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A caminho de Portugal



Nessa mesma noite resolvemos fazer o caminho de volta a Portugal. Depois de uma breve conversa decidimos ir pernoitar à Covilhã, para na quarta-feira gorda passarmos o dia com o elemento mais novo da família, que lá estuda.

O percurso embora longo, fez-se rapidamente e pernoitámos na área de serviço da Covilhã. A noite passou tranquila, mas por volta das 5h30 da madrugada, eis que um puto supostamente folião, julgando estar em plena noite de Carnaval, por certo bem bebido, e também por certo oriundo de uma terra onde o Carnaval não tem fim, nos acorda com o buzinar incessante do seu carro, que só foi útil para o camionista que a poucos metros de nós dormia, e que desperto, se pôs a caminho do seu destino.

Esta é a nova mentalidade da fuga, do esvaziamento da mente, tão popular entre os jovens de hoje, adquirida não se sabe bem onde, e de certeza não proveniente das religiões e filosofias orientais, tão ambicionada por alguns jovens nos tempos da minha juventude, e que não é nem resposta nem terapêutica para ninguém...

O Carnaval de Cáceres

O Carnaval de Cáceres foi o resultado de uma recriação histórica medieval, na Praça de Santa Maria, em pleno coração da cidade monumental, como uma actividade já há algum tempo vivida em algumas cidades quer portuguesas, quer espanholas de passado medieval.

Estas recreações desenvolvidas na Península Ibérica, por vezes com o intercâmbio de experiências entre organizações portuguesas e espanholas, têm o intuito de uma cooperação conjunta para o desenvolvimento turístico e cultural das regiões, bem como a valorização do seu património histórico.

Sem dúvida que estas recreações, do ponto de vista turístico, têm o maior interesse e importância, uma vez que contribuem para o desenvolvimento das cidades e para a divulgação cultural do seu real património histórico e popular.
Assim, as festividades decorreram na Praça de Santa Maria, centrando-se em temas medievais, sendo as actividades praticamente restritas à cidade monumental, e o recinto acolheu eventos medievais e não só. Ali decorreu uma feira medieval, onde se venderam produtos da região extremenha, como doces, mel, queijos, licores, bolos, pão e onde ao principio da noite, foi servida aos visitantes uma gratuita e simbólica refeição medieval.
Nesta praça e após esta pequena refeição, decorreu uma reposição histórica de um confronto medieval, entre guerreiros, resultando no final numa comédia medieval. Num palco na mesma praça, vários grupos cantaram e dançaram, entre os quais um grupo de estudantes da Tuna Académica do Porto.

No intervalo das várias actuações podia ouvir-se, entoando por toda a cidade monumental, e ultrapassando as muralhas da zona velha de Cáceres, excelente música medieval... Sem dúvida uma interessante recreação vivida em ambiente animado e civilizado.

Antes de acabar a festa, resolvemos ir jantar numa esplanada da Praça Maior que ficava ali perto, e no fim deste, voltámos à Praça de Santa Maria. No final das festividades, foi acesa uma grande fogueira, no centro da praça, que veio mesmo a tempo de aquecer os visitantes, pois a noite despertou fria, como é habitual naquela época do ano...

A Concatedral de Santa Maria

O segundo dia na cidade de Cáceres, coincidiu com a terça-feira de Carnaval, sendo a visita iniciada na Praça de Santa Maria, onde deixámos a mota, quando a mesma se preparava para os festejos do Carnaval com uma reconstituição medieval do mesmo período, digna de qualquer filme medieval. Os festejos foram acompanhados por nós mais tarde, onde passámos o final da tarde e o início da noite desse mesmo dia.

O largo da praça fervilhava de actividade com os preparativos para a festa, e nela escolhemos para se iniciar a visita, a esplêndida Concatedral de Santa Maria. Ali na porta da Concatedral esperava-nos o seu pároco, que simpaticamente nos acolheu pedindo-nos uma modesta contribuição para a sua igreja, a que prontamente acedemos.

