Parque Joan Miró

O Parc Joan Miró, também conhecido por Parc de l'Escorxador, é um parque invulgar e bem distinto, por seguir uma linha futurista e surrealista bem ao estilo de seu inspirador, Joan Miró, importante artista plástico espanhol, ao mesmo tempo pintor e escultor nascido em Barcelona (1893-1983).

Anteriormente, por volta do ano 1881, na área onde o parque está localizado, havia um antigo matadouro (em catalão, escorxador), daí o nome alternativo para este parque. O Matadouro Municipal de Barcelona (Matadouro de Vinyet), do séc. XIX, onde eram abatidos todos os animais destinados ao consumo na cidade. Em 30 de Novembro de 1979 começou a demolição do matadouro, depois de ser transferido para outra zona da cidade em 1978. Em 1982 começou a construção do parque, que depois de concluido, abriu como um parque em 1983.

Os arquitectos que intervieram no projecto do parque, foram Antoni Solanas, Marius Quintana, Beth Gali e Andreu Arriola. As suas dimensões são de aproximadamente 47.000 m2, e encontra-se situado entre a rua Diputación Aragão e a rua Vilamarí Tarragona.

O parque é dividido em dois níveis. No nível mais baixo, ou inferior, encontramos uma área para as crianças, com repuxos e WC. A atracção principal é a "pirâmide vermelha", que é uma atracção para os mais pequeninos, feita de cordas vermelhas muito resistentes e elásticas, que permitem brincadeiras já um pouco radicais como as escaladas.


Nesta área, também se encontra uma biblioteca pública, bastante completa e dividida em áreas, com uma zona com livros infantis (para evitar os eventuais transtornos que possam causar os mais pequenos a todos aqueles que necessitem de ler ou estudar em silêncio), separada da biblioteca propriamente dita e uma livraria.

Aqui também podemos encontrar uma área desportiva, que inclui um campo de basquetebol/futebol de salão, completamente vedado. Esta área também tem várias pistas para corrida e para bicicletas e ainda um bar. Neste nível, existe também um bonito jardim com muitas árvores e muitos bancos, mas pouca relva e muita terra batida, onde se podem passear os animais domésticos.
No nível superior destaca-se uma praça pavimentada, onde podemos encontrar a escultura de Joan Miró, denominada "Dona i Ocell" (A Mulher e o Pássaro). Esta enorme escultura de 22 metros de altura, assente num lago no Parque Joan Miró, foi construída em 1983 pelo artista, que foi um dos grandes representantes do movimento surrealista na Europa. A peça está coberta por pedaços de cerâmica vidrade, brilhante e colorida, as chamadas "trencadís".

Neste agradável parque podemos descansar, retemperando forças, antes de uma nova investida pela cidade. Em redor deste parque, existe ainda um grande número de canais e lagos e um jardim de plantas exclusivamente mediterrânicas, como palmeiras, pinheiros, eucaliptos e flores, que criam lugares de sombra e repouso bastante aprazíveis.

Fundação Joan Miró




A Fundação Joan Miró, situada no Parque de Montjuïc, foi criada pelo próprio Joan Miró e pelo seu amigo Joan Prats em 1975. Esta Fundação foi criada como um Instituto para a Arte Contemporânea e o edifício em que se encontra, foi projectado pelo arquitecto Josep Lluis Sert, amigo de Miró.

Este edifício abre-se num plano de estrutura tradicional inspirada pelo estilo Mediterrâneo que consegue um equilíbrio perfeito entre a arquitectura e a paisagem circundante, e tem como uma das características mais notáveis uma torre octogonal, usada como auditório para concertos de música clássica.
A Fundação Joan Miró abriu ao público no dia 10 de Junho de 1975. Ela teve as suas origens na primeira grande exposição do Miró, em Barcelona, em 1968, no Antic Hospital de la Santa Creu, quando várias personalidades do mundo das artes viu aqui a oportunidade de ter um espaço em Barcelona dedicado ao trabalho do artista. No entanto, de acordo com seus desejos, a nova instituição foi também a de promover e divulgar os trabalhos dos artistas contemporâneos, em todos os seus aspectos.

