1º Dia - Monção

A chegada a Monção foi feita pelas 23h00 e o lugar de pernoita foi facilmente encontrado, num lugar limpo de gentes e de barulhos, bem iluminado, em frente das piscinas municipais e à sombra de altos choupos, do outro lado da estrada, que no dia seguinte nos protegeram do calor. No entanto o escuro da noite escondeu o lugar ideal, junto ao rio Minho, no parque das Termas de Monção, bem ali perto por sinal e onde no dia seguinte parámos a AC, para a pé fazermos a visita à vila.

Monção é uma modesta povoação rural, que se encontra rodeada de campos verdejantes, que produzem cereais, hortaliças e fratas, em terras recortadas por vinhas que se ergem pelas encostas até serem quebradas pelo verde-escuro dos pinhais.


Erguida na margem esquerda do rio Minho e praticamente fronteira à povoação galega de Salvaterra, a proximidade com Castela, levou D. Dinis a ordenar a edificação do castelo de Monção com torre de menagem, cerca amuralhada e uma passagem semi-subterrânea até à linha de água.

Povoação rural rodeada de verdejantes campos, recortados por encostas cultivadas de vinhas, Monção é, desde o século XIII, concelho de homens livres. Terra de gente aguerrida, que se vê projectada da memória de Deu-la-Deu Martins, a maioria dos habitantes que escapam à diáspora e entregam a vida à agricultura de minifúndio onde o vinho Alvarinho é rei.
Afastados que são os tempos das guerras com Espanha, Monção é hoje uma pacífica e airosa vila do concelho de Viana do Castelo, onde à mesa se come um bom cabrito e se bebe o divinal Alvarinho da sub-Região Demarcada e anualmente se comemora a curiosa Festa da Coca.

Em 404 a.c. os Celtas conquistaram Monção e deram-lhe o nome de "Obobriga". Em 40 d.c. Monção era já uma importante vila romana, chamada "Mamia". Quando os romanos foram expulsos desta parte da Península Ibérica, Hermenerico rei dos Suevos, ocupou a vila em 410 d.C. restituindo-lhe o nome original de "Orosion", mas em latim, ficando a chamar-se "Mons Sanctus". Mas esta hipótese levanta algumas dúvidas porque alguns historiadores afirmam que foram os Romanos que estabeleceram o nome de "Mons Sanctus" a Monção, aonde possivelmente teriam edificado um Monumento.

Monção afirma-se, quando, a partir de D. Sancho I, a linha de fronteira pelo Minho ganha relevo estratégico. Devia por essa altura, estar já fortificada. Monção inicialmente situava-se em Cortes, mais tarde os seus habitantes deslocaram-se para Badim.

No entanto, D. Afonso III extinguiu a vila de Badim e da Penha da Rainha, para fundar a vila de Monção no local actual, que até então se chamava Couto de Mazedo. Nas Inquirições de 1258 recebeu o nome de "vila". O texto do foral dado em 1261, onde se sitam os "miles de Monçom" que têm regalias semelhantes aos de Valença, quer significar que se tratava de uma póvoa já fortificada.

D. Dinis, envolvido em guerra prolongada com Castela, em 1306 promoveu a reforma total das muralhas e o levantamento de um castelo robusto com uma torre de menagem. Estas terras foram palco de emocionantes episódios de cavalaria e heroísmo, que entrelaçaram o nome de Monção ao melhor da história de Portugal.

Primeiro na Idade Média e depois na Guerra da Independência, foi vítima constante de quase todas as lutas em que Portugal se envolveu. Curiosamente estas lutas têm como protagonistas as mulheres, as chamadas "Heroínas de Monção" dando o exemplo aos homens, ajudando-os, encorajando-os ou lutando a seu lado ou por eles. É o caso de Deu-La-Deu Martins, D. Mariana de Lencastre, Condessa de Castelo Melhor e o de Helena Peres, todas grandes mulheres que fazem até hoje ecoar os seus nomes.

