A poucos passos da Piazzetta, o Fondamenta delle farinha (a "doca da farinha", por ser ali que outrora se desembarcava a farinha que chegava por barco a Venezia), leva-nos desde o cais onde pára o vaporetto ao longo da Reali Giardini. É um lugar perfeito para apreciar o pôr-do-sol, com uma vista magnífica sobre a Bacia de São Marcos e a ilha onde se encontra a Basílica de San Giorgio Maggiore.Depois sempre a caminhar, passamos por muitas barraquinhas com as maravilhosas lembranças de Venezia, como os bordados de Burano, onde as sombrinhas se destacam, as famosas mascaras de fabrico artesanal de Venezia, assim como os lindos cristais e vidros multicores de Murano.
À entrada da Piazzeta destacam-se duas elegantes colunas, a Colonne di San Marco e a Colonne di San Teodoro. Estas duas colunas, juntamente com a fachada monumental com pórticos do Palazzo Ducale e a Biblioteca Marciana, marcam a entrada monumental para a Piazza San Marco, para quem vem do mar. Foram erguidas por Nicholas Barattieri em 1172, sob as ordens do Doge Sebastian Ziani, quando a praça foi alargada. Estas enormes colunas foram transportadas para Venezia desde o Oriente e segundo consta eram originalmente três, mas a terceira foi partida durante o desembarque.A coluna que se apresenta do lado do Palazzo Ducale e que suporta um leão alado, símbolo de São Marcos, o santo padroeiro da cidade, é também o símbolo da cidade e do Estado de Venezia. É uma escultura de bronze muito antiga, a que mais tarde lhe foram adicionadas asas.
Do lado da Biblioteca Marciana, pode observar-se a Coluna de San Teodoro, que suporta um santo guerreiro bizantino, San Teodoro, protetor da primeira cidade de origem, retratada em mármore no ato de matar um dragão. O espaço entre as duas colunas foi outrora usado e concebido como um lugar para execuções, de modo que ainda persiste entre a população local o uso supersticioso de não atravessar o espaço entre as duas colunas.A Piazza San Marco é a mais bela praça de Venezia. Foi um enorme centro de poder em séculos passados e a porta de entrada marítima da cidade. É uma praça de grandes dimensões, com uma arquitectura complexa e harmoniosa. A qualquer a hora do dia e até pela noite dentro a música faz-se ouvir, tocada pelas orquestras dos vários e luxuosos cafés (como é o caso do Florian, entre outros).
Rodeada de arcadas a toda a volta, encontram-se ali três dos mais importantes edifícios da cidade. A imponente torre "Campanille", que lá em cima nos proporciona vistas excepcionais sobre a cidade. Em frente a Basílica di San Marco, de uma beleza de tirar o fôlego é um capricho arquitectónico bizantino oriental, com um espectacular interior revestido por enormes painéis de mosaico, pintados a ouro. Possui cinco cúpulas, entre as quais se destaca a cúpula da Criação. São também de visitar o Baptisterio, a Virgem da Vitória e a Pala d´Oro.Ao lado da Basílica di San Marco (oeste), destaca-se virado para a Piazzeta, o magnífico e imponente Palácio dos Doges ou Palazzo Ducale di Venezia, dos séculos XIV e XV, que é também um dos símbolos de Venezia, com as suas paredes de mármore rosa e branco. O Palazzo Ducale, foi outrora a antiga residência do governo de Venezia, no séc. IX.
Não se deve perder a visita ao seu interior, onde se destacam as Salas do Senado e a Ponte dei Sospiri (Ponte dos Suspiros), que passa sobre o rio del Palazzo, um estreito canal, unindo o Palazzo Ducale com a Prigioni Nove (a antiga prisão da cidade, que é também visitada), e que ali se derrama no Grande Canal.