Esta Fundação trouxe uma vitalidade refrescante à obra do artista, em conjunto com um novo e dinâmico conceito de museu de arte, na qual o trabalho de Miró é mostrado ao lado de uma grande variedade de trabalhos criativos de outros artistas, um facto que se reflecte num desejo inicial lavrado no relatório da Fundação, de nome completo, Centro para o Estudo da Arte Contemporânea.
A Fundação é o cenário ideal para as animadas esculturas e para as pinturas de cores vivas de Joan Miró. Uma galeria construída propositadamente para acolher o seu trabalho, com uma vista soberba sobre a cidade e as suas paredes brancas, lajes em terracota e telhados elegantemente curvados emprestam-lhe um certo ar mediterrâneo que complementa o trabalho de Miró.

A finalidade da criação desta fundação, foi a de abrir um centro dedicado ao estudo e experimentação da Arte Contemporânea. Para a criação desta fundação, Miró doou diversas obras suas, assim como Joan Prats também doou diversas obras de Miró, que possuía. Outros artistas, como Antoni Tàpies e Alexander Calder, também ofereceram para a Fundação Miró, obras da sua autoria.
A obra desta fundação é muito diversificada, indo desde a apresentação de obras dos artistas acima referidos, até espectáculos para crianças, passando também pela mostra de obras de artistas contemporâneos, assim como conferências, projecção de filmes, vídeos e espectáculos de música.
A colecção permanente está distribuída por uma série de salas dominadas pela luz natural, nas quais os visitantes podem admirar trabalhos de Miró em todos os formatos: grandes telas, tapeçarias, objectos de uso quotidiano, gravuras, fotografias, etc. Ao todo, são mais de 300 pinturas, 150 esculturas, nove tapeçarias, toda a sua obra gráfica e mais de 7000 desenhos, mostrando o desenvolvimento artístico de Miró e as diferentes técnicas que usou ao longo da sua carreira.
O jardim das esculturas também merece ser visitado, pelas obras de Miró e de outros artistas contemporâneos. Existe ainda nesta fundação, uma biblioteca com muitas obras sobre Arte Contemporânea. A fundação organiza ainda interessantes exposições temporárias.

El Pueblo Español

Desde que foi concebido em 1929, o Pueblo Español, um parque temático das regiões e cidades de Espanha, consolidou-se como uma atracção turística secundária, mais recomendável para quem visitar Montjuïc, ou depois de uma obrigatória visita à Fundação Joan Miró, como foi o nosso caso.

El Pueblo Español possui no seu interior, ruas e praças construídas rigorosamente segundo seus originais, proporcionam alguns momentos de tranquilidade num lugar com algumas e boas infra-estruturas de vários tipos. O Pueblo Español é uma espécie de aldeia espanhola, com várias réplicas da arquitectura e dos lugares mais emblemáticos de várias cidades espanholas.
A oferta turística é grande já que há muitas lojinhas e bares onde apreciar a cultura e a gastronomia do País. De noite, durante os finais de semana, é uma boa proposta para os visitantes do plantão nocturno, já que para além de discotecas e bares em seu interior, podemos jantar na esplanada de um dos seus belíssimos restaurantes de comida catalã, assistir a um espectáculo no palco da praça principal em dias especiais, ou ainda assistir a um bom filme ao ar livre, dobrado em espanhol, no grande ecrã da mesma praça.

Construído na colina de Montjuïc para a Exposição Internacional de Barcelona de 1929, o Pueblo Español foi dedicado à arte e converteu-se numa síntese da arquitectura e urbanismo espanhóis. A intenção inicial era demolir o complexo após o término da Exposição, mas foi conservado e transformado em centro turístico por conta do grande impacto que despertou nos visitantes estrangeiros durante o período do evento.
Foi concebido desde o início como uma "aldeia" no meio de uma cidade com uma área de 49.000 m2. O objectivo era dar uma ideia do que poderia ser um "modelo ideal" do povo ibérico que contêm em si as principais características de todos os povos da península. O conjunto de 117 edifícios, ruas e praças, foram seleccionados tendo em conta critérios de estética que poderia ajudar a encaixar uma composição global harmoniosa, em conformidade com a "aldeia", que tinha sido concebida.