Encetando conversa connosco, explicou-nos o que ali iria suceder durante a tarde e noite de festejos, entusiasmando-nos para a festa. Assim e desde logo se fez notar a sua simpatia e jovialidade, apesar da sua avançada idade, que após o términos da nossa visita à igreja e ao local, se concretizou mais uma vez, quando partimos de mota, despedindo-se de nós acenando alegremente ao mesmo tempo que se benzia, para que nada de mal nos acontecesse na nossa breve viagem…

A Concatedral de Santa Maria, situada na praça do mesmo nome, foi desde a sua origem a igreja principal do conjunto medieval da cidade. A sua construção começou em finais do séc. XIII, mas a maior parte do edifício foi concluído nos séculos XV e XVI, em estilo gótico, sóbrio e elegante.

Tem três naves divididas em cinco secções, com arcos que se apoiam em pilares góticos compostos, com cobertura abobadada, tendo ao lado duas capelas laterais junto ao presbitério, e outras duas adjacentes ao lado da epístola renascentista e coro.

No seu interior merece uma atenção especial a Porta dos Cavalos, realizada por Alonso de Torralba no ano 1525. No altar mor, o retábulo, é uma obra renascentista e foi construído em madeira de cedro no ano 1551, e foi esculpido por Balduque Roque.

A pia de água benta é em mármore do séc. XIV. Possui muitas lápides, túmulos e sarcófagos, assim como uma rica colecção de objectos litúrgicos do séc. XV ao séc. XIX. Ao pé da torre encontra-se uma estátua em bronze de São Pedro de Alcántara, esculpida por Pérez Comendador.

Na Praça de Santa Maria encontra-se ainda o Palácio Episcopal, o Palácio dos Ovandos, o Palácio de Mayoralgo, o Palácio dos duques de Valência e o famoso de Palácio de Los Golfines de Abajo, em estilo plateresco, que como já foi referido, foi residência dos Reis Católicos durante a sua estadia na cidade.

Cáceres, uma jóia medieval


Após termos percorrido os 46 Km de distancia de Trujillo a Cáceres, surge-nos de repente com todo o seu esplendor e beleza, Cáceres, toda iluminada!… Como já era tarde fomos directos à zona destinada a autocaravanas, que a cidade oferece.

Esta tem excelentes condições e encontra-se junto à Pousada da Juventude, cujo recinto com cerca, é absolutamente seguro e repousante. Dali se desfruta de uma magnífica vista da zona monumental de Cáceres, que lá no alto, toda iluminada, parece chamar-nos através do vento, convidando-nos a uma visita tardia...

Há também que se destacar o modesto mas excelente restaurante da pousada, que nos serviu por duas vezes magnífica comida caseira típica da Extremadura espanhola. Ali também estavam hospedados os membros do grupo de estudantes da Tuna Académica do Porto, que naqueles dias ali se deslocaram para actuarem nos festejos carnavalescos da cidade, e que algumas vezes encontrámos há hora do almoço.

O primeiro dia de visita à cidade foi passado a pé, na zona velha de Cáceres: a Cidade Monumental. Dentro de uma muralha, a "velha Cáceres", ainda muito bem conservada, que servia de forte e de defesa contra as invasões à Península Ibérica, e hoje serve de principal ponto turístico da cidade.

Os principais monumentos de Cáceres estão todos concentrados dentro das muralhas, tornando o seu valor como um todo, e não em pormenores espalhados por vários locais. Ali podemos observar uma reposição histórica do Carnaval vivido na época medieval, o que resultou num autêntico cenário de filme medieval!…

Tempos atrás, na Extremadura, Cáceres foi e ainda é, uma cidade que oferece um excelente exemplo de evolução bem definida por dois períodos ou épocas, a árabe, como fortaleza feudal e da cidade propriamente dita.

Ainda mantém praticamente intactas as suas raízes e história, graças aos seus cidadãos, que foram sempre capazes de passar para a geração seguinte os mesmos valores e interesses, sendo capazes de proteger, um dos melhores exemplos das épocas medieval e renascentista do mundo.

Jóia medieval suspensa no tempo, Cáceres é assim uma cidade que está determinada a ocupar um lugar de privilégio na memória dos visitantes. Enquanto algumas cidades espanholas foram bastante afectadas pelas Invasões Francesas ou pela Guerra Civil espanhola, Cáceres ficou praticamente imaculada durante estes conflitos.

Cáceres foi fundada no ano 29 a.C.. Durante os reinados visigodos, passou desapercebida, mas os árabes converteram-na numa praça forte com o nome de Qasri. Durante o séc. XII, os Almohades perderam e recuperaram-na várias vezes, enquanto iam construindo torres junto à muralha.
Cinco destas torres, ainda lá se encontram, no lado oeste da muralha.

