O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe


O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe, foi visitado por nós já durante a tarde, e devo dizer que sendo muito belo por fora, ainda o é mais por dentro. Tem visitas guiadas de hora a hora, e o guia faz explicações detalhadas de todas as salas visitadas, o que permite ao visitante ter uma verdadeira lição de história aliada a uma viagem no tempo, desde o início ao fim da visita.
O Mosteiro é o mais importante de Espanha há mais de quatro séculos e possui uma simbiose única de estilos arquitectónicos. Quando entramos pela primeira vez na Praça de La Pueba, é indescritível a sensação que o mosteiro produz quando deparamos com a sua imponente fachada. Esta fachada, a da Basílica, é constituída por duas torres de pedra, a torre de Santa Ana construída no século XV e a da portaria, edificada no séc. XIV. Por cima da porta principal, uma enorme rosácea mudéjar dá-nos as boas-vindas.

O Mosteiro é um importante património arquitectónico e espiritual de Espanha e simboliza dois dos mais importantes acontecimentos históricos do País, o domínio da Península Ibérica pelos reis católicos e o domínio do Continente Americano, a partir da sua descoberta por Cristóvão Colombo.

A sua história remonta a 1389 quando o rei João I de Castela outorga um privilégio pelo qual entrega à Ordem dos Jerónimos a igreja do santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, lugar no qual fora achada uma imagem da Virgem em finais do século XIII ou princípios do XIV, por um camponês guardador de gado de nome Gil Cordero.

Este santuário foi mosteiro quase desde o início de sua construção, nos princípios do século XIV, e nele habitaram os monges da Ordem de São Jerónimo até 1835, tornando-o num dos centros mais importantes de devoção mariana.

Antes do mosteiro foi construída uma ermida para abrigar a imagem e mais tarde, foi construído o mosteiro, para os frades que souberam como transformar o culto à Virgem negra na principal força económica e social da região.

O Mosteiro em 1464 contava já com 130 frades e tinha um scriptorium (oficina de produção de manuscritos), uma oficina de artesãos, uma escola e um hospital com uma farmácia e um local onde se prestavam cuidados médico-cirúrgicos de vanguarda. As obras de construção prolongaram-se pelo séc. XV, resultando na magnífica fachada gótica actual.

Nesse mesmo ano, o rei Henrique IV de Castela, acompanha até ali a sua meia-irmã, a ainda infanta Isabel (Isabel a Católica), desejando acordar a seu casamento com Afonso V de Portugal. A infanta recusou o pretendente, mas por outro lado, ficou impressionada com a beleza do lugar.

Mais tarde o templo sofreu as consequências do total abandono sendo a partir daí que a Ordem de São Francisco tomou conta do templo, e foi esta última ordem que conseguiu, depois de numerosas restaurações, que o mosteiro recuperasse o seu antigo esplendor.

O Mosteiro é uma enorme construção, e sem dúvida uma bela jóia da região da Extremadura, que por ele tem enorme orgulho. Este integra quatro partes: O Templo / Basílica, o edifício do auditório, um Claustro Mudéjar e o Claustro Gótico.

A partir desse momento, ela chamou a este recinto "o meu paraíso" e ali se deslocou sempre que necessitou para se sentir reconfortada pela Virgem ou para dar graças por algum sucesso extraordinário.

A construção do mosteiro por parte dos frades Jerónimos, prolongou-se desde o século XIV até ao séc. XVIII através de sucessivas ampliações, o que o dotou de um traçado irregular com aspecto de castelo fortificado. Na sua construção utilizou-se preferencialmente a alvenaria e o tijolo.

O seu interior esconde uma infinidade de tesouros de um valor incalculável e o mosteiro foi declarado em 11 de Dezembro de 1993, Património da Humanidade pela UNESCO. Ainda que todo seu interior seja realmente maravilhoso, podemos destacar a enorme beleza do seu Claustro Mudéjar ou dos Milagres, em cujo centro se encontra um formoso pavilhão mudéjar, construído nos inícios do século XV.

Em torno deste claustro, situam-se os dormitórios dos frades e o refeitório. Tem forma rectangular com arcos em forma de ferradura e com pilares quadrados. O seu pavilhão mudéjar foi construído em 1405 por ordem do Frei Juan de Sevilla, e nas suas paredes expõe-se uma colecção de telas relacionadas com os milagres da Virgem de Guadalupe.

Aqui também se pode ver o sepulcro de Frei Gonzalo de Illescas, prior do mosteiro, e que é obra de Egas Cueman e que foi esculpido entre 1458 e 1460. O antigo refeitório do mosteiro é nos dias de hoje o Museu de Bordados, inaugurado em 1928 por Afonso XIII, onde se expõe uma rica colecção de ornamentos sagrados e outros paramentos e telas bordadas dedicadas ao culto mariano. Esta colecção tem mais de duzentas peças bordadas a ouro e pedras preciosas elaboradas no mosteiro.

No mesmo claustro mudéjar encontra-se o Museu de Miniados, considerado entre os melhores do mundo, onde se expõem manuscritos ou códices miniados em papiro e pergaminho de grandes dimensões, dos séculos XIV ao XVIII, provenientes do scriptorium do mosteiro. Destaca-se entre eles o Livro das Horas do Prior, do século XVI.

Por outro lado, na sacristia encontra-se uma colecção de telas de Zurbarán, dos quais podemos contemplar: "O padre Cabañuelas", "Frei Gonzalo de Illescas", entre outras... E na Capela de São Jerónimo está uma das obras mais importantes de Zurbarán, "A Apoteose de São Jerónimo". Noutras salas podemos visitar, com grande interesse, o "O Relicário" e o Camarim da Virgem (capela por detrás do altar).

O Camarim da Virgem, é um local riquíssimo e é talvez a zona mais surpreendente do mosteiro, podendo observar-se já no final da visita. Em estilo barroco, foi construída em forma de cruz grega e contém pinturas de Luca Giordano, pintor italiano e um artista celebrado e extremamente prolífico, também chamado na Itália, "Luca fa presto" ("faz depressa"), por pintar com inusitada rapidez.

Aqui, sobressai um belíssimo conjunto de obras de Zurbarán, que retratam vários frades do mosteiro. É o único conjunto de pinturas deste autor que subsiste actualmente no local original para onde foram concebidas. Além destas ainda se podem observar as talhas das oito mulheres fortes da Bíblia: Maria a Profetisa, Débora, Jael, Sara, Ruth, Abigail, Esther e Judith.

Neste Camarim, um frade franciscano fez rodar a Virgem e todos a podemos ver, esplendorosa!... A imagem traz consigo um profundo sentimento de veneração, é de cor negra e sustém com a mão esquerda o Menino Jesus e com a direita um ceptro de ouro ornado de pedras preciosas e o seu trono é magnífico. Nossa Senhora de Guadalupe é apenas tocada pelo frade encarregado de cuidar dela, sendo o próprio que a mostra aos visitantes.

Absolutamente encantados com esta visita ao Mosteiro de Guadalupe, e depois de uma breve paragem para descansar e observar com mais atenção as variadas fantasias carnavalescas da população de Guadalupe, partimos ao final da tarde, rumo a Cáceres…

Site: Wikipédia

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