O projecto contemplou diversas edificações e estilos espanhóis de diferentes regiões do país, uma espécie de colagem rigorosamente fiel dos originais. Nele estão representadas diversas comunidades espanholas, como Andalucía, Aragón, Asturias, Cantabria, Castilla-La Mancha, Castilla y León, Cataluña, Comunidad Valenciana, Extremadura, Galícia, Islas Baleares, Madrid, Múrcia, Navarra e País Vasco.

A ideia foi impulsionada pelo arquitecto Puig y Cadafalch e depois desenvolvido como uma unidade de conjunto pelos seus construtores, os arquitectos Ramon Reventós e Francesc Folguera, além dos artesãos e artistas Xavier Nogués e Miquel Utrillo, que pretenderam fazer um pueblo (aldeia), onde estariam, reproduzidos e representados edifícios das diferentes regiões da Espanha.

A sua construção foi realizada em treze meses e, curiosamente, o trabalho tinha uma data de validade, uma vez que era só para durar o tempo da Exposição Universal, que é de seis meses. O sucesso no seu planeamento, no entanto, tem permitido que a pequena vila tenha sobrevivido até aos dias de hoje.

Ao desenvolverem o projecto, os quatro profissionais realizaram diferentes viagens pelo país para recolher material iconográfico. Durante o percurso fizeram centenas de fotografias, anotações e desenhos que lhes permitiram escolher o que melhor se adaptaria à ideia fundamental do projecto. Os “turistas/criadores” visitaram mil e seiscentas cidades e povoados.

No Poble Español pretendia-se reunir uma colecção de obras mestras da arquitectura espanhola, já que se tratava de construir um recinto que fosse uma síntese da Espanha monumental e uma divulgação de sua cultura, além de ter um pouco mais de Espanha na Catalunha, tendo ainda como fim, divulgar e aclamar politicamente a ditadura de Primo de Rivera (militar e ditador espanhol, fundador da organização fascista Unión Patriótica, inspiradora da União Nacional Portuguesa).

A Fonte Mágica de Monjuïc


A Fonte Mágica de Monjuïc situada na Plaça d'Espanya, a meio caminho da colina e depois do Centro de Exposições, é uma fonte ornamental e pouco convencional que constitui uma das principais atracções da cidade de Barcelona, apresentando regularmente bonitos espectáculos visuais e musicais.

Para a Feira Mundial de 1888, a cidade de Barcelona construiu uma fonte mágica no Parque da Cidadela, mas, infelizmente, não alcançou o sucesso que se esperava; para a Feira Mundial de 1929, fez-se nova tentativa, e nasceu a actual Font Màgica, construída em Montjuïc.
A Fonte Mágica de Montjuïc uma das principais referências turísticas da cidade, oferece um show de luz e cor que dura cerca de meia hora e que é imperdível. Fontes e cascatas descem os terraços do Palau Nacional até à Fonte Mágica e nas noites de Verão, de quinta a domingo, e os seus jactos de água são programados para exibirem um espectáculo multicor de música e luz.

As luzes coloridas que iluminam a água e a presença do vento, parecem fazê-la dançar ao ritmo da música clássica que acompanha o espectáculo; as formas e cores mudam constantemente, e seus especiais efeitos artísticos são muito apreciados quer por crianças quer por adultos.

O ponto-chave deste espectáculo, que presenteia os visitantes num espetáculo nocturno inesquecível, com flashes coloridos que iluminam os edifícios e mudavam as formas da Fonte Mágica, com uma combinação de 50 variações diferentes de água e cor, com algumas pequenas fontes e cascatas que seguem ao longo da avenida até às Torres Venezianas, na Plaça d´Espanya.

Estas torres de acesso às fontes são projecto de Ramon Reventós y Farrarons e ficam entre os dois palácios que fecham a Plaça d´Espanya, e que têm como modelo o campanário da Catedral de São Marcos de Veneza, e por isso são conhecidas como Torres Venezianas, que seguem os princípios arquitectónicos da primeira metade do século XX, na Catalunha.
A Fonte Mágica uma maravilha da engenharia da electricidade e de água foi originalmente projectada por Carles Buïgas (1898-1979), como um dos elementos da Luz, fio condutor da Exposição Universal de 1929. Foram modernizadas actualmente, mas todo o equipamento original foi preservado, como um acertado critério museográfico.

