A Passagem de Ano em Ronda

O conforto e a atmosfera que se respiram no Parador são excelentes, mas o ambiente é formal de mais para o meu gosto. O restaurante do Parador foi o local onde jantámos. Estava repleto e calhou-nos uma mesa multilingue, destinada aos 5 casais estrangeiros, que naquela noite tinham chegado ao Parador. Connosco partilharam a mesa, um casal alemão, um austríaco, um belga e outro francês.
O restaurante apresentou para essa noite cozinha local, confeccionada com produtos frescos das montanhas. As especialidades incluíram carnes, peixes, doces e queijos locais. Após o lento e enfartante jantar, passámos ao salão de baile, onde decorreu o resto da noite.
Quando já estávamos fartos da festa, fomos dar um passeio pela cidade, que se encontrava cheia de jovens que enchiam as discotecas, que se mantiveram abertas até altas horas da noite. Cá fora a garotada mais nova, sem qualquer vigilância por parte dos pais, divertia-se com fogo de artifício, o que me impressionou, devido à perigosidade da brincadeira.

Pedro Romero, "El Infalible"




Desta época chegaram até nós muitos testemunhos da realização destes sacrifícios, em especial nas representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas aqui, na Península Ibérica, sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.
Hoje, depois de mais de dois mil anos passados, creio que os sacrifícios relacionados com a tourada, já não têm qualquer significado, pelo que já não se deveria realizar, por se tratar de práticas onde a crueldade sem justificação, não se insere dentro das exigências humanistas, éticas e culturais do mundo de hoje.
No entanto a vida deste toureiro do séc. XVIII, despertou em mim algum interesse, e esse desejo foi aguçado, por ter lido acerca do seu esforço para dar um fim rápido aos touros de lide, evitando assim um maior suplicio aos mesmos, o que já denotava uma preocupação com o bem-estar dos animais, o que era pouco vulgar para a época.
Ronda, a "Jóia da Andaluzia"


É uma das cidades de Espanha, com uma das localizações mais espectaculares, erguendo-se sobre uma maciça saliência rochosa, com precipícios calcários de ambos os lados, conhecido como "el Tajo de Ronda" (o penhasco de Ronda). A sua situação inexpugnável, fez com que a cidade fosse um dos últimos bastiões mouriscos a cair após a reconquista.
As duas vertentes deste desfiladeiro encontram-se ligadas através de três pontes, a Ponte Romana, a Ponte Nova e a Ponte Velha.

A sua bela e alta ponte sobre o rio Guadalevín, a 120 metros acima da torrente, foi o local onde foram feitas as execuções públicas durante a Guerra Civil Espanhola, ao atiraram os simpatizantes republicanos pelo precipício abaixo. Este facto é mencionado por Hemingway em "Por quem os sinos dobram", um dos meus livros preferidos e que deu origem ao filme com o mesmo nome.
Diz a lenda que os corvos que habitam o precipício, são as almas de todos os que morreram naquele lugar. No século XVII, também eram ali atirados para baixo, os cavalos feridos nas touradas, uma barbaridade de arrepiar. E, até mesmo o arquitecto que a construiu, morreu nela, quando tentava apanhar seu chapéu, sendo arremessado para baixo por uma violenta rajada de vento. Hoje, felizmente, há grades nas partes mais baixas da ponte.
Ronda é famosa também por ser o berço das touradas e o grande toureiro Pedro Romero é seu filho mais ilustre, que tem a uma estátua em frente da Praça de Touros. Foi ele quem criou o estilo de tourada a pé, ao invés de montado a cavalo.

Pedro Romero é também conhecido por um acto que dizem, foi a base de inspiração para Prosper Mérimée, começar a escrever “Carmen”, a novela que deu origem à famosa ópera homónima de Georges Bizet.
Ardales

A aldeia tem um sabor medieval e é dominada por um castelo e uma igreja, estendendo-se numa colina, que acaba num aglomerado escarpado, onde estão as ruínas do seu castelo.

A história de Ardales remonta à muito tempo atrás, pois seus povoadores à cerca de 20.000 anos a.C., deixaram a sua marca nas magníficas pinturas rupestres encontradas numa caverna, a Cueva de la Carinoria, que é um dos principais atractivos turísticos de Ardales.
Os romanos instalaram-se aqui mais tarde, fortificando o lugar com um castelo na zona conhecida como Peña de Ardales, que mais tarde foi conquistado pelos mouros e pelo seu líder Alhur al Tagafi, em 716, que nomeou a povoação de “Ard-Allah”, que significa "o jardim ou terra de Deus".

