"Não há amizades, parentesco, qualidades, nem grandezas que possam ultrapassar o rigor da inveja."

Miguel de Cervantes

Passeio por Orvieto – Parte I


A nossa saída para a visita a Orvieto, foi realizada após a hora de almoço e pretendíamos estar na cidade até ao final do dia.

Fomos a pé até à estação de comboios de Orvieto, situada na base da colina. O terminal de funicular está situado fora da estação. Tentámos apanhar o funicular para a cidade, o que foi impossível, pois este estava encerrado para obras.
Assim apanhámos um autocarro urbano até à Piazza Cahen na borda oriental da cidade, perto da escarpa rochosa. A abordagem à cidade é um dos momentos mais gloriosos a recordar, sobre a visita de Orvieto.
O caminho até à cidade é magnífico e é realizado por uma estrada íngreme, ventosa e sinuosa, que nos proporciona uma paisagem deslumbrante da Úmbria, em especial sobre as amplas planícies circundantes, com vinhedos e campos de cultivo.
Entrar na cidade é uma delícia! Visitar a cidade significa caminhar através da história. A cidade não é grande e ao caminharmos pelo Corso Cavour, a espinha dorsal da cidade que nos leva ao centro histórico, encontramos muitos restaurantes, pizarias e geladarias, em ruas de paralelepípedos que se fragmentam em todas as direcções.

Com vários arcos de pedra, casas de pedra vulcânica com janelas bem pintadas e floridas, algumas ruínas, pequenas pracetas onde encontramos lojas de cerâmica pintada à mão e vários bares onde se servem os seus clássicos vinhos, Orvieto é sem dúvida um dos tesouros mais preciosos da Itália.

O Corso Cavour é uma estrada central, com passagem só para piões e que nos leva até ao centro da cidade. Pelo caminho encontramos a Piazza San Francesco ou Piazza Monaldeschi, onde se pode observar o portal do Palazzo Monaldeschi a residência de uma das famílias mais importantes da cidade. Mandado construir por Sforza Monaldeschi, o palazzo é um dos mais belos e melhor preservados da cidade.

Um pouco mais à frente encontrámos do lado esquerdo um pequeno estúdio/galeria de arte, com trabalhos fabulosos do actor, poeta, pintor e escultor Umberto Verdirosi, que podemos fotografar sem qualquer problema.

Verdirosi com 65 anos é hoje um dos artistas mais autênticos, com uma enorme excentricidade, reflexo de um espírito e de uma inteligência animada e construtiva, própria de uma sensibilidade subtil.

Em contraste, a tradição da arte figurativa é percebida e perseguida como uma necessidade e, sobretudo, como uma originalidade conquistada, dia após dia, com uma dose considerável de imaginação, faculdades e sentimentos que são agora quase sempre deliberadamente ignorados. A sua pintura do fantástico é simplesmente maravilhosa!


Fonte: http://wikitravel.org/en/Orvieto / http://www.cactuslanguage.com / http://www.myspace.com/verdirosi

Não fostes criados para viver como animais, mas para perseguir a virtude e a sabedoria.

Dante Alighieri

Sabedoria


O homem sábio é aquele que não se entristece com as coisas que não tem, mas rejubila com as que tem.

Epicteto

Consciência Moral - I e II


Nas questões de consciência a lei da maioria não conta.

Mahatma Gandhi

A minha consciência tem para mim mais peso do que a opinião do mundo inteiro.

Cícero

Orvieto


A saída ao pôr-do-sol de Siena fez com que a viagem até Orvieto, já se fizesse de noite. A chegada a Orvieto pela hora de jantar, fez com que fossemos logo procurar o lugar de pernoita, que facilmente se encontrou numa boa área de serviço situada muito próxima do ascensor e da estação de caminho-de-ferro, que se situa no sopé do morro sob o qual se estende a cidade, lá em cima num planalto único.
Mesmo à saída da auto-estrada entre Florença, Siena e Roma, Orvieto acolhe os visitantes ao longe, capturando completamente a nossa atenção devido à sua localização notável. Situada numa enorme rocha de origem vulcânica, a pequena cidade de Orvieto, aparece como uma união perfeita entre a natureza e aquilo que foi construído pelo homem. Como uma ilha deserta, com suas falésias e com vista para o vale verdejante do rio Paglia, deixa qualquer um boquiaberto.