Montjuïc

A colina de Montjuïc, erguendo-se acima do porto comercial, a sul da cidade, é a maior área de recreio da cidade de Barcelona, e um ponto espectacular para se observar do alto a cidade. É rica em galerias de arte, museus e clubes nocturnos, para além de ter uma feira de diversões e um teatro ao ar livre, junto a um roseiral, que fazem dela um local popular tanto de noite como de dia.
Situada na margem Sul da cidade, e inclinada abruptamente para baixo em direcção ao mar, encontra-se a colina de Montjuïc (213 m). Coroada por uma fortaleza construída sobre o seu cume, é a mais extensa e frequentada zona de recreio da cidade que merece uma visita, não só pela sua beleza cénica e pela sua rica vegetação com grandes parques, mas também por causa dos seus numerosos divertimentos.
Montjuïc há vários milhares de anos atrás, era um local habitado por celtiberos. A colina mais tarde foi usada pelos romanos como lugar de cerimonial, ligado a cultos religiosos, tendo construido ali um templo a Júpiter no então chamado "Mons Jovis", do qual pode ter derivado o nome Montjuïc. Outra teoria diz que também houve um cemitério judeu na colina que inspirou o nome de Montjuïc (Monte dos Judeus).
Até à construção do castelo, em 1640 havia ali poucos edifícios. Hoje possui um grande número de pontos e atracções turísticas, a maioria delas provenientes de dois grandes eventos que tiveram ali lugar: A Exposição Internacional de 1929 e as Olimpíadas em 1992.
Os edifícios mais interessantes ficam em volta do Palau Nacional, onde se encontra a maior colecção de arte românica da Europa. Entra-se na zona de Montjuïc pela Plaça d'Espanya, passando por entre os grandes pilares de tijolo, cuja construção foi baseada no campanário de S. Marcos em Veneza, o que constitui um aviso quanto ao ecletismo dos estilos de construção.
A Fundació Joan Miró, também aqui se encontra ficando situada no Parque de Montjuïc, num magnífico edifício, com projecto de Josep Lluís Sert, que abriga a melhor colecção pública da obra de Joan Miró, com 300 pinturas, 150 esculturas e a sua obra gráfica completa.

Aqui também podemos encontrar o Anel Olímpico (Olimpíadas de Barcelona de 1992), com instalações desportivas de nível mundial; o Pabellón Mies van der Rohe, um pavilhão de aço, vidro, pedra e ónix construído ao estilo Bauhaus como contribuição alemã para a Exposição Internacional de 1929, e o Poble Espanyol (Aldeia Espanhola), que ilustra a arquitectura tradicional das várias regiões de Espanha.

O Castillo de Montjuïc, no cimo do monte Montjuïc; o Palau Nacional, sede do Museu Nacional d'Art de Catalunya; o Museu Arqueològic, que exibe importantes achados das culturas pré-históricas da Catalunha e Ilhas Baleares; o Museu Etnològic, que exibe artefactos da Oceânia, África, Ásia e América Latina, e ainda a Font Màgica, situada no final do Paseo de Maria Cristina, na Plaza de Carles Buigas, onde ocorre um belíssimo espectáculo de água, luz e sons durante o verão, entre outros.

Antoni Gaudí (1852-1926)

Antoni Placid Gaudí i Cornet, aparece como um arquitecto de novas concepções plásticas ligado ao modernismo catalão, a variante local da "Art Nouveau". Arquitecto cujo estilo distinto se caracteriza pela liberdade da forma, cor e texturas voluptuosas e na unidade orgânica, que usando de várias influências distintas criou um estilo próprio.
Não é preciso ser arquitecto para apreciar a obra de Gaudí, nem é preciso andar de guia na mão para entender a complexidade da sua obra. Nem sequer é necessário imaginar quão complexos seriam os exercícios matemáticos que Antoni Gaudí fazia, no início do século, para calcular pesos de estruturas e engendrar a forma de fazer com que uma simples coluna se transformasse numa árvore, ou que um muro de um jardim nos faça lembrar uma onda marítima.

Gaudí é o nome máximo da arquitectura catalã, e reconhecido no mundo inteiro. Influenciado por Viollet Le Duc e Ruskin, foi um dos pilares fundamentais do Modernismo. Suas obras arquitectónicas demonstram qualidades das mais inovadoras entre as demais obras de sua época, notáveis por estabelecer um conjunto harmonioso ao utilizar a fusão de estilos como o neogótico, o cubismo e o art nouveau.