Depois da reconquista, no séc. XIV, registou-se uma maciça chegada de fidalgos, que encheram a cidade de casas nobres com torres fortificadas que rivalizam em beleza com os edifícios religiosos. A cidade ainda mantém alguns troços das suas muralhas árabes, cujo interior conserva inúmeros edifícios góticos e renascentistas.

Para se conhecer a cidade, existem duas zonas que podem servir de ponto de partida: A Praça de San Mateo e a Praça de Santa Maria. Na primeira podemos ver a Igreja de San Mateo, construída sobre uma mesquita árabe, entre os séculos XIV e XVIII, com portada plateresca e retábulo do séc. XVIII. Encravada no ponto mais alto da cidade velha, em estilo gótico tardio, tem uma torre do século XVIII.

Ali também poderemos apreciar ainda, o Palácio dos Ulloa, o Convento de San Pablo, a Casa del Sol, a Casa Mudéjar e a Casa de Los Golfines de Arriba, para além da Casa e a Torre dos Sande.

A Casa de Los Golfines de Arriba é o mais belo exemplo de arquitectura Cacereña. A sua fachada demonstra com simplicidade a beleza do estilo plateresco. Nela podemos ver o que está escrito numa parede exterior: "Esta é a Casa dos Golfines".

O inicio da nossa visita à cidade fez-se a partir do Arco da Estrela subindo sempre, até chegarmos à Praça de Santa Maria, que possui um dos mais belos conjuntos arquitectónicos do gótico urbano espanhol.

Ali se encontra a igreja do mesmo nome, a Concatedral de Sta. María, um edifício gótico do séc. XV, em cujo interior se pode admirar um retábulo plateresco do séc. XVI. No mesmo largo encontra-se ainda o Palácio Episcopal, o Palácio dos Ovandos, o Palácio de Mayoralgo, o Palácio dos duques de Valência e o famoso de Palácio de Los Golfines de Abajo, em estilo plateresco, que foi residência dos Reis Católicos durante a sua estadia na cidade.

Um dos elementos que simbolizam a cidade de Cáceres é, sem dúvida, o Arco de La Estrella. Este arco substituiu a Puerta Nueva, medieval, que ligava a cidade antiga á Praça Maior da cidade nova. A sua construção foi iniciada no séc. XVIII, e é formada por um grande arco esconso, rematado com ameias.

Fora do conjunto amuralhado deveremos visitar a Igreja de Santiago, de origem românica e que foi transformada por Gil Montañón no séc. XVI. Tem um retábulo-mor belíssimo, obra de Berruguete. A Igreja de San Juan, construída nos séculos XIII a XV, e o Convento de San Francisco, que como a igreja anterior, é em estilo gótico.

Site: monfortur.pt
Mais sobre Cáceres em: Cáceres

A caminho de Cáceres


Após a saída de Guadalupe tomamos a direcção de Cáceres e Trujillo, que são outras duas magníficas cidades medievais da Extremadura. Como saímos ao final da tarde de Guadalupe resolvemos que o jantar seria em Trujillo, por quem numa viagem anterior nos apaixonámos, pelo que não queríamos passar por lá, sem novamente visitar a cidade e a sua bela Plaza Mayor.

Do ponto de vista urbanístico, um dos aspectos que mais admiro nas cidades espanholas são as suas Praças Maiores. Elas são o elemento fundamental de qualquer cidade espanhola. "A Plaza Mayor, porticada, cerrada ao trânsito, concebida como uma sala de visitas e de regozijos populares, é uma criação tipicamente espanhola" (O. Ribeiro, in Opúsculos).

A planta da praça não tem uma forma quadrangular perfeita, como acontece com a maioria das praças espanholas. A irregularidade dá uma sensação de amplitude e o contraste dos edifícios dá-lhe um encanto único.

O seu centro histórico, para além dos edifícios modernos, conserva várias igrejas e casas pitorescas na Plaza Mayor, bem como nas ruas adjacentes. Esta praça está ladeada por belos palácios e mansões, destacando-se a estátua equestre de Pizarro no seu centro. Aqui destacam-se os belos palácios de Marqués de la Conquista (1560) e de Orellana-Pizarro (séc. XVI).

