Mostrando postagens com marcador Primavera 2009 - Astúrias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Primavera 2009 - Astúrias. Mostrar todas as postagens

Comillas



Chegar a Comillas foi difícil, pois a estrada do litoral encontrava-se cortada, por estar em construção uma nova ponte, sobre a ria de la Rabia.

A bela Comillas, assente sobre as colinas acima de uma bonita baía com um pequeno porto, é uma pequena cidade no litoral cantábrico e uma concorrida estância balnear, muito bem preservada, que teve a sua época de glória no final do século XIX e princípios de XX.

Apesar de se ter expandido muito ultimamente, a sua fascinante mistura de casas antigas não pode ser ignorado e é uma delícia passear através dela. Há muitas lojas, restaurantes, bares e um posto de turismo que ocupada o ex-mercado.

A cidade deve a sua beleza arquitectónica há vinda de do rei Alfonso XII a Comillas, para passar uma breve temporada, transformando Comillas numa estância de férias da aristocracia da época.

A característica central da cidade é a sua Plaza Mayor pavimentada, com a sua igreja paroquial. Para alem de um enquadramento magnífico, esta pequena cidade alguns edifícios notáveis e invulgares, de arquitectos modernistas catalães.

A Oeste fica o parque do Palácio dos Marqueses de Comillas, um enorme edifício neo-gótico, desenhado por Antoni Gaudí, para o primeiro marquês de Comillas, Antonio López Y Lópes, em 1881.

Para o outro lado da estrada principal, numa colina entre a cidade e o mar, temos um edifício também modernista, em tijolo maciço, o complexo da antiga Universidade Pontifícia (para quem quiser estudar para bispo ou cardeal), projecto de Lluís Domènech i Montaner, de 1878, também patrocinado por Antonio López y López.

A partir do seu adro, podem observar-se belas vistas sobre o parque e a cidade, e na parte de trás do edifício observa-se uma bela perspectiva sobre o mar e um conjunto de belas praias.

Também de grande importância é um edifício neo-gótico, residência do 2.º Marquês de Comillas, o Palácio Sobrellano, projectado por Juan Martorell em 1878 e 1890.

Um cunhado deste, um homem de negócios, Máximo Díaz de Quijano, querendo construir uma residência de verão de tipo oriental, encomendou o projecto a Gaudí e mandou construir o edifício, inspirado no estilo mudéjar, com um minarete coberto de azulejos amarelos e verdes.


É o famoso “Capricho de Gaudi” ou “Villa Quijano”, construído em 1883. Eusébio Guell, genro de Antonio López y López, como se sabe, foi o grande mecenas de Antóni Gaudi. El Capricho, agora restaurado e em uso como um restaurante elegante, é apenas uma das grandes e antigas residências, que vale a pena visitar.

A praia longa de areias finas e brancas, proporciona esplêndidas vistas ao longo da costa, onde o vento sopra ameno trazendo o bom cheirinho a maresia, enquanto o porto mesmo ali ao lado, com as idas e vindas dos navios de pesca, são um fascínio extra.

Site: comillas.es

4º Dia - Litoral Cantábrico

Deixando para trás Potes e voltando a fazer novamente todo o desfiladeiro de la Hermida até Panes e continuando pela estrada (N-621) a caminho do mar, descendo dos Picos da Europa, encaminhámo-nos para Norte.
A estrada desde Panes, leva-nos até à costa ocidental sempre colada ao rio Deva, que naquele dia se encontrava cheio de vários grupos de canoístas entusiastas descendo o rio. O caminho fez-se bem, com algumas paragens para fotos e num bonito parque de merendas para um breve lanche.
A nossa intenção era visitar Comillas e Santillana del Mar. Toda esta zona é magnífica e de uma beleza difícil de encontrar, pois a montanha cai a pique sobre o mar.

Antes de chegarmos a Comillas tivemos a oportunidade de passar pela linda povoação piscatória de San Vicente de la Barquera, já bem perto de Comillas.

Situada na costa ocidental da Cantábria, San Vicente de la Barquera é uma pequena vila onde se deve destacar o seu património monumental de grande importância histórica e a sua situação, junto de um excepcional meio natural e dona de uma boa e reconhecida gastronomia.

Seu porto pesqueiro é um dos mais importantes da região. O turismo e os serviços a ele ligados, são na actualidade e em toda a zona, a principal actividade económica, com uma ampla e atractiva oferta para os visitantes.

San Vicente de la Barquera encontra-se em pleno coração do Parque Natural de Oyambre, um espaço natural protegido, de grande valor ecológico constituido por rias, escarpas, praias, dunas, pradarias e bosques que albergam uma fauna e flora de grande importância.

