Museu ao ar livre de Aracena


Aracena foi a primeira povoação da Andaluzia que querendo ampliar o seu património cultural, situou nas suas ruas um autêntico Museu de esculturas ao ar livre, sendo pioneira nesta modalidade.

Na Plaza de San Pedro, pela rua Pozo de la Nieve que vai dar à entrada da gruta e noutros locais de Aracena, encontram-se espalhadas várias obras de arte contemporânea, pertencentes ao Museu de Arte Contemporânea da Andaluzia, formando um autêntico museu ao ar livre. Entre muitos outros artistas, ali são encontradas obras de vários artistas plásticos espanhóis, como Teno, Alberdi, Abigail Varela e Pepe Noj.

Este conjunto de obras destaca-se pela beleza e movimento das figuras e segundo a ideia original do promotor deste museu, o escultor aracenense Pepe Noja, cada uma das esculturas cumpre a função de memória de um acontecimento histórico.

Na Plaza de San Pedro, existe ainda um lavadouro público, designado "Fonte do Concelho", uma obra civil de 1923, realizada por Aníbal González e que aproveita um dos mananciais naturais de água da Gruta de las Maravillas, e que corre por uma calha aberta no meio da rua Pozo de la Nieve, desde a gruta até ao lavadouro.
No final da tarde e depois de um excelente lanche num dos cafés da Plaza de San Pedro, de tapas regionais de queijo, presunto e morcela, fizemos a caminhada de volta à autocaravana, para seguirmos viagem até Sevilha.
Site: sierradearacena.net

A Gruta de las Maravillas

A entrada para a Gruta de las Maravillas, fica mesmo no sopé do monte coroado pelo Castelo de Aracena. Esta elevação em rocha calcária, é uma espécie de ilha no meio dos xistos da Serra de Aracena, e contém no seu interior grutas e galerias de origem cársica.

A Gruta das Maravilhas é uma fonte inesgotável de beleza, forjada pelo tempo sobre a natureza, com a ajuda de elementos simples como água e as rochas. A vastidão dos seus lagos, a abundância e variedade de formações, bem como o comprimento do seu desenvolvimento, tornam este um complexo enterrado de grandes e belas paisagens subterrâneas.

Descoberto nos finais do século XIX foi em 1914 que é aberto ao público pela primeira vez, sendo a primeira gruta turística de Espanha.

A Gruta é a atracção turística principal desta cidade andaluza. Merece bem o destaque que lhe é dado, porque apresenta formações verdadeiramente extraordinárias, mas é preciso o visitante ir preparado para andar os 1.200 m de um percurso cheio de degraus que levam a diferentes níveis de altitude.

O acesso à gruta é feita a partir da Plaza de San Pedro e percorrendo a Calle Pozo de la Nieve. É uma rua muito movimentada, ocupada maioritariamente por esplanadas de restaurantes e cafés, subindo sempre até ao ponto onde se encontra a entrada para a Gruta de las Maravillas. Junto à entrada da Gruta ainda podemos visitar várias lojas de "requerdos".

A primeira referencia histórica sobre a sua existência data de 1886 e foi aberta ao público em 1914, sendo uma das primeiras cavidades naturais do mundo a serem visitáveis.

Trata-se de una cavidade freática originada pela acção erosivo-disolutiva das águas sobre as rochas calcárias do cerro do Castelo. Nela se manifestam, uma série de formações cársicas de extraordinária beleza: estalactites verticais e excêntricas, estalagmites, cortinas listadas, etc.. Estende-se por uma longitude total conhecida de 2.130 metros, dos quais só 1.200 m são visitáveis.

Manancial de beleza inesgotável, a Gruta de las Maravillas tem sido fonte de inspiração inevitável de poetas, escritores, pintores, músicos e artistas...

A Gruta de las Maravillas, é assim uma mostra dos caprichos da natureza. Uma cova longa, escavada pela água em solo calcário durante milhares de anos. Lagos internos e todo o tipo de formações rochosas de origem calcária, fazem possivelmente desta uma visita importante, algo que sem duvida não deixa ninguém insatisfeito, pois é provavelmente uma das grutas mais belas e melhor preservadas do mundo.

