5º Dia - Valladolid

O final deste fim-de-semana prolongado aproximava-se, restando-nos só um dia mais para voltar a casa. Ao fim da tarde, deixámos Santillana del Mar a caminho do Sul, até à bela cidade de Valladolid, no centro Norte da meseta ibérica, onde pernoitámos num parque de estacionamento destinado a autocaravanas, bem perto do centro da cidade e junto ao Pavilhão da Feira Internacional de Valladolid.

No dia seguinte e depois de se dormir até tarde, resolvemos conhecer a cidade de bicicleta, uma vez que a cidade é plana e o centro ficava a poucos minutos do local onde foi deixada a autocaravana. A cidade estava calma e com pouco trânsito pois era domingo, o que fez com que o passeio de bicicleta fosse um prazer de difícil esquecimento.
Valladolid é uma cidade industrial e um município no centro-norte de Espanha, que se estende na confluência dos rios Esgueva e Pisuerga, um pouco acima da sua confluência com o rio Douro.

A antiga cidade arábica de Belad-Walid, que significava "Terra do Governador", é a principal cidade da sua província (Castela e Leão), e uma cidade universitária, situada num planalto fértil da velha Castela.

Valladolid foi conquistada aos mouros no século X. A primeira menção escrita a Valladolid, data da época de Alfonso VI. No século XI era um pequeno povoado que este cedeu ao Conde Ansúrez (nobre encarregue por D. Afonso VI de Leão e Castela, de repovoar Valladolid, a quem se deve na Idade Média um grande crescimento da cidade), e mais tarde foi sede da Real Chancelaria.
Carlos I converteu-a em capital de Espanha, condição que perdeu para Madrid, com Felipe II. Em 1469 a Rainha Isabel de Castela e Fernando de Aragão, casaram-se na cidade no Palácio Vivero e depois da reconquista transformaram Valladolid na sua capital. Por volta do século XV e a cidade foi a residência dos reis de Castela e a capital do reino da Espanha até 1561.

Com menos aparato, Cristovão Colombo morreu em Valladolid, em 1506, solitário, doente, desiludido e completamente esquecido, numa casa onde é agora um museu dedicado à sua vida.

A cidade foi novamente a capital do reino, entre 1601 e 1606 por vontade de Philip III e foi neste período que o grande Cervantes publicou a primeira edição de Dom Quixote, em 1604.

Nas últimas décadas, a cidade teve um considerável crescimento económico, através do desenvolvimento rápido da indústria, em especial da produção automóvel.

Apesar do crescimento e da industrialização, Valladolid possui alguma da melhor arte e arquitectura renascentista espanhola. Nela se podem observar no casco velho, alguns esplêndidos edifícios que são herança do seu passado glorioso.
A nossa visita começou a partir da Av. de Vicente Mortes e após a passagem para a outra margem, pela Ponte de Regueral sobre o rio Pisuerga, podemo-nos dirigir com facilidade à zona histórica da cidade.

Logo á saída da ponte à direita, podemos observar o belo jardim de roseiras, situado à margem do rio e junto ao Paseo de Isabel La Católica. Passando em seguida pela Plaza del Poniente, pela rua de Correos e pela rua de Jesús, chegámos a Plaza Mayor, no coração da cidade antiga.
A maioria dos edifícios da praça, datam do século XVI e respiram as tradições da cidade. Ali é interessante parar para sentir o pulsar da ampla e bela Plaza Mayor de Valladolid, uma das maiores de Espanha, quadrada, com arcadas que assentam sobre pilares ou colunas, onde se pode também observar a Câmara Municipal. A Plaza Mayor é presidida por uma estátua do Conde Ansúrez, ficando esta, mesmo em frente da Câmara Municipal, um prédio do início do século coroado pela torre do relógio.

Quando chegámos a esta deslumbrante Plaza Mayor, decorria ali o VIII Encontro Internacional de Escultores de Areia, para o qual foram seleccionados e convidados apenas nove escultores de areia de todo o mundo, entre aqueles que estão no momento em maior evidência, nesta área das artes.

Os trabalhos em areia ali encontrados, eram de uma beleza dificil de descrever e foi para mim deveras gratificante observar de perto este acontecimento, sendo as obras realizadas por estes mestres escultores uma delicia para os sentidos.

