Collioure

"Não há em França céu mais azul do que o de Collioure... Ao fechar as persianas do meu quarto, fecho todas as cores do Mediterrâneo "

Henri Matisse

Saímos de Grignan ao fim da tarde e dirigimo-nos para a costa Sul Francesa. A intensão era ir dormir a Collioure, uma vila situada na costa mediterrânea.

No extremo sul de França, a 26 quilómetros da fronteira espanhola, encontra-se a idílica vila piscatória de Collioure, uma jóia plantada na costa rochosa, possuindo um ambiente repousante e protegido.

A pernoita fez-se na sua AS para ACs, situada junto ao parque de campismo de Collioure, que foi construído numa colina, estando as zonas de estacionamento, dispostas em socalcos, com vista para a colina oposta. Na manhã seguinte, o acordar foi sob um sol radioso. Ali mesmo ao nosso lado, um pequeno Epagnol Breton fez-nos sentir em casa.

Depois saímos com a AC e descemos até ao porto situado na enseada de Collioure. Deixámos a AC estacionada no parque junto do Forte/Castelo Real e fomos conhecer a velha povoação histórica.

O seu pequeno porto está situado numa abrigada enseada, onde as águas do Mar Mediterrâneo depois de rebentarem nos contrafortes rochosos das montanhas dos Pirenéus, entram calmas pela baía a dentro.

Um clima ensolarado quase todo o ano, é garantido pela protecção dos ventos norte, pela cadeia transmontana de Collioure, fazendo desta pequena vila um sitio exclusivo, onde o bem-estar e estilo de vida ("art de vivre"), têm as suas origens nas populações catalãs de outrora.

Várias praias e enseadas de seixos e águas cristalinas, completam o conjunto de predicados deste recanto da costa Sul francesa, contribuindo para que este seja um lugar escolhido por muitos, para as suas férias de Verão.

A vila está rodeada de vinhas em socalcos que se estendem pelas colinas atrás da cidade e que além de produzirem um vinho tinto encorpado, também oferecem uvas das castas Banyuls e Maury, para o fabrico de vinhos doces naturais, excelentes aperitivos, designados por "vinho do deserto", devido à aridez das colinas viradas ao mar.

A sua particular abertura ao Mar Mediterrâneo, facilitando a defesa relativamente a invasores, fizeram sempre de Collioure um lugar muito cobiçado.

A herança de Collioure é o resultado de tudo o que um rico passado histórico foi lentamente acumulando, transformando, destruindo e reconstruindo. Collioure foi desde a antiguidade o destino de muitos navegadores fenícios, romanos e gregos, o que se pode comprovar pelos ricos e diversificados achados arqueológicos, que ali se têm encontrado.

Em 673 o rei visigodo Wamba, ocupa Collioure e dá-lhe o nome de "Caucoliberis”, confirmando-se o seu papel como porto comercial.
Desde 981, o Conde de Roussillon e os reis de Maiorca, contribuíram para desenvolver e fortalecer Collioure. A vila foi entre os anos de 1276 a 1344, a residência de Verão dos reis de Maiorca.
Na Idade Média ali aportaram muitos cruzados, que por ali ficavam para descanso, antes de seguiram para a Terra Santa, como os Templários em 1207 (daí a famosa lenda na região, da existência de um "tesouro dos Templários"), os cistercienses em 1242 e os dominicanos em 1280.
Mais tarde, a descoberta da América, no séc. XV dá origem ao declínio gradual da actividade no porto de Collioure, que nessa época pertencia à Catalunha.

Como ponto estratégico da costa catalã, Collioure apresentava já nessa época, uma extensa rede de fortificações.

De 1462 a 1493, Collioure sofre a ocupação francesa no reinado de Luís XI, mas os catalães voltaram a ocupa-la mais tarde. No entanto, no ano de 1642, a cidade é novamente ocupada pelas tropas francesas, sendo nessa época que são alteradas as fortificações, dando a Collioure a sua aparência actual.

Em 1659, o Tratado de Roussillon - Pirinéus ligará a povoação definitivamente à coroa francesa.

Collioure no início do séc. XX tornou-se um centro de actividade artística, com a chegada à povoação de vários artistas "Fauvistas" ((do francês "les fauves" - "as feras", como foram chamados os pintores não seguidores do cânone impressionista, vigente na época e que foi uma corrente artística do início do séc. XX), tornando-se o seu lugar de encontro. Georges Braque, Henri Matisse, Pablo Picasso, entre outros, que foram moradores ilustres de Collioure, inspirando-se nas belezas naturais do lugar.

São lugares a visitar, o Castelo Real, medieval, as ruas medievais, o farol convertido na igreja de Notre-Dame-des-Anges, não se devendo perder o desfrute de uma bela refeição de mariscos outros frutos do mar, sentados nas magníficas esplanadas de qualquer um dos restaurantes situados nas docas da sua baía típica ligada ao Mediterrâneo.

No cemitério de Collioure, encontra-se o túmulo do poeta espanhol António Machado, que para ali foi, depois de fugir para escapar ao avanço das tropas franquistas no final da Guerra Civil Espanhola, em 1939.

Também ali viveu o romancista britânico Patrick O’Brian, desde 1949 até à sua morte em 2000. No seu romance “Os catalães”, O’Brian descreve a vida de Collioure, antes das grandes mudanças históricas, que tornaram francesa a povoação.

É também dele uma biografia de Picasso, que era seu conhecido. O'Brian e sua esposa Maria, também estão enterrados no cemitério da cidade.

Fonte: Site oficial de Colloure / Wikipédia

Um comentário:

Anônimo disse...

parabén pelas fotos incríveis, pelo belo texto e principalmente pelo espirito viajante e inquieto que te acompanha!!!!!!!!