Fonte: www.solaresdeportugal.pt

Serra da Peneda - Aldeias Brandas e Inverneiras

Para aproveitar o fim-de-semana de 29 de Abril a 2 de Maio de 2010, resolvemos fazer um fim de semana de descanso merecido na bonita e repousante Serra da Peneda.

Situada no extremo norte do país e integranda no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Serra da Peneda ergue-se a mais de 1200 metros de altitude.

Não tendo a pressão de visitantes que existe na parte central do parque, esta zona permite fazer percursos de encantar com a tranquilidade que o norte do país nos oferece.

A paisagem desta região é dominada por grandes rochedos, que alternam com manchas de carvalhais e planaltos desarborizados.

Por caminhos de montanha, que nos proporcionam vistas vastas e alargadas, encontramos em terras de fronteira, nos espaços da antiga Galécia que as vicissitudes politicas separaram, podemos encontrar aldeias remotas, castelos vigilantes, santuários, velhos mosteiros e refúgios em ruínas, de uma beleza ímpar.

No final pertendiamos visitar ainda a Feira do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço, que decorria também nesse final de semana, para acabar em beleza levando para casa produtos saborosos e de alta qualidade, a preços do produtor.

1º Dia: Casa; Monção;

2º Dia: Monção; Lamas de Mouro; Castro Laboreiro;

3º Dia: Visita à Serra da Peneda - Santuário de N.ª S.ª da Peneda, Aldeias Brandas e Inverneiras e Lamas de Mouro;

4º Dia: Lamas de Mouro; Alcobaça; Mosteiro de Fiães; Melgaço; Casa.

Visita a Évora


Após a visita à vila de Mourão e depois do almoço, num café da vila, partimos a caminho de Évora, onde queríamos passar a tarde em visita à cidade.

Chegámos por volta das 15h00. No centro histórico, o trânsito é condicionado e a maioria dos locais de estacionamento não podem ser utilizados por mais de uma hora. Então deixámos a AC no parque de estacionamento do “campo da feira” e caminhámos a pé em direcção à cidade velha, lá no alto.
Depois de passada uma antiga porta, a cidade surge com todas as características dos velhos burgos medievais. Subindo até ao cimo, por ruas empedradas, labirínticas e apertadas, algumas delas com travessas terminadas por vezes em sombrios becos e pátios, vão-nos trazendo à imaginação todo um riquíssimo passado.

As casas de janelas, pórticos e colunas carregadas de ecos de outros tempos, bailam na frente dos nossos olhos a cada momento, não só nas belas casas senhoriais mas também naquelas que outrora eram da população mais pobre e que constituem a grande parte desse emaranhado sinuoso de artérias.
De quando em quando, o aparecimento de uma praça, um largo ou um pátio, onde normalmente se encontram fontes ou chafarizes, numa demonstração clara de que a água sempre foi um problema crucial para as populações da região.

Em Évora todos os caminhos confluem para a Praça do Giraldo, antigamente denominada Praça Grande. Considerada a sala de visitas da cidade, conserva um carácter muito próprio, que lhe é assegurado pela magnífica arcaria medieval, com arcos de volta redonda e ogivais, que se prolongam para lá dos seus limites.

A artística fonte coroada, data de 1571 e a Igreja de Santo Antão de 1557, são os principais monumentos da Praça do Giraldo, obras mandadas executar pelo Cardeal-Infante D. Henrique, que ocupava por essa altura a cadeira metropolitana de Évora, completam o cenário daquele que foi e continua a ser o grande espaço comercial da cidade.

Dali saem, para Sul, a rua da Moeda e a rua dos Mercadores, onde estava cediada a antiga Judiaria, e para Norte, a Rua 5 de Outubro, a principal rua de comércio artesanal. Por esta se chega ao Largo da Sé, onde se situa a magnífica catedral, o mais acabado exemplar português da arquitectura romano-gótica.

A alberga o Museu de Arte Sacra, disposto em três salas. Junto à , no Largo do Conde de Vila Flor, no edifício do antigo Paço Episcopal fica o Museu Regional, com uma interessante colecção de pintura.

