Após o jantar e cerca de meia hora antes do início do espetáculo de ópera, caminhamos em direção à Arena de Verona para assistirmos à Ópera Turandot, um drama em 3 atos de Giacomo Puccini.
A noite caiu muito chuvosa e mesmo após o jantar, uma cacimba persistente teimava em não abrandar. Comprámos impermeáveis a vendedores ambulantes, que nos protegeram dos chuviscos intensos durante a caminhada até à Arena de Verona.
Lá dentro a multidão rapidamente encheu as milenares bancadas em pedra da esplendida Arena de Verona, e um colorido intenso completou o cenário magnânimo e emocionante, próprio de um espetáculo daquela natureza.
Há algo peculiarmente pungente sobre a ópera Turandot. Ela é a última ópera de escrita e pensada por Giacomo Puccini, que só estreou depois da sua morte em 1924. Na verdade a magistral ópera ficou inacabada e a história de Turandot foi por ele elaborada a partir de um conjunto de histórias persas inspiradas no livro das “Mil e uma Noites”, e as suas cenas supostamente passam-se em Pequim.
O espetáculo tardou a iniciar, uma vez que os chuviscos, agora entre algumas abertas teimavam em prosseguir. Assim à medida que o tempo passava a orquestra ia afinando os diversos instrumentos e as arpas por várias vezes, entravam na arena ou logo as retiravam, não fossem estes sensíveis instrumentos sofrer com a humidade.
Após uns 3 quartos de hora, os chuviscos cessaram e a lua apareceu esplendorosa sob a Arena de Verona, como que impondo a sua vontade de querer também, tal como nós e todos os que ali se encontravam, apreciar o bel canto naquela conturbada noite de agosto.
Sobre a ópera sobra muito a dizer: “Turandot” é sem dúvida nenhuma uma obra-prima; o cenário fabuloso; a direção, excelente, de Franco Zeffirelli (que no final veio até ao palco receber as ovações do público); a acústica proporcionada pela milenar Arena de Verona, excelente; todo o Bel Canto, simplesmente maravilhoso.
E com chave d'ouro despedimo-nos da bela cidade de Verona.





























O troço que ali começa e todo o caminho feito através da Verona antiga é um mergulho nas emoções de tempos idos, de uma cidade que conserva valores e formas relacionadas a um passado antigo de esplendor medieval e renascentista, mas que ainda se encontra em expansão constante nos nossos dias.
Durante a caminhada pelo centro histórico, o ritmo é sereno e relaxante, marcado pela corrente plácida do rio Adige, que atravessa a cidade, formando um S largo e macio, passando por baixo de uma rede de sugestivas de pontes.
A Chiesa di San Giovanni in Foro é um edifício religioso pequeno, mas interessante que data do séc. XII. Devido à sua proximidade com o Tribunal, o prédio teve outrora o título de basílica. A igreja foi danificada por um grande incêndio que destruiu grande parte da Verona antiga, em 1172, como está gravado na inscrição, da lápide de mármore colocada na parede exterior, que diz, "combusta est Verone civitas".
Retoma-se a caminhada e no resto do Corso Porta Borsari observam-se os belos prédios de arquitetura antiga, que permeiam toda a cidade. Nas perpendiculares à rua seguida, respira-se a atmosfera sugestiva das ruas estreitas que desembocam em belas pracetas.
À frente do Palazzo Maffei ergue-se uma fina coluna, encimada pelo Leão de Veneza, que testemunha o período da história de Verona, relativo ao domínio da cidade pela Republica de Venezia.