A uns cinco quilómetros do casco urbano encontra-se a notável Cueva de Ardales, com destacadas pinturas rupestres, mas que não visitámos por falta de tempo.
Fonte: www.transauto.es/spanol/guia_turistica
Esquizofrenia social - A “loucura que assola a humanidade”

Não se trata de uma busca do ideal, mas do equilíbrio. Podemos tentar dar mais e melhor atenção ao nosso entorno. Podemos criar uma nova onda, por exemplo, considerando como “brega” o desapreço pela criança e ao seu futuro.
Podemos lidar com a consciência da necessidade de políticas públicas que protejam a infância e a formação dos nossos cidadãos, sem que isso pareça pieguice, jogo de poder, hipocrisia ou mesmo algo messiânico.
Elza Pádua
Os Pueblos Blancos



Então, uma coisa está garantida em qualquer destas aldeias é uma nobre e privilegiada localização, com uma vista maravilhosa. Pena o tempo ter sido pouco, só nos dando a possibilidade de conhecermos três das mais famosas povoações que pertencem aos Pueblos Blancos, Ardales, Ronda, onde passámos a passagem de ano e Setenil de Las Bodegas, ficando as outras para uma próxima viagem.
A Garganta del Chorro

A Garganta del Chorro é um desfiladeiro de pedra calcária, através do qual passa o rio Guadalhorce. É um local de uma beleza sufocante, bizarra mas ao mesmo tempo emocionante, dando vontade de só sair de lá, depois de tudo bem explorado. Mas isso só se pode fazer com equipamento adequado e a ajuda de guias experientes.
A paisagem circundante apresenta uma topografia quase brutal, mas muito bonita, com a zona rural circundante de encostas áridas, com vegetação rasteira e cactos. Perto da Garganta del Chorro, os altos e abruptos penhascos íngremes e quase inacessíveis.

Devido à sua localização no sul da Espanha, a escalada é possível durante todo o inverno, mesmo que às vezes haja frio ou neve. As rotas são geralmente duras subidas, nos altos penhascos que caem a pique sobre o rio Guadalhorce e que atraem escaladores de todo o mundo.

Depois de deixar-mos a povoação de El Chorro e o seu desfiladeiro, já a caminho da Serra de Grazalema e dos Pueblos Blancos, a viagem feita através do vale do rio Guadalhorce e do vale Abdalajis é fascinante.

Este vale encontra-se situado na fronteira sul da região de Antequera, quase totalmente rodeado por terras de Antequera e aberto no meio de um corredor estreito que serpenteia o vale do rio Guadalhorce.
A serra do Valle de Abdalajis desempenha um papel importante e funciona como fundo calcário impressionante, para os belos Pueblos Blancos com suas casas de um branco imaculado.

Na encosta oposta, a paisagem é formada por um relevo muito suave e colinas ondulantes cobertas de olivais e campos de cereais. Entre as colinas e a serra encontramos o ribeiro de las Piedras, que corre lentamente entre as suaves colinas.
A situação estratégica deste pequeno vale entre as terras de Guadalhorce, via de comunicação para o mar e a cidade de Málaga, bem como as terras de Antequera, entre a Alta e Baixa Andaluzia, converte-o num corredor importante ao longo de toda a história, fazendo deste um dos locais mais ricos em vestígios arqueológicos.
Fonte: www.andalucia.com
A chegada a El Chorro

O caminho até El Chorro, é cheio de subidas e descidas acentuadas, curvas e contracurvas, e estradas de má qualidade, mas merece a pena.
Imagine-se três belos lagos de cor turquesa, ligados entre si, surpreendentemente rodeados por florestas de pinheiros. Um retiro tranquilo onde se pode nadar ou pescar e até fazer um piquenique na margem dos lagos.
A chegada à pequena e silenciosa povoação de El Chorro, já noite cerrada, fez com que o lugar para a pernoita fosse encontrado com rapidez, num escaparate de estrada, com a albufeira da Barragem del Chorro aos nossos pés.
El Chorro, é uma aldeia que se encontra próximo de uma barragem hidroeléctrica sobre o rio Guadalhorce, aproximadamente a uma hora de automóvel de Málaga, que é o "El Dourado" para os escaladores, possivelmente o local de escalada em rocha mais importante de Espanha, devido às escarpas que sobressaem em ambos os lados da garganta que precede a barragem.
Na verdade, os três lagos artificiais criados por esta barragem construída a 200 m de altura, no rio Guadalhorce, rodeados por pinhais, fazem a moldura ideal para a conhecida Garganta del Chorro.
A barragem foi inaugurada oficialmente em 1921 pelo rei Alfonso XIII de Espanha e, nesta ocasião, ele fez uma caminhada ao longo de um estreito caminho, hoje chamado de El Camino del Rey, até ao desfiladeiro a cerca de 100 m, acima do rio.
É aconselhável fazer o passeio pela garganta, através do caminho espectacular, que inclui partes do tradicional e vertiginoso Paseo del Rey. A construção deste caminho durou 4 anos e foi terminada em 1905.

Muitos troços estão agora vedados, uma vez que estão em contínua deterioração, sendo extremamente perigosos. Na maior parte do caminho não existe corrimão e algumas partes do percurso cederam por completo e foram substituídas por vigas e por um fio metálico agarrado à parede.