Site: sierradearacena.net

Aracena

A noite passou sem qualquer sobressalto, mas de manhãzinha, os automóveis começaram a chegar, pois estávamos num parque de estacionamento automóvel do Centro Hospitalar de Aracena. Acordámos por isso mais cedo do que o nosso costume, com o barulho de automóveis que chegavam e partiam a todo o momento, o que acabou por nos proporcionar mais tempo para visitar a cidade.
Fomos a pé até à Plaza de San Pedro, que fica situada no sopé do monte que suporta o castelo de Aracena, e depois de sabermos até que horas poderíamos visitar a gruta, resolvemos, por termos muito tempo ainda, fazer uma viagem de comboio turístico, para se ficar a conhecer bem a cidade.

Esta viagem é guiada e feita sem pressas, com paragens para visitas pelo caminho, o que resulta num conhecimento razoável da cidade. No final da visita à cidade, fomos visitar a Gruta de las Maravillas e no final desta, ainda houve tempo para comprar "requerdos" e iguarias gastronómicas da região.

Aracena, a maior cidade situada dentro dos limites do Parque Natural Sierra de Aracena e Picos de Aroche é dominada por um morro encimado por um castelo e uma igreja. A sua população tem crescido rapidamente nos últimos anos, mas tem conseguido manter uma elegância digna nas suas ruas.

A região de Aracena foi habitada desde tempos imemoriais, talvez desde o III milénio a.C. Existem restos de oficinas líticas na Gruta da Úmbria. Os celtas habitaram-na no séc. V a. C. Depois vieram os romanos, que exploraram as minas da região e usaram um sistema de pequenos núcleos habitacionais que constituíram as bases para o primeiro assentamento agrícola, e que teria sido provavelmente, a origem de Aracena, após a qual se seguiu a dominação muçulmana, que dependia de Sevilha.

Os portugueses combateram os mouros de Aracena, em 1251, expulsando-os. Dominaram a cidade, antes de a entregar aos castelhanos em 1267. Os Cavaleiros da Ordem dos Templários controlaram a cidade até 1312, quando a Ordem foi dissolvida.

O melhor local para a primeira visita é à magnífica vista panorâmica sobre a cidade e a paisagem circundante que se desfruta do seu Castelo. O castelo propriamente dito, consiste em muralhas defensivas algo arruinadas, dentro do qual existe uma grande igreja.

Junto ao castelo encontra-se a igreja dos Templários, a paroquia mais antiga de Aracena, declarada Monumento Nacional. A abordagem ao castelo e à igreja é feita através de um imponente campanário em tijolo e arcada no topo da colina.

A Igreja designada de Nuestra Señora de los Dolores foi construída pelos Cavaleiros Templários. Tem decoração idêntica em alvenaria, à Torre da Giralda da Catedral de Sevilha e foi construída entre os séc. XIII e XIV, sobre uma mesquita e fortificação almohade do século XII.

É dedicada ao culto da Virgen del Mayor Dolor, patrona de Aracena, em estilo gótico, possui três naves de idêntica altura com abóbadas em estrela e no exterior, uma preciosa torre mudéjar.

Deixando o castelo e um pouco mais abaixo do lado norte, encontra-se a igreja inacabada do séc. XVI de Nuestra Señora de la Asunción, templo renascentista iniciado no séc. XVI e jamais terminado. Junto a esta igreja encontra-se a Plaza Alta, que foi desenvolvida a partir do centro de Aracena, por volta do século XV, quando a cidade começou a crescer em termos de população e importância regional.

Em frente é a Cidade Velha, destaca-se a porta principal, feita em 1563, por Hernán Ruiz II, arquitecto renacentista espanhol. Hoje, abriga o centro de turismo e recepção aos visitantes do Parque Natural Serra de Aracena e Picos de Aroche.

Ali perto está o impressionante e recentemente renovado edifício do Ayuntamiento de Aracena (Câmara Municipal), com o exterior em tijolo vermelho, que foi projectado pelo renomado arquitecto Aníbal González em 1911, que trabalhou na Grande Exposição de Sevilha em 1929.

A igreja de Santa Catalina, antiga sinagoga judia, é actualmente um templo conventual das religiosas carmelitas. Outros monumentos de interesse são as igrejas de Santa Lucía e a ermida de São Pedro, antigo templo mudéjar.

Na Praça de São Pedro, na rua Pozo de la Nieve e noutros locais, encontram-se espalhadas várias obras de arte moderna, pertencentes ao Museu de Arte Contemporânea da Andaluzia, formando um autêntico museu ao ar livre. Entre muitos outros artistas, ali são encontradas obras de Teno, Alberdi, Abigail Varela e Pepe Noj.

