Após o acordar no segundo dia em Cangas de Onís, rumámos para leste afim de percorrermos os caminhos que nos levariam a Potes, local que é um dos melhores pontos de partida para explorar o maciço central dos Picos da Europa.
Desde Cangas de Onís até Arenas de Cabrales, a estrada é sinuosa e feita em desníveis, passando por vários túneis, numa paisagem de fragas abruptas, de onde se goza uma vista soberba sobre os vales vizinhos.
Ali fizemos a primeira paragem, no Mirador del Pozo de la Oración, que oferece panorâmicas de Naranjo de Bulnes (um pico com 2519 m) onde se pode observar ao longe a majestosa coluna de rocha em redor da qual se centram os Picos Urriellu. A zona oferece uma belíssima paisagem envolvente, com um vale verdejante, onde no meio de um bosque corre um rio de águas límpidas e rápidas. Depois de uma descida até ao rio, as fotos da praxe e de um breve lanche, seguimos viagem.
Chegados a Arenas de Cabrales, foi seguida a rota do rio Cares, caminho espectacular que acompanha o rio por túneis e pontes que chegam a ficar a muitos metros acima do rio.
Arenas de Cabrales não passa de uma pequenita localidade encravada nas escarpas, com o rio Cares a borbulhar entre bosques. É a terra de origem do famoso queijo Cabrales e que possui alguns hotéis, cafés, bares, restaurantes, lojas e mercearias, onde o sossego dificilmente poderia ser maior.
A rota do Cares a partir de Arenas de Cabrales, é um percurso dos Picos da Europa. Sem desníveis acentuados desenvolve-se por um bom caminho até Panes. Panes é uma bonita povoação na parte mais oriental das Astúrias, situada num ponto onde se poderá ter acesso fácil ao campo, à montanha ou às praias, percorrendo distâncias muito curtas.
A partir de Panes vira-se para Sul, sendo aqui que começa o desfiladeiro de la Hermida que nos leva até ao vale de Liébana, onde se situa a cidade de Potes. A estrada desenrola-se sempre ao lado ou esquerdo ou direito do rio Deva.
A estrada (N-621), apanha-se em Panes e leva-nos até ao vale de Liébana. Esta estrada parte da costa ocidental sempre colada ao rio Deva, onde a partir de Panes descreve um percurso através de uma garganta estreita de paredes abruptas e verticais, ao longo de 27 km e a uma profundidade de cerca de 600 metros. Trata-se do espectacular desfiladeiro de La Hermida, um vale sinuoso que sobe lentamente para Sul, sobrevoado por águias e abutres e que merece a pena conhecer para se poder desfrutar das suas formosas características naturais.
É uma estrada maravilhosa, que é obrigatório percorrer devido à paisagem que durante todo o seu percurso nos rodeia. Um verde intenso, mostra-nos muitos dos mais belos atributos dos Picos de Europa, onde paredes verticais de 600 metros de altura, nos esmagam com a sua beleza. O desfiladeiro propriamente dito é marcado após a passagem pela povoação de La Hermida.
A pequena localidade de La Hermida, encravada em pleno desfiladeiro, é a mais importante de Peñarrubia. Cruzamento de caminhos, é ponto de passagem da estrada N-621, que permite o acesso da costa ocidental com Potes. Também é desde aqui, que parte a estrada que segue o antigo caminho que no séc. XIX, conduzia ao vale de Liébana e que hoje vai até ao vale de Lamasón e que nos conduz à comarca de Saja-Nansa. Por último, desde a povoação de La Hermida, parte ainda a única estrada que leva à aldeia de Bejes, no município de Cillorigo.
Depois de percorridos alguns quilómetros neste vale profundo e estreito, abraçado por altas escarpas verticais, quase de repente, deixam-se as montanhas e abre-se-nos o belo e largo vale de Liébana, de um verde intenso a contrastar com o azul do céu, onde o sol radioso nos espera, farto de não nos poder acompanhar no desfiladeiro, impedido pelas altas e estreitas escarpas rochosas dos picos, que só cederam passagem à erosão do Deva.
O vale de Liébana possui solos férteis que produzem castanhas, cerejas e uvas. Ali, chegámos à comarca de Liébana e seguidamente à sua capital, Potes, localidade totalmente medieval, também atravessada pelo rio Deva.
Uma vez em Potes, fomos logo de seguida para o Camping La Viorna, a cerca de um quilómetro de Potes, onde depois de nos instalarmos, jantámos no seu restaurante, ao pôr-do-sol. Após o jantar pegámos na mota e fomos até Potes para um passeio digestivo pela velha cidade medieval, que de noite tem uma aura única.
Potes à noite, resulta num encanto para todos os amantes da tranquilidade e gosto pelo silêncio. No entanto e ao entrarmos a fundo na cidade, por atalhos em becos surpreendentes carregados de história, descobre-se a noite animada de Potes, com pequenos bares em todas as esquinas e ruelas empedradas, que nos mostram um ambiente cheio de detalhes próprio de uma cidade antiga.
As suas casas de pedra e as paisagens que mesmo de noite se adivinham maravilhosas, como neblina negra que se mete dentro de uma tela verde, com fundo feito de negros e recortados picos, onde não pode faltar um copo de aguardente de orujo em cima de uma mesa de café, para se enganar o purificante frio da noite.
Site: Verdenorte.com
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