Bem próximo e a pouca distância da Plaza Mayor, encontramos também as Igrejas de San Benito el Real, o templo mais antigo da cidade, situado junto ao Mosteiro de San Benito e do edifício do Mercado da cidade e a igreja de San Pablo, na Plaza de San Pablo de Valladolid, situada junto ao Colégio de San Gregorio e que foi construída entre o séc. XV e XVII.

Em seguida e depois de seguirmos pedalando pela rua de Ferrari e rua del Regalado, foi a vez de visitarmos a Catedral de Valladolid, situada junto à rua de Arribas e no início da Plaza de Portugalete. A Catedral, conhecida também com o nome de Nuestra Señora de Asunción, foi desenhada pelo arquitecto Juan de Herrera, datando a sua construção do séc. XVI.

Ali bem perto, no topo contrário da mesma praça, ainda podemos visitar a antiga igreja de Santa María la Antigua, com uma torre românica, construída no séc. XI, sendo o resto gótico e neogótico, que foi restaurada na primeira metade do séc. XX.

Depois de passearmos pelas ruas e ruelas da cidade antiga, que naquele dia tinham uma quiétude absorvente, regressámos já ao final da tarde à autocaravana e após um breve lanche, partimos rumo a Portugal e ao final desta belíssima viagem.

Site: Wikipédia

Santillana del Mar, um pueblo medieval



Depois de Comillas foi a vez de visitar-mos Santillana del Mar. A chegada a Santillana a um sábado, fez com que fosse difícil encontrar estacionamento, mas após algumas voltas lá se conseguiu um local onde o estacionamento era permitido.

A vila de Santillana não é para turistas de janela de automóvel e para a visitarmos temos que caminhar por ela, uma vez que toda a vila se encontra vedada ao trânsito.
A vila abre caminho desde a estrada nacional para norte através de uma única via, a rua de Santo Domingo, que logo se bifurca em forma de “Y”, na rua de Juan Infante, que conduz à praça de Ramón Pelayo a partir da qual nos dirigimos à la Colegiata, uma igreja românica e antigo mosteiro beneditino.


Tudo começa ao seguir esta entrada e ali se descobre, cercados por velhas casas que parecem congeladas através dos séculos, que parecem à nossa espera para retornarem à vida, com varandas floridas, separadas por pequenas ruas calcetadas de antigas pedras e onde para quem é mais sensível, se pode imaginar o sem número de pessoas de outros tempos, que por lá já caminharam.

Isto não é impossível, pois ali vivi esta pequena fantasia ao visitar Santillana del Mar, o “pueblo” das três mentiras. É que dizem que Santillana nem é santa, nem plana (llana) e nem tem mar (del Mar).

Depois de se sair da estrada asfaltada e caminhando do asfalto para as velhas pedras da calçada, seguir adiante e ver-nos entrar por uma rua que fazia as vezes de túnel do tempo, foi uma sensação única que não se esquece jamais.

E quando as casas começaram a surgir, de um lado e outro da ruela empedrada, feitas também elas de pedras, que mostravam a cor e desgaste dos séculos que passaram… É sem dúvida uma experiência mágica!

Foi mágico caminhar descendo lentamente as ruas empedradas, apreciando os muitos anos que aquelas casas carregavam e, quando damos conta, chegamos ao fim da velha vila, atravessando um pequeno rio, na rua del Río.

Mas este final foi grandioso, pois terminava numa magnífica construção de cerca de 900 anos. A Colegiata Romanica de Santillana del Mar, que conclui a visão do passado em pleno presente nesta bela e antiga vila cantábrica.

Ali na Colegiata Românica de Santillana del Mar, repousam os restos mortais de Santa Juliana (ou Santa Illana). Santillana não é santa mas como se vê tem santa... Pena foi que quando lá chegámos já la Colegiata fechava…

Para um autêntico saborear deste milenar museu, deve observar-se o próprio vai e vem das pessoas que inundam as suas ruas, as suas seculares varandas sempre floridas e o encanto dos seus recantos que oferecem um mundo de surpresas em cada rua ou esquina...

Mais sobre este assunto em : Santillana del Mar

Site: images.google.pt

Comillas



Chegar a Comillas foi difícil, pois a estrada do litoral encontrava-se cortada, por estar em construção uma nova ponte, sobre a ria de la Rabia.