Orvieto é uma cidade da Úmbria, cuja fama é devida basicamente a 4 origens, a sua majestosa beleza, a sua linda catedral, o seu clássico vinho e a sua bonita cerâmica. É uma cidade pequena e de grande antiguidade, tão antiga que sua história inicial é incerta. O seu nome deriva da palavra “Urbs Vetus”, ou seja, “velha cidade”, o nome latino de Orvieto, outrora o principal centro da civilização etrusca.

Os etruscos, de fato, que se fixaram nas grutas escavadas na grande massa de tufo, devem ter dado origem de Orvieto. Mas a cidade assumiu papéis de grande importância na Idade Média, nas invasões góticas, nas lutas entre guelfos e gibelinos, citadas por Dante Alighieri, e entre o segundo semestre de 1300 e primeiro semestre de 1400, quando passou a ser completamente do domínio papal.

Para se aceder à cidade lá no alto, os visitantes podem apanhar o ascensor, que não estava em funcionamento aquando da nossa visita à cidade, ou tomar um autocarro a partir da estação ferroviária e do parque de estacionamento na base do morro até o cume do morro, onde está situada a cidade.

Foi um destes autocarros que nos levou ao cimo da plataforma sem qualquer sobressalto, no entanto, na viagem de volta, um jovem condutor totalmente irresponsável, conduziu-nos até cá abaixo a alta velocidade, quer em recta, quer em curva, praticamente sem usar o travão, fazendo desta uma viagem verdadeiramente alucinante, deixando todos os passageiros incrédulos com o sucedido.

A sua posição estratégica sobre uma plataforma planáltica com uma base de tufos vulcânicos porosos, dominando as planícies em redor, faz dela um lugar de absoluto fascínio, tendo sido ao longo do tempo, o motivo de ferozes lutas pelo poder, desde a época etrusca, passando pela romana e logo em seguida pelos godos, finalizando com as guerras civis entre as famílias medievais, os Monaldeschi e os Filippeschi, pela posse da cidade.

O morro que suporta Orvieto é uma espécie de “colmeia”, camuflando muitas cavernas etruscas e medievais, escavadas em tempos longínquos por antigos habitantes. É possível visitar os cerca de 100 metros de cavernas e poços, onde se podem observam os restos de uma antiga prensa de azeite e de uma pedreira de cimento etrusca primitiva, a 130 metros de profundidade.

Assim sendo a cidade de Orvieto viveu desde sempre em simbiose com o tufo vulcânico em que se encontra, num extraordinário exemplo da integração da natureza através do trabalho do homem.

Visitar esta cidade significa caminhar através da história, em busca de traços de quase três mil anos de existência. É uma cidade calma, que se visita sem stress quer de dia quer de noite, embora com alguns os turistas durante o dia. As suas ruas são ladeadas por edifícios em pedra de origem vulcânica.

Há muitos anos atrás a cidade tornou-se numa das principais atracções culturais de seu tempo, quando S. Tomás de Aquino ensinou no Studium de Orvieto, uma pequena universidade, que agora faz parte da Universidade de Perugia. Esta antiga universidade teve as suas origens com o nome de Studium Generale, sendo concedida à cidade pelo Papa Gregório XI, em 1736.

Fonte: Wikipédia / http://www.argoweb.it/orvieto

Talento e Carácter


O talento é feito na solidão; o carácter, nos embates com o mundo.

Goethe
Preocupa-te mais com o teu carácter do que com a tua reputação, porque o teu carácter é o que tu realmente és, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que tu és.

Autor desconhecido

Moral Verosímil como Meio de Criação Humana - Parte II

Outro aspecto discutido da natureza humana é a existência da relação do corpo físico com o espírito ou alma, que transcende os atributos físicos do homem, bem como a existência de qualquer propósito transcendente.



Sendo a favor da visão filosófica naturalista, discordando da Alegoria da Caverna de Platão, em que a alma é um espírito que apenas usa o corpo e que a forma como vemos o mundo que nos rodeia é simplesmente um reflexo de algo mais elevado.


