Páscoa no Alto Alentejo

O Alto Alentejo é a mais branca e calma província de Portugal e uma região já muitas vezes visitada por nós. É uma delícia percorrer todas as suas planícies salpicadas aqui e além de pontos brancos, imaculadamente brancos, que são os montes, onde podemos encontrar pessoas de uma hospitalidade sem fim.
Ali quando chove, podemos inalar profundamente o cheiro da terra, um cheiro tão característico que não pode ser confundido com nenhum outro. Em tempo quente, podemos aproveitar a sombra dada por qualquer das árvores típicas da região, como o sobreiro, a azinheira ou a oliveira.

O percurso escolhido para a viagem foi:
1º Dia: Casa; Bombarral - Quinta dos Loridos; Alter do Chão;
2º Dia: Alter do Chão; Coudelaria de Alter; Crato; Terrugem;
3º Dia: Terrugem (Elvas); Vila Viçosa; Reguengos de Monsaraz; Monsaraz;
4º Dia: Monsaraz; Herdade do Esporão; Aldeia da Luz;
5º Dia: Aldeia da Luz; Mourão; Évora; Casa.
Setenil de las Bodegas
O lugar de pernoita foi num bom escaparate de estrada, dentro do povoado e encostado ao maciço rochoso que brota a todo o momento em todos os cantos e recantos da aldeia. O silêncio era sentido de forma profunda, o que proporcionou que o sono corresse solto durante a noite e boa parte da manhã.


Setenil de las Bodegas é uma daquelas povoações cujas origens são um mistério. As suas cavernas devem remontar aos tempos pré-históricos, que os habitantes originais usavam como refúgio natural.
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A principal atracção desta cidade é a própria cidade em si, por causa de sua originalidade e das suas ruas estreitas e íngremes que se adaptam ao curso do rio Guadalporcún, o que lhe dá um formato único, em diferentes alturas.

No fundo os seus habitantes limitaram-se a aproveitar os buracos criados pela própria natureza na rocha, à beira do rio, para construir as suas casas.

Na parte superior desta aldeia branca, estão os edifícios históricos de maior importância. São estes, a Catedral, os restos do seu Castelo mouro, com uma torre de menagem e muralhas e a antiga Câmara Municipal, que abriga uma impressionante quantidade de painéis de origem moura.

Fonte: Wikipédia / sancho.alkar.info
Visita a Ronda II - Cidade Nova

Hemingway também a descreveu, dizendo: "A visita a toda a cidade e seus arredores resulta numa viagem romântica", e sabemos agora que ele estava certo, não só porque está imersa numa área de paisagem deslumbrante, mas também porque ficamos maravilhados com o seu património histórico, e ainda porque à noite esta cidade parece flutuar nas nuvens.


A Ponte Nova (Puente Nuevo), que se levanta sobre a impressionante brecha rochosa do Desfiladeiro de Ronda, com uma altura de quase 100 metros, embora pareça um aqueduto romano, foi projectado pelo renomado arquitecto José Martín de Aldehuela, que segundo a lenda acabou os seus dias caindo pelo precípicio abaixo, quando tentava apanhar o seu chapéu, que tinha voado com o vento. No entanto outra versão refere, que na realidade este morreu no seu leito, no dia 7 de Setembro de 1802, na cidade de Málaga.

Existem ainda outras bonitas praças e ruas comerciais abertas entre o casario branco. Digna de nota temos a Plaza Jose Aparicio, uma bem rasgada praça no centro da cidade nova, também com uma linda igreja.
Visita a Ronda I - La Ciudad

Depois de se passar a Puente Nuevo, que é uma obra de engenharia impressionante, do séc. XVIII, que se eleva a uma altitude de 100 metros acima do rio Guadalevin, virámos para o lado direito, pela Calle Tenorio, que contorna as habitações situadas junto do precipício calcário a Sul da cidade até chegarmos à Plaza del Campillo.

Do lado esquerdo deste miradouro podemos ver o Palácio Mondragón, que possui um belo pátio com arcadas, tipicamente andaluz, que se encontra adornado com azulejos e estuques originais e que remontam à data de sua construção.

Contornando pelo lado esquerdo a Igreja de Santa Maria la Mayor, encontramos a Plaza Duquesa de Parcent, com um belo jardim central, onde domina o edifício do Ayuntamiento (Câmara Municipal), que incorporou partes de edifícios mais antigos. É um bonito e imponente edifício, com uma fachada que possui dois andares de arcadas e tectos mudéjares.

Virando à direita, encontramos uma estrada empoleirada na maciça saliência rochosa que leva à Puente Viejo, encontramos os Banhos Árabes. Estes são compostos por três câmaras comunicantes. Noutros tempos, quando os banhos estavam em uso, cada câmara era mantida a uma temperatura diferente, sendo a temperatura progressiva à medida que se mudava de sala, duche frio, banho morno e banho quente.

A Passagem de Ano em Ronda

O conforto e a atmosfera que se respiram no Parador são excelentes, mas o ambiente é formal de mais para o meu gosto. O restaurante do Parador foi o local onde jantámos. Estava repleto e calhou-nos uma mesa multilingue, destinada aos 5 casais estrangeiros, que naquela noite tinham chegado ao Parador. Connosco partilharam a mesa, um casal alemão, um austríaco, um belga e outro francês.
O restaurante apresentou para essa noite cozinha local, confeccionada com produtos frescos das montanhas. As especialidades incluíram carnes, peixes, doces e queijos locais. Após o lento e enfartante jantar, passámos ao salão de baile, onde decorreu o resto da noite.
Quando já estávamos fartos da festa, fomos dar um passeio pela cidade, que se encontrava cheia de jovens que enchiam as discotecas, que se mantiveram abertas até altas horas da noite. Cá fora a garotada mais nova, sem qualquer vigilância por parte dos pais, divertia-se com fogo de artifício, o que me impressionou, devido à perigosidade da brincadeira.

Pedro Romero, "El Infalible"




Desta época chegaram até nós muitos testemunhos da realização destes sacrifícios, em especial nas representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas aqui, na Península Ibérica, sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.
Hoje, depois de mais de dois mil anos passados, creio que os sacrifícios relacionados com a tourada, já não têm qualquer significado, pelo que já não se deveria realizar, por se tratar de práticas onde a crueldade sem justificação, não se insere dentro das exigências humanistas, éticas e culturais do mundo de hoje.
No entanto a vida deste toureiro do séc. XVIII, despertou em mim algum interesse, e esse desejo foi aguçado, por ter lido acerca do seu esforço para dar um fim rápido aos touros de lide, evitando assim um maior suplicio aos mesmos, o que já denotava uma preocupação com o bem-estar dos animais, o que era pouco vulgar para a época.