O acordar em Berna é como o acordar no campo, onde o silêncio se faz sentir, ouvindo-se passarinhos a cantar e o remexer da folhagem pelo vento. O rio corria mesmo ali ao lado, com um caudal impressionante.
O local escolhido para a pernoita, foi um simpático e sossegado parque de estacionamento, ensombrado por grandes plátanos, na Untertorbrücke, próximo da cidade antiga, onde as pessoas falando alemão, pareciam conhecer-se todas, pois cumprimentavam-se afavelmente quando se cruzavam.
Com muitas das suas ruas reservadas a peões e aos transportes públicos, a compacta Cidade Velha (Altstadt) de Berna, proporciona agradáveis passeios a pé ou de bicicleta, o nosso meio de transporte favorito, pois só assim poderemos apreciar as suas belas ruas medievais, com mais de 6 Km de arcadas, que albergam lojas e restaurantes de todo o tipo.
A Cidade Velha ficava ali próximo a cerca de 350 m, embora se tivesse que subir a colina para lá chegar. Percorremos todo o centro da cidade, sempre animado pelos transeuntes e turistas. Neste trajecto destaca-se a Gerechtigkeitsgasse, que se prolonga pela Kramgasse e depois pela Marktgasse.
Foi na Kramgrasse que almoçámos, debaixo de uma arcada no simpático restaurante “Zu Webern”, onde se degustaram óptimas saladas de polvo, tenro e delicioso.
A cidade de Berna foi construída com arenito local em estilo gótico, com cumeeiras, janelas de sacada e arcadas, conservando os seus seculares edifícios, mais do que qualquer cidade da Europa.
Uma casa, depois de um restaurante, depois da loja, após outra loja… Linhas inteiras de casas, fundem-se num todo integrado, onde todos os edifícios estão ligados por longos passeios cobertos, as arcadas. Faça chuva ou faça sol, é um puro prazer passear nesta avenida, uma das mais comerciais da Europa.
Depois do almoço pagámos nas bicicletas e subimos mais um pouco, até à Zytologge, a famosa torre do relógio que foi em tempos a porta ocidental da cidade, sendo depois utilizada como prisão para prostitutas.
Esta fantástica Torre do Relógio tem bonecos que aparecem um pouco antes da hora para fazer uma espécie de sátira. O seu elaborado carrilhão começa a tocar quatro minutos antes da hora.
No caminho ouviu-se o som espectacular de um saxofone e através desse som dirigimo-nos até ao local, onde um músico empoleirado no alpendre situado no cimo da escadaria da Rathaus (Câmara Municipal de Berna), tocava o seu saxofone.
Também ali ao lado se encontra a St Peter e St Paul-Kirche, uma igreja construída em 1858, que também foi visitada por nós.
Deixando a Zytologge e percorrendo a Kramgasse, que é a principal via do antigo traçado medieval de Berna, podemos observar as múltiplas fontes, com datas de construção a partir do século XVI.
Continuámos o nosso passeio pelo centro da cidade, passando pela Bundesplatz, local onde se encontra a Assembleia Federal (Bundeshaus).
A cúpula nobre da Casa do Parlamento, preside acima da cidade, a poucos metros da estação principal, e também do rio Aare, bem como a torre de menagem e todos os outros lugares de interesse em Berna. Na maioria dos dias, as portas da Casa do Parlamento, são abertas ao público e os visitantes autorizados a assistir ao processo de vida do parlamento.
Ali descemos por uma escadaria até a um belo miradouro situado no cimo de uma encosta do rio Aare e devido ao calor que nesse dia se fazia sentir, podemos observar lá em baixo uma enorme multidão de habitantes da cidade, que procuravam para se refrescarem, as águas certamente frescas das piscinas e do rio Aare.
Deixámos a margem alta do Aare e pedalámos até à Catedral de Berna, situada na Munsterplatz, que se encontrava em obras de restauro e que por isso tinha a sua cripta protegida.Agora o cansaço deste longo passeio urbano já se começava a sentir, mas a satisfação do que estávamos a viver era mais forte... O avistar da catedral da cidade, o Münster St Vinzenz, em estilo gótico, construída no século XV, é verdadeiramente empolgante, uma vez que os seus 100m de altura não nos deixaram indiferentes.
No seu interior decorria um concerto de música clássica e por isso, não nos deixaram entrar, nem podemos comprar bilhetes para o concerto, uma vez que tinham esgotado. No entanto o seu elemento mais notável, estava ali à nossa frente, o seu magnífico portal central, repleto de pequenas figuras pintadas. O Münsterplatz, a praça em frente à Catedral, foi outrora um famoso local de encontros ao longo dos séculos.Do lado direito da catedral, entra-se por um portão em ferro e encontramos uma zona de lazer, a Munsterplattform. É um fabuloso miradouro e dali avista-se a cidade nova e o seu rio de incrível caudal com as suas margens verdejantes, que só por si nos transmitiram uma sensação de frescura, naquele dia de tanto calor.