Trujillo, é célebre por ser o "berço de conquistadores" do Novo Mundo, como Francisco Pizarro, descobridor do Peru, bem como de outros exploradores do continente americano. O seu irmão mandou edificar o Palácio do Marquês da Conquista, financiado com as riquezas do Novo Mundo.
A bela Igreja de Santa Maria Maior, com os túmulos das grandes famílias medievais de Trujillo, merece uma visita ao seu interior. Também não se deve perder a visita ao Palácio Orellana-Pizarro, do séc. XVI, construído sob as ordens de Francisco de Orellana, explorador do Rio Amazonas e do Equador.

No ponto mais elevado de Trujillo, temos o castelo do séc. XIII, que foi anteriormente uma fortaleza árabe. Do alto deste castelo pode observar-se um cenário muito belo. As paisagens são fantásticas e servem para arregalar e limpar a vista, fazendo esquecer todo e qualquer pensamento menos alegre...

* Mais sobre Trujillo em : Trujillo, uma cidade mágica

O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe


O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe, foi visitado por nós já durante a tarde, e devo dizer que sendo muito belo por fora, ainda o é mais por dentro. Tem visitas guiadas de hora a hora, e o guia faz explicações detalhadas de todas as salas visitadas, o que permite ao visitante ter uma verdadeira lição de história aliada a uma viagem no tempo, desde o início ao fim da visita.
O Mosteiro é o mais importante de Espanha há mais de quatro séculos e possui uma simbiose única de estilos arquitectónicos. Quando entramos pela primeira vez na Praça de La Pueba, é indescritível a sensação que o mosteiro produz quando deparamos com a sua imponente fachada. Esta fachada, a da Basílica, é constituída por duas torres de pedra, a torre de Santa Ana construída no século XV e a da portaria, edificada no séc. XIV. Por cima da porta principal, uma enorme rosácea mudéjar dá-nos as boas-vindas.

O Mosteiro é um importante património arquitectónico e espiritual de Espanha e simboliza dois dos mais importantes acontecimentos históricos do País, o domínio da Península Ibérica pelos reis católicos e o domínio do Continente Americano, a partir da sua descoberta por Cristóvão Colombo.

A sua história remonta a 1389 quando o rei João I de Castela outorga um privilégio pelo qual entrega à Ordem dos Jerónimos a igreja do santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, lugar no qual fora achada uma imagem da Virgem em finais do século XIII ou princípios do XIV, por um camponês guardador de gado de nome Gil Cordero.

Este santuário foi mosteiro quase desde o início de sua construção, nos princípios do século XIV, e nele habitaram os monges da Ordem de São Jerónimo até 1835, tornando-o num dos centros mais importantes de devoção mariana.

Antes do mosteiro foi construída uma ermida para abrigar a imagem e mais tarde, foi construído o mosteiro, para os frades que souberam como transformar o culto à Virgem negra na principal força económica e social da região.

O Mosteiro em 1464 contava já com 130 frades e tinha um scriptorium (oficina de produção de manuscritos), uma oficina de artesãos, uma escola e um hospital com uma farmácia e um local onde se prestavam cuidados médico-cirúrgicos de vanguarda. As obras de construção prolongaram-se pelo séc. XV, resultando na magnífica fachada gótica actual.

Nesse mesmo ano, o rei Henrique IV de Castela, acompanha até ali a sua meia-irmã, a ainda infanta Isabel (Isabel a Católica), desejando acordar a seu casamento com Afonso V de Portugal. A infanta recusou o pretendente, mas por outro lado, ficou impressionada com a beleza do lugar.

Mais tarde o templo sofreu as consequências do total abandono sendo a partir daí que a Ordem de São Francisco tomou conta do templo, e foi esta última ordem que conseguiu, depois de numerosas restaurações, que o mosteiro recuperasse o seu antigo esplendor.

O Mosteiro é uma enorme construção, e sem dúvida uma bela jóia da região da Extremadura, que por ele tem enorme orgulho. Este integra quatro partes: O Templo / Basílica, o edifício do auditório, um Claustro Mudéjar e o Claustro Gótico.

A partir desse momento, ela chamou a este recinto "o meu paraíso" e ali se deslocou sempre que necessitou para se sentir reconfortada pela Virgem ou para dar graças por algum sucesso extraordinário.

A construção do mosteiro por parte dos frades Jerónimos, prolongou-se desde o século XIV até ao séc. XVIII através de sucessivas ampliações, o que o dotou de um traçado irregular com aspecto de castelo fortificado. Na sua construção utilizou-se preferencialmente a alvenaria e o tijolo.