Também se encontram na Piazza San Marco, o Museu Correr e o Museu de Arqueologia; a Biblioteca Marciana e a bela Torre do Relógio, que exibe as fases da lua e os signos do zodíaco. Conta a lenda, que os responsáveis pelo projeto do relógio, tiveram os olhos arrancados após a sua conclusão, para que não pudessem jamais repetir a obra.No entanto, este lugar, além do favorito dos deuses, também o é de muitos dos seus visitantes, sendo o lugar mais lotado de Venezia, possuindo ainda muitas outras maravilhas e tantos segredos por descobrir, como monumentos que são verdadeiras obras-primas criadas por grandes artistas, igrejas com tesouros escondidos, teatros e palácios com séculos de inúmeras histórias das famílias patrícias da cidade...
É desde há muito um bairro que já não é visto propriamente como o centro político de antiga República Sereníssima de Venezia, mas sim como um bairro que agora se transformou num centro mais comercial, principalmente para jóias e produtos de luxo, além de ali se poderem comprar também muitos e bons artigos a bom preço.Fonte: http://www.venezia-gallery.com / Wikipédia.org
Ali viveram, Peggy Guggenheim, Henry de Régnier, Ezra Pound, John Ruskin, Ettore Tito e Robert Browning e muitos outros, que vão de simples apreciadores de arte, artistas, poetas e músicos e todos escolheram viver nesta faixa de terra espremida entre o Grande Canal e Canal do della Giudecca.
É um local onde se deve parar, não só para se fazer uma pausa, mas também para se respirar a beleza que rodeia este bairro e onde segundo os seus habitantes devemos voltar, para apreciar os melhores momentos do dia, como após o nascer do sol, ao meio-dia, no final da tarde e à noite, para realmente se descobrir a verdadeira magia do lugar.

O Ca’ Dario é um palácio estreito, que chama facilmente a nossa atenção pela fachada assimétrica de mármore policromado brilhante e vistoso, com uma mistura invulgar de estilos arquitetónicos, que como os anteriores palácios próximos também fica localizado no Sistieri Dorsoduro e com vista para o Grande Canal. A fachada é ricamente decorada com pedra d'Istria, onde estão dispostos vários medalhões circulares nos seus três andares superiores.
O palácio foi construído sobre um antigo cemitério e a sua fachada principal encontra-se visivelmente inclinada devido à cedência das suas fundações. Um poeta italiano certa vez comparou a sua estrutura sumptuosa e inclinada, com "uma cortesã decrépita inclinada sob o peso de suas bugigangas".
As suas chaminés também se destacam por serem altas, pois embora sejam tipicamente venezianas, estão entre os poucos exemplares originais da sua época. A varanda neogótica só foi adicionada ao edifício no séc. XIX.
O exterior tem mapas em relevo em mármore que representam os vários locais por onde Antonio Barbaro viajou a serviço de Venezia, como Candia, Zadar, Pádua, Roma, Corfu e Spalato. A família Barbaro permaneceu na posse do prédio até o que no início do séc. XIX, quando Alexandre, o Bárbaro (1764-1839), último membro do Conselho dos Dez da República de Venezia e conselheiro do Supremo Tribunal de Verona, vendeu o prédio a Arbit Abdoll, um mercador arménio de pedras preciosas.
O palácio é também um dos palácios de Venezia que foi retratado num dos quadros de Claude Monet, pintado em 1908, quando se encontrava a residir na cidade e que hoje se encontra na coleção permanente do Art Institute of Chicago.
A estátua de António Barbaro encontra-se no centro da praça, ladeada por belas esculturas que representam a Honra, a Virtude, a Fama e a Sabedoria. No topo da fachada observa-se a árvore genealógica da família Barbaro, esculpida em relevo.
Esta igreja, cujo nome se traduz como Igreja de St. Maria do Lírio, referindo-se à flor classicamente usada nas pinturas e escritas relativas ao Anjo São Gabriel, o anjo da Anunciação.