A bela Comillas, assente sobre as colinas acima de uma bonita baía com um pequeno porto, é uma pequena cidade no litoral cantábrico e uma concorrida estância balnear, muito bem preservada, que teve a sua época de glória no final do século XIX e princípios de XX.

Apesar de se ter expandido muito ultimamente, a sua fascinante mistura de casas antigas não pode ser ignorado e é uma delícia passear através dela. Há muitas lojas, restaurantes, bares e um posto de turismo que ocupada o ex-mercado.

A cidade deve a sua beleza arquitectónica há vinda de do rei Alfonso XII a Comillas, para passar uma breve temporada, transformando Comillas numa estância de férias da aristocracia da época.

A característica central da cidade é a sua Plaza Mayor pavimentada, com a sua igreja paroquial. Para alem de um enquadramento magnífico, esta pequena cidade alguns edifícios notáveis e invulgares, de arquitectos modernistas catalães.

A Oeste fica o parque do Palácio dos Marqueses de Comillas, um enorme edifício neo-gótico, desenhado por Antoni Gaudí, para o primeiro marquês de Comillas, Antonio López Y Lópes, em 1881.

Para o outro lado da estrada principal, numa colina entre a cidade e o mar, temos um edifício também modernista, em tijolo maciço, o complexo da antiga Universidade Pontifícia (para quem quiser estudar para bispo ou cardeal), projecto de Lluís Domènech i Montaner, de 1878, também patrocinado por Antonio López y López.

A partir do seu adro, podem observar-se belas vistas sobre o parque e a cidade, e na parte de trás do edifício observa-se uma bela perspectiva sobre o mar e um conjunto de belas praias.

Também de grande importância é um edifício neo-gótico, residência do 2.º Marquês de Comillas, o Palácio Sobrellano, projectado por Juan Martorell em 1878 e 1890.

Um cunhado deste, um homem de negócios, Máximo Díaz de Quijano, querendo construir uma residência de verão de tipo oriental, encomendou o projecto a Gaudí e mandou construir o edifício, inspirado no estilo mudéjar, com um minarete coberto de azulejos amarelos e verdes.


É o famoso “Capricho de Gaudi” ou “Villa Quijano”, construído em 1883. Eusébio Guell, genro de Antonio López y López, como se sabe, foi o grande mecenas de Antóni Gaudi. El Capricho, agora restaurado e em uso como um restaurante elegante, é apenas uma das grandes e antigas residências, que vale a pena visitar.

A praia longa de areias finas e brancas, proporciona esplêndidas vistas ao longo da costa, onde o vento sopra ameno trazendo o bom cheirinho a maresia, enquanto o porto mesmo ali ao lado, com as idas e vindas dos navios de pesca, são um fascínio extra.

Site: comillas.es

4º Dia - Litoral Cantábrico

Deixando para trás Potes e voltando a fazer novamente todo o desfiladeiro de la Hermida até Panes e continuando pela estrada (N-621) a caminho do mar, descendo dos Picos da Europa, encaminhámo-nos para Norte.
A estrada desde Panes, leva-nos até à costa ocidental sempre colada ao rio Deva, que naquele dia se encontrava cheio de vários grupos de canoístas entusiastas descendo o rio. O caminho fez-se bem, com algumas paragens para fotos e num bonito parque de merendas para um breve lanche.
A nossa intenção era visitar Comillas e Santillana del Mar. Toda esta zona é magnífica e de uma beleza difícil de encontrar, pois a montanha cai a pique sobre o mar.

Antes de chegarmos a Comillas tivemos a oportunidade de passar pela linda povoação piscatória de San Vicente de la Barquera, já bem perto de Comillas.

Situada na costa ocidental da Cantábria, San Vicente de la Barquera é uma pequena vila onde se deve destacar o seu património monumental de grande importância histórica e a sua situação, junto de um excepcional meio natural e dona de uma boa e reconhecida gastronomia.

Seu porto pesqueiro é um dos mais importantes da região. O turismo e os serviços a ele ligados, são na actualidade e em toda a zona, a principal actividade económica, com uma ampla e atractiva oferta para os visitantes.

San Vicente de la Barquera encontra-se em pleno coração do Parque Natural de Oyambre, um espaço natural protegido, de grande valor ecológico constituido por rias, escarpas, praias, dunas, pradarias e bosques que albergam uma fauna e flora de grande importância.

