Depois de dificilmente deixarmos o grande lago, decidimos ir jantar a Serpa e só depois seguirmos viagem rumo a Sevilha. O caminho até Serpa, no Baixo Alentejo, fez-se ao cair da noite e a chegada à cidade pelas 22h00, fez-nos acelerar o passo até à zona velha onde depois de se passar pela Porta de Moura à entrada da muralha, nos dirigimos ao largo da cidade onde está situado o Restaurante Alentejano.
O Castelo de Serpa, de origem mourisca, foi reconstruído no século XIII e ainda domina as ruas e praças de casario branco. Das cinco portas das antigas muralhas, já só restam a Porta de Beja e a monumental Porta de Moura. Ali perto, ainda se pode observar uma velha nora mourisca.
Nesta localidade respira-se a genuína alma alentejana. Debruçada sobre a vasta planície, a vila parece planar, perdida no tempo, enclausurada nas muralhas do castelo que a rodeiam na quase totalidade.
O Restaurante Alentejano fica situado no centro da cidade, no largo junto do edifício da Câmara Municipal e serve cozinha tipicamente alentejana e um serviço de qualidade. Decorria a semana do borrego e por isso decidimos pedir um prato de ensopado de borrego à moda antiga, que tinha o sabor dos cozinhados da minha avó.
O largo da Praça da República, onde se situa o Restaurante, estava à chegada todo iluminado devido às festas na cidade, e decidi só o fotografar à saída do restaurante, depois de jantar. No entanto à saída, a iluminação da praça estava desligada, e eu preparava a câmara para as fotos possiveis, quando alguns jogadores presentes numa peladinha que ali decorria, deram sem que eu percebe-se, pela minha velada intenção de fotografar a praça.
Então, ouviu-se de repente uma voz dizendo: "Acende ai a iluminação, oh Victor, para a senhora fazer as fotos à praça." A praça ficou de repente toda iluminada, e eu agradeci em voz alta, como é obvio e fiz as fotos... Estes momentos que nunca mais se esquecem, de simpatia e autêntico acolhimento gratuito, fazem com que estas experiências vividas durante as nossas viagens, façam com que nos apeteça cada vez mais viajar!...
Em Serpa decorriam as festas da vila, mais precisamente as Festas do Concelho em honra de Nossa Senhora de Guadalupe. A sorte mais uma vez esteve connosco, uma vez que foi o acaso que nos levou a Serpa, que se encontrava toda engalanada para receber os muitos forasteiros que a procuram nesta época. A festa realiza-se na Páscoa, tem início na Sexta-feira da Paixão e termina na terça-feira seguinte, que é o feriado municipal.
A festa do concelho de Serpa, na chegada da Primavera é celebrada, de forma especial, com a festa em honra de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira oficial do concelho a partir de meados do século XX, que nos dá sem dúvida, a certeza de um passado em comum com a Extremadura espanhola.
O culto a Nossa Senhora de Guadalupe nestas paragens, deverá remontar ao século XIV. A ermida no Alto de S. Gens, que lhe é dedicada, fica situada no ponto mais alto da povoação, a cerca de um quilómetro para sul da cidade e data do início da século D.
Segundo nos disseram as festas noutros tempos, em honra de Nossa Senhora de Guadalupe realizavam-se na ermida e compreendiam duas festas: a "dos homens", por ocasião da Páscoa, e a "das mulheres", pela época das vindimas. Isso porque, segundo se pensa, só indivíduos do mesmo sexo podiam agrupar-se em confraria. Provavelmente em 1870, as duas irmandades fundiram-se e, desde então, celebra-se uma só festividade em cada ano, a da Páscoa.
Site: Câmara Municipal de Serpa
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