Nasceu em Reus, uma localidade na zona costeira da Catalunha, em 25 de Junho de 1852. Seus pais eram Francesc Gaudí i Serra e Antonia Cornet i Bertran. Seu pai, era um artesão de Riudoms, e Gaudi desde menino foi um grande observador da Natureza, e gostava das formas, da cor e de geometria. Quando rapaz, ajudava seu pai na oficina e passou grande parte de sua infância, tentando curar suas dores reumáticas.
Decidiu estudar arquitectura em Barcelona, numa escola onde o Neoclássico e o Romantismo predominavam. Em 1869 mudou-se com seu irmão Francesc para Barcelona e começou seus estudos de arquitectura em 1873, na Faculdade de Belas-Artes, posteriormente transformada em Faculdade de Arquitectura da Universidade de Barcelona.

Formou-se em arquitectura em 15 de Março de 1878, tendo começado à partir de então, a fazer seus primeiros projectos, como candeeiros de ruas, um quiosque em ferro fundido, uma oficina, entre outros. Seu estilo único caracteriza-se por formas e linhas curvas e orgânicas, e sua obra se localiza dentro do Movimento Modernista, ainda que ele o tenha superado, criando um estilo próprio, caracterizado por uma continuidade do gótico, baseado, de forma predominante, nas formas curvilíneas.
Logo aclamado por seu estilo nada convencional em matéria de tradição arquitectónica, Gaudí logo obteve reconhecimento, passando a ser patrocinado por Eusebio Güell, seu mecenas. Também se distingue pelo uso de mosaicos com diferentes tonalidades, assim como também pela utilização de vitrais e do ferro forjado como aspectos que definem a sua ornamentação.

Tinha uma adoração pela Natureza e seu trabalho era inspirado a partir de suas formas. Devido a este facto, ele percebeu que a Natureza não concebia formas regulares, ou se estas formas existissem, ocorreriam raramente. Segundo Gaudí “(...) se a Natureza é um feito do Criador e as formas arquitecturais derivam da natureza, isto significa que o trabalho do Criador estará sendo continuado”.

Com o tempo, entretanto, passou a adoptar uma linguagem escultórica bastante pessoal, projectando edifícios com formas fantásticas e estruturas complexas. Algumas de suas obras-primas, mais notavelmente o Templo Expiatório da Sagrada Família possuem um poder quase alucinatório. Gaudí é conhecido por fazer extenso uso do arco parabólico catenário, uma das formas mais comuns na natureza.

Para tanto, possuía um método de trabalho incomum para a época, utilizando modelos tridimensionais em escala, moldados pela gravidade. Gaudí usava correntes metálicas presas pelas extremidades e quando elas ficavam estáveis, ele copiava a forma e reproduzia-as ao contrário, formando suas conhecidas cúpulas catenárias.

Também utilizou da técnica catalã tradicional do “trencadis”, que consiste de usar peças cerâmicas quebradas para compor superfícies. Gaudí dimensionava seus prédios de forma integral, fazendo desde as fundações e estruturas até os menores detalhes ornamentais, o que o caracterizava como um arquitecto peculiar e único.

Antoni Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, onde havia estudado arquitectura. Em suas obras, procurou assimilar as concepções estéticas vanguardistas que então se afirmavam por toda a Europa. Deixou-se influenciar por inúmeras tendências, não tendo nunca dedicado a sua arquitectura à tentativa de cópia de um estilo determinado. Uma das mais fortes influências que recebeu foi a de Viollet-le-Duc através do qual conheceu parte do seu gótico inspirador.

Ainda jovem, já era procurado pela Igreja e pelos burgueses, para elaboração dos seus projectos. E estes seguiram como seus principais clientes. Seus primeiros trabalhos possuem claras influências da arquitectura gótica (reflectindo o revivalismo do século XIX) e da arquitectura catalã tradicional.

Em 1883 começou a construção da Casa Vincens, com estilo de influência Mudéjar, que se caracteriza por uma mistura especial da arte muçulmana com a cristã. Nesse mesmo ano foi nomeado arquitecto-chefe da Sagrada Família por recomendação de Joan Martorell, um grande amigo de Gaudí, que teve considerável importância na projecção da sua vida profissional.

