Embora a noite tivesse decorrido sob trovoada e chuva forte, o dia amanheceu com um sol esplendoroso e a temperatura subiu bastante.
O acordar em Berna é como o acordar no campo, onde o silêncio se faz sentir, ouvindo-se passarinhos a cantar e o remexer da folhagem pelo vento. O rio corria mesmo ali ao lado, com um caudal impressionante.
O local escolhido para a pernoita, foi um simpático e sossegado parque de estacionamento, ensombrado por grandes plátanos, na Untertorbrücke, próximo da cidade antiga, onde as pessoas falando alemão, pareciam conhecer-se todas, pois cumprimentavam-se afavelmente quando se cruzavam.
Com muitas das suas ruas reservadas a peões e aos transportes públicos, a compacta Cidade Velha (Altstadt) de Berna, proporciona agradáveis passeios a pé ou de bicicleta, o nosso meio de transporte favorito, pois só assim poderemos apreciar as suas belas ruas medievais, com mais de 6 Km de arcadas, que albergam lojas e restaurantes de todo o tipo.
A
Cidade Velha ficava ali próximo a cerca de 350 m, embora se tivesse que subir a colina para lá chegar. Percorremos todo o centro da cidade, sempre animado pelos transeuntes e turistas. Neste trajecto destaca-se a
Gerechtigkeitsgasse, que se prolonga pela
Kramgasse e depois pela
Marktgasse.
Esta é a principal artéria da Cidade Velha. É uma rua comercial, que se estende de Este a Oeste, onde se encontram 5 das suas 11 fontes e as suas mais belas torres. A Zytologge, a torre do relógio, que era a porta Ocidental e a Kafigtum, a torre da prisão, que foi entre 1250 e 1350 a porta posterior. Esta artéria desemboca na Bundesplatz, uma praça ladeada por cafés, onde às terças e sábados se faz um mercado de frutas e flores.
Foi na
Kramgrasse que almoçámos, debaixo de uma arcada no simpático restaurante
“Zu Webern”, onde se degustaram óptimas saladas de polvo, tenro e delicioso.
Mesmo em frente, no nº 49, fica a Einsteinhaus, a casa-museu onde o grande físico e matemático alemão Albert Einstein viveu entre 1903 e 1905, tendo sido aqui que iniciou o desenvolvimento da teoria da relatividade.
A cidade de Berna foi construída com arenito local em estilo gótico, com cumeeiras, janelas de sacada e arcadas, conservando os seus seculares edifícios, mais do que qualquer cidade da Europa.
Uma casa, depois de um restaurante, depois da loja, após outra loja… Linhas inteiras de casas, fundem-se num todo integrado, onde todos os edifícios estão ligados por longos passeios cobertos, as arcadas. Faça chuva ou faça sol, é um puro prazer passear nesta avenida, uma das mais comerciais da Europa.
Depois do almoço pagámos nas bicicletas e subimos mais um pouco, até à Zytologge, a famosa torre do relógio que foi em tempos a porta ocidental da cidade, sendo depois utilizada como prisão para prostitutas.
Esta fantástica Torre do Relógio tem bonecos que aparecem um pouco antes da hora para fazer uma espécie de sátira. O seu elaborado carrilhão começa a tocar quatro minutos antes da hora.
No caminho ouviu-se o som espectacular de um saxofone e através desse som dirigimo-nos até ao local, onde um músico empoleirado no alpendre situado no cimo da escadaria da Rathaus (Câmara Municipal de Berna), tocava o seu saxofone.
Era um músico do grupo de jazz "bejazz", que ensaiava para o espectáculo de rua preparado para o final da tarde, a decorrer em cima de um palanque negro, mesmo ali no pequeno largo junto à Rathaus.
Também ali ao lado se encontra a St Peter e St Paul-Kirche, uma igreja construída em 1858, que também foi visitada por nós.
A partir do largo onde se encontra a Rathaus e para Oeste estende-se a Rathausgasse, uma rua paralela à Kramgasse. A outra paralela a esta rua é a Mustergasse, que nos leva à catedral da cidade, cujas arcadas se enchem às terças e sábados, com bancas de mercado.
Deixando a Zytologge e percorrendo a Kramgasse, que é a principal via do antigo traçado medieval de Berna, podemos observar as múltiplas fontes, com datas de construção a partir do século XVI.
Continuámos o nosso passeio pelo centro da cidade, passando pela Bundesplatz, local onde se encontra a Assembleia Federal (Bundeshaus).
A cúpula nobre da Casa do Parlamento, preside acima da cidade, a poucos metros da estação principal, e também do rio Aare, bem como a torre de menagem e todos os outros lugares de interesse em Berna. Na maioria dos dias, as portas da Casa do Parlamento, são abertas ao público e os visitantes autorizados a assistir ao processo de vida do parlamento.
Ali descemos por uma escadaria até a um belo miradouro situado no cimo de uma encosta do rio Aare e devido ao calor que nesse dia se fazia sentir, podemos observar lá em baixo uma enorme multidão de habitantes da cidade, que procuravam para se refrescarem, as águas certamente frescas das piscinas e do rio Aare.
Deixámos a margem alta do
Aare e pedalámos até à
Catedral de Berna, situada na
Munsterplatz, que se encontrava em obras de restauro e que por isso tinha a sua cripta protegida.
Agora o cansaço deste longo passeio urbano já se começava a sentir, mas a satisfação do que estávamos a viver era mais forte... O avistar da catedral da cidade, o
Münster St Vinzenz, em estilo gótico, construída no século XV, é verdadeiramente empolgante, uma vez que os seus 100m de altura não nos deixaram indiferentes.
No seu interior decorria um concerto de música clássica e por isso, não nos deixaram entrar, nem podemos comprar bilhetes para o concerto, uma vez que tinham esgotado. No entanto o seu elemento mais notável, estava ali à nossa frente, o seu magnífico portal central, repleto de pequenas figuras pintadas. O
Münsterplatz, a praça em frente à Catedral, foi outrora um famoso local de encontros ao longo dos séculos.
Do lado direito da catedral, entra-se por um portão em ferro e encontramos uma zona de lazer, a
Munsterplattform. É um fabuloso miradouro e dali avista-se a cidade nova e o seu rio de incrível caudal com as suas margens verdejantes, que só por si nos transmitiram uma sensação de frescura, naquele dia de tanto calor.
Também ali podemos descer até à margem Oeste do
rio Aare, por um fantástico elevador que fica junto ao café-esplanada do miradouro onde estivemos sentados tanto tempo para refrescar e descansar. Depois pegámos nas bicicletas e fomos novamente até à
Rathaus, para assistirmos ao concerto jazz que para ali estava previsto ao entardecer.
O concerto foi espectacular e após este, descemos para Norte, até ao
rio Aare, onde estava situada a nossa AC, que ali nos esperava no recatado parque à sombra de frondosos plátanos.
Fonte: Wikipédia / Google Maps