O seu interior esconde uma infinidade de tesouros de um valor incalculável e o mosteiro foi declarado em 11 de Dezembro de 1993, Património da Humanidade pela UNESCO. Ainda que todo seu interior seja realmente maravilhoso, podemos destacar a enorme beleza do seu Claustro Mudéjar ou dos Milagres, em cujo centro se encontra um formoso pavilhão mudéjar, construído nos inícios do século XV.

Em torno deste claustro, situam-se os dormitórios dos frades e o refeitório. Tem forma rectangular com arcos em forma de ferradura e com pilares quadrados. O seu pavilhão mudéjar foi construído em 1405 por ordem do Frei Juan de Sevilla, e nas suas paredes expõe-se uma colecção de telas relacionadas com os milagres da Virgem de Guadalupe.

Aqui também se pode ver o sepulcro de Frei Gonzalo de Illescas, prior do mosteiro, e que é obra de Egas Cueman e que foi esculpido entre 1458 e 1460. O antigo refeitório do mosteiro é nos dias de hoje o Museu de Bordados, inaugurado em 1928 por Afonso XIII, onde se expõe uma rica colecção de ornamentos sagrados e outros paramentos e telas bordadas dedicadas ao culto mariano. Esta colecção tem mais de duzentas peças bordadas a ouro e pedras preciosas elaboradas no mosteiro.

No mesmo claustro mudéjar encontra-se o Museu de Miniados, considerado entre os melhores do mundo, onde se expõem manuscritos ou códices miniados em papiro e pergaminho de grandes dimensões, dos séculos XIV ao XVIII, provenientes do scriptorium do mosteiro. Destaca-se entre eles o Livro das Horas do Prior, do século XVI.

Por outro lado, na sacristia encontra-se uma colecção de telas de Zurbarán, dos quais podemos contemplar: "O padre Cabañuelas", "Frei Gonzalo de Illescas", entre outras... E na Capela de São Jerónimo está uma das obras mais importantes de Zurbarán, "A Apoteose de São Jerónimo". Noutras salas podemos visitar, com grande interesse, o "O Relicário" e o Camarim da Virgem (capela por detrás do altar).

O Camarim da Virgem, é um local riquíssimo e é talvez a zona mais surpreendente do mosteiro, podendo observar-se já no final da visita. Em estilo barroco, foi construída em forma de cruz grega e contém pinturas de Luca Giordano, pintor italiano e um artista celebrado e extremamente prolífico, também chamado na Itália, "Luca fa presto" ("faz depressa"), por pintar com inusitada rapidez.

Aqui, sobressai um belíssimo conjunto de obras de Zurbarán, que retratam vários frades do mosteiro. É o único conjunto de pinturas deste autor que subsiste actualmente no local original para onde foram concebidas. Além destas ainda se podem observar as talhas das oito mulheres fortes da Bíblia: Maria a Profetisa, Débora, Jael, Sara, Ruth, Abigail, Esther e Judith.

Neste Camarim, um frade franciscano fez rodar a Virgem e todos a podemos ver, esplendorosa!... A imagem traz consigo um profundo sentimento de veneração, é de cor negra e sustém com a mão esquerda o Menino Jesus e com a direita um ceptro de ouro ornado de pedras preciosas e o seu trono é magnífico. Nossa Senhora de Guadalupe é apenas tocada pelo frade encarregado de cuidar dela, sendo o próprio que a mostra aos visitantes.

Absolutamente encantados com esta visita ao Mosteiro de Guadalupe, e depois de uma breve paragem para descansar e observar com mais atenção as variadas fantasias carnavalescas da população de Guadalupe, partimos ao final da tarde, rumo a Cáceres…

Site: Wikipédia

A Lenda da Virgem de Guadalupe

A Lenda da Virgem de Guadalupe, é uma lenda antiquíssima que quase se perde na bruma dos tempos...

Segundo esta lenda, a imagem veio da Terra Santa e viajou fazendo milagres por Constantinopla, Roma e depois Sevilha… Conta ainda a lenda, que o seu primeiro proprietário foi São Lucas, lá pelo século I. Quando este morreu a figura foi enterrada a seu lado.

