Abade de Baçal (1865-1947)

Sacerdote secular, arqueólogo e historiador português, de seu nome Francisco Manuel Alves (Baçal, 9.4.1865 - Bragança, 13.11.1947), filho de Francisco Alves Barnabé e Francisca Vicente. Ficou vulgarmente conhecido por Abade de Baçal, embora por vezes assine também Reitor de Baçal.

Nascido na aldeia de Baçal, no concelho de Bragança, cursou preparatórios no Liceu e teologia no Seminário de Bragança, sendo ordenado sacerdote em 13 de Junho de 1889 e desde então, até a sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.

Nunca paroquiou outra freguesia, vivendo uma vida entregue aos cuidados dos paroquianos, à sua lavoura e à investigação arqueológica e histórica, para a qual teve um singularíssimo instinto, sem necessidade de estudos científicos prévios.

Dedicou por isso a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidacta erudito, independente, modesto e sóbrio, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de sistematização e poder interpretativo.

Embora absorvido na arqueologia, não descurou os interesses da Igreja, participando nas polémicas que perturbaram a diocese no princípio do século XX, em defesa do seu bispo.

A sua obra principal são as “Memórias Arqueológicas-Históricas do distrito de Bragança” (1909-1947), em onze volumes, fonte incontornável para o estudo da vida, história e valores do nordeste transmontano.

Em 1925 foi nomeado director-conservador do Museu Regional de Bragança, que desde 1935 é designado por Museu do Abade de Baçal, em sua homenagem.

A cidade de Bragança comemorou condignamente o seu centenário em 1965.

Fonte: montalvoeascinciasdonossotempo.blogspot.com

4º Dia - Visita a Bragança (Parte II)




No final da nossa visita à cidade, foi a vez do passeio pelo local dos novos arranjos da cidade, junto ao rio Fervença. Os jardins junto ao rio e todo o enquadramento paisagístico da zona, foi resultado de uma excelente intervenção do programa Polis, que tornou as margens do rio num lugar muito aprazível, quer para os da terra, quer para os visitantes.


Este parque veio dignificar e beneficiar o rio Fervença na sua passagem pela cidade, tornando-o mais visível e acessível a todos os cidadãos e, em particular, a todos os residentes da zona ribeirinha.

Ao longo da sua curta existência, para além do uso intensivo que dele fazem a população da cidade e os visitantes, em especial durante a Primavera e o Verão, tem também sido utilizado para feiras e exposições, actividades desportivas e de ar livre.

Este espaço verde configura-se num corredor ribeirinho, que se desenvolve em dois troços. O primeiro situa-se entre a Ponte do Fervença e a rua dos Batoques tendo sido concebido como um espaço verde formal, com vegetação plantada e intervencionada.

Numa abordagem mais detalhada e devido às suas características é possível dividir o primeiro troço em duas partes: o corredor ribeirinho e a encosta do Senhor da Piedade. O segundo troço, inicia-se no último açude do primeiro troço, desenvolve-se seguindo o rio ao longo do seu percurso pela zona dos Batoques, terminando nas imediações da entrada leste do Castelo e do Parque de Merendas, junto à ponte do Jorge.

O corredor ribeirinho corresponde ao espaço que acompanha o rio Fervença na sua passagem pelo centro da cidade. Começa na rotunda da Flor da Ponte, na entrada da rua Alexandre Herculano, e segue em direcção ao centro, terminando em frente ao Jardim Doutor António José de Almeida, junto ao último açude deste trecho do rio.

Este espaço possui vários acessos possíveis a partir das duas margens do rio, desde a rotunda da Flor da Ponte e do Jardim José de Almeida, ao longo da rua Alexandre Herculano e desde a rua do rio Fervença, por escada, rampa, caminhos em gravilha ou empedrados.

Em cada uma das margens há um corredor pedonal que acompanha o rio em toda a sua extensão até ao espelho de água, junto à rua Doutor António José de Almeida. As zonas pedonais em madeira, gravilha ou pedra, partem dos corredores principais e divergem em várias direcções.

No vale do rio Fervença, por onde caminhámos muito tempo, somos envolvidos por uma paisagem muito natural, de carácter pitoresco, que sem dúvida valorizou as margens do rio criando um bonito e singelo arranjo paisagístico da envolvente. Ao longo do percurso é possível passar de uma margem para a outra por meio de pontes de ferro, num total de quatro.