Estes valores naturais permaneceram praticamente invariáveis ao longo da história de San Vicente de la Barquera, que ali foi protagonista desde a época romana.

Assente sobre o mesmo solo onde possivelmente esteve o porto romano de "Vereasueca" e o porto da época medieval de "Apleca", a vila viveu a sua época de maior esplendor durante a Idade Média, depois da concessão de foral por Alfonso VIII, época em que os seus homens protagonizaram importantes conquistas marítimas, na reconquista de cidades andaluzas aos mouros e em expedições à Terra Nova.

San Vicente de la Barquera foi também um importante local de paragem do Caminho de Santiago na rota costeira. Fruto desse passado, a vila e os lugares próximos apresentam um destacado património monumental declarado como “Conjunto Histórico Artístico”.
Site: Spain.info

3º Dia (Cont.) - Potes


Depois da visita ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana e da subida ao seu belo mirante, começamos a descer para Potes, afim de visitarmos profundamente a cidade.

Potes é uma linda cidade medieval, quiçá uma das povoações mais bonitas do norte de Espanha, que se encontra numa das portas do Parque Nacional dos Picos da Europa, que é a capital da comarca de Liébana, um importante centro turístico e cultural que atrai milhares de visitantes durante o ano.

A preciosa povoação de Potes na Cantábria, foi designada por Potes ou Pontes, como a quiseram chamar-lhe os romanos. Não se sabe ao certo porque a chamaram assim, possivelmente porque algumas pontes haviam neste povoado. Três rios a cruzam, o Bullón, o Quiviesa e o rio Deva.

Podemos ali encontrar, moinhos de água, pontes romanas onde o musgo, as eras e o silêncio são os protagonistas. Potes é também uma encruzilhada de vales verdes de uma beleza sem igual. O vale de Valdebaró, por exemplo, regado pelo rio Bullón, o Valdeprado, que se estende pelas margens do rio Deva, assim como os vales de Cerceda e Cillorigo.

Em Potes o visitante fica absolutamente encantado por desfrutar de um bom passeio pela cidade, perdendo-se pelas ruelas do casco velho, que foi declarado conjunto histórico/artístico. Este núcleo urbano, concentra numerosos edifícios e monumentos que foram construídos durante os séculos XVII e XVIII.

Mas a beleza de Potes não se fica só pela povoação, mas também pelos seus arredores, uma vez que fica no sopé dos Picos de Europa, apresentando umas vistas incomparáveis. Potes é um lugar perfeito para passar a noite, para quem pratica o senderismo de montanha, ou para aqueles que querem percorrer os belíssimos desfiladeiros que rodeiam a região. No entanto Potes é a maior povoação do vale de Liébana, sendo sem dúvida o melhor local, para se explorar a maravilhosa região de Liébana, cheia de povoados pitorescos como Potes.

A cidade de Potes tem um centro histórico com casas e ruelas de pedra absolutamente fabuloso. O início da visita à cidade, deve começar pela Torre del Infantado, construção que data da baixa idade média, situada na linda encruzilhada dos rios Deva e Quiviesa. O abraço de ambos esteve na origem desta robusta torre do séc. XIV, que foi testemunho das lutas por um título nobiliário entre os Manrique e os Mendoza.

A belíssima praça em frente, cheia de esplanadas com chapéus brancos, foi o local escolhido por nós, para o jantar de sopa de cozido, seguido de um bom cozido asturiano, confeccionado com grão de bico cozido, saborosa couve migada, carne de porco, carne de vaca e enchidos. Uma delicia.

Muito perto também do rio, com o som melancólico da água ao fundo, ergue-se o Torreão de Orejón de la Lama, do séc. XV. Ainda mais melancólica e nostálgica, temos a igreja de San Vicente, com uma torre com relógio, parado eternamente nas seis menos um quarto, de uma beleza antiga, mas única.

Em cada segunda-feira há um mercado, onde os visitantes podem encontrar todos os produtos típicos da região, como o chouriço de Potes, o queijo picón, licores e a famosa aguardente de orujo, que no entender do Errante é uma autêntica especialidade.