Mais tarde, aproximadamente no século IV, ambos teriam sido transladados para Constantinopla, e desde ai viajariam directamente para Roma por ordem do cardeal Gregório Magno. Teria sido nesta cidade que ocorreu o seu primeiro milagre, eliminando no seu caminho pelas ruas, a peste que afligia o povo romano, sendo por isso aclamada com fervor.

Posteriormente a imagem seria transladada para Sevilha e entregue a São Leandro, arcebispo naquela altura desta cidade. Ali permaneceria até ao ano 711. Em Sevilha, foi objecto de culto durante um século, até ser interrompido pela invasão muçulmana. Ao fugirem desta invasão, os cristãos de Sevilha levaram todas as relíquias que puderam, entre elas esta imagem de Nossa Senhora.

Assim, alguns frades Sevilhanos levaram a figura até à alta Extremadura. Pelo caminho, que se fazia longo e doloroso, foram escondendo as relíquias. A imagem da Virgem foi colocada numa caverna situada numa colina, onde julgaram conveniente escondê-la para sua protecção, mais tarde chamada de colina de Guadalupe, (guad = rio, devido ao rio que corre em volta dela e lupe = lobo, devido ao grande número de animais desta espécie que naquela montanha existiam), ao pé de um "rio escondido", ou seja no rio "Guadalupe"...

Junto à imagem colocada na caverna, deixaram um documento explicando como e porquê ela lá estava, e cuidadosamente, fecharam a caverna com pedras. Cinco séculos depois, o culto católico já havia sido restaurado em quase toda a Península Ibérica e muitas imagens descobertas a partir dos seus esconderijos e recolocadas no altar.

Porém, faltava aquela que, outrora, tinha sido enviada por Gregório Magno. Então, algo aconteceu... Segundo a lenda, a Virgem Maria apareceu a um devoto, o guardador de gado Gil Cordero, para indicar onde fora escondida a sua imagem. Decorria o reinado de Afonso X, o Sábio (1252-1284).

Este guardador de gado era um homem simples, que todas as tardes costumava levar o seu gado, para pastar nas redondezas de Talavera. E, numa tarde, uma dos animais desgarrou-se, e o homem correu atrás dela até perdê-la de vista.

Então, o pastor levou os outros animais para o estábulo, e voltou a procurar aquela que se havia desgarrado. Chegou a um certo ponto onde avistou uma vaca ferida. Correu até ela, mas só teve tempo de vê-la morrer.

Enquanto olhava para o animal com muita mágoa pela perda, ouviu uma doce voz. Ao levantar os olhos, viu a Virgem Maria. Ela revelou-lhe então, onde estava escondida a sua imagem, e pediu que naquele local se erguesse um santuário, onde operaria muitas maravilhas através dos tempos. Segundo a lenda, para demonstrar a verdade de sua aparição, a Santíssima Virgem ressuscitou o animal.

Cheio de alegria, o pastor correu até o povoado, onde contou o que havia ocorrido. O achado da Santa imagem causou aos fiéis enorme felicidade e admiração, principalmente ao ouvirem ler os escritos sobre sua origem.

Trataram então de cumprir a vontade da Virgem e mesmo ali na caverna levantaram um altar, onde a imagem foi colocada, enquanto faziam uma capelinha. Mais tarde, o santuário de Nossa Senhora de Guadalupe foi entregue a doze capelães seculares até o reinado de João I, quando foi legado aos religiosos de São Jerónimo, que, com muito zelo, fizeram o santuário prosperar e tornar-se famoso pelos milagres nele operados.

Desde o dia da descoberta da imagem, grandes peregrinações se dirigiram ao santuário desde o séc. VIII, e não tardaram os peregrinos, que continuam a chegar até hoje.... A imagem que traz consigo um profundo sentimento de veneração, é de cor negra e sustém com a mão esquerda o Menino Jesus e com a direita um ceptro de ouro ornado de pedras preciosas.

A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é descida de seu trono na véspera do dia 8 de Setembro, para ser levada em procissão para o local onde os fiéis a contemplam, e depois, guardada novamente, vista durante o ano apenas pelo religioso encarregado de cuidar dela, ou por quem visita o Mosteiro, como nós.

O pastor Gil mudou-se com sua família para o local das obras do santuário, para cuidar pessoalmente que nada faltasse ao culto de Nossa Senhora de Guadalupe e foi chamado de Gil de Santa Maria de Guadalupe...