Nas imediações da Sé, fica o Templo Romano de Diana (séc. III), ex-libris da cidade, que é um edifício ligado ao culto dos imperadores. Ali também se podem encontrar, um bonito jardim, muito bem cuidado e um miradouro, o Paço Episcopal, hoje o actual Museu Regional, o Celeiro do Cabido, bem como o Colégio dos meninos da Sé, que constituem modernamente e em conjunto, a Biblioteca Pública da cidade.

São de uma fase mais tardia a igreja e o Convento dos Lóios (actual pousada), a actual residência do inquisidor-mor (Serviços Pastorais da Arquidiocese) e o Palácio da Inquisição, tomado aos condes da Vidigueira e depois mandado remodelar.

Pelas encostas da Colina da Sé começa a descer-se por caminhos de volta à AC. No caminho deparamo-nos com vários e belos exemplares de palácios e palacetes outrora pertencentes a membros da nobreza, (um deles ocupado pela Universidade de Évora), pois não nos devemos esquecer, que Évora foi uma das mais importantes cidades portuguesas da Idade Média, várias vezes corte da monarquia na I e II dinastias.

No final da visita a Évora partimos com rumo a casa. No entanto ainda parámos pelo caminho para jantar, no Porto Alto, numa adega bem típica e castiça, a "Tasca do Caniço", propriedade de um antigo forcado e tio e de outro famoso forcado.

O marido lidera a sala de refeições e a esposa, de uma simpatia extrema, lidera a cozinha. É uma verdadeira tasca ribatejana onde se degustou um excelente ensopado de enguias e com uma decoração que não deixa esquecer que estamos em terra de cavalos e toiros. Recomenda-se.

Fonte: Évora uma cidade cheia de história, in http://clientes.netvisao.pt

Mourão

Após a saída da nova Aldeia da Luz, dirigimo-nos para a Vila de Mourão, uma bonita vila onde queríamos ir almoçar, no restaurante Adega Velha, mais conhecido localmente por Adega do Engenheiro, uma casa de comer tradicional, recomendada pelo Guia de Restaurantes de José Silva, mas para nosso azar estava fechado para descanso.
No caminho para Mourão, o que mais nos surpreendeu, foi a paisagem que a envolve. Mourão é uma linda vila alentejana, que é a sede de concelho de uma vasta zona raiana da margem esquerda do rio Guadiana, hoje transformado no maior lago artificial da Europa. Aqui, a planura das águas é mais larga, tornando a Vila de Mourão ribeirinha, sob o olhar altaneiro e vigilante do seu Castelo.

Esta vila situada bem próximo da fronteira com Espanha, é um local de grande beleza natural, onde reina a beleza da paisagem e onde se encontra a verdadeira paz de espírito.

Mourão sempre sofreu grande influência do grande rio Guadiana, que muito contribuiu também para a fertilidade dos terrenos circundantes onde crescem oliveiras, amendoeiras, e outras árvores de fruto que moldam a paisagem.

A partir das ligações viárias, destaca-se a imagem da Vila de Mourão ao longe, que dá diferentes leituras consoante o ponto de vista. Assim, a partir da estrada que vem de Reguengos de Monsaraz o que se observa é o Castelo, solitário, dominante numa encosta de declive acentuado.

Do lado da estrada que liga com Espanha a imagem é diferente, já que o Castelo aparece calmo dominando o casario que se estende pela encosta e se espraia pela planície suavemente ondulada.

Do alto do Castelo de Mourão desfruta-se uma incrível panorâmica sobre a paisagem envolvente. Assim, para além da vista a sul sobre o casario de Mourão, agarrado às faldas do Castelo, para norte observa-se o mar de água do rio Guadiana que o Alqueva aprisionou e o Castelo e Vila de Monsaraz localizados no alto de uma elevação de declive muito acentuado e com quem o Castelo de Mourão estabelece cumplicidades há muito tempo.

A sul, envolvendo a vila, os campos de cultura são ocupados essencialmente por olivais e vinhas, são de forma regular e de pequena área, determinados quer pela topografia, já que o relevo se apresenta aplanado, quer pelos solos que são de muito boa qualidade, o que terá levado a sucessivas partilhas ao longo das gerações.