A cidade é dominada pelo Cerro del Castillo. No interior deste morro corre um labirinto de galerias, caminhos, lagos e alagados, paredes de estalactites e estalagmites, formando aquela que é a magnífica Gruta das Maravilhas.

Sites: sierradearacena.net

A chegada a Aracena

Após o jantar e depois de uma passeata pela cidade de Serpa, seguimos viagem com rumo a Espanha e à cidade de Sevilha. Durante a viagem que foi decorrendo sem qualquer sobressalto, houve tempo para conversa e galhofa, mas o sono acabou por se fazer notar e resolvemos mesmo em andamento fazer os preparativos para a deita.

Já deitadas e embaladas pela autocaravana em andamento, rapidamente adormecemos. Que sorte haver na família um elemento mais resistente ao sono, podendo assim continuar caminho, mesmo enquanto se dorme!
Por volta da 01h30 da madrugada o resistente condutor resolveu exclamar: - Olhem para isto! Venham ver Aracena à noite, parece um presépio!... E acordámos para ir ver o presépio...

Realmente Aracena estendendo-se desde o cimo da sua colina, coroada e protegida pelos restos de um castelo mouro e a presença de uma igreja ali construída pelos cavaleiros templários, descendo suavemente pela encosta até ao vale, resulta numa visão de encantar!

Depois deste encantamento colectivo, decidimos a partir daquele momento ali ficar, e pernoitar na cidade, para no dia seguinte visitarmos a cidade e as sua bela Gruta de las Maravilhas.

O lugar de pernoita foi num parque de estacionamento, junto do Centro Hospitalar da cidade, que tinha mesmo à nossa frente um restaurante, onde na manhã seguinte tomámos o pequeno almoço e onde se serviam bons e baratos almoços.

A primeira coisa que vemos quando nos aproximamos da cidade, é uma torre Almohad toda iluminada que suportou durante quase duzentos anos, o padrão dos cavaleiros da ordem dos templários. Do castelo mouro podem apreciar-se esplêndidas panorâmicas e o bairro histórico, bem como a Gruta de las Maravillas, a maior gruta de Espanha, são as suas principais atracções.

Aracena é a cidade mais alta na Sierra Morena, a ser encontrada na parte ocidental das cordilheiras que fazem fronteira com Portugal. A cidade fica na extensão da cordilheira, chamada Serra de Aracena, que faz parte do Parque Natural de la Sierra de Aracena y Picos de Aroche, óptima para praticar caminhadas e escaladas.

A gastronomia da região baseia-se nos presuntos pata negra e excelentes enchidos, cogumelos e espargos frescos. Esta é a zona de produção do famoso Jamón Serrano, e perto de Aracena as povoações de Jabugo, Cortegana e Cumbres Mayores são os seus maiores produtores.

Junto à gruta, que fica por baixo da colina que suporta o castelo e parte da cidade, podemos encontrar muitos restaurantes e lojas gourmêt com vários produtos gastronómicos da região.

Pela sua rica gastronomia, pelo seu singular encanto ou pela atracção principal da cidade, a Gruta de las Maravillas, esta pequena localidade no coração da Sierra de Aracena conseguiu ser muito popular entre os adeptos do turismo em geral e em especial do turismo rural.


Site: Aracena Travel Guide

Serpa em festa

Depois de dificilmente deixarmos o grande lago, decidimos ir jantar a Serpa e só depois seguirmos viagem rumo a Sevilha. O caminho até Serpa, no Baixo Alentejo, fez-se ao cair da noite e a chegada à cidade pelas 22h00, fez-nos acelerar o passo até à zona velha onde depois de se passar pela Porta de Moura à entrada da muralha, nos dirigimos ao largo da cidade onde está situado o Restaurante Alentejano.
O Castelo de Serpa, de origem mourisca, foi reconstruído no século XIII e ainda domina as ruas e praças de casario branco. Das cinco portas das antigas muralhas, já só restam a Porta de Beja e a monumental Porta de Moura. Ali perto, ainda se pode observar uma velha nora mourisca.
Nesta localidade respira-se a genuína alma alentejana. Debruçada sobre a vasta planície, a vila parece planar, perdida no tempo, enclausurada nas muralhas do castelo que a rodeiam na quase totalidade.
O Restaurante Alentejano fica situado no centro da cidade, no largo junto do edifício da Câmara Municipal e serve cozinha tipicamente alentejana e um serviço de qualidade. Decorria a semana do borrego e por isso decidimos pedir um prato de ensopado de borrego à moda antiga, que tinha o sabor dos cozinhados da minha avó.