A família Barbaro, embora originalmente de Roma veio para Venezia em 868, onde vários membros da família se distinguiram, tendo estado alguns deles no comando das tropas venezianas em várias batalhas travadas pela República de Venezia. Além de alguns diplomatas que também serviram Venezia nas complexas relações com as possessões ultramarinas da República, houve um dos seus membros que foi canonizado pela igreja católica.
O Palazzo Cini, tem a parede lateral direita colada ao canal onde corre o rio di San Vio, com vista para o Campo di San Vio e é a sede da Fondazione Giorgio Cini. A segunda das duas pontes que ligam o palácio ao Campo di San Vio, leva a uma entrada lateral do complexo. É um edifício do séc. XVI e um maravilhoso museu de arte moderna e contemporânea, que fica situado entre as Galerias dell’ Academia e o edifício onde onde se encontra a maravilhosa Collezione Peggy Guggenheim.

“Veneza, a Cidade dos Anjos Caídos” de John Berendt, é um livro fascinante cujo enredo se passa em Venezia, que é iniciado com um incêndio que destrói um dos principais símbolos da cidade de Venezia, o teatro lírico La Fenice, onde se estrearam cinco óperas de Verdi. Para escrever este livro, Berendt viveu em Venezia durante períodos de dois a três meses ao longo de nove anos, entrevistando habitantes e pesquisando locais e factos verídicos, baseando a sua escrita na própria história de Venezia. Tudo o que está descrito no livro é real: nomes, pessoas, lugares e factos. Segundo o autor "É um livro de não-ficção, mas escrito do ponto de vista de um romancista, que embora usando técnicas literárias que um romancista utilizaria, como o descrever um tipo de olhar, a reacção das pessoas no quarto... Então, deve lê-se o livro como se fosse um romance, mas é tudo verdade".
Este foi também o local escolhido pelo romancista Henry James, em 1888, para ali escrever o seu livro “Papéis de Aspern”. Segundo reza a história tinha ali um quarto com uma secretária, residindo e permanecendo no palácio por longos períodos de tempo, enquanto trabalhava no seu romance.
Nascida em Nova-York e filha do multimilionário Benjamin Guggenheim, um judeu suíço natural do cantão alemão que morreu no naufrágio do Titanic, em 1912, e sobrinha de Solomon R. Guggenheim, fundador da Foundation Solomon R. Guggenheim, Peggy Guggenheim, é ainda hoje uma figura mítica na cidade de Venezia.
Após a sua morte, legou a propriedade, bem como todas as suas obras de arte, à Foundation Salomão Guggenheim de Nova-York. A colecção com obras que vão desde o cubismo e surrealismo ao expressionismo abstrato, é uma coleção que com o passar dos anos, se tornou uma das atrações culturais mais respeitadas e visitadas de Venezia. No entanto, antes de morrer Peggy Guggenheim determinou que todas as suas obras de arte deveriam permanecer em Venezia, para que fossem vistas pelo público da cidade e seus turistas. Hoje podem ali ser admiradas obras de artistas famosos, como Chagall, Picasso, Kandinsky, Ernst, Pollock, Dali e Duchamp, entre outros.
À direita observa-se primeiro a ligação do estreito canal do rio Malpaga, que passa por baixo de quatro pontes de uma só arcada, com estreitos passeios que por vezes aparecem de um só dos lados do canal ao longo do seu percurso, antes de desaguar no Grande Canal.
Exatamente à frente desta ligação da margem direita, observa-se uma outra ligação na margem esquerda do canal do rio del Duca com o Grande Canal.
A zona de San Vidal está situada na margem esquerda do Grande Canal, do outro lado da Ponte dell’Accademia, que liga à margem esquerda onde se encontra o complexo das Galerias dell’Accademia, um enorme museu de arte especializada em arte pré-séc. XIX de Venezia, situado na margem sul do Grande Canal.
A Ponte dell’Accademia uma obra do arquiteto português Eduardo Souto Moura, atravessa o Grande Canal ligando o Campo della Carita, que ainda conserva o nome da antiga ponte de madeira, que fica situado à frente do edifício da Accademia e o Campo di San Vidal, do outro lado da ponte.