Sou da opinião que os humanos são seres não planeados do produto da evolução, que opera em parte pela selecção natural e mutação aleatória; sou algo a favor do Tomismo, uma vez que este assegura que o empirismo e a filosofia, quando adequadamente exercidos, conduzirão inevitavelmente à crença razoável em Deus, à alma humana e ao objectivismo moral, o que assim sendo nos levará a prática do “sentir”, e deixar o preconceito do “já sentido”, de que nos fala Mário Perniola, pois através desta “moral” poderemos deixar as surpresas insólitas e perturbadoras, irredutíveis à identidade, ambivalentes, excessivas que se encontram entretecidas na existência de tantos homens e mulheres do século XXI, sendo isto, efectivamente o carácter não puro do sentir, que se liga à ausência de sensatez, seja, à falta de moral e razão.


"Há de se notar que um indivíduo, vivendo em sociedade, constitui de certo modo uma parte ou um membro desta sociedade. Por isso, aquele que faz algo para o bem ou para o mal de um de seus membros atinge, com isso, a toda a sociedade" [1]


"A humildade é o primeiro degrau para a sabedoria" [2]


Com um sentir mais duradouro, poderemos ter a paz necessária para a prática criativa. A predisposição para uma moral, para a sensatez, leva-nos a indagar sobre o Estado de Natureza.


De acordo com Pelagius, o estado do homem na natureza, os Homens não são tentados pelo pecado original, mas plenamente capazes de escolher entre o bem e o mal.


De acordo com Hobbes, os seres humanos no estado de natureza estão inerentemente numa "guerra de todos contra todos", e a vida neste estado é em última instância "desagradável, bruta, e curta." Para Hobbes, esse estado de natureza é sanado pelo bom governo.


Concordo com Bertrand Russell e consequentemente com Hobbes. Para Russell o mal moral ou pecado é derivado de instintos que tenham sido transmitidos para nós de nossos ancestrais por bestas de rapina. Esta ascendência originou-se quando certos animais se tornaram omnívoros e empregados na caça (matando e furtando), de forma periódica para devorar a carne, bem como as frutas, para apoiar o metabolismo, em concorrência com outros animais para a escassez de alimentos e de comida vegetal, fontes no ambiente predador em que evoluiu. Assim, o simples facto de que os seres humanos devem comer outra vida ou então têm fome, leva-nos a pensar que a morte é a provável origem primordial do mal moral contemporâneo e histórico, isto é, as coisas más que fazemos uns aos outros como mentir, enganar, difamar, assaltar e matar.


Assim, acreditando no livre arbítrio de escolher entre o bem e o mal, de alguns homens, com predisposição para praticar bons actos, acredito na seguinte premissa: “Trate as pessoas como se elas já fossem o que poderiam ser e você as ajudará a se tornarem aquilo que são capazes de ser." [3]


Assim como Hobbes refere, um bom Governo trará boas práticas. E forma-se um novo círculo: Boas práticas trarão paz interior e consequentemente o “pleno sentir”, então amenizar-se-ão os conflitos interiores e inter-pessoais, e consequentes conflitos da criação humana…o “sentir em pleno” trará a plena obra de arte, percebida por todos como tal, quando “válida”, que será não mais que a revelação esperada da sua origem: o Artista, o Homem e seu “Mundo”, e a sua origem primordial, a “Terra”.


[1] Santo Tomás de Aquino, “Summa Theologiae”, I-II, q. 21, a. 3.
[2] São Tomás de Aquino.
[3] Goethe.

Estética e Criticismo

Lia Cardoso

Bibliografia:
-Heidegger, Martin; A Origem da Obra de Arte; Edições 70 Lda; Junho de 2008.
-Platão; A República, livro VII.
-Santo Tomás de Aquino, “Summa Theologiae”
-http://pt.wikipedia.org/

Moral Verosímil como Meio de Criação Humana - Parte I

Martin Heidegger, em A Origem da Obra de Arte, diz-nos ser necessário que se recorra ao artista para conhecer a origem da obra de arte, porém só sabemos algo sobre o artista, se inquirimos a obra que, por sua vez, só é uma obra porque resultou do trabalho do artista. Desta feita, somos obrigados a penetrar num círculo que, conforme Heidegger, é uma forma que deve percorrer quem se ocupa do pensar.

Inseridos no círculo, o caminho devemos percorrer. Chegamos, então à conclusão de que uma obra de arte é aquela que é gerada no auge do conflito entre a Terra e o Mundo.