A vegetação acompanha as margens do rio, e está também instalada em canteiros, organizados em socalcos, alguns apresentando declive apreciável. As zonas das margens assim como as dos canteiros encontram-se relvadas ou cobertas de vegetação herbácea espontânea. Espécies arbóreas e arbustivas de porte, folhagem e estrutura bastante diversificada estão isoladas, organizadas em linhas ou em grupos, formando manchas que se distinguem atendendo a vários critérios, tais como: porte, persistência ou caducidade das folhas, tonalidade de cascas e folhagem, floração ou frutificação.

Uma esplanada, um parque infantil, um parque de manutenção física para a terceira idade, as instalações da Casa do Mel (edifício em arquitectura tradicional), um antigo moinho de água recuperado e exposto de forma pedagógica e didáctica, bem como algum equipamento simultaneamente decorativo e recreativo, são pólos de interesse do corredor. Para além disso, o próprio rio, a vegetação instalada ao longo das margens, as aves que aí encontram abrigo, e outro tipo de fauna, como as ocasionais lontras, constituem um atractivo para os visitantes.

Na margem esquerda, ao longo da zona pedonal que conduz ao Jardim Doutor António José de Almeida, e principalmente, nos trajectos planos e mais afastados do leito do rio, foi utilizada alguma vegetação arbustiva de porte rasteiro que reveste o espaço e que forma intenso contraste com os relvados através da cor da folhagem ou da presença de frutificações abundantes.

A encosta da capela do Senhor da Piedade configura um espaço com declive acentuado, organizado em patamares e socalcos, e que ocupa maioritariamente a margem direita do rio Fervença. Toda a área é percorrida por vários caminhos empedrados e em gravilha, rasgados segundo as curvas de nível.

Na maioria da sua extensão, os taludes encontram-se relvados, ou pontualmente, cobertos de casca de pinheiro. Nestes taludes foram plantadas espécies arbóreas e arbustivas, em linha, formando pequenos bosquetes, ou pequenos grupos de forma geométrica ou irregular.

No declive do lado leste, contíguo à escadaria que liga o espelho de água à Capela do Senhor da Piedade, existe uma área de olival, que corresponde ao coberto arbóreo e herbáceo inicialmente instalado naquela zona, antes da intervenção. Trata-se de um espaço com bastante interesse pela presença de castanheiros, do olival e da restante flora que lhe está habitualmente associada.

Na base desta pequena colina, o rio faz um cotovelo no qual fica o último dos quatro açudes existentes desde a ponte do Fervença. A comporta encontrava-se encerrada, formando um apreciável espelho de água, que permite a observação dos vestígios do antigo fontanário em pedra.

Para além disso, perto deste local foi também construído um anfiteatro, com vista para o espelho de água e o Jardim António José de Almeida, que circunda uma área empedrada e pedonal com fontes e repuxos interactivos.

Daí, parte a escadaria que termina no cimo da colina, junto à Capela do Senhor da Piedade (1908) e ao Miradouro, locais a partir dos quais se pode apreciar uma agradável panorâmica do jardim, da cidade e do castelo.

No ponto em que a rua do Fervença se encontra com a rua Tomás Ribeiro encontram-se também um bar com esplanada, onde tomámos um refresco e um talhão ajardinado, limitados por uma sebe de fotínias de folhagem bicolor e brilhante, que confina na sua parte superior com a estrada do Turismo.

Após a visita à cidade, foi hora de jantar, mais uma vez no restaurante "O Javali", onde já tínhamos estado anteriormente e onde tínhamos sido muito bem servidos. O jantar foi na esplanada do restaurante, em mesas de ferro e debaixo de cerejeiras, onde se degustou uma "posta mirandesa", tão afamada por aquelas bandas. No entanto, desta vez, o serviço não teve a qualidade da primeira refeição, no dia anterior.


Fonte: cm-braganca.pt

4º Dia - Visita a Bragança (Parte I)



Bragança, é uma cidade repleta de história e com um rico património, merecendo por isso, uma visita mais atenta que nos permite descobrir as verdadeiras riquezas desta cidade tipicamente transmontana.
A cidade encontra-se encaixada nas montanhas do Nordeste transmontano, a cerca de 700 m de altitude, cercada pelas Serras de Milhão, Montesinho e Nogueira. A velha "Brigantia" foi povoação importante quando da ocupação romana, e foi mais tarde baptizada "Juliobriga" pelo Imperador Augusto, em homenagem ao seu tio Júlio César.