Potes é assim uma espécie de velho e preservado reduto medieval, secreto e privilegiado, que pode ser encontrado na Cantábria profunda, situado no centro de um largo e fértil vale, só acessível através de desfiladeiros, que mais parece um povoado encantado e que por isso, não se deve deixar de visitar…

No entanto não se deve apartar estas andanças urbanas, do contexto mais vasto que modela a alma e a identidade asturianas e com o qual comunicam por uma teia de fios subtis. Para compreendermos melhor este mistério, não há nada como a palavra a Ortega y Gasset, que via as Astúrias como o espaço natural de "uma raça de homens capazes de intervir na vida contemporânea, sem perder o espírito de solidariedade com a área nativa".

Site: Verdenorte.com

3º Dia - Mosteiro de Santo Toribio de Liébana


O dia acordou com uma belíssima temperatura de Verão, que é habitual a partir do final da Primavera até o início do Outono, uma vez que o microclima de Potes e do vale de Liébana é muito idêntico ao da meseta ibérica.
Como dormimos até tarde, o pequeno almoço serviu de almoço e logo partimos de mota para uma visita ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana, um dos mais reverenciados lugares de peregrinação do culto cristão, que se encontra a somente 3 km a Oeste de Potes e a 2 Km do camping La Viorna, sempre a subir em estrada íngreme e sinuosa.
Quando chegámos ao mosteiro, fomos acolhidos por um frade franciscano que recebia os visitantes, conduzindo-nos a visionar um filme, no pátio do mosteiro e por baixo de um grande telheiro, sobre a história do mosteiro, a vida e obra de Santo Toríbio e sua obra e ainda sobre a história da relíquia "Lignum Crusis", que o mosteiro guarda.
É um mosteiro românico, fundado no séc. VII, tendo-se tornado conhecido um século mais tarde, quando recebeu o que se diz ser o maior fragmeto da Cruz de Cristo. O “Lignum Crucis”, como deve ser designado, é o fragmento da cruz maior do mundo e que pode ser observado, beijado ou tocado, por quem visita o mosteiro.
Os edifícios românicos do mosteiro, foram reconstruidos e restaurados no séc. XIII e hoje encontram-se ocupados por monges franciscanos.
Esta relíquia, que faz parte da cruz onde morreu Cristo, foi trazida por Santo Toríbio da Terra Santa e está hoje guardada dentro de uma cruz em ouro, com aberturas que mostram o pedaço de madeira no seu interior.
Naquela época era habitual fazerem-se códices manuscritos mais ou menos abundantemente ilustrados com belas iluminuras, que copiavam o Apocalipse de São João. Ali no mosteiro, um monge do séc. VIII, S. Beatus de Liébana, escreveu o "Comentário sobre o Apocalipse".
Estes comentários sobre a obra de São João, foram redigidos no século VIII, pelo Beato de Liébana, no ano de 776, que dez anos depois, em 786, redige a versão definitiva destes comentários. Esta como outras obras do Beato encontram-se no mosteiro, sendo também aqui que está sepultado S. Beatus de Liébana, junto ao altar da capela do mosteiro.
Após a visita ao mosteiro, subimos mais um pouco para pararmos num belo miradouro de onde se desfruta uma maravilhosa vista sobre a povoação de Potes e aldeias vizinhas, bem como das belíssimas montanhas da zona, sendo um dos melhores miradouros sobre o maciço oriental dos Picos da Europa. Ali também se encontra a Ermida de São Miguel, que pertence ao Mosteiro de Santo Toribio de Liébana.

Site: Wikipédia

2º Dia - O Caminho de Potes

Após o acordar no segundo dia em Cangas de Onís, rumámos para leste afim de percorrermos os caminhos que nos levariam a Potes, local que é um dos melhores pontos de partida para explorar o maciço central dos Picos da Europa.

Desde Cangas de Onís até Arenas de Cabrales, a estrada é sinuosa e feita em desníveis, passando por vários túneis, numa paisagem de fragas abruptas, de onde se goza uma vista soberba sobre os vales vizinhos.

Ali fizemos a primeira paragem, no Mirador del Pozo de la Oración, que oferece panorâmicas de Naranjo de Bulnes (um pico com 2519 m) onde se pode observar ao longe a majestosa coluna de rocha em redor da qual se centram os Picos Urriellu. A zona oferece uma belíssima paisagem envolvente, com um vale verdejante, onde no meio de um bosque corre um rio de águas límpidas e rápidas. Depois de uma descida até ao rio, as fotos da praxe e de um breve lanche, seguimos viagem.