Sites: Wikipédia /Geocities. com

Guadalupe


O caminho de Mérida para Guadalupe foi feito durante a noite. A chegada à pequena vila de Guadalupe, fez-se pela meia-noite, quando a vila já dormia profundamente. A procura de um lugar de pernoita foi rápida e fácil, uma vez que a simpática vila nos deu logo uma sensação de segurança própria de lugar de peregrinação.

Com a autocaravana ancorada num parque de estacionamento a meia encosta, numa zona de tranquilidade absoluta, fez com que o sono viesse rápido e a noite passasse sem qualquer sobressalto.

No dia seguinte e sem pressas, depois de um banho quente e de um pequeno almoço reforçado, fomos de visita à vila de Guadalupe, que nos esperava cheia de visitantes e em moderada festa carnavalesca.

Guadalupe é uma pequena vila no coração da Extremadura onde está situado o importante Mosteiro de Guadalupe, onde desde a Idade Média, os peregrinos vinham rezar, ao santuário da Virgem Maria, também chamada a Virgem de Guadalupe.

Esta vila que cresceu ao longo do tempo à volta do Mosteiro, fundado em 1340, é um lugar realmente aprazível, com vielas em pedra, onde o vento leve se faz sentir, e que a partir do largo do mosteiro vão descendo até ao vale profundo e verdejante.

O seu elegante mosteiro e as casas antigas, típicas da região da Extremadura, que o circundam com varandas e janelas floridas, são um verdadeiro encanto, fazendo sentir a qualquer visitante, uma ambiência onde se respira a paz própria de um lugar de devoção...

A praça principal, frente ao mosteiro, está repleta de esplanadas e lojas de souvenirs, que vendem cerâmicas e peças em cobre feitas à mão, que outrora eram actividades monásticas.

As torres do mosteiro situado no topo de uma colina que domina um vale profundo e arborizado, dão-lhe um ar de castelo de conto de fadas. Foi neste lugar, que de acordo com a lenda, um pastor do séc. XIV, encontrou uma imagem da Virgem Maria, negra, em madeira de cedro.

Junto ao mosteiro, do lado esquerdo da escadaria, fica um hotel dirigido por monges, que antigamente foi uma hospedaria onde ficavam os membros da realeza. O mosteiro ganhou esplendor sob o patrocínio real, criando escolas de gramática, escrita e medicina.Tinha um hospital e uma importante farmácia, além de uma das maiores bibliotecas de Espanha.

Os conquistadores espanhóis tinham grande fé na Virgem de Guadalupe e levaram esta fé para as Américas. Cristóvão Colombo deu o nome da cidade de Guadalupe, a uma ilha das Caraíbas, a Ilha de Guadalupe.

Quando o Novo Mundo foi descoberto, o mosteiro era muito importante e foi o local de baptismo dos nativos e navios trazidos das Caraíbas para a Europa por Colombo e seus marinheiros.

A Ponte Romana de Mérida

A Ponte Romana de Mérida é a maior da Península Ibérica, tem um comprimento de 792 metros, com 60 arcos e é a mais longa e monumental do mundo romano. Consiste em três secções, preservando o seu estilo original, embora originalmente estivesse dividida em só duas partes. Sofreu várias reconstruções, sendo uma das mais antigas, a efectuada no período visigótico, por volta do ano 483.

A data de construção é a do mesmo período da fundação da cidade, ou seja, o ano 25 a.C.. A passagem do tempo foi forçando uma série de modificações e restaurações, incluindo as realizadas no século XIX, que daria a sua última e definitiva aparência.

Foi o primeiro projecto construído na cidade romana de Emerita Augusta. Construída estrategicamente e militarmente para a perfeita protecção da colónia romana. Foi construída com blocos de granito e argamassa, unidos pela pressão de um bloco sobre o outro.

Até há bem pouco tempo era a única travessia do rio, além da ponte do caminho de ferro. Embora esteja em bom estado de conservação, actualmente, apenas por aqui circulam peões e pessoas de bicicleta, como nós.

Foi por esta bela e bem conservada ponte que entrámos na cidade de Mérida, e foi também por ela que saimos da cidade rumo a Guadalupe. O passar por esta ponte é sem dúvida uma experiência única, pois podemos imaginar o sem número de pessoas de raças e culturas diferentes, que por ali passaram, numa imaginária viagem no tempo, ao sabor das várias épocas de sua memória, ao longo dos 2000 anos da sua gloriosa história...