O final deste fim-de-semana prolongado aproximava-se, restando-nos só um dia mais para voltar a casa. Ao fim da tarde, deixámos Santillana del Mar a caminho do Sul, até à bela cidade de Valladolid, no centro Norte da meseta ibérica, onde pernoitámos num parque de estacionamento destinado a autocaravanas, bem perto do centro da cidade e junto ao Pavilhão da Feira Internacional de Valladolid.
No dia seguinte e depois de se dormir até tarde, resolvemos conhecer a cidade de bicicleta, uma vez que a cidade é plana e o centro ficava a poucos minutos do local onde foi deixada a autocaravana. A cidade estava calma e com pouco trânsito pois era domingo, o que fez com que o passeio de bicicleta fosse um prazer de difícil esquecimento.
Valladolid é uma cidade industrial e um município no centro-norte de Espanha, que se estende na confluência dos rios Esgueva e Pisuerga, um pouco acima da sua confluência com o rio Douro.
A antiga cidade arábica de Belad-Walid, que significava "Terra do Governador", é a principal cidade da sua província (Castela e Leão), e uma cidade universitária, situada num planalto fértil da velha Castela.
Valladolid foi conquistada aos mouros no século X. A primeira menção escrita a Valladolid, data da época de Alfonso VI. No século XI era um pequeno povoado que este cedeu ao Conde Ansúrez (nobre encarregue por D. Afonso VI de Leão e Castela, de repovoar Valladolid, a quem se deve na Idade Média um grande crescimento da cidade), e mais tarde foi sede da Real Chancelaria.
Carlos I converteu-a em capital de Espanha, condição que perdeu para Madrid, com
Felipe II. Em 1469 a
Rainha Isabel de Castela e
Fernando de Aragão, casaram-se na cidade no
Palácio Vivero e depois da reconquista transformaram
Valladolid na sua capital. Por volta do século XV e a cidade foi a residência dos reis de Castela e a capital do reino da Espanha até 1561.
Com menos aparato,
Cristovão Colombo morreu em
Valladolid, em 1506, solitário, doente, desiludido e completamente esquecido, numa casa onde é agora um museu dedicado à sua vida.
A cidade foi novamente a capital do reino, entre 1601 e 1606 por vontade de Philip III e foi neste período que o grande Cervantes publicou a primeira edição de Dom Quixote, em 1604.
Nas últimas décadas, a cidade teve um considerável crescimento económico, através do desenvolvimento rápido da indústria, em especial da produção automóvel.
Apesar do crescimento e da industrialização, Valladolid possui alguma da melhor arte e arquitectura renascentista espanhola. Nela se podem observar no casco velho, alguns esplêndidos edifícios que são herança do seu passado glorioso.
A nossa visita começou a partir da Av. de Vicente Mortes e após a passagem para a outra margem, pela Ponte de Regueral sobre o rio Pisuerga, podemo-nos dirigir com facilidade à zona histórica da cidade.
Logo á saída da ponte à direita, podemos observar o belo jardim de roseiras, situado à margem do rio e junto ao Paseo de Isabel La Católica. Passando em seguida pela Plaza del Poniente, pela rua de Correos e pela rua de Jesús, chegámos a Plaza Mayor, no coração da cidade antiga.
A maioria dos edifícios da praça, datam do século XVI e respiram as tradições da cidade. Ali é interessante parar para sentir o pulsar da ampla e bela Plaza Mayor de Valladolid, uma das maiores de Espanha, quadrada, com arcadas que assentam sobre pilares ou colunas, onde se pode também observar a Câmara Municipal. A Plaza Mayor é presidida por uma estátua do Conde Ansúrez, ficando esta, mesmo em frente da Câmara Municipal, um prédio do início do século coroado pela torre do relógio.
Quando chegámos a esta deslumbrante Plaza Mayor, decorria ali o VIII Encontro Internacional de Escultores de Areia, para o qual foram seleccionados e convidados apenas nove escultores de areia de todo o mundo, entre aqueles que estão no momento em maior evidência, nesta área das artes.
Os trabalhos em areia ali encontrados, eram de uma beleza dificil de descrever e foi para mim deveras gratificante observar de perto este acontecimento, sendo as obras realizadas por estes mestres escultores uma delicia para os sentidos.
Bem próximo e a pouca distância da Plaza Mayor, encontramos também as Igrejas de San Benito el Real, o templo mais antigo da cidade, situado junto ao Mosteiro de San Benito e do edifício do Mercado da cidade e a igreja de San Pablo, na Plaza de San Pablo de Valladolid, situada junto ao Colégio de San Gregorio e que foi construída entre o séc. XV e XVII.
Em seguida e depois de seguirmos pedalando pela rua de Ferrari e rua del Regalado, foi a vez de visitarmos a Catedral de Valladolid, situada junto à rua de Arribas e no início da Plaza de Portugalete. A Catedral, conhecida também com o nome de Nuestra Señora de Asunción, foi desenhada pelo arquitecto Juan de Herrera, datando a sua construção do séc. XVI.
Ali bem perto, no topo contrário da mesma praça, ainda podemos visitar a antiga igreja de Santa María la Antigua, com uma torre românica, construída no séc. XI, sendo o resto gótico e neogótico, que foi restaurada na primeira metade do séc. XX.
Depois de passearmos pelas ruas e ruelas da cidade antiga, que naquele dia tinham uma quiétude absorvente, regressámos já ao final da tarde à autocaravana e após um breve lanche, partimos rumo a Portugal e ao final desta belíssima viagem.
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