Páscoa no Alto Alentejo


Este ano e por várias razões, as férias da Páscoa estiveram condicionadas a apenas 5 dias para viajar. Assim sendo, resolvemos ir mais uma vez para o Alto Alentejo.

O Alto Alentejo é a mais branca e calma província de Portugal e uma região já muitas vezes visitada por nós. É uma delícia percorrer todas as suas planícies salpicadas aqui e além de pontos brancos, imaculadamente brancos, que são os montes, onde podemos encontrar pessoas de uma hospitalidade sem fim.

Ali quando chove, podemos inalar profundamente o cheiro da terra, um cheiro tão característico que não pode ser confundido com nenhum outro. Em tempo quente, podemos aproveitar a sombra dada por qualquer das árvores típicas da região, como o sobreiro, a azinheira ou a oliveira.
É também um lugar onde a necessidade aguçou o engenho de tal forma que as mãos alentejanas acabaram por criar uma gastronomia natural, criativa e económica, atributos que fizeram dela uma das mais procuradas no país. Aquilo que em tempos foi tão somente o “mata-bicho” das gentes simples, é agora encarado como um sinal de sofisticação...

Também queríamos fazer um pouco de Enoturísmo, um tipo de turismo que se baseia numa viagem de lazer em que a actividade turística é motivada pela apreciação do sabor e aroma dos vinhos e nas tradições e cultura dos locais ou das localidades que os produzem e onde quem o pratica tem que contribuir para a economia do local.

O percurso escolhido para a viagem foi:

1º Dia: Casa; Bombarral - Quinta dos Loridos; Alter do Chão;

2º Dia: Alter do Chão; Coudelaria de Alter; Crato; Terrugem;

3º Dia: Terrugem (Elvas); Vila Viçosa; Reguengos de Monsaraz; Monsaraz;

4º Dia: Monsaraz; Herdade do Esporão; Aldeia da Luz;

5º Dia: Aldeia da Luz; Mourão; Évora; Casa.

Fonte: http://alentejo.no.sapo.pt

Setenil de las Bodegas

A saída de Ronda já tarde, fez com que o caminho para Setenil de las Bodegas, fosse feito praticamente todo de noite. A chegada a Setenil, já foi só realizada após o jantar, quando o cansaço já era grande e a vontade de dormir imensa.

O lugar de pernoita foi num bom escaparate de estrada, dentro do povoado e encostado ao maciço rochoso que brota a todo o momento em todos os cantos e recantos da aldeia. O silêncio era sentido de forma profunda, o que proporcionou que o sono corresse solto durante a noite e boa parte da manhã.
Setenil de las Bodegas é uma pequena e extraordinária aldeia, localizada no Nordeste da província de Cadiz, na Serra, que pertence às aldeias brancas da Serrania de Cadiz e perto do Parque Nacional da Serra de Grazalema.
É um dos principais destinos turísticos desta região montanhosa, devido em grande parte pela sua estranha e extrema beleza, em especial do centro da cidade, que se encontra situado num desfiladeiro aberto ao longo do tempo pelo rio Guadalporcún.

Possui uma enorme originalidade no seu tecido arquitectónico, com muitas das suas casas construídas sob as rochas e com outras sobre elas, dando ao povoado uma disposição em diferentes níveis de altura, muito interessante.

Setenil de las Bodegas é uma daquelas povoações cujas origens são um mistério. As suas cavernas devem remontar aos tempos pré-históricos, que os habitantes originais usavam como refúgio natural.

O aglomerado populacional medieval original, encontrava-se no mesmo lugar que o de hoje, tendo pertencido aos mouros durante muito tempo. A conquista da cidade foi fundamental para a coroa de Castela, no seu progresso em direcção a Granada, que foi conseguida depois de várias tentativas, por D. João II de Castela, a 21 de Setembro 1484.

A principal atracção desta cidade é a própria cidade em si, por causa de sua originalidade e das suas ruas estreitas e íngremes que se adaptam ao curso do rio Guadalporcún, o que lhe dá um formato único, em diferentes alturas.