Nos anos posteriores, construiu um edifício na área da Sagrada Família. Outro cliente de renome foi Eusebi Güell, o qual lhe confiou a construção de um palácio para si, o Palau Güell, tendo-se iniciado a sua construção em 1886. Em 1889 trabalhou na construção do Palácio Episcopal a pedido de Joan Baptista Grau i Vallespinós, um padre de Reus, conterrâneo de Gaudí.

Já em 1891 construiu a Casa Fernández y Andrés. Nesta época outros edifícios importantes foram realizados, como a Casa Calvet e ainda nesse período foi iniciada a construção do Parque Güell, inspirado nas cidades-jardim inglesas.


A Associação de Devotos de São José, encomendou-lhe a continuação do projecto do Templo Expiatório da Sagrada Família (sua obra mais famosa e ainda inacabada). Cabem ainda aqui outras citações de importância, como a Casa Milá e a Casa Batlló. De todas suas obras a sua criação que condensa todo seu trabalho é a Sagrada Família. Em 1883 começou sua realização, mas nunca a pôde ver terminar. Um templo criado como um bosque de torres e colunas, ainda sem conclusão.

Antoni Gaudí i Cornet, foi mestre de uma forma de arquitectura fora do vulgar e extraordinariamente original, e na sua obra pode encontrar-se uma prodigiosa imaginação, rebeldia e fúria de viver não usual no seu tempo, fazendo dele um génio e um ícine da arquitectura mundial.

Faleceu em 1926, atropelado por um eléctrico, quando tinha 74 anos, deixando uma obra revolucionária para a Arquitectura Moderna, e um sonho, a conclusão do Templo da Sagrada Família, que continua em construção.

A Sagrada Família

Quando no Verão de 1991 tivemos a oportunidade de pela primeira vez visitar Barcelona, e ao aproximarmo-nos da Sagrada Família, para a visitarmos, tive uma sensação de deslumbramento total. Ainda tinha só uma única fachada concluída mas já se adivinhava a sua grandiosidade. Esta Catedral da Sagrada Família, projectada por Gaudí, é o cartão postal de Barcelona, e por mais maduros que sejamos, é impossível deixar de associarmos a sua fachada posterior àqueles castelos de brincadeira feitos na areia da nossa infância.

O Templo Expiatori de la Sagrada Família, é a igreja menos convencional de toda a Europa, e sem dúvida o emblema de uma cidade que gosta de se ver como individualista. Repleta de simbolismos inspirados na Natureza e esforçando-se para conseguir a originalidade.

De todas as obras arquitectónicas que existem em Barcelona e na Catalunha, a Sagrada Família é, sem dúvida, a de valor simbólico mais importante. Ela é sinonimo da arquitectura barcelonesa modernista e é a obra mais conhecida de Gaudí, e que apesar de inacabada, é o exemplo mais representativo da genialidade do artista.

O templo nasceu da iniciativa privada de Josep Maria Bocadella, que presidia a Associação Espiritual dos Devotos de São José. As obras tiveram início em 1882 sob a direcção de Francesc de Paula Villar, quem pretendia dar à obra um estilo neogótico, comum naquele tempo. Mas as diferenças entre o arquitecto e município fizeram com que Villar renunciasse ao projecto. Seu substituto foi Antoni Gaudí, que daria a obra uma personalidade diferente daquela planejada inicialmente por Villar.

O projecto começou quando Gaudí tinha 31 anos de idade e foi o último de sua vida, no qual dedicou os seus últimos 40 anos de vida. Gaudí modificou tudo, improvisando à medida que avançava. Passou a ser o trabalho da sua vida e viveu no local, como um recluso, durante 14 anos.

Gaudí pretendia criar uma Catedral para o Século XX, através de uma síntese de todos os seus conhecimentos arquitectónicos, conjugados com um complexo sistema de simbolismos e uma explicação visual dos Mistérios da Fé.

A catedral irá ter três fachadas, a Natividade e a Paixão (já concluídas), e a da Ressurreição de Cristo (por concluir). Nestas fachadas podem encontrar-se, um anagrama de Maria e cenas referentes à Sagrada Família. As torres, parte principal do templo, passam os 100 metros de altura, e a 170 metros por cima delas, está o símbolo do Salvador.