A primeira, reconhecida como a doadora, aquela que se retrai e se oculta no seu silêncio. O Mundo, resultado da construção humana, é aquele que reclama da Terra o proferir de qualquer coisa que o conduza à compreensão daqueles que lhe deram vida e que, por sua vez, ele e a terra são seus geradores. É nesta interdependência que se explica a relação entre Obra de Arte e Artista, sendo simultaneamente a partir desta premissa que se chegará à compreensão do Mundo e da Natureza (Terra). Verificamos assim que a expansão de um “ser”, de um “existir”, tem sempre retorno ao seu “ventre”.

Da Terra surge, se expande, mas mesmo através da ambiguidade do pensamento humano, ela retorna à sua origem. E assim se revela a verdade, na íntima relação com o Homem, com Mundo que resulta dele, e da sua Mãe Terra. Revela-se a verdade no mutismo de uma obra de arte, que parte do Homem, e simultaneamente, da Terra, sua origem.

Por fim espera-se que a obra de arte seja contemplada, para que, enfim, se revele esta verdade.

Penetrando, na problemática do Mundo, isto é, da Criação Humana, confrontamo-nos com a incoação na Natureza Humana.

De acordo com o conceito aceite pela ciência moderna, natureza humana é a parte do comportamento humano que se acredita que seja normal e/ou invariável através longos períodos de tempo em contextos culturais dos mais variados. Esse entendimento entretanto é equivocado, dado que a ciência não crê em natureza humana, pois essa tem um carácter metafísico.

Existindo várias perspectivas em relação à natureza e essência fundamentais dos seres humanos, foco-me no livre arbítrio e determinismo, tomando em conta, estas premissas, de grande parte do debate sobre a natureza humana.

Sendo um acto quase que Predestinado, a Criação Humana vive de um conflito inerente à sua própria natureza, a ignorância, sofrimento, o domínio da morte, inclinada ao pecado, e a procura simultânea de respostas, ou antes uma ambição inabalável, que garante a evolução da espécie. Não tomando partido do Criacionismo, creio que coexiste na natureza humana, determinismo e livre arbítrio, tal como defendem os compatibilistas contemporâneos.

Tal como todos os fenómenos físicos, os seres humanos, são objecto de causa e efeito.

As nossas acções resultam do meio social e factores biológicos ou teológicos, mas também da livre e espontânea vontade de lhes ceder, e, a meu ver, assim se concretiza a base para a criação humana, através de uma identidade completamente introvertida, ou integrada no seu meio, que procura respostas para de si para si mesmo, ou de/para o seu ambiente.
( Continua )

Estética e Criticismo

Lia Cardoso

Um passeio por Siena - Via Banchi di Sopra - Parte VII

Saindo da Piazza Timotei, caminhámos até encontrarmos uns metros mais à frente, do lado direito da Via Banchi di Sopra e situada num quadrado pequeno e agradável, a Piazza Salimbeni, onde está situado o Palazzo Salimbeni, um edifício notável construído em estilo gótico do século XIV. O palácio é a antiga sede do Banco Monte dei Paschi di Siena, fundado em 1472, um dos bancos mais antigos e importantes na economia da antiga cidade de Siena.

O Palazzo Salimbeni está situado no centro histórico de Siena e ali na mesma praça, também ficam situados alguns dos mais importantes palácios da cidade. À esquerda e direita do Palazzo Salimbeni, encontram-se respectivamente, o Palazzo Tantucci, originalmente projectado em meados de 1500 por Riccio, e o Palazzo Spannocchi originalmente de 1470, que foi desenhado por Giuliano da Majano. Todos os três edifícios foram remodelados e restaurados no séc. XIX, por José Partini.

No centro desta praça está a estátua de Sallustio Bandini (1677 – 1760, foi um religioso, político e economista italiano natural de Siena), por Tito Sarrocchi de 1882.

Nesta praça encontrámos um pintor de rua, que com giz de cores pintava primorosamente no chão em pedra, uma enorme ampliação feita a partir de uma pequena foto ou desenho, que representava uma cena do juízo final.

Seguimos para a esquerda, pela Via della Sapienza, que deve seu nome ao “Senese Studium”, a mais antiga Universidade de Siena, fundada em 1392. O local onde se encontra esta antiga Universidade abriga agora a Biblioteca Comunale Intronati, utilizada desde 1810 como biblioteca pública, com um acervo único de incunábulos do séc. XVI e ambientes de grande encanto, como o beco medieval coberto na parte traseira e no hall.