Abraçando a água, estão os campos de cultivo que do lado Norte apresentam formas irregulares de acordo com o relevo, delimitados por muros de pedra seca de xisto, com oliveiras de forma a deixar livres o resto dos terrenos para o cultivo dos cereais.

A fronteira a Este com Espanha, em grande parte é administrativa, já que não existem acidentes naturais importantes a determinar o seu traçado. Assim, ao passar para o “lado de lá”, o que distingue de imediato e nos leva a saber que estamos em Espanha é a língua, que se impõe como identidade cultural a cada um dos povos aqui tão próximos.

Sem grandes referências históricas até à reconquista Cristã da Península Ibérica, sabe-se que, após passar para o domínio Português, foi entregue à Ordem dos Hospitalários, e durante a Idade Média e na Guerra da Restauração foi palco de episódios violentos entre as forças Portuguesas e Castelhanas.

Foi esta situação natural de fronteira aberta com unidade na paisagem e sendo a Espanha simultaneamente uma tentação e uma ameaça que levou à construção e fortificação do Castelo de Mourão, marco importante na paisagem.

Fonte: www.guiadacidade.pt

Aldeia da Luz


Após a saída da Herdade do Esporão, dirigimo-nos para a Aldeia da Luz, onde existe uma estação de serviço para ACs, lugar onde queríamos pernoitar. O parque para autocaravanas fica junto à Praça de Touros e ao jardim da vila, vizinha de terras de cultivo e dos vários armazéns agrícolas.

A nova Aldeia da Luz é rodeada por campos cerealíferos, tendo uma importante área com novos olivais e vinhas que foram implementados no âmbito do projecto de Alqueva.

A Aldeia da Luz é um lugar sossegado e por isso mesmo, óptimo para a pernoita. Só se ouve de vez em quando, o latir dos cães ou o sino da igreja. De manhã continua o silêncio, só por vezes entrecortado pelo barulho de algum motor de tractor ou do disparar de algum sistema de rega por aspersão.

Só existe em funcionamento um único café em toda a aldeia e poucas pessoas se vêem deambulando pelas ruas, dando a sensação de algo artificial, talvez por ser tudo tão novo, pois a aldeia é toda de construção recente...

A Nova Aldeia da Luz, como é chamada, foi inaugurada no ano de 2002 e construída de raiz a dois quilómetros da aldeia antiga, com as mesmas características de ruralidade da anterior aldeia e para onde se mudaram todos os habitantes da Luz. A antiga aldeia foi desmantelada e maioritariamente submersa pela albufeira de Alqueva.

A antiga Aldeia da Luz, cuja origem remontava ao período Paleolítico e Neolítico, foi considerada o impacto social mais significativo da construção da Barragem do Alqueva, cuja albufeira ocupa agora uma área de cerca 2.040 hectares.

A Nova Aldeia foi construída com a preocupação da manutenção dos traços e bens patrimoniais anteriores, sendo também construído um Museu com vista a perpetuar a memória da antiga aldeia e suas gentes.

O Museu possui uma colecção etnográfica da Aldeia e muitas peças arqueológicas, estando também dotado de uma sala de exposições temporárias.

A Aldeia está igualmente dotada de uma Praça de Touros, de um lavadouro público que tem também a função e Miradouro com uma bonita vista sobre a Barragem do Alqueva, contando igualmente com a Igreja Paroquial do Sagrado Coração de Jesus, e uma réplica da Fonte Santa presente na antiga aldeia, que se dizia brotar águas milagrosas.

Em toda a área encontram-se diversas estações arqueológicas de diferentes períodos, muitas delas dadas a conhecer através da construção da Barragem.

Fonte: www.guiadacidade.pt

Herdade do Esporão

A meio da tarde, partimos de Monsaraz a caminho da Herdade do Esporão, que pertendíamos visitar e ali ficar até ao final da tarde.