Estes valores naturais permaneceram praticamente invariáveis ao longo da história de San Vicente de la Barquera, que ali foi protagonista desde a época romana.

Assente sobre o mesmo solo onde possivelmente esteve o porto romano de "Vereasueca" e o porto da época medieval de "Apleca", a vila viveu a sua época de maior esplendor durante a Idade Média, depois da concessão de foral por Alfonso VIII, época em que os seus homens protagonizaram importantes conquistas marítimas, na reconquista de cidades andaluzas aos mouros e em expedições à Terra Nova.

San Vicente de la Barquera foi também um importante local de paragem do Caminho de Santiago na rota costeira. Fruto desse passado, a vila e os lugares próximos apresentam um destacado património monumental declarado como “Conjunto Histórico Artístico”.
Site: Spain.info

3º Dia (Cont.) - Potes


Depois da visita ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana e da subida ao seu belo mirante, começamos a descer para Potes, afim de visitarmos profundamente a cidade.

Potes é uma linda cidade medieval, quiçá uma das povoações mais bonitas do norte de Espanha, que se encontra numa das portas do Parque Nacional dos Picos da Europa, que é a capital da comarca de Liébana, um importante centro turístico e cultural que atrai milhares de visitantes durante o ano.

A preciosa povoação de Potes na Cantábria, foi designada por Potes ou Pontes, como a quiseram chamar-lhe os romanos. Não se sabe ao certo porque a chamaram assim, possivelmente porque algumas pontes haviam neste povoado. Três rios a cruzam, o Bullón, o Quiviesa e o rio Deva.

Podemos ali encontrar, moinhos de água, pontes romanas onde o musgo, as eras e o silêncio são os protagonistas. Potes é também uma encruzilhada de vales verdes de uma beleza sem igual. O vale de Valdebaró, por exemplo, regado pelo rio Bullón, o Valdeprado, que se estende pelas margens do rio Deva, assim como os vales de Cerceda e Cillorigo.

Em Potes o visitante fica absolutamente encantado por desfrutar de um bom passeio pela cidade, perdendo-se pelas ruelas do casco velho, que foi declarado conjunto histórico/artístico. Este núcleo urbano, concentra numerosos edifícios e monumentos que foram construídos durante os séculos XVII e XVIII.

Mas a beleza de Potes não se fica só pela povoação, mas também pelos seus arredores, uma vez que fica no sopé dos Picos de Europa, apresentando umas vistas incomparáveis. Potes é um lugar perfeito para passar a noite, para quem pratica o senderismo de montanha, ou para aqueles que querem percorrer os belíssimos desfiladeiros que rodeiam a região. No entanto Potes é a maior povoação do vale de Liébana, sendo sem dúvida o melhor local, para se explorar a maravilhosa região de Liébana, cheia de povoados pitorescos como Potes.

A cidade de Potes tem um centro histórico com casas e ruelas de pedra absolutamente fabuloso. O início da visita à cidade, deve começar pela Torre del Infantado, construção que data da baixa idade média, situada na linda encruzilhada dos rios Deva e Quiviesa. O abraço de ambos esteve na origem desta robusta torre do séc. XIV, que foi testemunho das lutas por um título nobiliário entre os Manrique e os Mendoza.

A belíssima praça em frente, cheia de esplanadas com chapéus brancos, foi o local escolhido por nós, para o jantar de sopa de cozido, seguido de um bom cozido asturiano, confeccionado com grão de bico cozido, saborosa couve migada, carne de porco, carne de vaca e enchidos. Uma delicia.

Muito perto também do rio, com o som melancólico da água ao fundo, ergue-se o Torreão de Orejón de la Lama, do séc. XV. Ainda mais melancólica e nostálgica, temos a igreja de San Vicente, com uma torre com relógio, parado eternamente nas seis menos um quarto, de uma beleza antiga, mas única.

Em cada segunda-feira há um mercado, onde os visitantes podem encontrar todos os produtos típicos da região, como o chouriço de Potes, o queijo picón, licores e a famosa aguardente de orujo, que no entender do Errante é uma autêntica especialidade.

Potes é assim uma espécie de velho e preservado reduto medieval, secreto e privilegiado, que pode ser encontrado na Cantábria profunda, situado no centro de um largo e fértil vale, só acessível através de desfiladeiros, que mais parece um povoado encantado e que por isso, não se deve deixar de visitar…

No entanto não se deve apartar estas andanças urbanas, do contexto mais vasto que modela a alma e a identidade asturianas e com o qual comunicam por uma teia de fios subtis. Para compreendermos melhor este mistério, não há nada como a palavra a Ortega y Gasset, que via as Astúrias como o espaço natural de "uma raça de homens capazes de intervir na vida contemporânea, sem perder o espírito de solidariedade com a área nativa".

