurar hotel. A procura foi longa, porque nesta época há sempre grande quantidade de emigrantes do norte de África, em viagem do seu país de origem, onde passaram as suas férias, para o país de emigração, ou a caminho das suas férias, na terra natal.

Situada num belo anfiteatro de colinas de onde se domina o Estreito de Gibralter, Tanger é uma cidade cheia de atractivos, não só devido às suas características marroquinas, mas também pela atmosfera cosmopolita que aí se respira. A sua posição estratégica, porta da Europa e de África, valeu-lhe o ser cobiçada durante muitos anos.

Tanger tem aquele encanto melancólico das cidades portuárias. "Veio das planícies nórdicas no bico de uma ave e foi largada em pleno voo no continente africano"... Diz a lenda. Onde dois oceanos se fundem, é encruzilhada de mitos, culturas e religiões. Viu passar caravanas, peregrinos, conquistadores e aventureiros. Fugitivos e desenraizados elegeram-na como lugar de exílio.
Cidade fronteiriça e misteriosa, calhou-lhe um estranho destino. Em Tanger cruzaram-se civilizações diversas, que deixaram algumas marcas na arquitectura, mas que nunca lograram desvanecer sinais relevantes da sua identidade marroquina.
Os Gregos, Fenícios e Romanos construíram cidades neste local. A cidade romana, Tingis, foi sucessivamente conquistada pelos Vândalos (no século V), Bizantinos (no século VI) e Árabes (no século VIII). Em 711, foi o ponto de partida da invasão árabe da Península Ibérica. Outros ocupantes de Tânger foram os Portugueses (1471-1580; 1656-1662), os Espanhóis (1580-1656) e os Ingleses (1662-1684), antes da cidade ser reintegrada no Marrocos Árabe.
Tanger é uma interessante cidade que guarda uma especial atmosfera do passado com o seu bairro mais antigo, o "Kasbah", a Medina e o seu movimentado Socco, mercado público onde os naturais do Rif expõem os seus produtos, especiarias, plantas medicinais, artesanato...
O Grande Socco, é o centro de Tanger, e fica situado junto à cidade antiga, que é dominada pelo seu Kasbah (cidadela), onde fica o Dar al Makhzen (o Palácio do Sultão), cujas salas foram transformadas num museu de arte marroquina, organizado por regiões. Contrastando com a agitação do Socco e do kasbah, estão os jardins da Mendoubia, verdadeiros oásis de paz.

O Museu de Antiguidades Marroquinas fica no Palácio Dar Shorfa. Na cidade antiga ergue-se ainda a Grande Mesquita, do século XVII, construída por Mulay Ismail (1672-1727), o governante que pacificou as tribos guerreiras de Marrocos e expulsou os ocupantes europeus.
A leste e a oeste de Tanger ficam o cabo Malabata, (de onde se pode contemplar a junção do Oceano Atlântico com o mar Mediterrâneo, bem como desfrutar de uma panorâmica sobre a baia de Tanger) e o cabo Spartel, providos de faróis. Entre ambos, numa extensão de cerca de 22 Km, alinham-se praias e baías rochosas de onde se avista Espanha, do outro lado do estreito. Destacam-se ainda, a Porta Dar Niaba e as Grutas de Hércules, junto ao oceano no cabo Spartel.