No fundo os seus habitantes limitaram-se a aproveitar os buracos criados pela própria natureza na rocha, à beira do rio, para construir as suas casas.

Esta vila é um exemplo excepcional de um tipo de habitação conhecido como "abrigos sob as rochas" que, ao contrário de outras construções semitroglodíticas desenvolvidas na Andaluzia, não mexem nas rochas, mas apenas as usam para encostar as suas construções, que lhes servem de parede de fundo.

Na parte superior desta aldeia branca, estão os edifícios históricos de maior importância. São estes, a Catedral, os restos do seu Castelo mouro, com uma torre de menagem e muralhas e a antiga Câmara Municipal, que abriga uma impressionante quantidade de painéis de origem moura.

Após uma lenta e bem degustada visita e depois de nos termos sentado longo tempo, no bar "Frasquito", situado na Calle Cuevas del Sol, ao abrigo das suas famosas "cuevas", onde se degustaram óptimas tapas, partimos rumo a casa, mas não sem antes passarmos por Sevilha, para se comprarem as habituais iguarias gastronómicas de nossa preferência.


Fonte: Wikipédia / sancho.alkar.info

Visita a Ronda II - Cidade Nova



Depois do lanche, continuámos o passeio pela cidade mágica de Ronda. É uma cidade que parece inspirada em algumas das ilustrações paisagísticas de Gustave Dante, pois é uma cidade dividida em duas partes por um dos mais profundos desfiladeiros da Espanha, El Tajo de Ronda.

Hemingway também a descreveu, dizendo: "A visita a toda a cidade e seus arredores resulta numa viagem romântica", e sabemos agora que ele estava certo, não só porque está imersa numa área de paisagem deslumbrante, mas também porque ficamos maravilhados com o seu património histórico, e ainda porque à noite esta cidade parece flutuar nas nuvens.

Apesar de um passado tão rico e antigo, os monumentos mais característicos e impressionantes de Ronda pertencem a finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX, época de maior esplendor na sua história. São eles La Plaza de Toros e El Puente Nuevo, ambas concebidas e projectadas por José Martín de Aldehuela.
A Plaza de Toros, em El Mercadillo, é uma originalíssima arena em estilo neoclásico, construída por encargo de La Real Maestranza de Caballería, em 1784. É toda em pedra, incluindo as barreiras. É a mais antiga e talvez a mais bela Praça de Touros de Espanha, situada a apenas poucos metros da Ponte Velha. Foi a fonte de inspiração para Goya pintar muitas das suas gravuras sobre touradas, bem como de muitos outros artistas.

É toda em pedra, incluindo as barreiras, particularidade que a torna única em Espanha. Nela, o legendário Pedro Romero iria definir as regras das "touradas a pé", o que deu origem à "Escola rondeña", em oposição à "Escola de Sevilha". Dentro reside o Museo Taurino.

A Ponte Nova (Puente Nuevo), que se levanta sobre a impressionante brecha rochosa do Desfiladeiro de Ronda, com uma altura de quase 100 metros, embora pareça um aqueduto romano, foi projectado pelo renomado arquitecto José Martín de Aldehuela, que segundo a lenda acabou os seus dias caindo pelo precípicio abaixo, quando tentava apanhar o seu chapéu, que tinha voado com o vento. No entanto outra versão refere, que na realidade este morreu no seu leito, no dia 7 de Setembro de 1802, na cidade de Málaga.

Na parte nova da cidade, destaca-se logo à entrada, após a passagem pela "Puente Nuevo", o Parador de Ronda, do lado esquerdo. Este domina a Plaza de España e está situado sobre o desfiladeiro, tendo por isso uma paisagem magnífica. Ali também podemos encontrar uma excelente loja de iguarias da região, onde se pode comprar o divinal "Vino de Passas", um vinho doce que só existe na região de Granada.

O resto da cidade é constituído por edifícios modernos e praças projectadas durante o séc. XX. A partir da Plaza de España, caminhando para Norte, encontramos a Iglesia do Convento de la Merced, que conserva além da Igreja, uma parte significativa da primitiva edificação,, fechada em 1585. Possui três naves, sendo a central coberta por uma abobada.