A cerca de 2 km de Reguengos de Monsaraz, situa-se a Herdade do Esporão, uma das mais conceituadas produtoras de vinho e azeite do Alentejo. Depois de se percorrerem vários quilómetros já dentro da propriedade, encontrámos um local abençoado pela natureza, com uma típica e idílica paisagem Alentejana.

A Herdade conta com 550 hectares de área plantada de vinha, dividida em cinco castas ou qualidades diferentes: Esporão, Perdigões, Rusga, Palmeiras e Monte, repartidas em castas tintas e brancas.

De modo a armazenar água para alimentar o sistema automático de rega computorizado instalado na totalidade da vinha foi mesmo construída uma barragem na Ribeira da Caridade.

A Herdade do Esporão é de facto, um local histórico, tendo os seus limites fixados desde 1267, contando ainda hoje com Património edificado que foi sobrevivendo à passagem do tempo, do qual a sua Torre do Esporão, também conhecida como Castelo de Esporão ou Solar da Herdade do Esporão (construída entre os anos 1457 e 1490), é o símbolo máximo, fazendo mesmo parte do logótipo desta herdade.

A Herdade organiza diversos serviços de enoturismo, com restauração e degustação da produção, organização de cursos vínicos e, claro está, visita a este interessante Património, com várias opções ao dispor do visitante.

A história da Herdade do Esporão, tem algum interesse, pois está interligada com a própria história do nosso País.

A Herdade do Esporão foi adquirida pela Finagra em 1973, com o principal objectivo de produzir vinhos de grande qualidade. Em 1975, após o 25 de Abril, a Herdade é intervencionada pelo Estado e só em 1979 é devolvida, permitindo à Finagra prosseguir a plantação das vinhas, primeira etapa do seu ambicioso projecto.

A sua moderna adega é construída em 1987, cumprindo-se assim uma nova etapa. Em 1989 é lançado o primeiro vinho Esporão, sendo considerado um dos melhores vinhos portugueses e três anos depois são lançados os vinhos Monte Velho.

Em 1995, depois dos seus vinhos já estarem entre os melhores, novos investimentos são efectuados: planta-se uma nova área de vinha, renova-se a existente, instala-se um sistema de rega gota-a-gota em toda a vinha e constrói-se uma barragem com 100 ha de área submersa.

A compra da Herdade dos Perdigões com 190 ha de vinha, a construção da Casa do Enoturismo, a expansão da adega e a aquisição de um moderno lagar para a produção dos Azeites Virgens Herdade do Esporão, são as mais recentes apostas de da herdade, na dinâmica do seu desenvolvimento, cujas raízes parecem remontar aos tempos da ocupação romana.

Fonte: www.guiadacidade.pt

Estadia em Monsaraz

A nossa chegada à pequena e encantadora vila fronteiriça de Monsaraz, já foi feita à noite e após o jantar, que decorreu em Reguengos de Monsaraz, a alguns quilómetros de distância.

Ao longe destaca-se Monsaraz no horizonte, como que um farol, toda iluminada. Depois de se trilhar uma longa estrada pela planície alentejana, que a liga a Reguengos de Monsaraz e depois de uma curva na estrada, começamos a subir a estrada empedrada e íngreme, que nos leva lá acima.

Assim chegados a esta vila fortificada, situada no cimo de uma colina, que tem mantido a sua traça medieval ao longo do tempo, estacionamos a A.C. no parque à entrada da vila, uma espécie de varanda em socalco, com um piso de seixos rolados e de vistas magníficas sobre a planície alentejana.

Após um longo passeio nocturno, foi hora de regressar para a pernoita, onde um silêncio verdadeiramente sentido e a sensação de leveza de ser, transmitida pela altura e vistas abrangentes, nos embalaram num sono reparador.


No dia seguinte o passeio pela vila!... Atravessando a grande porta da velha vila de Monsaraz e enveredando por uma longa caminhada pelas ruas e ruelas da vila, com as suas casas caiadas, paredes de pedra e um céu de azul intenso, deu-nos a real ambiência mágica deste lugar, que possui uma aura quase surreal. Possivelmente por isso, a cidade tenha um charme de um velho mundo maravilhoso.