Também ali podemos descer até à margem Oeste do rio Aare, por um fantástico elevador que fica junto ao café-esplanada do miradouro onde estivemos sentados tanto tempo para refrescar e descansar. Depois pegámos nas bicicletas e fomos novamente até à Rathaus, para assistirmos ao concerto jazz que para ali estava previsto ao entardecer.O concerto foi espectacular e após este, descemos para Norte, até ao rio Aare, onde estava situada a nossa AC, que ali nos esperava no recatado parque à sombra de frondosos plátanos.
Berna é uma cidade diversa e bela. De todas as cidades suíças, Berna é em meu entender, uma das mais encantadoras. É a capital da Suíça e está situada numa península estreita e íngreme, feita por uma curva do caudaloso rio Aare onde as colinas em seu redor, bem como as altas encostas do rio, são generosamente arborizadas.
O plano de ruas medievais perfeitamente conservados, com as suas arcadas, fontes de rua e as várias torres convenceram a UNESCO a considerar Berna como Património Mundial. Vistos da Cidade Velha os telhados das casas e os Alpes majestosos no horizonte, são deslumbrantes.
Berna é por este motivo também conhecida como a "cidade dos ursos" (o símbolo da cidade), dado que a palavra Berna (Bern) deriva do alemão "Bär" (urso). Deste modo, o urso é o animal que aparece no escudo bernense.
Berna foi o local de trabalho de Albert Einstein, o físico de origem alemã que desenvolveu ali parte da sua Teoria da Relatividade e onde são feitas as famosas barras de chocolate Toblerone e onde o queijo emmental, conhecido como queijo suíço, estendeu a mão para o mundo.
Neuchâtel é a capital do cantão suíço de Neuchâtel e o seu nome significa literalmente em francês, Novo Castelo.
A cidade situa-se no meio de vinhas e tem um coração medieval. Os seus edifícios em pedra calcária amarelo-pálida, levaram Alexandre Dumas a afirmar que a cidade parecia esculpida em manteiga. 
Era nesta casa que se vendiam os cereais, no rés-do-chão e os tecidos, no piso superior. Na sua parede oriental, ricamente ornamentada, ostenta o brasão da família Orléans-Longueville.

Os seus vinhos, os “vinhos de Champagne”, como se denominam os vinhos produzidos neste vilarejo suíço, rivalizam sem querer, com os vinhos famosos e sobejamente conhecidos da região francesa com a mesma denominação.
Um santuário cresceu em torno do suposto túmulo do santo, contra um rochedo nas margens do rio Ródano, em 390, sendo substituído por um mosteiro em 515, que continua a existir como a mais antiga abadia a norte do Alpes. Desde a Idade Média, que o templo de Saint-Aubin, como foi chamado, era o coração espiritual da região.
Em 1433, o lugar foi transformado em mansão e Saint-Aubin e adquirido por Jean I de Neuchâtel, Senhor do condado de Neuchâtel.
Já perto de Neuchâtel, encontramos as cidades de Boudry e Colombier. Boudry é uma cidade pequena e pitoresca, situada junto ao lago Neuchâtel e na foz do rio l'Areuse, com um castelo do séc. XVI, que abriga um museu de viticultura, a principal actividade agrícola da região.
A pequena cidade de Colombier, ainda no distrito de Boudry, está situada numa elevação de terreno a cerca de 5oo m de altitude e possui também um enorme castelo, construído no séc. XII sobre fundações romanas, reconstruído e ampliado no séc. XIV e XVI.
A chegada a Neuchâtel, fez-se ainda de dia e a tempo de fazer o habitual reconhecimento da cidade, para além da procura e rápido encontro da excelente AS de Neuchâtel, em local alto a ver o lago, por cima de telhados de casas apalaçadas e em local sossegado, que nos proporcionou uma repousante estadia.
É uma zona onde a exposição dos terrenos a sul, oferece condições de luz ideais para o cultivo de uvas e onde as calmas aldeias e vilas iam aparecendo no nosso caminho com alguma insistência, pois é densamente povoada.
Chavornay foi outrora propriedade dos reis da Borgonha, do Duque de Sabóia e até dos bispos de Lausanne ao longo da sua história.
Mais uns quilómetros e encontram-se as termas de Yverdon-les-Bains, que combinam as características benéficas das suas águas de enxofre e de magnésio, com modernas instalações termais, totalmente remodeladas e agregadas a um hotel de quatro estrelas. Yverdon tem uma longa história como termas e centro de medicina tradicional, que remontam a tempos romanos.
Em seguida aparece-nos Grandson, uma grande vila na margem do lago Neuchâtel, a cerca de 4 km ao norte de Yverdon, dominada por um imponente castelo medieval.
A vila e o seu castelo estão intimamente ligados à história da Suíça. A sua história ressoa na mente de cada aluno suíço, como o local de uma das três maiores vitórias do exército da Confederação Suíça.
Em Fevereiro de 1476, o exército do Duque da Borgonha, cercou Grandson e o seu castelo. A guarnição do castelo foi forçada a render-se, sendo depois chacinada.
O Château de Grandson que foi sofrendo ampliações desde séc. XI a XIV, eleva-se orgulhosamente majestoso na margem do lago Neuchâtel e contém no seu interior, uma maqueta do campo de batalha e um diaporama ilustrando a história da vila.