O início do nosso primeiro dia nas Astúrias, amanheceu ainda com algumas nuvens, que se foram dissipando à medida que a manhã avançava e o sol começou a espreitar até se tornar radioso.
A saída da autocaravana, por volta das 11h00, foi obrigatória uma vez que ali bem perto, nas encostas junto ao parque de estacionamento, chamavam por mim um grupo de póneis e cavalos asturianos que por ali pastavam. Assim fui-lhes fazer uma visita, aproveitando para me deliciar com a sua presença próxima e com a paisagem envolvente, não deixando de registar em fotografia a incursão que demorou cerca de uma hora.
Nesse dia pretendíamos visitar o Santuário de Covadonga, bem no coração do Parque Nacional do mesmo nome e subir os cerca de 1200 metros até aos lagos Enol e Ercina, que oferecem paisagens de uma beleza incomparável.
Assim e após o almoço pegamos na mota e partimos de Cangas de Onís, dirigido-nos pela estrada em direcção a Covagonga. Depois de alguns quilómetros percorridos e de algumas paragens para visitar e fotografar as lindas aldeias que nos iam aparecendo pelo caminho, começamos a subir para os Picos da Europa e para o Parque Nacional de Covadonga.
Passámos o Santuário de Covadonga, subindo sempre para os lagos, uma vez que optámos por os visitar primeiro. A estrada sinuosa contorce-se nas vertentes e as paisagens magníficas deixam-nos muitas vezes quase sem fôlego, devido à beleza quase indescritível daquele lugar.
Ali o viajante mais atento, ou de coração aberto aos murmúrios da terra, do vento, das sinetas ou mugir do gado à solta pelas serranias e escarpas, poderá descobrir nos mais pequenos gestos ritualizados da natureza, a presença das referências essenciais da identidade de uma das mais belas regiões do país vizinho. E descobrir que a extraordinária beleza desta região toma forma e personalidade, muito para além de uma paisagem de suaves colinas verdejantes ou de respeitáveis montanhas que guardam marcas de velhos glaciares…
Continuando a subir, a próxima etapa leva-nos até aos famosos lagos de Covadonga, vencendo um desnível de mais de mil metros. Pelo caminho passamos pelo Mirador de la Reina, um fantástico mirante virado a norte.
No percurso, os alcantilados rochosos de impressionante recorte alternam com vales e encostas onde se podem observar florestas de faias, tílias e azevinho. A pouco mais de mil metros de altitude surge o Lago Enol e logo seguir o Lago Ercina, de origem glaciar.
Fizemos uma primeira paragem junto ao primeiro lago, para o fotografar e para um descanso e lanche num pequeno bar típico asturiano, com vistas para o lago. Aqui foram provadas algumas das famosas iguarias das Astúrias, como o seu famoso presuntoasturiano e o queijo cabrales de aspecto similar ao queijo roquefort, mas de sabor muito diferente e igual modo saboroso.
Depois foi a vez do lagoErcina, a cerca de 1000 metros de distância para cima do lago Enol, que jaz num planalto calcário abaixo do pico da Peña Santa e apresenta uma melhor infra-estrutura de acolhimento ao visitante, mas o nosso interesse já só residia na observação da paisagem envolvente do lago.
A descida por vezes bastante íngreme, levou a que a que esta se fizesse mais lentamente do que a subida, com algumas paragens estratégicas em miradouros, para observação da paisagem e fotos da praxe.
A paragem seguinte foi no Santuário de Covadonga, junto à basílica neo-românica concluída em 1901, de grande beleza exterior, concebida pelo arquitecto Federico Aparici, em calcário rosa, como uma imitação das grandes catedrais germânicas medievais. Ergue-se magestosa no local da histórica vitória de Pelágio, mas a visita interior não apresenta grande interesse a não ser por via de alguma curiosidade natural.
Junto da Basílica de Covadonga existe uma gruta que é centro de peregrinação religiosa desde o séc. VIII, onde se encontra a Virgem de Covadonga. Há que notar que em dias de festa ou fins-de-semana, pode ser um verdadeiro suplício percorrer o serpenteante caminho de acesso ao santuário desde Cangas de Onís, ou até mesmo a sua sequência para o coração do parque. Por isso e para quem o quiser visitar, o ideal será escolher épocas não festivas ou dias de semana, como foi o nosso caso, quando a pressão turística diminui bastante.
Depois da visita à gruta, descemos até Cangas de Onís, para ainda de dia visitarmos a cidade. A visita ao centro da cidade abriu-nos o apetite e foi ali mesmo em frente á praça principal, que jantámos na esplanada do restaurante El Abuelo (O Avô), a famosa Fabada Asturiana, como entrada, seguida de um prato de salmão grelhado e de ternera com molho de cabrales.
O dono do restaurante, era uma pessoa na casa dos sessenta anos, com uma jovialidade e simpatia enormes, que rindo se intitulava ele próprio de El Abuelo, cativando qualquer cliente, sendo esta por certo a razão da grande clientela dentro do seu estabelecimento.
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