Páscoa em Sevilha

A caminho de Portugal
O percurso embora longo, fez-se rapidamente e pernoitámos na área de serviço da Covilhã. A noite passou tranquila, mas por volta das 5h30 da madrugada, eis que um puto supostamente folião, julgando estar em plena noite de Carnaval, por certo bem bebido, e também por certo oriundo de uma terra onde o Carnaval não tem fim, nos acorda com o buzinar incessante do seu carro, que só foi útil para o camionista que a poucos metros de nós dormia, e que desperto, se pôs a caminho do seu destino.
Esta é a nova mentalidade da fuga, do esvaziamento da mente, tão popular entre os jovens de hoje, adquirida não se sabe bem onde, e de certeza não proveniente das religiões e filosofias orientais, tão ambicionada por alguns jovens nos tempos da minha juventude, e que não é nem resposta nem terapêutica para ninguém...
O Carnaval de Cáceres
Sem dúvida que estas recreações, do ponto de vista turístico, têm o maior interesse e importância, uma vez que contribuem para o desenvolvimento das cidades e para a divulgação cultural do seu real património histórico e popular.
No intervalo das várias actuações podia ouvir-se, entoando por toda a cidade monumental, e ultrapassando as muralhas da zona velha de Cáceres, excelente música medieval... Sem dúvida uma interessante recreação vivida em ambiente animado e civilizado.
Antes de acabar a festa, resolvemos ir jantar numa esplanada da Praça Maior que ficava ali perto, e no fim deste, voltámos à Praça de Santa Maria. No final das festividades, foi acesa uma grande fogueira, no centro da praça, que veio mesmo a tempo de aquecer os visitantes, pois a noite despertou fria, como é habitual naquela época do ano...

A caminho de Cáceres

A planta da praça não tem uma forma quadrangular perfeita, como acontece com a maioria das praças espanholas. A irregularidade dá uma sensação de amplitude e o contraste dos edifícios dá-lhe um encanto único.

O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe

A sua história remonta a 1389 quando o rei João I de Castela outorga um privilégio pelo qual entrega à Ordem dos Jerónimos a igreja do santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, lugar no qual fora achada uma imagem da Virgem em finais do século XIII ou princípios do XIV, por um camponês guardador de gado de nome Gil Cordero.
Este santuário foi mosteiro quase desde o início de sua construção, nos princípios do século XIV, e nele habitaram os monges da Ordem de São Jerónimo até 1835, tornando-o num dos centros mais importantes de devoção mariana.
Antes do mosteiro foi construída uma ermida para abrigar a imagem e mais tarde, foi construído o mosteiro, para os frades que souberam como transformar o culto à Virgem negra na principal força económica e social da região.
O Mosteiro em 1464 contava já com 130 frades e tinha um scriptorium (oficina de produção de manuscritos), uma oficina de artesãos, uma escola e um hospital com uma farmácia e um local onde se prestavam cuidados médico-cirúrgicos de vanguarda. As obras de construção prolongaram-se pelo séc. XV, resultando na magnífica fachada gótica actual.
Nesse mesmo ano, o rei Henrique IV de Castela, acompanha até ali a sua meia-irmã, a ainda infanta Isabel (Isabel a Católica), desejando acordar a seu casamento com Afonso V de Portugal. A infanta recusou o pretendente, mas por outro lado, ficou impressionada com a beleza do lugar.
Mais tarde o templo sofreu as consequências do total abandono sendo a partir daí que a Ordem de São Francisco tomou conta do templo, e foi esta última ordem que conseguiu, depois de numerosas restaurações, que o mosteiro recuperasse o seu antigo esplendor.
O Mosteiro é uma enorme construção, e sem dúvida uma bela jóia da região da Extremadura, que por ele tem enorme orgulho. Este integra quatro partes: O Templo / Basílica, o edifício do auditório, um Claustro Mudéjar e o Claustro Gótico.
A partir desse momento, ela chamou a este recinto "o meu paraíso" e ali se deslocou sempre que necessitou para se sentir reconfortada pela Virgem ou para dar graças por algum sucesso extraordinário.
A construção do mosteiro por parte dos frades Jerónimos, prolongou-se desde o século XIV até ao séc. XVIII através de sucessivas ampliações, o que o dotou de um traçado irregular com aspecto de castelo fortificado. Na sua construção utilizou-se preferencialmente a alvenaria e o tijolo.
O seu interior esconde uma infinidade de tesouros de um valor incalculável e o mosteiro foi declarado em 11 de Dezembro de 1993, Património da Humanidade pela UNESCO. Ainda que todo seu interior seja realmente maravilhoso, podemos destacar a enorme beleza do seu Claustro Mudéjar ou dos Milagres, em cujo centro se encontra um formoso pavilhão mudéjar, construído nos inícios do século XV.
Em torno deste claustro, situam-se os dormitórios dos frades e o refeitório. Tem forma rectangular com arcos em forma de ferradura e com pilares quadrados. O seu pavilhão mudéjar foi construído em 1405 por ordem do Frei Juan de Sevilla, e nas suas paredes expõe-se uma colecção de telas relacionadas com os milagres da Virgem de Guadalupe.
Neste Camarim, um frade franciscano fez rodar a Virgem e todos a podemos ver, esplendorosa!... A imagem traz consigo um profundo sentimento de veneração, é de cor negra e sustém com a mão esquerda o Menino Jesus e com a direita um ceptro de ouro ornado de pedras preciosas e o seu trono é magnífico. Nossa Senhora de Guadalupe é apenas tocada pelo frade encarregado de cuidar dela, sendo o próprio que a mostra aos visitantes.
Absolutamente encantados com esta visita ao Mosteiro de Guadalupe, e depois de uma breve paragem para descansar e observar com mais atenção as variadas fantasias carnavalescas da população de Guadalupe, partimos ao final da tarde, rumo a Cáceres…
Site: Wikipédia
A Lenda da Virgem de Guadalupe