Enquanto se caminhava pela Via della Sapienza, as altas fachadas das casas antigas iam-se fechando à nossa volta e logo ficámos aprisionados num labirinto de séculos atrás, que seguia a lógica do estilo de vida do passado. No centro da estreita via, ainda se observa o lugar por onde corriam as águas de esgoto, que na Idade Média era a céu aberto e que terão sido uma das causas da terrível Peste Negra, que assulou a cidade, em 1348.

Mais à frente seguimos para a esquerda até à Costa Santo Antonio, onde se encontra do lado direito e no início da Via della Galiuzza, o Santuário/Casa di Santa Caterina. A zona da Costa Santo Antonio é uma zona sombria e cheia de desníveis. A rua estreita e curta faz-nos chegar perto da Casa e Santuário de Santa Catarina, um pequeno complexo de capelas construídas no local onde Santa Catarina de Siena, a santa padroeira da cidade, nasceu.

Porque se adivinhava o pôr-do-sol, encaminhamo-nos para a zona da escada rolante pela Via di Fontebranda, a fim de descermos novamente até ao sopé de uma das colinas que suportam a cidade.

Dali tomámos o caminho de volta à autocaravana, caminhando a pé até ao Parque Fagiolone onde tínhamos estacionada a autocaravana, para ainda naquele dia viajarmos até Orvieto, onde iriamos pernoitar.

Fonte: http://www.contradadellacivetta.it / http://www.initalytoday.com / Mapa de Siena

O Carácter


O carácter não pode ser desenvolvido na calma e tranquilidade. Somente através da experiência de tentativas e sofrimentos, a alma consegue ser fortalecida, a visão clareada, a ambição inspirada e o sucesso alcançado.

Helen Keller

O Mundo


O problema com o mundo é que os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas.

Bertrand Russell

Um passeio por Siena - Via Banchi di Sopra - Parte VI

Já com o intuito do regresso à autocaravana, pois já se adivinhava o final do dia, enveredámos pela Via Banchi di Sopra, para iniciarmos o caminho de volta.

A Via Banchi di Sopra, é a rua comercial mais sofisticada da cidade. Ao longo desta rua cheia de gente, encontramos muito comércio de todo o tipo e a meio caminho, do lado esquerdo aparece-nos uma construção muito bonita e peculiar, a Loggia dei Mercanti.

A Loggia dei Mercanti era a sede do Tribunal de Comércio, que foi um dos primeiros espaços formais para a bolsa de valores. Embora aparentemente sem o vasto espaço para troca de acções como os de hoje, ela está localizada numa espécie de varanda, compensada pelo seu belo design em arcos, com esculturas em nichos nas colunas e frescos no tecto muito interessantes.

Desenhada por Paulo Sano di Matteo e executada por Pietro del Minella, no início do século XV em estilo gótico-renascentista, tem bonitos elementos arquitectónicos.

A Loggia dei Mercanti, possui três arcos sobre pilares altos como nichos com estátuas em mármore representando em geral, filósofos da antiguidade. A decoração é um trabalho de Vecchietta Antonio Federighi e da Urbano Cortona. Internamente, os lados mais curtos do pórtico são fechadas por dois bancos de mármore, os tectos têm frescos e elegantes decorações de estuque.

Continuámos o caminho até desembocarmos numa pequena praça do lado direito, a Piazza Tolomei, onde se encontra o Palazzo Tolomei e a Chiesa di San Cristoforo.


O Palazzo Timotei, tem o nome da família nobre que o habitou e é um edifício de pedra cinza, com arcos elegantes nas janelas de traça medieval, com vista para a praça e para a Igreja de São Cristóvão (Chiesa di San Cristoforo).

Ergue-se isolado, severo e gracioso, possuindo surpreendentemente intactas as linhas do século XIII, amenizadas pela arquitectura renascentista superior. Segundo a repórter Andrea Dei, foi construído por volta de 1208, por Ptolomeu e Rinaldo James Ptolomeus.

Os Ptolomeus foram uma das mais poderosas e mais antigas famílias de Siena. Segundo os escritos da época, era uma família descendente dos reis da dinastia dos Ptolomeus do Egipto, (Ptolomeu I, pai da rainha Cleopatra do Egipto, era um dos generais de Carlos Magno, que após a sua morte dividiram as suas possessões entre eles, ficando Ptolomeu com o Egipto), que terão vindo para a Itália, na esteira de Carlos Magno.

