A chegada a Aracena


Realmente Aracena estendendo-se desde o cimo da sua colina, coroada e protegida pelos restos de um castelo mouro e a presença de uma igreja ali construída pelos cavaleiros templários, descendo suavemente pela encosta até ao vale, resulta numa visão de encantar!
Depois deste encantamento colectivo, decidimos a partir daquele momento ali ficar, e pernoitar na cidade, para no dia seguinte visitarmos a cidade e as sua bela Gruta de las Maravilhas.
O lugar de pernoita foi num parque de estacionamento, junto do Centro Hospitalar da cidade, que tinha mesmo à nossa frente um restaurante, onde na manhã seguinte tomámos o pequeno almoço e onde se serviam bons e baratos almoços.

Aracena é a cidade mais alta na Sierra Morena, a ser encontrada na parte ocidental das cordilheiras que fazem fronteira com Portugal. A cidade fica na extensão da cordilheira, chamada Serra de Aracena, que faz parte do Parque Natural de la Sierra de Aracena y Picos de Aroche, óptima para praticar caminhadas e escaladas.
A gastronomia da região baseia-se nos presuntos pata negra e excelentes enchidos, cogumelos e espargos frescos. Esta é a zona de produção do famoso Jamón Serrano, e perto de Aracena as povoações de Jabugo, Cortegana e Cumbres Mayores são os seus maiores produtores.
Junto à gruta, que fica por baixo da colina que suporta o castelo e parte da cidade, podemos encontrar muitos restaurantes e lojas gourmêt com vários produtos gastronómicos da região.
Pela sua rica gastronomia, pelo seu singular encanto ou pela atracção principal da cidade, a Gruta de las Maravillas, esta pequena localidade no coração da Sierra de Aracena conseguiu ser muito popular entre os adeptos do turismo em geral e em especial do turismo rural.

Site: Aracena Travel Guide
A Marina da Amieira

O que parecia impossível há apenas alguns anos atrás, é hoje uma realidade, uma Marina em pleno Alentejo profundo!... A Marina da Amieira bem no coração da Barragem de Alqueva, é um lugar muito belo, onde o silêncio das peneplanicies alentejanas, não se faz rogado, e onde a experiência de uma paz repousante é a uma realidade.
A Marina da Amieira faz parte da valorização turística das "Terras do Grande Lago" e foi uma aposta estratégica da Região de Turismo de Évora e do Governo português. As características da albufeira do Alqueva, que abrange os vales dos rios Guadiana e Degebe e das ribeiras de Alcarrache, Zebro e Lucefecit, oferecem potenciais efectivos de desenvolvimento turístico, designadamente pela proximidade de aldeias e vilas alentejanas que poderão articular a sua base económica às actividades de turismo, lazer e recreio que aproveitam o amplo espelho de água bem como as suas margens.
A Marina da Amieira é o primeiro projecto náutico ao nível do plano de água do Grande Lago e que integra todos os serviços náuticos desde aluguer, manutenção e parqueamento de embarcações, serviços de restauração, bar esplanada, restaurante panorâmico e lojas de artigos náutico-desportivos.
O desenvolvimento do turismo designado por alternativo é hoje uma realidade com grande alcance na inovação da actividade turística e do lazer no mundo inteiro, manifestando a afirmação de produtos, espaços, equipamentos e serviços, mecanismos de comercialização e modelos de promoção turística, que possuem características que negam a tendência global da massificação e que se suportam na descoberta de novas ambiências e de estruturas com bom acolhimento mas com originalidade, envolvendo um contacto personalizado com as gentes locais e os seus valores e patrimónios culturais.
O entardecer e o pôr-do-sol, antes da chegada da noite, o coaxar das rãs e o espírito do vento que suavemente nos acolhe, faz com que o tempo passado junto ao grande lago, seja realmente um tempo de prazer...