Hoje esta igreja deixou de ser uma igreja com funcionamento religioso, sendo usada muitas vezes como uma sala de concertos para “Interpreti Veneziani” (intérpretes de Venezia), em especial concertos de Vivaldi.
Giacomo Girolamo Casanova (Venezia, 2 de Abril de 1725 – Dux, Boémia, 4 de Junho de 1798) foi um escritor e aventureiro italiano, filho de uma atriz de 17 anos de idade, Farussi Zanetta que na época estava a começar uma carreira brilhante como atriz de teatro e do ator Gaetano Giuseppe Giacomo, seu marido.
Casanova teve uma vida apaixonante, tendo sido inicialmente orientado na sua educação para a vida eclesiástica. No entanto cedo interrompeu as duas carreiras profissionais para que estava destinado e que chegou a iniciar, a militar e a eclesiástica, para levar a partir daí uma vida bastante acidentada.
Em Venezia foi preso na madrugada de 26 de Julho de 1755, sob a acusação de levar uma vida dissoluta, de possuir livros proibidos e de fazer propaganda anti-religiosa. Esperavam-no cinco anos de cativeiro.
Na madrugada do dia 1 de Novembro de 1756, escapa com o seu colega por um buraco que conseguiu escavar no teto da cela e trepa para os telhados do Palazzo Ducale de onde não consegue descer. Esgotado pela procura de uma escada ou de cordas que lhe permitiriam sair dos telhados que percorre durante toda a noite, Casanova adormece por um par de horas nas águas-furtadas, uma espécie de forro interior dos telhados do Palazzo Ducale, mas os sinos da Basílica di San Marco acordam-no providencialmente e forçam-no a procurar novamente uma outra saída.
Cá fora, Casanova atravessa a Piazzeta numa corrida desesperada por baixo das arcadas ao longo do pórtico do Palazzo Ducale e no cais junto do Grande Canal, atira-se para dentro de uma gôndola, escondendo-se da curiosidade dos transeuntes sob uma antiga protecção que muitas destas embarcações possuíam outrora, uma cabina chamada "felze" que foi proibida mais tarde, devido aos encontros amorosos que aquele “esconderijo” facilitava.
Em 1772, é recebido novamente no palácio dos Grimani, uma família patrícia de Venezia com a qual pensa estar aparentado, mas por causa das dívidas de jogo envolve-se num confronto com um desses aristocratas de onde sai humilhado, com toda a gente a troçar da sua situação.Vinga-se ao escrever uma brochura intitulada "Nem Amor, Nem Mulheres ou o Limpador dos Estábulos", que todos reconhecem como um retrato do nobre Grimani.
Irrequieto e agitado por uma inquietação que nunca o abandonou em 73 anos de vida, este sedutor em movimento perpétuo passa grande parte da sua vida em viagens por Avignon, Marselha, Florença, Roma, Praga, San Petersburgo, Istambul e Viena.
No entanto deve referir-se que se Casanova não tivesse sido reconhecido na sua época como um erudito de relevo, talvez jamais se ouvisse falar do seu nome nos nossos dias, até porque as suas memórias não teriam sido escritas. Por outro lado não duvidemos que o relevo dado à sua aura de grande conquistador, deve-se muito provavelmente a uma forma simples de ocultar pelos seus contemporâneos, a sua relevante cultura e inteligência, pois na época isso era só apanágio de nobres, eclesiásticos ou filhos da alta burguesia.
Em 1785, já velho e cansado da vida errante que tinha levado até então, Casanova aceitou o convite do conde de Waldstein-Wartenberg, seu último protetor, para cuidar da biblioteca de seu castelo em Dux. Dedicou os últimos anos da sua vida à escrita de um romance, Isocameron, e especialmente, à redação das suas memórias, Historie de ma vie, a sua autobiografia que relata uma vida emocionante e que é uma das melhores crónicas dos costumes europeus do séc. XVIII. 