Existem ainda outras bonitas praças e ruas comerciais abertas entre o casario branco. Digna de nota temos a Plaza Jose Aparicio, uma bem rasgada praça no centro da cidade nova, também com uma linda igreja.

Visita a Ronda I - La Ciudad

O dia de Ano Novo acordou sem chuva e nós aproveitámos para conhecer a cidade de Ronda com calma.
A visita à cidade começou pelo clássico e velho Pueblo Blanco mourisco, no lado Sul da Puente Nuevo, com ruas empedradas, grades nas janelas e paredes caiadas, onde se encontram a maioria dos principais pontos históricos da cidade.

Depois de se passar a Puente Nuevo, que é uma obra de engenharia impressionante, do séc. XVIII, que se eleva a uma altitude de 100 metros acima do rio Guadalevin, virámos para o lado direito, pela Calle Tenorio, que contorna as habitações situadas junto do precipício calcário a Sul da cidade até chegarmos à Plaza del Campillo.

Ali se encontra também o Miradouro d’el Campillo, de onde se pode vislumbrar o esplêndido panorâma, não só de Ronda, mas do vale que a seus pés se estende. É deste miradouro, que se pode descer pelo desfiladeiro abaixo, por caminhos empedrados, estreitos e sinuosos, que perigosamente espreitam o desfiladeiro até lá abaixo ao vale, onde corre o rio Guadalevin.

Do lado esquerdo deste miradouro podemos ver o Palácio Mondragón, que possui um belo pátio com arcadas, tipicamente andaluz, que se encontra adornado com azulejos e estuques originais e que remontam à data de sua construção.

Passando o velho arco da Calle San Juan Bosco encontramos a Igreja Santa Maria la Mayor, com um campanário que é o que resta de uma mesquita do séc. XIII, da qual também restou um nicho de orações.

Contornando pelo lado esquerdo a Igreja de Santa Maria la Mayor, encontramos a Plaza Duquesa de Parcent, com um belo jardim central, onde domina o edifício do Ayuntamiento (Câmara Municipal), que incorporou partes de edifícios mais antigos. É um bonito e imponente edifício, com uma fachada que possui dois andares de arcadas e tectos mudéjares.

Em seguida descemos pela Calle Marqués de Salvatierra, onde logo no início encontramos do lado esquerdo, a torre do Minarete San Sebastian, que é o que resta de uma antiga mesquita do séc. XIV. Mais abaixo encontramos o Palácio del Marqués de Salvatierra, com uma fachada embelezada com bizarras estatuetas incas e imagens com cenas bíblicas.

Virando à direita, encontramos uma estrada empoleirada na maciça saliência rochosa que leva à Puente Viejo, encontramos os Banhos Árabes. Estes são compostos por três câmaras comunicantes. Noutros tempos, quando os banhos estavam em uso, cada câmara era mantida a uma temperatura diferente, sendo a temperatura progressiva à medida que se mudava de sala, duche frio, banho morno e banho quente.

Subindo pela íngreme Calle Santo Domingo, chegamos ao Convento do mesmo nome, que outrora foi a sede local da Inquisição e que fica à beira do desfiladeiro, de onde podemos desfrutar de uma magnifica vista sobre o precipício e o vale a montante do desfiladeiro.

A Passagem de Ano em Ronda


No dia em que chegámos a Ronda, era véspera de Ano Novo. Depois de pararmos a AC no parque municipal, mesmo dentro da cidade e depois de mudarmos de roupa, fomos para o Parador de Ronda, onde tínhamos reserva marcada, para ali passarmos a noite de passagem de ano, com jantar incluído.

O Parador de Ronda fica situado do lado Norte da famosa Ponte Nueva, dominando a Plaza de España. A sua localização é soberba, com vista sobre o desfiladeiro de Ronda.

O conforto e a atmosfera que se respiram no Parador são excelentes, mas o ambiente é formal de mais para o meu gosto. O restaurante do Parador foi o local onde jantámos. Estava repleto e calhou-nos uma mesa multilingue, destinada aos 5 casais estrangeiros, que naquela noite tinham chegado ao Parador. Connosco partilharam a mesa, um casal alemão, um austríaco, um belga e outro francês.