Destruída durante as guerras entre cristãos e mouros, encontrava-se em território pertencente ao mosteiro Benedito de Castro de Avelãs quando D. Fernão Mendes de Bragança, cunhado de D. Afonso Henriques, a adquiriu, por troca, em 1130.

O 4º dia, foi assim destinado à visita da cidade de Bragança. Bragança já foi para nós muitas vezes local de destino, em fins-de-semana e até em férias curtas. Recordo com muita saudade o magnífico Fim de Ano de 2003, que ali passámos na Pousada de São Bartolomeu.

Recordo também o acordar no nosso quarto e olhar pela varanda, para a cidade entre muralhas, sem dúvida uma das mais idílicas formas de observar a cidade, graças ao nevoeiro que quase em todas as manhãs de Inverno, cobre as casas e o Castelo que se ergue no horizonte.

A velha urbe, apesar dos laivos de juventude e modernidade que recebeu nos últimos anos, primeiro consequência dos seus pólos universitários e depois resultado do programa Polis, continua a ser precisamente a sua parte histórica que deixa mais marcas nos visitantes.

Saímos do parque de campismo depois do almoço e fomos de mota até Bragança. Parámos a mota, perto da porta Este da muralha, e entrámos na cidadela. A cidadela, situada no topo da cidade e é um bem conservado recinto fortificado onde se destaca o Castelo, de construção medieval e as suas muralhas, além de ser igualmente um dos mais interessantes miradouros de Bragança, que oferece um enquadramento paisagístico fabuloso da Serra de Montesinho.
Este núcleo murado e acastelado foi edificado no século XII no lugar da Benquerença e foi propriedade dos frades beneditinos do Mosteiro do Castro de Avelãs. Esta fortaleza de raízes Afonsinas, reconstruída e reforçada por D. João I nos finais do século XIV, tem muito para mostrar dentro das muralhas, destacando-se a Torre de Menagem, a Torre da Princesa e também, a “Domus Municipalis”, a Igreja de Santa Maria e o Pelourinho. Destacam ainda dentro de muralhas as ruas estreitas com as suas típicas casas medievais.

A Domus Municipalis é o símbolo de Bragança e é o único edifício do país de arquitectura civil românica. Não se sabe exactamente a sua data de construção, mas existem documentos que indicam que foi edificada nos primeiros anos do século XV, coincidindo com a construção do castelo, no recinto amuralhado da cidade.

Tem forma de um pentágono irregular composto por um depósito de água subterrânea e uma ampla galeria com janelas a toda a volta. Era o lugar onde se reuniam os membros do concelho, para debater os negócios do governo e a administração de justiça.

A Igreja de Santa Maria, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora do Sardão, situa-se também como já se disse no interior das muralhas do castelo. É um templo de origem românica, considerado um dos mais antigos da cidade, com motivos barrocos devido a sua restauração no século XVIII.
A sua porta principal barroca encontra-se ladeada por colunas salomónicas e o seu interior, está dividido em três naves com colunas que sustentam arcos de meio ponto, merecendo especial destaque uma pintura do século XVIII, a imagem de Santa Maria Madalena situada no altar-mor e o retábulo do século XVII da Capela de S. Estêvão.

Após a visita da cidadela, saímos e fomos de mota visitar o resto da cidade fora de muralhas. A Catedral de Bragança constitui uma visita obrigatória. Construída no século XVI, esteve durante um tempo ocupada por padres Jesuítas, que lá instalaram um colégio. Depois dos Jesuítas terem sido expulsos, a reverteu à coroa e foi, mais tarde, doada à mitra de Miranda, sendo depois transferida para Bragança.

É também recomendada a visita ao Museu do Abade de Baçal, que se encontra situado entre a cidadela e a Sé Catedral, na Rua Abílio Beça. Encerra uma colecção de peças de arte sacra e pinturas em aguarela de Alberto Souza, bem como a apresentação de vários quadros em tamanho real, com os costumes locais.

Em seguida tivemos também a oportunidade de visitar o Centro Cultural de Bragança, situado do lado esquerdo da Sé Catedral, onde podemos visitar uma belíssima e inesquecível exposição de trabalhos do fotógrafo António Sá, natural de Espinho. De uma forma singela e cheia de criatividade, aliada à arte da sua técnica fotográfica, o autor, retratou para esta exposição o nosso belo património natural e monumental.
Fonte: Rotas&Destinos.xl.pt / aportugal.com

3º Dia - 3ª etapa - Passeio pelo Parque Nacional de Montesinho

Ao final da tarde, foi o momento do regresso a Bragança. Ao pé da nossa mota, uma placa indica Espanha e Puebla de Sanábria, o local de onde viemos e outra indica Bragança. É por aqui que seguimos.