D. João de Portugal, Mestre de Avis

D. Fernando tinha uma única filha, D. Beatriz, que, com apenas doze anos de idade, casara com o rei de Castela, pondo-se assim termo a uma série de guerras em que D. Fernando se envolvera com aquele reino, que haviam enfraquecido a economia do país.
D. Fernando morreu alguns meses depois deste casamento e como D. Beatriz não tinha filhos nem irmãos, não havia sucessores legítimos do rei. Esta situação de impasse desencadeou várias revoltas populares. As populações recusavam-se a aceitar a aclamação de uma rainha que era mulher de um rei estrangeiro (rei de Castela), o que poderia dar origem à união dos dois países, e que teria por consequência a perda da independência de Portugal.
Respondendo aos apelos de grande parte dos Portugueses para manter o país independente, D. João, Mestre de Avis, irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal. O resultado foi a "Crise de 1383-1385", um período de interregno, onde o caos político e social dominou.
D. João, Mestre de Avis foi aos seis anos (1364), nomeado Mestre da Ordem de Avis, por benesse paterna. Era filho ilegítimo do rei Pedro I de Portugal (famoso pelos seus amores e em especial pelo seu amor vivido com Inês de Castro), e de uma dama chamada D. Teresa Lourenço.
Em Coimbra realizam-se as Cortes. Houve grande divergência de opiniões e vários pretendentes ao trono: D. Beatriz, filha legitima de D. Fernando, e herdeira directa, D. João e D. Dinis, filhos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, e os inevitáveis D. João de Castela (marido de D. Beatriz) e o D. João, Mestre de Avis.
O Rei de Castela (D. João de Castela) retirou a regência de D. Leonor Teles (viúva de D. Fernando e mãe de D. Beatriz) e, intitulando-se de "Rei Portugal", dirigiu-se para Lisboa, cercando a cidade. Isso fez com que muitos burgueses finalmente aderissem á causa do Mestre de Avis, mas a maior parte do clero e da nobreza apoiavam D. Beatriz.
Pouco depois, João I de Castela invade Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e remover D. João I de Portugal do trono. Com o rei de Castela, seguia um contingente de cavalaria francesa, aliada de Castela para se opor aos ingleses, que tomaram o partido de D. João I na Guerra dos Cem Anos. Como resposta, D. João I nomeia D. Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal e Protector do Reino.
Os castelhanos reagiram a esta decisão, como era de se esperar, invadindo novamente Portugal. Mas os portugueses saíram ao seu encontro e travou-se uma batalha decisiva em Aljubarrota, em Agosto de 1385, que foi uma batalha decisiva. Usando a táctica do quadrado e aproveitando as vantagens da colocação no terreno, pois os inimigos estavam de frente para o sol, as tropas portuguesas, chefiadas pelo próprio rei D. João I e por D. Nuno Álvares Pereira, conseguiram a vitória, pondo o exército inimigo em fuga, quase totalmente aniquilado.
A paz definitiva com Castela só veio a ser assinada alguns anos depois, em 1411. Para assinalar o acontecimento, D. João I mandou iniciar, perto do local da batalha, a construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido por Mosteiro da Batalha.
O Mosteiro da Batalha, é o maior símbolo da "Dinastia de Avis", erigido na sequência de um voto à Virgem, caso vencesse a Batalha de Aljubarrota. O arranque das obras deu-se em 1388 e foram conduzidas por Afonso Domingues, a quem se deve o plano geral da construção e o grande avanço dos trabalhos na igreja e no claustro. A igreja tem três naves e transepto e é panteão do rei D. João I, D. Filipa de Lencastre e seus filhos, além de outros reis e infantes portugueses.

Depois da retirada de Castela, a estabilidade da coroa de D. João I fica permanentemente assegurada. Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte de D. João de Castela, em 1390, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte.
A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção no seu reinado foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conseguida a 21 de Agosto.
D. João I continua a obra iniciada por D. Dinis de tornar cada vez mais poderosa a marinha e a armada portuguesas. Feita a paz com Castela, prepara a expansão territorial do país, que em seu entender só poderia fazer-se para Oeste, para o lado do Mar. Em 1415, encabeça a tomada de Ceuta, iniciando assim a expansão ultramarina portuguesa. Seguir-se-ão os "Descobrimentos", que o seu filho, o Infante D. Henrique toma a peito.
D. João I vive mais dezoito anos, tentando sempre manter unidas as gentes portuguesas, por isso percorre o país de lés a lés, tentando sempre equilibrar as Finanças da Coroa e os interesses da nova aristocracia com os da burguesia comercial.
Começa a partilhar o governo da Nação com o seu filho D. Duarte. Tem assim tempo disponível para recordar ainda os feitos da sua juventude e escreve "O Livro da Montaria". Nele descreve as múltiplas técnicas de montaria, pois a caça foi sempre a sua grande paixão. Evoca o prazer das lutas corpo a corpo, do jogo da pela e da dança, da música e do xadrez. Chega mesmo a comparar à beata contemplação de Deus, à alegria de ver um urso cair na armadilha.
O seu grande amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados pelo grande poeta português Luís Vaz de Camões, na sua epopeia épica, os "Lusíadas", por "Ínclita Geração".
O rei D. Duarte de Portugal, seu primogénito, foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e D. Henrique, Duque de Viseu, "O Navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com a navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos "Descobrimentos". E sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nos domínios de seu marido.
No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.
D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Foi cognominado o "Rei de Boa Memória", pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, e alternativamente, é também chamado de o Bom ou o Grande.