O restaurante apresentou para essa noite cozinha local, confeccionada com produtos frescos das montanhas. As especialidades incluíram carnes, peixes, doces e queijos locais. Após o lento e enfartante jantar, passámos ao salão de baile, onde decorreu o resto da noite.

Quando já estávamos fartos da festa, fomos dar um passeio pela cidade, que se encontrava cheia de jovens que enchiam as discotecas, que se mantiveram abertas até altas horas da noite. Cá fora a garotada mais nova, sem qualquer vigilância por parte dos pais, divertia-se com fogo de artifício, o que me impressionou, devido à perigosidade da brincadeira.

Pedro Romero, "El Infalible"

Pedro Romero Martínez (Ronda, 19 Nov. de 1754 - 10 de Fev. de 1839), foi um inesquecível toureiro espanhol, que foi pintado por Goya.

Descendia de uma dinastia taurina bem conhecida. Seu pai Juan Romero e seu irmão, Joseph Romero eram também toureiros. Também se atribuída a seu avô, Francisco Romero, o mérito de ser o primeiro que usou a muleta e a espada para matar um touro.

Começou como toureiro em 1771, em Jerez de la Frontera e é considerado o primeiro matador de seu tempo, relativamente aos seus rivais e contemporâneos, Joaquín Rodríguez "reforços" e Pepe-Hillo, que também foram considerados bons toureiros.

Romero tinha a intenção de lutar contra a morte lenta do touro, tinha por isso um talento especial e era chamado por seus contemporâneos, "El Infalible" (o infalível), por matar o touro à primeira estocada.

Em 1775 é apresentado pela primeira vez em Madrid e em 1778, nasceu uma rivalidade histórica que teve lugar na Real Maestranza de Sevilha com Pepe-Hillo, um outro toureiro da sua época. De 1778 a 1799 o matador continua a ser bem sucedido nas celebrações das feiras anuais.

Em 19 de Maio de 1785, inaugurou a "Plaza de Toros de Ronda". Embora ele se tenha aposentado em 1799, permaneceu activo na Escola de Toureio de Sevilha e matou o seu último touro em 1831, na sua última prestação para a rainha Isabel II de Espanha.

É provável que tenha matado mais de 5000 touros. Na sua longa carreira nunca recebeu um tostão. Seus últimos anos foram dedicados à escola toureira, e aí foi director e professor. Foi seu aluno Francisco Montês, "Paquiro".

Para muitos especialistas da tourada, Pedro Romero, foi um visionário à frente de seu tempo que fez história há mais de um século antes de Belmonte e Manolete.

Converteu o toureio numa técnica precisa e exacta, sóbria e eficaz, que preparava os touros para a morte, um estilo que ficou conhecido como escola de Ronda. São dele as seguintes palavras, ditas na escola de Sevilha: "... quem quiser ser um verdadeiro lidador, tem que usar pouco movimento da cintura para baixo... O toureio não é feito com as pernas, mas com as mãos."

Os cronistas da sua época confirmam que nas suas faenas, ele somente movia os braços e tanto era o seu poderio, que dizem que matou um touro aos oitenta anos.

Fonte: Wikipédia

Nota: A tourada como é sabido, é um espectáculo tradicional na Peninsula Ibérica, que remonta à época em que esta era ocupada pelos celtiberos, que já praticavam o sacrifício ritual dos touros.

Desta época chegaram até nós muitos testemunhos da realização destes sacrifícios, em especial nas representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas aqui, na Península Ibérica, sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida, que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.

Hoje, depois de mais de dois mil anos passados, creio que os sacrifícios relacionados com a tourada, já não têm qualquer significado, pelo que já não se deveria realizar, por se tratar de práticas onde a crueldade sem justificação, não se insere dentro das exigências humanistas, éticas e culturais do mundo de hoje.

No entanto a vida deste toureiro do séc. XVIII, despertou em mim algum interesse, e esse desejo foi aguçado, por ter lido acerca do seu esforço para dar um fim rápido aos touros de lide, evitando assim um maior suplicio aos mesmos, o que já denotava uma preocupação com o bem-estar dos animais, o que era pouco vulgar para a época.