Site: Verdenorte.com

3º Dia - Mosteiro de Santo Toribio de Liébana


O dia acordou com uma belíssima temperatura de Verão, que é habitual a partir do final da Primavera até o início do Outono, uma vez que o microclima de Potes e do vale de Liébana é muito idêntico ao da meseta ibérica.
Como dormimos até tarde, o pequeno almoço serviu de almoço e logo partimos de mota para uma visita ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana, um dos mais reverenciados lugares de peregrinação do culto cristão, que se encontra a somente 3 km a Oeste de Potes e a 2 Km do camping La Viorna, sempre a subir em estrada íngreme e sinuosa.
Quando chegámos ao mosteiro, fomos acolhidos por um frade franciscano que recebia os visitantes, conduzindo-nos a visionar um filme, no pátio do mosteiro e por baixo de um grande telheiro, sobre a história do mosteiro, a vida e obra de Santo Toríbio e sua obra e ainda sobre a história da relíquia "Lignum Crusis", que o mosteiro guarda.
É um mosteiro românico, fundado no séc. VII, tendo-se tornado conhecido um século mais tarde, quando recebeu o que se diz ser o maior fragmeto da Cruz de Cristo. O “Lignum Crucis”, como deve ser designado, é o fragmento da cruz maior do mundo e que pode ser observado, beijado ou tocado, por quem visita o mosteiro.
Os edifícios românicos do mosteiro, foram reconstruidos e restaurados no séc. XIII e hoje encontram-se ocupados por monges franciscanos.
Esta relíquia, que faz parte da cruz onde morreu Cristo, foi trazida por Santo Toríbio da Terra Santa e está hoje guardada dentro de uma cruz em ouro, com aberturas que mostram o pedaço de madeira no seu interior.
Naquela época era habitual fazerem-se códices manuscritos mais ou menos abundantemente ilustrados com belas iluminuras, que copiavam o Apocalipse de São João. Ali no mosteiro, um monge do séc. VIII, S. Beatus de Liébana, escreveu o "Comentário sobre o Apocalipse".
Estes comentários sobre a obra de São João, foram redigidos no século VIII, pelo Beato de Liébana, no ano de 776, que dez anos depois, em 786, redige a versão definitiva destes comentários. Esta como outras obras do Beato encontram-se no mosteiro, sendo também aqui que está sepultado S. Beatus de Liébana, junto ao altar da capela do mosteiro.
Após a visita ao mosteiro, subimos mais um pouco para pararmos num belo miradouro de onde se desfruta uma maravilhosa vista sobre a povoação de Potes e aldeias vizinhas, bem como das belíssimas montanhas da zona, sendo um dos melhores miradouros sobre o maciço oriental dos Picos da Europa. Ali também se encontra a Ermida de São Miguel, que pertence ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana.

Site: Wikipédia

2º Dia - O Caminho de Potes

Após o acordar no segundo dia em Cangas de Onís, rumámos para leste afim de percorrermos os caminhos que nos levariam a Potes, local que é um dos melhores pontos de partida para explorar o maciço central dos Picos da Europa.

Desde Cangas de Onís até Arenas de Cabrales, a estrada é sinuosa e feita em desníveis, passando por vários túneis, numa paisagem de fragas abruptas, de onde se goza uma vista soberba sobre os vales vizinhos.

Ali fizemos a primeira paragem, no Mirador del Pozo de la Oración, que oferece panorâmicas de Naranjo de Bulnes (um pico com 2519 m) onde se pode observar ao longe a majestosa coluna de rocha em redor da qual se centram os Picos Urriellu. A zona oferece uma belíssima paisagem envolvente, com um vale verdejante, onde no meio de um bosque corre um rio de águas límpidas e rápidas. Depois de uma descida até ao rio, as fotos da praxe e de um breve lanche, seguimos viagem.

Chegados a Arenas de Cabrales, foi seguida a rota do rio Cares, caminho espectacular que acompanha o rio por túneis e pontes que chegam a ficar a muitos metros acima do rio.

Arenas de Cabrales não passa de uma pequenita localidade encravada nas escarpas, com o rio Cares a borbulhar entre bosques. É a terra de origem do famoso queijo Cabrales e que possui alguns hotéis, cafés, bares, restaurantes, lojas e mercearias, onde o sossego dificilmente poderia ser maior.