O largo da Praça da República, onde se situa o Restaurante, estava à chegada todo iluminado devido às festas na cidade, e decidi só o fotografar à saída do restaurante, depois de jantar. No entanto à saída, a iluminação da praça estava desligada, e eu preparava a câmara para as fotos possiveis, quando alguns jogadores presentes numa peladinha que ali decorria, deram sem que eu percebe-se, pela minha velada intenção de fotografar a praça.
Então, ouviu-se de repente uma voz dizendo: "Acende ai a iluminação, oh Victor, para a senhora fazer as fotos à praça." A praça ficou de repente toda iluminada, e eu agradeci em voz alta, como é obvio e fiz as fotos... Estes momentos que nunca mais se esquecem, de simpatia e autêntico acolhimento gratuito, fazem com que estas experiências vividas durante as nossas viagens, façam com que nos apeteça cada vez mais viajar!...

Em Serpa decorriam as festas da vila, mais precisamente as Festas do Concelho em honra de Nossa Senhora de Guadalupe. A sorte mais uma vez esteve connosco, uma vez que foi o acaso que nos levou a Serpa, que se encontrava toda engalanada para receber os muitos forasteiros que a procuram nesta época. A festa realiza-se na Páscoa, tem início na Sexta-feira da Paixão e termina na terça-feira seguinte, que é o feriado municipal.
A festa do concelho de Serpa, na chegada da Primavera é celebrada, de forma especial, com a festa em honra de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira oficial do concelho a partir de meados do século XX, que nos dá sem dúvida, a certeza de um passado em comum com a Extremadura espanhola.
O culto a Nossa Senhora de Guadalupe nestas paragens, deverá remontar ao século XIV. A ermida no Alto de S. Gens, que lhe é dedicada, fica situada no ponto mais alto da povoação, a cerca de um quilómetro para sul da cidade e data do início da século D.
Segundo nos disseram as festas noutros tempos, em honra de Nossa Senhora de Guadalupe realizavam-se na ermida e compreendiam duas festas: a "dos homens", por ocasião da Páscoa, e a "das mulheres", pela época das vindimas. Isso porque, segundo se pensa, só indivíduos do mesmo sexo podiam agrupar-se em confraria. Provavelmente em 1870, as duas irmandades fundiram-se e, desde então, celebra-se uma só festividade em cada ano, a da Páscoa.

Site: Câmara Municipal de Serpa

A Marina da Amieira

Depois da visita a Arraiolos, partimos a caminho do grande lago da barragem do Alqueva. Passámos por Évora de raspão, não só por ser uma cidade bem conhecida por nós, mas também porque queríamos chegar sedo à Marina da Amieira.

O que parecia impossível há apenas alguns anos atrás, é hoje uma realidade, uma Marina em pleno Alentejo profundo!... A Marina da Amieira bem no coração da Barragem de Alqueva, é um lugar muito belo, onde o silêncio das peneplanicies alentejanas, não se faz rogado, e onde a experiência de uma paz repousante é a uma realidade.

A Marina da Amieira faz parte da valorização turística das "Terras do Grande Lago" e foi uma aposta estratégica da Região de Turismo de Évora e do Governo português. As características da albufeira do Alqueva, que abrange os vales dos rios Guadiana e Degebe e das ribeiras de Alcarrache, Zebro e Lucefecit, oferecem potenciais efectivos de desenvolvimento turístico, designadamente pela proximidade de aldeias e vilas alentejanas que poderão articular a sua base económica às actividades de turismo, lazer e recreio que aproveitam o amplo espelho de água bem como as suas margens.

A Marina da Amieira é o primeiro projecto náutico ao nível do plano de água do Grande Lago e que integra todos os serviços náuticos desde aluguer, manutenção e parqueamento de embarcações, serviços de restauração, bar esplanada, restaurante panorâmico e lojas de artigos náutico-desportivos.

Para além dos barcos de cruzeiro que saem duas vezes por dia e os barcos-casa, que qualquer família pode alugar e usar para fazer um cruzeiro particular, a empresa responsável pela marina, dispõe ainda de canoas e kayaks de aluguer, barcos à vela e jangadas, de modo a responder às opções dos utentes que anseiam por passear nas águas límpidas do Alqueva.