Antes de morrer, Gaudí teve tempo de concretizar alguns ambientes internos da catedral. A obsessão do arquitecto por esse projecto era tanta, que até dormir dentro do templo, ele dormia. Há rumores de que a distracção por estar tão obstinado pelo término da obra, pode ter sido a causa do seu atropelamento por um eléctrico, causa da sua morte em 1926.

A obra mais emblemática de Gaudí, interrompida após sua morte por falta de verba, recomeçou após a Guerra Civil e até hoje continua, financiada por subscrição pública. Esta obra foi sempre e ainda é impressionante por três motivos principais: o primeiro, evidentemente, por sua grandiosidade monumental; o segundo, igualmente impactante, por sua inusitadíssima arquitectura; a terceira, por estar em permanente construção desde 1882, o que lhe confere uma particularidade curiosa e intrigante, pois não foram deixadas plantas do projecto total. Dizem que se não houver interrupção no cronograma de obras, segundo o ritmo actual e histórico, elas estariam concluídas daqui a 50 anos.

Este templo da Sagrada Família é uma espectacular igreja e o seu projecto é tão grandioso, que está previsto para ser concluído somente lá para o distante ano de 2082, quando completa cem anos de construção! A primeira impressão, ao nos deparar-mos com esta imensa construção da Sagrada Família, é de perplexidade.

É necessário parar e observar para entender seus detalhes e o seu conjunto. Suas 8 torres estão desenhadas com adornos como se fossem castelos de areia, e arredondadas nas pontas. Suas torres com 107 metros de altura dominam de qualquer ângulo que as olhemos. Numa delas pode-se subir até o topo, por um elevador, mas só até certo ponto, e depois por uma estreita escada em caracol.

Estas grandiosas torres com pináculos cobertos de formas abstractas de mosaicos venezianos, com formato em espiral atribuem ao Edifício um espectacular efeito de verticalidade. Na nave da Igreja, vêem-se imagens de Jesus, de Maria e dos Apóstolos, além de passagens bíblicas. A Igreja uma vez concluída, será a maior catedral da Europa. Ali na cripta da Catedral da Sagrada Família estão os restos mortais de Gaudí.

Este enorme edifício é como um gigantesco livro onde vem narrada a história de Jesus Cristo. O edifício deverá contar com três fachadas. A oriental evocará o nascimento de Jesus, por ser onde nasce o Sol. A fachada sul será onde se encontra a história da morte de Jesus na cruz por ser onde o Sol se encontra ao meio-dia, quando o Sol está no seu ponto mais alto. A fachada ocidental será consagrada à ressurreição de Jesus junto de Deus, Seu Pai.

Cada fachada terá quatro torres com alturas compreendidas entre os 90 e os 110 metros, no total são doze torres que representam os doze discípulos. No centro irá ser construida outra torre com o dobro da altura da parte da catedral já construída. Terá 170 metros e representará Jesus. Ao seu redor estarão outras cinco torres, cada uma representando Maria, Mateus, Lucas, Marcos e João.

No exterior do templo experimenta-se o maior impacto, quanto se observam as sua magnificas fachadas. A fachada posterior, que dá para uma praça com um lago é o melhor ponto para se observar a igreja. É nesta parte que fica a fachada denominada de "Natividade", que foi concluída apenas em 1930.

Na parte frontal, a fachada principal dá também para uma praça grande, de onde não se tem uma vista muito boa, porque a sua calçada é ocupada por barraquinhas de "suvenires". Esta fachada é completamente diferente da posterior, chama-se da "Paixão" e foi concluída em 1977, com uma arquitectura cubista.

A fachada da Paixão é a mais imponente, mas não é a mais bonita no meu entender, uma vez que descaracterizou o estilo de Gaudí do conjunto, pois o seu arquitecto resolveu dar um toque pessoal ao seu trabalho. Ainda que belíssima, é cubista e não modernista, portanto, não é puro Gaudí.

O interessante aqui é olhar longamente por todo esse lado da igreja procurando inúmeras alegorias e adereços, figuras e símbolos que formam um curioso conjunto. Do chão ao topo das torres podemos passar um bom tempo a nos surpreendermos com cada detalhe observado.