Ronda, a "Jóia da Andaluzia"

A chegada a Ronda é inesquecível. A rede de estradas montanhosas que ligam à cidade possuem um enorme valor paisagístico, uma vez que atravessam os numerosos passos de montanha da Cordilheira de Ronda, que oferecem aos viajantes vistas muito apreciadas por quem visita a região.

Ronda é uma cidade empoleirada na extremidade de uma cadeia montanhosa, a quem chamam a "Jóia da Andaluzia". A meseta rochosa está dividida ao meio pelo rio Guadalevín.

É uma das cidades de Espanha, com uma das localizações mais espectaculares, erguendo-se sobre uma maciça saliência rochosa, com precipícios calcários de ambos os lados, conhecido como "el Tajo de Ronda" (o penhasco de Ronda). A sua situação inexpugnável, fez com que a cidade fosse um dos últimos bastiões mouriscos a cair após a reconquista.

As duas vertentes deste desfiladeiro encontram-se ligadas através de três pontes, a Ponte Romana, a Ponte Nova e a Ponte Velha.

No lado Sul da Ponte Nova, encontra-se o velho "pueblo blanco", conhecido como "La Ciudad", de ruelas empedradas, grades nas janelas e as características paredes caiadas, onde se encontram a maioria dos locais históricos, há excepção da Plaza del Mercadillo, onde está situada a Praça de Touros, que fica do lado Norte da ponte.

A sua bela e alta ponte sobre o rio Guadalevín, a 120 metros acima da torrente, foi o local onde foram feitas as execuções públicas durante a Guerra Civil Espanhola, ao atiraram os simpatizantes republicanos pelo precipício abaixo. Este facto é mencionado por Hemingway em "Por quem os sinos dobram", um dos meus livros preferidos e que deu origem ao filme com o mesmo nome.

Diz a lenda que os corvos que habitam o precipício, são as almas de todos os que morreram naquele lugar. No século XVII, também eram ali atirados para baixo, os cavalos feridos nas touradas, uma barbaridade de arrepiar. E, até mesmo o arquitecto que a construiu, morreu nela, quando tentava apanhar seu chapéu, sendo arremessado para baixo por uma violenta rajada de vento. Hoje, felizmente, há grades nas partes mais baixas da ponte.

Ronda é famosa também por ser o berço das touradas e o grande toureiro Pedro Romero é seu filho mais ilustre, que tem a uma estátua em frente da Praça de Touros. Foi ele quem criou o estilo de tourada a pé, ao invés de montado a cavalo.

A Praça de Touros de Ronda é a praça rainha das touradas, na Andaluzia e foi inaugurada em 1785.

Pedro Romero é também conhecido por um acto que dizem, foi a base de inspiração para Prosper Mérimée, começar a escrever “Carmen”, a novela que deu origem à famosa ópera homónima de Georges Bizet.

A história conta que o famoso toureiro do séc. XVIII, encontrou sua mulher, Elena, nos braços de um amante. Ele esfaqueou o homem e arrastou a sua mulher pelas ruas da cidade até ao precipício, atirando-a lá para baixo.

Hemingway e Orson Welles, que lá está sepultado, adoravam as touradas em Ronda e ambos contribuíram muito para tornar a cidade famosa na década de 60. Diz-se que o estilo de tourear de Ronda, é menos exuberante que o estilo de Sevilha, mas com mais alma toureira.
Fonte: www.transauto.es/spanol/guia_turistica / costa-del-sol.costasur.com/pt/ronda

Ardales


Depois de deixarmos o vale do rio Guadalhorce e depois de descermos uma suave colina, avistámos a branca aldeia de Ardales.

Ardales está situada numa área que faz fronteira com as montanhas da Serrania de Ronda, os campos de Antequera e Vale do Guadalhorce, e é muito rica em arquitectura de herança mourisca, vestígios arqueológicos e recursos naturais.

