A Lenda da Virgem de Guadalupe

Segundo esta lenda, a imagem veio da Terra Santa e viajou fazendo milagres por Constantinopla, Roma e depois Sevilha… Conta ainda a lenda, que o seu primeiro proprietário foi São Lucas, lá pelo século I. Quando este morreu a figura foi enterrada a seu lado.
Mais tarde, aproximadamente no século IV, ambos teriam sido transladados para Constantinopla, e desde ai viajariam directamente para Roma por ordem do cardeal Gregório Magno. Teria sido nesta cidade que ocorreu o seu primeiro milagre, eliminando no seu caminho pelas ruas, a peste que afligia o povo romano, sendo por isso aclamada com fervor.
Posteriormente a imagem seria transladada para Sevilha e entregue a São Leandro, arcebispo naquela altura desta cidade. Ali permaneceria até ao ano 711. Em Sevilha, foi objecto de culto durante um século, até ser interrompido pela invasão muçulmana. Ao fugirem desta invasão, os cristãos de Sevilha levaram todas as relíquias que puderam, entre elas esta imagem de Nossa Senhora.
Assim, alguns frades Sevilhanos levaram a figura até à alta Extremadura. Pelo caminho, que se fazia longo e doloroso, foram escondendo as relíquias. A imagem da Virgem foi colocada numa caverna situada numa colina, onde julgaram conveniente escondê-la para sua protecção, mais tarde chamada de colina de Guadalupe, (guad = rio, devido ao rio que corre em volta dela e lupe = lobo, devido ao grande número de animais desta espécie que naquela montanha existiam), ao pé de um "rio escondido", ou seja no rio "Guadalupe"...
Junto à imagem colocada na caverna, deixaram um documento explicando como e porquê ela lá estava, e cuidadosamente, fecharam a caverna com pedras. Cinco séculos depois, o culto católico já havia sido restaurado em quase toda a Península Ibérica e muitas imagens descobertas a partir dos seus esconderijos e recolocadas no altar.
Porém, faltava aquela que, outrora, tinha sido enviada por Gregório Magno. Então, algo aconteceu... Segundo a lenda, a Virgem Maria apareceu a um devoto, o guardador de gado Gil Cordero, para indicar onde fora escondida a sua imagem. Decorria o reinado de Afonso X, o Sábio (1252-1284).

Então, o pastor levou os outros animais para o estábulo, e voltou a procurar aquela que se havia desgarrado. Chegou a um certo ponto onde avistou uma vaca ferida. Correu até ela, mas só teve tempo de vê-la morrer.
Enquanto olhava para o animal com muita mágoa pela perda, ouviu uma doce voz. Ao levantar os olhos, viu a Virgem Maria. Ela revelou-lhe então, onde estava escondida a sua imagem, e pediu que naquele local se erguesse um santuário, onde operaria muitas maravilhas através dos tempos. Segundo a lenda, para demonstrar a verdade de sua aparição, a Santíssima Virgem ressuscitou o animal.
Cheio de alegria, o pastor correu até o povoado, onde contou o que havia ocorrido. O achado da Santa imagem causou aos fiéis enorme felicidade e admiração, principalmente ao ouvirem ler os escritos sobre sua origem.
Trataram então de cumprir a vontade da Virgem e mesmo ali na caverna levantaram um altar, onde a imagem foi colocada, enquanto faziam uma capelinha. Mais tarde, o santuário de Nossa Senhora de Guadalupe foi entregue a doze capelães seculares até o reinado de João I, quando foi legado aos religiosos de São Jerónimo, que, com muito zelo, fizeram o santuário prosperar e tornar-se famoso pelos milagres nele operados.
Desde o dia da descoberta da imagem, grandes peregrinações se dirigiram ao santuário desde o séc. VIII, e não tardaram os peregrinos, que continuam a chegar até hoje.... A imagem que traz consigo um profundo sentimento de veneração, é de cor negra e sustém com a mão esquerda o Menino Jesus e com a direita um ceptro de ouro ornado de pedras preciosas.
A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é descida de seu trono na véspera do dia 8 de Setembro, para ser levada em procissão para o local onde os fiéis a contemplam, e depois, guardada novamente, vista durante o ano apenas pelo religioso encarregado de cuidar dela, ou por quem visita o Mosteiro, como nós.
O pastor Gil mudou-se com sua família para o local das obras do santuário, para cuidar pessoalmente que nada faltasse ao culto de Nossa Senhora de Guadalupe e foi chamado de Gil de Santa Maria de Guadalupe...

Marcadores:
Carnaval 2009 - Espanha (Extremadura)
Museu Nacional de Arte Romana
Depois de sairmos da cerca das monumentais ruínas romanas e depois de descansarmos um pouco na bela esplanada que este recinto nos oferece, para degustarmos um gelado, porque a tarde estava quente, fomos visitar o Museu Nacional de Arte Romana de Mérida, que ali fica mesmo em frente.
Este espantoso museu, é uma obra magnífica de Rafael Moneo Vallés, construído em tijolo vermelho, de que eu tanto gosto, e os seus arcos semicirculares do salão principal, que podemos ver logo à entrada, têm a altura do aqueduto Los Milagros da cidade. Foi inaugurado a 19 de Setembro de 1986.

Neste edifício, o desejo de aproximar o mundo romano, foi enfatizado no interior do museu onde se ilustra o sistema construtivo romano por excelência. Esquematicamente, o museu está instalado num sistema de muros paralelos, ortogonais à rua, acolhendo nos seus interstícios as salas e os nichos expositores.

O Museu Nacional de Arte Romana é como que um grande navio, construído sobre um interessante conjunto de ruínas preservadas e está dividido em três pisos ocupados por várias salas ou espaços onde se podem encontrar todas as colecções do museu, numa tentativa de ilustrar todas as facetas que relataram a vida emeritense.

No primeiro andar, as colecções são diversas, com séries de cerâmica pintada, objectos de vidro, e uma enorme colecção de moedas que o museu detém. Finalmente, no segundo andar são explicados outros aspectos da vida de Emerita Augusta, tais como os aspectos relacionados com a sociedade emeritense como, as suas profissões, política, administração, arte e cultura.

Já no exterior do museu as escavações arqueológicas ali ao lado, completam os atractivos do museu, oferecendo ao público a possibilidade de observar uma área com vestígios de casas, túmulos e vias urbanas.
Mas o que resta da influência de todas as pessoas que ali viviam? Provavelmente o mais autêntico é o que não está escrito nos livros, são as palavras anónimas escritas nas rochas, os seus monumentos, o Teatro, o Anfiteatro, o Circo, o hipódromo, os templos, as casas, os cemitérios, as estátuas... dos seus antepassados romanos, visigodos, árabes, etc.

Tudo isto pode ser visto visitando a cidade, estando estes testemunhos em grande parte concentrados no Museu Nacional de Arte Romana, e também descritos no Museu Visigótico, (não visitado por nós), na Alcazaba e um pouco por toda a cidade...
No fim destas visitas, ainda fomos a uma belíssima loja gourmet, que estava mesmo ali à nossa espera, de onde não saímos sem trazer umas boas sacadas de iguarias, e só nos lembrámos no final que tínhamos vindo de bicicleta...
No entanto e descontraidamente, lá colocámos tudo nas bicicletas e lá fomos nós, descendo pelas ruelas movimentadíssimas de Mérida, até à Praça Maior, que naquele dia estava cheia de foliões que exibiam as suas fantasias carnavalescas de modo ordeiro e civilizado.
Marcadores:
Carnaval 2009 - Espanha (Extremadura)
Assinar:
Postagens (Atom)