A rota do Cares a partir de Arenas de Cabrales, é um percurso dos Picos da Europa. Sem desníveis acentuados desenvolve-se por um bom caminho até Panes. Panes é uma bonita povoação na parte mais oriental das Astúrias, situada num ponto onde se poderá ter acesso fácil ao campo, à montanha ou às praias, percorrendo distâncias muito curtas.

A partir de Panes vira-se para Sul, sendo aqui que começa o desfiladeiro de la Hermida que nos leva até ao vale de Liébana, onde se situa a cidade de Potes. A estrada desenrola-se sempre ao lado ou esquerdo ou direito do rio Deva.

A estrada (N-621), apanha-se em Panes e leva-nos até ao vale de Liébana. Esta estrada parte da costa ocidental sempre colada ao rio Deva, onde a partir de Panes descreve um percurso através de uma garganta estreita de paredes abruptas e verticais, ao longo de 27 km e a uma profundidade de cerca de 600 metros. Trata-se do espectacular desfiladeiro de La Hermida, um vale sinuoso que sobe lentamente para Sul, sobrevoado por águias e abutres e que merece a pena conhecer para se poder desfrutar das suas formosas características naturais.

É uma estrada maravilhosa, que é obrigatório percorrer devido à paisagem que durante todo o seu percurso nos rodeia. Um verde intenso, mostra-nos muitos dos mais belos atributos dos Picos de Europa, onde paredes verticais de 600 metros de altura, nos esmagam com a sua beleza. O desfiladeiro propriamente dito é marcado após a passagem pela povoação de La Hermida.

A pequena localidade de La Hermida, encravada em pleno desfiladeiro, é a mais importante de Peñarrubia. Cruzamento de caminhos, é ponto de passagem da estrada N-621, que permite o acesso da costa ocidental com Potes. Também é desde aqui, que parte a estrada que segue o antigo caminho que no séc. XIX, conduzia ao vale de Liébana e que hoje vai até ao vale de Lamasón e que nos conduz à comarca de Saja-Nansa. Por último, desde a povoação de La Hermida, parte ainda a única estrada que leva à aldeia de Bejes, no município de Cillorigo.

Depois de percorridos alguns quilómetros neste vale profundo e estreito, abraçado por altas escarpas verticais, quase de repente, deixam-se as montanhas e abre-se-nos o belo e largo vale de Liébana, de um verde intenso a contrastar com o azul do céu, onde o sol radioso nos espera, farto de não nos poder acompanhar no desfiladeiro, impedido pelas altas e estreitas escarpas rochosas dos picos, que só cederam passagem à erosão do Deva.
O vale de Liébana possui solos férteis que produzem castanhas, cerejas e uvas. Ali, chegámos à comarca de Liébana e seguidamente à sua capital, Potes, localidade totalmente medieval, também atravessada pelo rio Deva.

Uma vez em Potes, fomos logo de seguida para o Camping La Viorna, a cerca de um quilómetro de Potes, onde depois de nos instalarmos, jantámos no seu restaurante, ao pôr-do-sol. Após o jantar pegámos na mota e fomos até Potes para um passeio digestivo pela velha cidade medieval, que de noite tem uma aura única.
Potes à noite, resulta num encanto para todos os amantes da tranquilidade e gosto pelo silêncio. No entanto e ao entrarmos a fundo na cidade, por atalhos em becos surpreendentes carregados de história, descobre-se a noite animada de Potes, com pequenos bares em todas as esquinas e ruelas empedradas, que nos mostram um ambiente cheio de detalhes próprio de uma cidade antiga.
As suas casas de pedra e as paisagens que mesmo de noite se adivinham maravilhosas, como neblina negra que se mete dentro de uma tela verde, com fundo feito de negros e recortados picos, onde não pode faltar um copo de aguardente de orujo em cima de uma mesa de café, para se enganar o purificante frio da noite.

Site: Verdenorte.com

1º Dia - Cangas de Onís

O início do nosso primeiro dia nas Astúrias, amanheceu ainda com algumas nuvens, que se foram dissipando à medida que a manhã avançava e o sol começou a espreitar até se tornar radioso.

A saída da autocaravana, por volta das 11h00, foi obrigatória uma vez que ali bem perto, nas encostas junto ao parque de estacionamento, chamavam por mim um grupo de póneis e cavalos asturianos que por ali pastavam. Assim fui-lhes fazer uma visita, aproveitando para me deliciar com a sua presença próxima e com a paisagem envolvente, não deixando de registar em fotografia a incursão que demorou cerca de uma hora.
Nesse dia pretendíamos visitar o Santuário de Covadonga, bem no coração do Parque Nacional do mesmo nome e subir os cerca de 1200 metros até aos lagos Enol e Ercina, que oferecem paisagens de uma beleza incomparável.

