Mostrando postagens com marcador Inverno 2009/2010 - Andaluzia (Sul de Espanha). Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Inverno 2009/2010 - Andaluzia (Sul de Espanha). Mostrar todas as postagens

Zafra


A meio caminho entre Olivença e Córdoba, no meio de um espaçoso vale pouco profundo, entre as colinas de Los Santos e Castellar, aparece-nos a pequena e típica cidade de Zafra. A cidade está centrada no castelo do séc. XV, que outrora foi uma fortaleza moura.
Ali parámos para o jantar, aproveitando depois para uma boa caminhada para a breve mas relaxante visita á cidade. As ruas estavam cheias de gente, algum comércio ainda estava aberto e as pessoas faziam ainda as compras para os presentes de Natal, pois como se sabe, em Espanha é no Dia de Reis que se recebem os presentes.

Zafra é uma localidade extremeña, cuja origem ou fundação é citada pela história, ao assinalá-la como a antiga aldeia de “Segeda”, fundada por tribos lusitanas.

Com a queda do Califato de Córdoba, "Segeda" ficava entre os limites dos reinos de Badajoz e Sevilha, pelo que no alto da serra se ergueu outrora um castelo, do qual hoje só restam exíguos testemunhos.
O seu nome actual deriva do árabe “Safra” e o gentílico que distingue a seus habitantes é o de "segedanos".
Em 1394, Gómez Suárez de Figueroa, filho do Grão-Mestre da Ordem de Santiago e uma das personagens mais importantes da sua história, recebe a cidade do rei Henrique III.

Pela mão desta nobre família, é feito o repovoamento e a população surge com força e pujança. Fortifica-se de forma notável, criam-se instituições sociais e religiosas e levanta-se o seu poderoso Alcázar (Palácio de los Duques de Feria), hoje o Parador Nacional de Turismo.

O Parador está situado numa praça e possui uma torre cónica em cada canto. A entrada principal para o castelo é um portão protegido por duas pequenas torres. O valor deste castelo/palácio é expresso por uma espectacular fachada com um aspecto ideal. Nove torres com ameias zelosamente guardam um interior grandioso e digno da realeza, com bonitos tectos com painéis bem conservados, grandes arcadas, trabalhos em ferro forjado, corrimãos e outros detalhes decorativos pertencentes ao palácio inicial.

Zafra converte-se na época, num importante foco político, cultural e económico de grande relevância, sendo berço de um grande número de personagens ilustres e numerosos grémios artesanais.

Alfonso IX de Leão, conquistou-a em 1229, perdendo-a pouco depois, até que em 1241, os exércitos de Fernando III, o Santo, a incorporam definitivamente na coroa de Castela e Leão.

O casco antigo conserva monumentos muito interessantes, entre os quais se destacam, o Alcázar, a Colegiata e as suas belas praças Grande e Chica, que são o coração da cidade, conferindo-lhe junto com as igrejas, conventos e casas solarengas, com numerosos detalhes de arte mudéjar, um perfil muito especial.

Uma das áreas mais pitorescas da cidade é a praça principal, ou Plaza Grande, cujos edifícios são adornados por arcadas, o que lhe dá uma configuração incomum. Esta praça tem ligada uma segunda praça, mais pequena, a Plaza Chica, que se junta à sua irmã maior, através de um dos mencionados arcos, o "Arquillo del Pan", que significa "o naco de pão", devido à sua forma incomum. Destas praças contíguas a mais antiga é a Plaza Chica, que era o centro da cidade medieval, do município e do mercado.

Ao longo da história, Zafra sempre conservou seu carácter comercial, passando a ser um importante foco industrial e de criação de gado, avalizado por suas antigas e prestigiosas feiras de San Miguel, tradição que hoje tem seu melhor exemplo, ao materializar-se na sua famosa Feira Internacional de Gado, que se celebra todos os anos na primeira semana de Outubro.

Visita a Olivença



A visita a Olivença (Olivenza, em castelhano), foi iniciada no dia seguinte à nossa chegada à cidade. É um prazer caminhar pela cidade dentro de muralhas. Os sinais da antiga vila portuguesa ainda lá estão e são até hoje preservados.