Radicados no território de Siena, logo acumularam enorme fortuna e estavam entre as primeiras famílias de banqueiros da cidade e possuiam muitas casas e torres na cidade. Os ptolomeus também tinham o patrocínio de várias igrejas, incluindo a Igreja de São Cristóvão, que até ao ano de 1274, abrigava a maioria das reuniões do Conselho da Cidade.

Em 1267, os proprietários do palácio foram forçados ao exílio e o edifício sofreu a ira dos gibelinos, mas foi completamente reconstruído no ano de 1270, com a utilização de materiais reciclados recolhidos dos escombros de casas demolidas.

Alguns anos mais tarde, em 1277, a residência dos Ptolomeus sofreu um incêndio devastador, mas, apesar disso, mesmo com o peso dos anos, a elegante mansão foi lindamente restaurada em 1971 e é hoje um dos mais belos e nobres edifícios de Siena.

Fonte: http://www.toscanapocket.com / http://viaggi.viamichelin.it

Um passeio por Siena - Parte V


Depois de estarmos uma boa parte da tarde na Piazza del Campo, sentados numa das esplanadas da praça, partimos à descoberta do resto da cidade.
A partir da Via San Giovanni Dupré fomos até à Via del Mercato, descendo sempre até à Piazza del Mercato, onde se encontra o principal mercado da cidade.

Depois de ter sido em terra batida e cheia de árvores, a praça do antigo mercado foi usada originalmente para o mercado de gado, conhecido como o “Foro Boario”. Actualmente é um mercado de produtos da região, com instalações para flores e vegetais e fornecedores de frangos e coelhos, para quem foi construído um telhado em 1886.

Este telhado é semelhante a uma tartaruga, o que explica o seu nome "Tartarugone", tartaruga em italiano. O mercado também atraiu ao longo do tempo vendedores ambulantes conhecidos como trecconi treccolonior, que vendiam fios, botões e bugigangas diversas para as senhoras, apresentando-se com uma caixa pendurada ao pescoço.

A Piazza del Mercato oferece uma bela vista do lado Sul da cidade e das ruas que descem a partir da parte traseira da Piazza del Campo e do Palazzo Pubblico ou Comunale.

Enveredámos em seguida pelas ruelas da cidade, a caminho da zona conhecida por Casato di Sotto, onde se encontram as ruas mais antigas da cidade. Ali as ruas são tão estreitas, íngremes e sinuosas, que acabámos por nos perder.

Esta é a zona mais antiga da cidade, que mantém uma aparência arquitectónica típica do século XIV. Estas são as ruas por onde passa a manifestação mais marcante da cidade, a histórica Parade Drappellone, um cortejo com o carro triunfal puxado por bois a caminho do Palio de Siena.
É também ali que encontramos o Palazzo Chigi, que hoje alberga a Accademia Chigiana, uma famosa escola de música italiana e um centro internacional de estudos musicais avançados.

A atmosfera desta antiga cidade medieval é sentida a todo o momento nas suas ruas tortuosas que sobem e descem em desníveis constantes entre si. Estas ruelas encontram-se cheias de atalhos, que nos oferecem cenários de absoluto fascínio, que se desenrolam entre as casas medievais e as pracinhas ou pátios, desta cidade maravilhosa.

A própria cultura da cidade, cria por si só uma atmosfera especial, onde é normal ouvir concertos de música clássica realizados nos pátios da cidade, pelos estudantes da Accademia Chigiana, uma instituição famosa de música em todo o mundo.

As casas da cidade que crescem em altura fazem com que as ruas, mesmo em dias de sol, sejam sombrias. Em quase todas as ruas as casas estão decoradas com bandeiras medievais, que presas às varandas e janelas ostentam os brasões da zona da cidade a que pertencem.
Em algumas pracinhas da cidade também podemos observar momentos de ensaio de práticas medievais que serão usadas nos dias festivos do Palio, com jovens rapazes vestidos com trajes medievais, que atiram bandeiras coloridas ao ar apanhando-as em seguida com agilidade e precisão.
Fonte: Wikipédia / http://www.initalytoday.com

Solidão


Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre as gentes.

Charles Chaplin

Coragem


Saber o que é correcto e não o fazer, é falta de coragem.

Confúcio