Assim e após o almoço pegamos na mota e partimos de Cangas de Onís, dirigido-nos pela estrada em direcção a Covagonga. Depois de alguns quilómetros percorridos e de algumas paragens para visitar e fotografar as lindas aldeias que nos iam aparecendo pelo caminho, começamos a subir para os Picos da Europa e para o Parque Nacional de Covadonga.

Passámos o Santuário de Covadonga, subindo sempre para os lagos, uma vez que optámos por os visitar primeiro. A estrada sinuosa contorce-se nas vertentes e as paisagens magníficas deixam-nos muitas vezes quase sem fôlego, devido à beleza quase indescritível daquele lugar.

Ali o viajante mais atento, ou de coração aberto aos murmúrios da terra, do vento, das sinetas ou mugir do gado à solta pelas serranias e escarpas, poderá descobrir nos mais pequenos gestos ritualizados da natureza, a presença das referências essenciais da identidade de uma das mais belas regiões do país vizinho. E descobrir que a extraordinária beleza desta região toma forma e personalidade, muito para além de uma paisagem de suaves colinas verdejantes ou de respeitáveis montanhas que guardam marcas de velhos glaciares…
Continuando a subir, a próxima etapa leva-nos até aos famosos lagos de Covadonga, vencendo um desnível de mais de mil metros. Pelo caminho passamos pelo Mirador de la Reina, um fantástico mirante virado a norte.

No percurso, os alcantilados rochosos de impressionante recorte alternam com vales e encostas onde se podem observar florestas de faias, tílias e azevinho. A pouco mais de mil metros de altitude surge o Lago Enol e logo seguir o Lago Ercina, de origem glaciar.
Fizemos uma primeira paragem junto ao primeiro lago, para o fotografar e para um descanso e lanche num pequeno bar típico asturiano, com vistas para o lago. Aqui foram provadas algumas das famosas iguarias das Astúrias, como o seu famoso presunto asturiano e o queijo cabrales de aspecto similar ao queijo roquefort, mas de sabor muito diferente e igual modo saboroso.

Depois foi a vez do lago Ercina, a cerca de 1000 metros de distância para cima do lago Enol, que jaz num planalto calcário abaixo do pico da Peña Santa e apresenta uma melhor infra-estrutura de acolhimento ao visitante, mas o nosso interesse já só residia na observação da paisagem envolvente do lago.

A descida por vezes bastante íngreme, levou a que a que esta se fizesse mais lentamente do que a subida, com algumas paragens estratégicas em miradouros, para observação da paisagem e fotos da praxe.

A paragem seguinte foi no Santuário de Covadonga, junto à basílica neo-românica concluída em 1901, de grande beleza exterior, concebida pelo arquitecto Federico Aparici, em calcário rosa, como uma imitação das grandes catedrais germânicas medievais. Ergue-se magestosa no local da histórica vitória de Pelágio, mas a visita interior não apresenta grande interesse a não ser por via de alguma curiosidade natural.

Junto da Basílica de Covadonga existe uma gruta que é centro de peregrinação religiosa desde o séc. VIII, onde se encontra a Virgem de Covadonga. Há que notar que em dias de festa ou fins-de-semana, pode ser um verdadeiro suplício percorrer o serpenteante caminho de acesso ao santuário desde Cangas de Onís, ou até mesmo a sua sequência para o coração do parque. Por isso e para quem o quiser visitar, o ideal será escolher épocas não festivas ou dias de semana, como foi o nosso caso, quando a pressão turística diminui bastante.

Depois da visita à gruta, descemos até Cangas de Onís, para ainda de dia visitarmos a cidade. A visita ao centro da cidade abriu-nos o apetite e foi ali mesmo em frente á praça principal, que jantámos na esplanada do restaurante El Abuelo (O Avô), a famosa Fabada Asturiana, como entrada, seguida de um prato de salmão grelhado e de ternera com molho de cabrales.

O dono do restaurante, era uma pessoa na casa dos sessenta anos, com uma jovialidade e simpatia enormes, que rindo se intitulava ele próprio de El Abuelo, cativando qualquer cliente, sendo esta por certo a razão da grande clientela dentro do seu estabelecimento.
*Mais sobre este assunto em: Cangas de Onís e o Santuário de Covadonga