Mas, sem qualquer espécie de complexo, outros elementos foram, entretanto, acrescentados e que marcam bem a diferença quando a comparamos com outras cidades espanholas. Alguns passeios e largos foram pavimentados por calceteiros portugueses, com a característica calçada portuguesa.

Na parte antiga da povoação, cingida pelas muralhas seiscentistas, muitas casas apresentam uma traça nitidamente portuguesa, como o conjunto que se encontra frente à Igreja de Santa Maria del Castillo, o Palácio dos Duques de Cadaval, ocupado pelo Ayuntamiento (Câmara Municipal) com a sua porta manuelina, o edifício da Misericórdia, a única existente em Espanha, que é inconfundível por causa dos seus painéis de azulejos azuis e brancos.

É uma terra onde a existência do elevado poder económico de algumas famílias, se manifestava na opulência de alguns dos seus edifícios, como casas importantes e imponentes, como a casa da Condessa de Marialva.

Também dentro de muralhas se encontra a bela Igreja de Santa Maria Magdalena, que se encontrava encerrada, mesmo ao domingo, que possui belas colunas em espiral em estilo manuelino.


Hoje, mesmo dentro da antiga cidade amuralhada notam-se já algumas alterações no conjunto urbano, sobretudo nas ruas com função comercial predominante, com casas com um estilo arquitectónico mais de acordo com o gosto espanhol. Nestas, já são muito vulgares as “cristaleras” ou “miradores” (varandas envidraçadas), designadas por “balcones”, e até as janelas e portas de rés-do-chão, gradeadas com ferro forjado, que outrora eram raras em Olivença, mas que são hoje já bastante comuns.

Na Plaza de la Constituición, uma pequena e bela praça tipicamente portuguesa, onde o chão coberto por calçada portuguesa, nos mostra desenhada a planta da cidade, com o casco urbano rodeado de muralhas, baluartes construídos após a Restauração da Independência, no século XVII.

Esta praça, não é mais que um alargamento de uma rua onde que se situa o Palácio dos Duques de Cadaval, onde podemos admirar a porta manuelina nos agora Paços do Concelho. Actualmente, esta praça, não tem nada a ver com a antiga Plaza de España, que foi pavimentada, com calçada portuguesa, arborizada e dotada de mobiliário urbano que não possuía.

Passando o arco contíguo ao palácio dos Duques de Cadaval e seguindo a rua do mesmo nome, encontra-se a Igreja de Santa Maria do Castelo.

Saindo também desta praça, a caminho da praça maior ou principal da cidade, e já bem perto dela, encontramos do lado esquerdo a Pastelaria Fuentes, que não se deve deixar de visitar e que nos oferece uma pastelaria fina e diversificada, com herança conventual, onde se destacam os grandes e divinais bolos “Pécula Mécula”, de amêndoa ralada e doce de ovos.

A expansão da cidade fez-se à custa da destruição de um troço da sua muralha seiscentista, entre o baluarte de S. Francisco e o baluarte da Cortadura. Este baluarte foi aproveitado para nele ser construída a Praça de Touros.



Olivença, a Portuguesa

«Olivença é uma pérola portuguesa incrustada na Extremadura espanhola» (“El Pais”).

A frase é verdadeira, e Olivença é para nós portugueses uma espécie de cordão umbilical que se guardou durante muito tempo e que sem se saber como, se perdeu!...
A nossa passagem por Olivença foi propositada e já há bastante tempo que a queríamos visitar. Era nossa intenção passar a noite em Olivença e no dia seguinte visitarmos com calma a cidade.
No caminho desde casa até Olivença, fizemos uma só paragem, para o jantar no afamado restaurante "Bar Alentejano", em Montemor-o-Novo, onde a boa gastronomia alentejana é o prato da casa. O jantar de "Migas de espargos com carne de porco preto", seguido de óptima doçaria conventual, deu-nos a energia mais do que suficiente para realizar o resto do percurso.
A chegada à cidade de Olivença fez-se por volta das 22h00, pelo que ainda fomos visitar a zona mais movimentada, junto à praça do mercado e espreitar a cidade antiga, dentro de muralhas. Era sábado à noite e a juventude enchia a cidade, onde portugueses e espanholas faziam facilmente par, nas discotecas e bares que convidavam a entrar.
Após o passeio nocturno pela cidade e por volta da meia-noite regressámos à A.C. A pernoita foi feita num lugar bastante sossegado, junto ao terminal rodoviário e da Casa de Saúde de Olivença.