O desenvolvimento do turismo designado por alternativo é hoje uma realidade com grande alcance na inovação da actividade turística e do lazer no mundo inteiro, manifestando a afirmação de produtos, espaços, equipamentos e serviços, mecanismos de comercialização e modelos de promoção turística, que possuem características que negam a tendência global da massificação e que se suportam na descoberta de novas ambiências e de estruturas com bom acolhimento mas com originalidade, envolvendo um contacto personalizado com as gentes locais e os seus valores e patrimónios culturais.

O entardecer e o pôr-do-sol, antes da chegada da noite, o coaxar das rãs e o espírito do vento que suavemente nos acolhe, faz com que o tempo passado junto ao grande lago, seja realmente um tempo de prazer...

Sites: amieiramarina.com / portugal-rural.com

Arraiolos, a vila branca

Depois de sairmos de Avis, rumámos para Sul, pois pretendíamos visitar a Marina da Amieira, infra-estrutura recente e que ainda não conhecíamos, que aproveita o belo espelho de água do grande lago artificial da barragem do Alqueva. Queríamos ainda visitar Arraiolos e depois desta visita, a passagem por Évora fez-se rapidamente para chegarmos à Amieira ainda cedo.
A nossa ideia no essencial é percorrer sempre que possivel o Alentejo, quase que sem destino, explorando o delicioso interior português, suas paisagens de campos amarelados, seus azeites e cozinha riquíssima e as paisagens recortadas por morros e castelos medievais.

A vila de Arraiolos espreguiça-se num dos mais altos montes da região de Évora, situada no interior sul do país, na vasta região alentejana, é hoje um concelho rural caracterizado por estar dominado por uma muralha de forma elíptica.

Segundo Cunha Rivara*, historiador Arraiolense, na sua obra "Memórias da Vila de Arraiolos", refere que "a abundância de vestígios relacionados com o final do Neolítico ou mesmo com o calcolitico são um sinal de uma significativa ocupação humana a partir do IV Milénio a.C. e, provavelmente, na proto-História, o grande local de habitat corresponderia já à actual elevação onde se localiza o Castelo de Arraiolos".

A fundação desta vila é atribuída, por uns, aos galo-celtas, no século IV a. C., sob o nome de Calantia, e, por outros, como Cunha Rivara* "aos sabinos, tusculanos e albanos, que viveram nesta área, antes de Sertório, no ano 200 a. C.".

Pensa-se que esta vila já existia a partir da ocupação grega, no século II a. C., de modo que o seu topónimo terá derivado do nome de um possivel governador ou um capitão grego de nome Rayeo ou Rayo, que nestas terras foi senhor, "Terras de Rayo", e que, posteriormente, por sucessivas transformações viria a dar Rayolos e, depois, Arrayolos.

Com a chegada dos povos nórdicos, esta vila foi destruída e despovoada. Em 1217, D. Afonso II doou a vila de Arraiolos ao bispo de Évora, concedendo-lhe licença para aí construir um castelo, que não chegou a ser edificado. D. Afonso III recuperou a vila para a coroa e D. Dinis reconstruiu-a, e deu-lhe o primeiro Foral em 1290, mandando edificar o seu Castelo em 1305, e dentro dele mandou também construir um paço.

D. Fernando I doou a vila de Arraiolos a D. Álvaro Pires de Castro, irmão de D. Inês de Castro, e mais tarde a vila foi doada por D. João I a D. Nuno Álvares Pereira, em 1387, que também recebeu o título de Conde de Arraiolos.

Foi condado de D. Nuno Álvares Pereira, 2º conde de Arraiolos, a partir do ano de 1387, onde antes de recolher ao Convento do Carmo em Lisboa, o "Condestável do Reino", permaneceu longos períodos da sua vida.

Em 1511 recebeu novo foral de D. Manuel I. Durante as Guerras de Independência, os espanhóis tomaram esta vila e incendiaram o castelo. Já no reinado de D. João IV, em plena época da "Restauração da Independência", o castelo foi remodelado, mas algumas décadas depois estava ao abandono e o terramoto de 1755, completou a ruína que já apresentava. Mais tarde, em 1910, foi classificado como Monumento Nacional, e ali foram executadas obras de recuperação, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.