O almoço no afamado restaurante “Casa do Forno”, onde se pratica uma cozinha regional de alta qualidade e com vários prémios gastronómicos no seu historial, onde foi degustando um inesquecível ensopado de borrego, que foi servido numa sala muito simples e agradável, mesmo ao nosso gosto.

Naquele dia e num largo ao fundo da rua Direita, que é ladeada de casas dos séculos XVII e XVIII, que exibem brasões de armas e em frente à Igreja Matriz, decorria uma, tão do meu agrado, Feira de Antiguidades, que foi por nós longamente visitada e apreciada.

Depois foi a vez de visitar a Igreja Matriz do século XVI, com altares em talha dourada e colunas pintadas. Ali no largo, também se encontra a antiga Casa da Câmara, que aloja agora o Museu de Arte Sacra, com colecções de escultura e de livros e paramentos religiosos.

Subindo as antigas muralhas, os passos são íngremes e os degraus em ruínas sem grades, levam-nos a ver a magnífica vista, que parece todo o Mundo alcançar e de onde se admira a beleza da albufeira da Barragem do Alqueva.

Embora a planta do Forte de São Bento tivesse sido desenhado em forma estrelada, a morfologia do terreno onde se implanta, levou a algumas alterações da planimetria. O forte/castelo, com três baluartes, parapeito e uma cortina artificial, estendia-se outrora em volta de toda a povoação, integrando no pano de muralhas a Ermida de São Bento.

A partir do século XIX, quando a sede de concelho foi transferida para Reguengos de Monsaraz, a fortificação ficou votada ao abandono, o que originou que alguns dos seus elementos ruíssem. No entanto, a estrutura amuralhada continua a predominar na paisagem urbanística da vila de Monsaraz.

Entrar em Monsaraz, percorrer as suas ruas estreitas, visitar as suas igrejas, a Cisterna da Vila, os Paços da Audiência com os seus frescos, visitar o seu Castelo e deixarmo-nos invadir pela cultura e pela história deste lugar tão antigo, é sem dúvida uma experiência que vale bem a pena ser vivida.

Monsaraz

Monsaraz é uma muito antiga vila portuguesa, vizinha do rio Guadiana e dos braços da enorme albufeira do Alqueva, plantada no cimo de uma colina, destacando-se na planície alentejana e que possui uma enorme riqueza histórica e arquitectónica.

O seu Castelo, ergue-se sobre o monte Monsaraz, dominando a vila medieval e a fronteira com a Espanha. Considerada uma das mais antigas povoações de Portugal, Monsaraz regista indícios de povoamento desde os tempos pré-históricos, sendo inicialmente um castro fortificado.


Este primitivo castro pré-histórico foi, mais tarde romanizado, e com o decorrer dos tempos, Monsaraz passa para a esfera do domínio do Islão, passando a designar-se de Saris ou Sarish, pertencendo então ao reino de Badajoz, importante foco da cultura árabe.

A partir de então foi sendo sucessivamente ocupada até ao período de formação da nacionalidade, sendo conquistada pela primeira vez aos muçulmanos em 1157, por Geraldo Sem Pavor.

Voltando ao domínio dos almôadas, depois de D. Afonso Henriques ter sido derrotado em Badajoz, a povoação viria a ser reconquistada por D. Sancho II (1232), com a ajuda dos Templários, fazendo a sua doação à Ordem do Templo.

Em 1263, é já uma importante povoação fortificada. No entanto, o repovoamento cristão de Monsaraz só iria efectivar-se no reinado de Afonso III, quando o monarca lhe concedeu o primeiro foral, fixando os limites do concelho. A população era então constituída por cristãos, moçárabes, árabes e judeus.

Nos anos seguintes foi edificado o núcleo primitivo do castelo, incluindo a Torre de Menagem, a Igreja Matriz e o Tribunal Gótico, cujo interior alberga o fresco de “O Bom e o Mau Juiz”. Ao longo do século XVI e com a reforma manuelina do foral, a povoação foi crescendo, instituindo-se localmente uma Irmandade da Misericórdia.

Fonte: Wikipédia