Guadalupe
Com a autocaravana ancorada num parque de estacionamento a meia encosta, numa zona de tranquilidade absoluta, fez com que o sono viesse rápido e a noite passasse sem qualquer sobressalto.

No dia seguinte e sem pressas, depois de um banho quente e de um pequeno almoço reforçado, fomos de visita à vila de Guadalupe, que nos esperava cheia de visitantes e em moderada festa carnavalesca.
Guadalupe é uma pequena vila no coração da Extremadura onde está situado o importante Mosteiro de Guadalupe, onde desde a Idade Média, os peregrinos vinham rezar, ao santuário da Virgem Maria, também chamada a Virgem de Guadalupe.
Esta vila que cresceu ao longo do tempo à volta do Mosteiro, fundado em 1340, é um lugar realmente aprazível, com vielas em pedra, onde o vento leve se faz sentir, e que a partir do largo do mosteiro vão descendo até ao vale profundo e verdejante.
O seu elegante mosteiro e as casas antigas, típicas da região da Extremadura, que o circundam com varandas e janelas floridas, são um verdadeiro encanto, fazendo sentir a qualquer visitante, uma ambiência onde se respira a paz própria de um lugar de devoção...
A praça principal, frente ao mosteiro, está repleta de esplanadas e lojas de souvenirs, que vendem cerâmicas e peças em cobre feitas à mão, que outrora eram actividades monásticas.
As torres do mosteiro situado no topo de uma colina que domina um vale profundo e arborizado, dão-lhe um ar de castelo de conto de fadas. Foi neste lugar, que de acordo com a lenda, um pastor do séc. XIV, encontrou uma imagem da Virgem Maria, negra, em madeira de cedro.

Os conquistadores espanhóis tinham grande fé na Virgem de Guadalupe e levaram esta fé para as Américas. Cristóvão Colombo deu o nome da cidade de Guadalupe, a uma ilha das Caraíbas, a Ilha de Guadalupe.
Quando o Novo Mundo foi descoberto, o mosteiro era muito importante e foi o local de baptismo dos nativos e navios trazidos das Caraíbas para a Europa por Colombo e seus marinheiros.