No que se refere ao seu património histórico e monumental, vila é coroada pelo castelo, do século XIV. O Castelo de Arraiolos, destaca-se num monte cónico que lhe serve de pedestal. É um recinto rectangular, com torres nos ângulos e com uma torre de menagem. Aqui também se pode visitar a enorme Igreja do Salvador, construída no século XVI, rodeados de grandes muralhas.

Vale ainda a pena admirar o pelourinho de mármore de Estremoz, a Igreja da Misericórdia, com os seus azulejos do século XVIII, ou ainda o característico Chafariz dos Almocreves, uma fonte rural que dava água à população e servia de bebedouro para animais e de lavadouro público na parte de trás.

A Torre do Relógio é manuelina e no centro do recinto amuralhado possui uma antiga igreja paroquial, que é um edifício quinhentista que se encontra contudo bastante danificado. São ainda de destacar a Igreja da Misericórdia, datada do século XVI, e o Solar da Sempre-Noiva, do século XVII, que constitui uma peça importante da arquitectura civil da época, apresentando janelas de estilo manuelino com influências mouriscas.

É obrigatório um passeio a pé pelas suas ruas limpas, sinuosas e estreitas, com casas imaculadamente brancas, de fachada impecável que vão alternando entre molduras amarelas e azuis e largos que convidam à preguiça.

No artesanato registam-se: a arte pastoril, a cestaria e os tapetes de Arraiolos, cuja arte remonta, no mínimo, ao século XVII e que ainda mantêm o seu aspecto tradicional, sendo bordados com fios coloridos de lã sobre tela de linho ou estopa com um ponto designado de arraiolos ou grego ou, como também é conhecido, ponto entrançado eslavo.

Bordados ao longo de séculos, os Tapetes de Arraiolos são uma das afirmações mais vincadas do génio do nosso povo. Chegaram até nós graças às mãos laboriosas de gerações de bordadeiras que lhes imprimiram o melhor do seu gosto, da sua arte, com traços da vida da grande planície alentejana.

Nos finais do séc. XV, por mandato de D. Manuel I, foram expulsas da Mouraria (Lisboa) várias famílias mouriscas que a caminho do Norte de África e do sul de Espanha, acabaram por fixar-se nestas terras. Com a particularidade de serem exímios artesãos e face ao bom acolhimento da população local, estas famílias dedicaram-se à manufactura de tapeçarias, e disfarçados de cristãos novos, deram-lhe o nome de "Tapetes de Arraiolos".

Os documentos mais antigos que se referem ao fabrico destes tapetes na vila de Arraiolos datam de finais do séc. XVI, supondo-se no entanto que a sua implantação date de épocas mais recuadas no tempo...

Sites: Memória Portuguesa / viajar.clix
* in Corographia Portugueza (tomo I e II)

D. João de Portugal, Mestre de Avis

Em fins do século XIV, uma transformação muito importante aconteceu em Portugal. A morte do rei D. Fernando em 1383, deu origem a uma crise política que, envolvendo vários grupos sociais, veio instituir no poder uma nova família real e iniciar uma nova orientação na vida dos portugueses.

D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que, com apenas doze anos de idade, casara com o rei de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras em que D. Fernando se envolvera com aquele reino, que haviam enfraquecido a economia do país.

D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento e como D. Beatriz não tinha filhos nem irmãos, não havia sucessores legítimos do rei. Esta situação de impasse desencadeou várias revoltas populares. As populações recusavam-se a aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro (rei de Castela), o que poderia dar origem à união dos dois países, e que teria por consequência a perda da independência de Portugal.

Respondendo aos apelos de grande parte dos Portugueses para manter o país independente, D. João, Mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal. O resultado foi a "Crise de 1383-1385", um período de interregno, onde o caos político e social dominou.

D. João, Mestre de Avis foi aos seis anos (1364), nomeado Mestre da Ordem de Avis, por benesse paterna. Era filho ilegítimo do rei Pedro I de Portugal (famoso pelos seus amores e em especial pelo seu amor vivido com Inês de Castro), e de uma dama chamada D. Teresa Lourenço.

Em Coimbra realizam-se as Cortes. Houve grande divergência de opiniões e vários pretendentes ao trono: D. Beatriz, filha legitima de D. Fernando, e herdeira directa, D. João e D. Dinis, filhos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, e os inevitáveis D. João de Castela (marido de D. Beatriz) e o D. João, Mestre de Avis.