Chegados a Arenas de Cabrales, foi seguida a rota do rio Cares, caminho espectacular que acompanha o rio por túneis e pontes que chegam a ficar a muitos metros acima do rio.

Arenas de Cabrales não passa de uma pequenita localidade encravada nas escarpas, com o rio Cares a borbulhar entre bosques. É a terra de origem do famoso queijo Cabrales e que possui alguns hotéis, cafés, bares, restaurantes, lojas e mercearias, onde o sossego dificilmente poderia ser maior.

A rota do Cares a partir de Arenas de Cabrales, é um percurso dos Picos da Europa. Sem desníveis acentuados desenvolve-se por um bom caminho até Panes. Panes é uma bonita povoação na parte mais oriental das Astúrias, situada num ponto onde se poderá ter acesso fácil ao campo, à montanha ou às praias, percorrendo distâncias muito curtas.

A partir de Panes vira-se para Sul, sendo aqui que começa o desfiladeiro de la Hermida que nos leva até ao vale de Liébana, onde se situa a cidade de Potes. A estrada desenrola-se sempre ao lado ou esquerdo ou direito do rio Deva.

A estrada (N-621), apanha-se em Panes e leva-nos até ao vale de Liébana. Esta estrada parte da costa ocidental sempre colada ao rio Deva, onde a partir de Panes descreve um percurso através de uma garganta estreita de paredes abruptas e verticais, ao longo de 27 km e a uma profundidade de cerca de 600 metros. Trata-se do espectacular desfiladeiro de La Hermida, um vale sinuoso que sobe lentamente para Sul, sobrevoado por águias e abutres e que merece a pena conhecer para se poder desfrutar das suas formosas características naturais.

É uma estrada maravilhosa, que é obrigatório percorrer devido à paisagem que durante todo o seu percurso nos rodeia. Um verde intenso, mostra-nos muitos dos mais belos atributos dos Picos de Europa, onde paredes verticais de 600 metros de altura, nos esmagam com a sua beleza. O desfiladeiro propriamente dito é marcado após a passagem pela povoação de La Hermida.

A pequena localidade de La Hermida, encravada em pleno desfiladeiro, é a mais importante de Peñarrubia. Cruzamento de caminhos, é ponto de passagem da estrada N-621, que permite o acesso da costa ocidental com Potes. Também é desde aqui, que parte a estrada que segue o antigo caminho que no séc. XIX, conduzia ao vale de Liébana e que hoje vai até ao vale de Lamasón e que nos conduz à comarca de Saja-Nansa. Por último, desde a povoação de La Hermida, parte ainda a única estrada que leva à aldeia de Bejes, no município de Cillorigo.

Depois de percorridos alguns quilómetros neste vale profundo e estreito, abraçado por altas escarpas verticais, quase de repente, deixam-se as montanhas e abre-se-nos o belo e largo vale de Liébana, de um verde intenso a contrastar com o azul do céu, onde o sol radioso nos espera, farto de não nos poder acompanhar no desfiladeiro, impedido pelas altas e estreitas escarpas rochosas dos picos, que só cederam passagem à erosão do Deva.
O vale de Liébana possui solos férteis que produzem castanhas, cerejas e uvas. Ali, chegámos à comarca de Liébana e seguidamente à sua capital, Potes, localidade totalmente medieval, também atravessada pelo rio Deva.

Uma vez em Potes, fomos logo de seguida para o Camping La Viorna, a cerca de um quilómetro de Potes, onde depois de nos instalarmos, jantámos no seu restaurante, ao pôr-do-sol. Após o jantar pegámos na mota e fomos até Potes para um passeio digestivo pela velha cidade medieval, que de noite tem uma aura única.
Potes à noite, resulta num encanto para todos os amantes da tranquilidade e gosto pelo silêncio. No entanto e ao entrarmos a fundo na cidade, por atalhos em becos surpreendentes carregados de história, descobre-se a noite animada de Potes, com pequenos bares em todas as esquinas e ruelas empedradas, que nos mostram um ambiente cheio de detalhes próprio de uma cidade antiga.
As suas casas de pedra e as paisagens que mesmo de noite se adivinham maravilhosas, como neblina negra que se mete dentro de uma tela verde, com fundo feito de negros e recortados picos, onde não pode faltar um copo de aguardente de orujo em cima de uma mesa de café, para se enganar o purificante frio da noite.

Site: Verdenorte.com