A caminho de Neuchâtel (Parte I)

Deixámos Lausanne a caminho de Neuchâtel no final de uma longa tarde de domingo. O caminho fez-se ainda de dia, por uma região de notável diversidade paisagística, repleta de pequenas aldeias, vilas e cidades pitorescas.

Com as montanhas do Jura, a Ocidente este é um caminho com paisagens magníficas, de encostas soalheiras cobertas de vinhas e searas a perder de vista.

É uma zona onde a exposição dos terrenos a sul, oferece condições de luz ideais para o cultivo de uvas e onde as calmas aldeias e vilas iam aparecendo no nosso caminho com alguma insistência, pois é densamente povoada.

Depois de se passarem alguns pequenos povoados sem nome aparente, encontra-se a aldeia de Bavois, rodeada de pastos e searas, onde se destaca o seu belo castelo e depois a seguinte aldeia de Chavornay, situada na margem direita da estrada e que contém vestígios arqueológicos romanos.


Chavornay foi outrora propriedade dos reis da Borgonha, do Duque de Sabóia e até dos bispos de Lausanne ao longo da sua história.

Na rua principal encontra-se a "Berner House" (Casa de Berna), que data do séc. XVI. É uma casa que deve seu nome ao estilo arquitectónico típico de Berna, mas só tem esse nome desde 1911 e é actualmente propriedade do pintor de vitrais e mosaicos, Bernard Viglino.

Mais uns quilómetros e encontram-se as termas de Yverdon-les-Bains, que combinam as características benéficas das suas águas de enxofre e de magnésio, com modernas instalações termais, totalmente remodeladas e agregadas a um hotel de quatro estrelas. Yverdon tem uma longa história como termas e centro de medicina tradicional, que remontam a tempos romanos.

Possui ainda castelos medievais, que são testemunho de uma história de cerca de 6000 anos além de uma reserva natural, "a Grã-Cariçaie", que se estende ao longo da costa sul do lago, pouco povoada e construída, que abriga cerca de 1.000 espécies de plantas e 10.000 espécies de animais.

Em seguida aparece-nos Grandson, uma grande vila na margem do lago Neuchâtel, a cerca de 4 km ao norte de Yverdon, dominada por um imponente castelo medieval.

Apesar de uma das suas torres ter sido construída por Adalberto de Neto, em 1050, os principais edifícios datam de 1281, quando Otto I de Grandson, retornado da Oitava Cruzada suficientemente rico para construir um novo castelo, um convento franciscano na então aldeia e ainda um mosteiro junto ao lago. O túmulo de Otto I encontra-se, como já foi referido, em lugar de destaque dentro da Catedral de Lausanne.

A vila e o seu castelo estão intimamente ligados à história da Suíça. A sua história ressoa na mente de cada aluno suíço, como o local de uma das três maiores vitórias do exército da Confederação Suíça.

Assim, esta vila está associada a um acontecimento crucial na história da Confederação Helvética, a derrota do "Temerário", Duque da Borgonha, na Batalha de Grandson, em 2 de Março de 1476.

Em Fevereiro de 1476, o exército do Duque da Borgonha, cercou Grandson e o seu castelo. A guarnição do castelo foi forçada a render-se, sendo depois chacinada.

Porém a Confederação Helvética, reuniu um exército de 18000 homens, que marcharam sobre a vila infringindo uma pesada derrota ao Duque da Borgonha e ao seu exército, que fugindo em pânico, abandonaram armas, cavalos, bem como o tesouro ducal, que se encontra hoje no "Historisches Museum" em Berna.

O Château de Grandson que foi sofrendo ampliações desde séc. XI a XIV, eleva-se orgulhosamente majestoso na margem do lago Neuchâtel e contém no seu interior, uma maqueta do campo de batalha e um diaporama ilustrando a história da vila.

Na sua cave, existe um museu do automóvel, com modelos como um Rolls-Royce branco que pertenceu a Greta Garbo e um Austin Cambridge de Winston Churchill.


Fonte: Wikipédia

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