João das Regras, jurisconsulto, rebate uma por uma as pretensões dos outros candidatos ao trono e declara o trono vago. Faz o elogio do Mestre de Avis, dizendo: "merece esta honra e o estado de Rei". E como tal é aclamado a 6 de Abril de 1385, dando início à segunda dinastia, dita "Dinastia de Avis".

O Rei de Castela (D. João de Castela) retirou a regência de D. Leonor Teles (viúva de D. Fernando e mãe de D. Beatriz) e, intitulando-se de "Rei Portugal", dirigiu-se para Lisboa, cercando a cidade. Isso fez com que muitos burgueses finalmente aderissem á causa do Mestre de Avis, mas a maior parte do clero e da nobreza apoiavam D. Beatriz.

Pouco depois, João I de Castela invade Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e remover D. João I de Portugal do trono. Com o rei de Castela, seguia um contingente de cavalaria francesa, aliada de Castela para se opor aos ingleses, que tomaram o partido de D. João I na Guerra dos Cem Anos. Como resposta, D. João I nomeia D. Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal e Protector do Reino.

Os castelhanos reagiram a esta decisão, como era de se esperar, invadindo novamente Portugal. Mas os portugueses saíram ao seu encontro e travou-se uma batalha decisiva em Aljubarrota, em Agosto de 1385, que foi uma batalha decisiva. Usando a táctica do quadrado e aproveitando as vantagens da colocação no terreno, pois os inimigos estavam de frente para o sol, as tropas portuguesas, chefiadas pelo próprio rei D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira, conseguiram a vitória, pondo o exército inimigo em fuga, quase totalmente aniquilado.

A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada alguns anos depois, em 1411. Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, perto do local da batalha, a construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por Mosteiro da Batalha.

O Mosteiro da Batalha, é o maior símbolo da "Dinastia de Avis", erigido na sequência de um voto à Virgem, caso vencesse a Batalha de Aljubarrota. O arranque das obras deu-se em 1388 e foram conduzidas por Afonso Domingues, a quem se deve o plano geral da construção e o grande avanço dos trabalhos na igreja e no claustro. A igreja tem três naves e transepto e é panteão do rei D. João I, D. Filipa de Lencastre e seus filhos, além de outros reis e infantes portugueses.

Depois da retirada de Castela, a estabilidade da coroa de D. João I fica permanentemente assegurada. Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte de D. João de Castela, em 1390, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte.

A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção no seu reinado foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conseguida a 21 de Agosto.

Após a conquista de Ceuta são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D.Filipa de Lencastre.

D. João I continua a obra iniciada por D. Dinis de tornar cada vez mais poderosa a marinha e a armada portuguesas. Feita a paz com Castela, prepara a expansão territorial do país, que em seu entender só poderia fazer-se para Oeste, para o lado do Mar. Em 1415, encabeça a tomada de Ceuta, iniciando assim a expansão ultramarina portuguesa. Seguir-se-ão os "Descobrimentos", que o seu filho, o Infante D. Henrique toma a peito.

D. João I vive mais dezoito anos, tentando sempre manter unidas as gentes portuguesas, por isso percorre o país de lés a lés, tentando sempre equilibrar as Finanças da Coroa e os interesses da nova aristocracia com os da burguesia comercial.

Começa a partilhar o governo da Nação com o seu filho D. Duarte. Tem assim tempo disponível para recordar ainda os feitos da sua juventude e escreve "O Livro da Montaria". Nele descreve as múltiplas técnicas de montaria, pois a caça foi sempre a sua grande paixão. Evoca o prazer das lutas corpo a corpo, do jogo da pela e da dança, da música e do xadrez. Chega mesmo a comparar à beata contemplação de Deus, à alegria de ver um urso cair na armadilha.

O seu grande amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados pelo grande poeta português Luís Vaz de Camões, na sua epopeia épica, os "Lusíadas", por "Ínclita Geração".

O rei D. Duarte de Portugal, seu primogénito, foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e D. Henrique, Duque de Viseu, "O Navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com a navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos "Descobrimentos". E sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nos domínios de seu marido.

No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.

D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Foi cognominado o "Rei de Boa Memória", pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, e alternativamente, é também chamado de o Bom ou o Grande.

Sites: Wikipédia / vidaslusofonas.pt