A aldeia tem um sabor medieval e é dominada por um castelo e uma igreja, estendendo-se numa colina, que acaba num aglomerado escarpado, onde estão as ruínas do seu castelo.

A aldeia de Ardales desenvolveu-se então à volta de um cerro escarpado, onde se encontram até hoje as ruínas da antiga fortaleza árabe, mas o seu mais notável monumento é a Igreja de Ntra. Sra. de los Remedios, de finais do séc. XVI, que se destaca ao longe, no meio do casario branco.

A história de Ardales remonta à muito tempo atrás, pois seus povoadores à cerca de 20.000 anos a.C., deixaram a sua marca nas magníficas pinturas rupestres encontradas numa caverna, a Cueva de la Carinoria, que é um dos principais atractivos turísticos de Ardales.

Os romanos instalaram-se aqui mais tarde, fortificando o lugar com um castelo na zona conhecida como Peña de Ardales, que mais tarde foi conquistado pelos mouros e pelo seu líder Alhur al Tagafi, em 716, que nomeou a povoação de “Ard-Allah”, que significa "o jardim ou terra de Deus".

Ardales possui todas as características de um "pueblo blanco", destacando-se com a sua alva brancura ao longe, sob solo cor de ocre. É um lugar calmo, onde não se ouvem ruídos e onde o passar do tempo parece ser sempre igual.

A uns cinco quilómetros do casco urbano encontra-se a notável Cueva de Ardales, com destacadas pinturas rupestres, mas que não visitámos por falta de tempo.

Fonte: www.transauto.es/spanol/guia_turistica

Esquizofrenia social - A “loucura que assola a humanidade”

Isto de sermos ou não “doentes” é uma questão de saber quem estabeleceu as referências para a normalidade. Considerei como “normalidade” um estado de satisfação e felicidade: a visão de um ser lúcido-lúdico, em comunhão com os seus iguais neste mundo, considerando-o como uma passagem.

Olhando de frente o que estamos vivendo, o que se percebe é uma sociedade com aspectos muito nebulosos na demonstração de sua sanidade. Uma alegria verdadeira é o que parece acontecer muito raramente. Estamos, de facto, todos, muito comprometidos.

A ética da sobrevivência é o antídoto para a situação que procurei expôr. Considerando o fenómeno da globalização, a informação mundializada, a perda dos espaços públicos, a exposição constante na mídia, a única saída é tentarmos ser escandalosamente coerentes - se não vamos, rapidamente, perder a credibilidade.

A esquizofrenia social que estamos vivendo não é um fenómeno novo, mas, historicamente, trata-se da primeira vez em que ela é exposta, devassada, sem hipocrisia, e isto é assustador. Olhamos ao redor e o que vemos é um mundo muito feio.

A esquizofrenia social nasce no berço, de pais perversamente despreparados, de uma sociedade com valores cruéis ou sem valores. Mudar isso é uma questão de urgência, se pretendemos ainda ter alguma possibilidade de viver com qualidade o futuro próximo.

Não se trata de uma busca do ideal, mas do equilíbrio. Podemos tentar dar mais e melhor atenção ao nosso entorno. Podemos criar uma nova onda, por exemplo, considerando como “brega” o desapreço pela criança e ao seu futuro.

Podemos lidar com a consciência da necessidade de políticas públicas que protejam a infância e a formação dos nossos cidadãos, sem que isso pareça pieguice, jogo de poder, hipocrisia ou mesmo algo messiânico.
Da mesma forma com que já se conseguiu implantar uma certa indignação social em relação às questões ecológicas, vamos trazer a pessoa para o centro deste movimento a favor de uma ecologia ainda maior.

Elza Pádua
(Elza Pádua é graduada em Comunicação Social pela PUC – Rio e em Administração de Empresas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas. Concluiu mestrado em comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde trabalhou com temas como feminismo e sociologia. Concluiu o doutorado em Psicologia Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde iniciou sua pesquisa sobre esquizofrenia social. Elza também é autora do Seminário “Nós - os canibais”, apresentado na Universidade Federal Fluminense, e do artigo “O descaminho da mulher”, publicado pelo Departamento de Estudos da Mulher de Washington, nos Estados Unidos.)