De aparência fantástica, a Sagrada Família seduz pela ousadia da forma e pelas soluções estruturais utilizadas. Gaudí não poupava esforços, ousava tanto no uso de técnicas quanto no uso de materiais, para dar asas à sua imaginação e realizar a sua visão um tanto eclesiástica de que "A Igreja foi fundada sobre uma pedra e em rocha se transformou".


O Parc Güell



O Parque Güell, inaugurado em 1922, foi encomendado ao arquitecto Antoni Gaudí pelo então empresário e político Eusebi Güell, membro de uma família de prestígio da burguesia catalã. Güell, na verdade, foi um mecenas de Gaudí. Graças a Eusebi Güell, Gaudí pode realizar outras obras além do Parque Güell, hoje classificado pela UNESCO como património cultural mundial.

A dimensão da obra, ficou muito aquém do inicial e ambicioso projecto. O objectivo de Eusebi Güell era fazer de um grande terreno de sua propriedade um “bairro-jardim”, todavia a dimensão final da obra ficou muito aquém das ideias e pretensões de Güell. O que se pretendia era construir uma grande área de residências unifamiliares com 60 casas, sendo o parque actual a sua entrada principal.

Ainda que Gaudí tenha posto nesta obra a sua esplêndida criatividade, o facto é que o projecto foi na época um enorme fracasso comercial, tendo sido vendidos apenas dois dos sessenta lotes previstos, o que resultou no cancelamento do projecto global, tendo-se por isso transformado a praça, anos depois, num parque público de Barcelona. Como em tudo que Gaudí projectava , também este projecto foi um fabuloso exemplo de uma arquitectura nada convencional.

Esta praça, elevada sobre pilotis, designada Gran Plaza Circular, tem a forma e dimensões de uma praça tradicional, inclusive com piso em areia. Nela um banco ocupa todo o seu perímetro, numa extensão de cerca de 152 metros, todo revestido por mosaicos executados em cacos e pedaços de azulejos, cujo resultado é extremamente invulgar e bonito, plasticamente artístico e visualmente muito atraente. Esta praça foi executada pelo arquitecto Josep Jujol, então um dos principais colaboradores de Gaudí.

De cima desta praça, que por ser bem elevada e ficar situada numa colina, como se fosse um enorme balcão, pode desfrutar-se uma vista magnífica, quer da cidade de Barcelona, quer do parque, podendo ver-se tanto a parte frontal do conjunto que integra o Parc Güell quando a sua parte posterior. A zona frontal do parque fica ao nível da rua, na entrada do parque, onde ficam dois pequenos e bonitos prédios com o estilo personalíssimo e inconfundível de Gaudí, também revestidos por mosaicos de pedaços irregulares de azulejos a darem unidade ao conjunto.
A praça suspensa por colunas, onde o vento sopra ameno, é delimitada pelos seus bancos sinuosos, cujo encosto é também o guarda corpo, que com a sua forma sinuosa serpenteia todo o perímetro da área elevada proporcionando um efeito visual extremamente curioso, incomum e criativo. Igualmente curioso e atraente é o lagarto/dragão colorido revestido de cacos de azulejo que recepciona os visitantes e fica bem no centro da primeira e mais importante escadaria que conduz os visitantes à parte elevada da praça.

Depois de subir as escadas do lagarto chega-se à parte inferior da praça, um grande espaço coberto, onde estão as 86 colunas que sustentam a praça, em cujo local deveria realizar-se um mercado onde os moradores do nunca concretizado bairro-jardim poderiam abastecer-se. No tecto ficam rosetas executadas com pedaços multicoloridos de azulejos e cristais de vidro.

É neste parque que está situada a Casa Museu Gaudí, embora este edifício não pareça pertencer a este parque, pela sua traça completamente diversa das outras casas aí existentes. Esta casa construída pelo arquitecto Francesc Berenguer, serviu de habitação a Gaudí desde 1906 a 1926, num estilo modesto, muito apropriado para o modo de vida espartano de Gaudí.

No entanto, a pérgola do jardim foi desenhada pelo próprio Gaudí, que também foi o autor do mobiliário, em conjunto com alguns dos seus alunos, como Josep Maria Pujol. No interior desta casa, agora transformada em museu, podem admirar-se alguns destes móveis desenhados por Gaudí, assim como diversos desenhos feitos pelo artista/arquitecto.