Olivença está situada na margem esquerda do rio Guadiana e o seu território tem uma forma aproximadamente triangular, com dois dos seus vértices a tocar o Guadiana.

A cidade é mística, pela sua história, passada e presente, por ser ainda um estranho mas real ponto de encontro entre as culturas de Portugal e Espanha e ainda pela sua estrutura sem igual, pois é uma cidade fortificada situada numa peneplanície árida da Extremadura espanhola.

A Vila de Olivença foi conquistada pelos portugueses aos mouros, pela primeira vez, em 1166. A sua posse definitiva foi reconhecida em 1297, no Tratado de Alcanises, quando foram fixadas as fronteiras entre Portugal e Castela.
Durante mais de 600 anos a sua heróica população bateu-se contra as investidas de Castela e depois da Espanha (a partir de 1492), para preservar a sua identidade nacional.
No dia 20 de Maio de 1801, o exército espanhol, num acto de pura traição, toma o concelho de Olivença, usurpando 750 km2 do território de Portugal, incluindo uma das suas vilas mais importantes. Esta usurpação ocorre num momento particularmente dramático para Portugal, dado que se vivia sob a ameaça de uma invasão pelo exército francês.
A Espanha aproveita-se desta fragilidade de Portugal, e declara-lhe guerra e num acto de traição, pela força das armas, usurpa um território que não lhe pertencia subjugando uma população indefesa.
A história de Olivença é conturbada!… O Tratado de Alcanizes de 1297, estabelecia Olivença como parte de Portugal. Em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, o território foi anexado a Espanha.
No entanto, em 1815, após inúmeras manobras negociais a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à restituição do território o mais prontamente possível, mas acabou por nunca o fazer!…

O português é ainda falado pelos mais idosos e nos estratos socioeconómicos com mais baixo nível de escolaridade. Ainda hoje, mesmo os que já só falam o castelhano, entendem perfeitamente o português e distinguem-se pela entoação do seu castelhano. Usam por vezes palavras e expressões de origem portuguesa, algo incompreensíveis para os espanhóis, mas que para nós são vocábulos familiares.
É vulgar os jovens de Olivença revestirem os bancos dianteiros dos seus carros, com as bandeiras de ambos os países, numa atitude de respeito pela cultura que os criou e a cultura que os gerou...
Fonte: Wikipédia

Na Andaluzia profunda

O Sul de Espanha, facilmente acessível a partir de Portugal, tem quase sempre a nossa preferência, em especial nas férias curtas, como estas de Natal.

Esta é a região mais variada de Espanha, que nos oferece os mais dramáticos cenários. Desta vez pretendíamos visitar a região interior da Andaluzia, por ser uma região que para além de um bom clima e de uma luminosidade muito especial, nos dá a oportunidade da descoberta constante de lugares e povoados belíssimos.

O destino era atingir o coração desta bela região, começando por Córdoba e Granada com a sua espectacular herança mourisca e depois a Garganta del Chorro, uma maravilha geológica, perto de três belos lagos de cor turquesa, surpreendentemente rodeados por florestas de pinheiros.
Para acabar, os "Pueblos Blancos" da Serra de Grazalema, já no caminho da Costa do Sol e bem perto de Cádiz e Algeciras, como Gaucin, Grazalema e Ronda, uma bela cidade, localizada á beira de um precipício, acabando na pequena mas tão graciosa e surpreendente Setenil de las Bodegas, com casas construídas a partir da rocha.

O percurso escolhido para ir e voltar, foi o seguinte:

1º Dia (26 de Dezembro) - Olivença;

2º Dia (27 de Dezembro) - Olivença / Zafra / Córdoba;

3º Dia (28 de Dezembro) - Córdoba / Granada;

4º Dia (29 de Dezembro) - Granada;

5º Dia (30 de Dezembro) - Granada / El Chorro;

6º Dia (31 de Dezembro) - El Chorro / Garganta del Chorro / Ronda;

7º Dia (1 de Janeiro) - Ronda / Setenil de las Bodegas;

8º Dia (2 de Janeiro) - Setenil de las Bodegas / Sevilha / Casa.