A estrada sobe até ao planalto e por este segue por longos quilómetros, deambulando pela crista da Serra do Montesinho. Neste percurso pode admirar-se o enquadramento, paisagístico da região pois a Serra de Montesinho ergue-se imponente a noroeste e a Alta Lombada a leste.
É ali que se podem observar com alguma regularidade, o açor e a águia-real, que sobrevoam estas paragens em busca de alimento.

A breve trecho a paisagem agreste das encostas desnudadas vai aos poucos dando lugar a uma paisagem que varia desde as elevações planálticas da chamada Lama Grande, mais a norte, aos lameiros (campos mantidos sempre verdes e reservados ao pasto do gado) lá mais para baixo.
É ali que se encontra Varge, a única povoação que se encontra à beira da estrada, desde que se deixou Rio de Onor. É nesta aldeia que se pode saborear a famosa “posta mirandesa”, no restaurante “o Careto”, recomendado por vários sites gastronómicos. Mas ainda não tínhamos apetite, pelo que seguimos viagem.

Saindo de Varge, a paisagem ondulada de campo aberto, onde o lameiro e as terras de cereal são a tónica dominante. Mais para baixo, as matas, estão igualmente presentes e incluem carvalhais, soutos, pinheiros e vidoeiros.

Na estrada e do lado esquerdo, o rio de Onor acompanha-nos, num vale verdejante, sombreado por alto arvoredo. Quando chegamos ao cruzamento do aeroporto, que fica do lado direito da estrada, seguimos para a esquerda em direcção a Bragança.

Na direcção oposta, a estrada leva-nos à aldeia típica de Baçal, berço do erudito Abade de Baçal e às aldeias de Sacoias e Aveleda, mais adiante.

Começamos a descer lentamente e dali pode-se admirar o belo panorama da cidade de Bragança e da Serra de Nogueira que ficam em direcção ao sul.

Depois a paragem para o jantar, no restaurante “o Javali”, do lado direito da estrada, a caminho de Bragança, recomendado pela Michelin e onde se degustou um excelente javali estufado.

3º Dia - 2ª etapa (Parte III) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho - Visita a Rio de Onor


Pela estrada vinda de Espanha, chegamos a um vale luxuriante, com campos de altas ervas, entre figueiras e cerejeiras, até que se vislumbram as primeiras casas de Rihonor de Castilla.

Quando olhamos os caminhos, estes parecem querer levar-nos ao firmamento, mas não, eles estão ali para nos levar aos cantos e recantos dos campos cultivados de Rihonor de Arriba ou de Castilla, o lado espanhol da aldeia de Rio de Onor.

Do outro lado do rio, Rio de Onor é o ar puro, o canto dos pássaros, o ruído das águas e as paisagens de encantar…

O verde cerca-nos de todos os lados, as casas confundem-se na paisagem devido à cor do xisto. Algumas parecem abandonadas, outras recuperadas como deve ser, onde as tradições e materiais foram mantidos. São toscas estas construções mas ao mesmo tempo belas diante da sua simplicidade arquitectónica, onde invariavelmente o xisto é utilizado nas paredes e a lousa nos telhados.

Nestas casas de arquitectura genuína, a loja no rés-do-chão, estava destinada aos animais e no andar de cima alojavam-se os proprietários. Assim mantinham a casa aquecida no Inverno, já que o calor imanado pelos animais aquecia também os seus donos. As portas baixas e janelas minúsculas ajudavam na tarefa, pois as reduzidas dimensões dessas aberturas não deixavam escapar o calor que advinha dos animais.

Junto às casas as vassouras de junco! Sempre adorei estas vassouras, antigas, ancestrais vassouras de galhos, de matos, de bruxa... Como lhes queiramos chamar. E elas ali estavam, quase em todas as portas das lindas casas de Rio de Onor.

Em passeio por Rio de Onor é permitido vislumbrar as fainas campestres, o deambular de bois por caminhos, a silhueta do cavador e os gestos integrais de dedos trabalhadores e rostos maduros e soberbos, colocando em nosso olhar imagens absolutamente subtis e quase etéreas!

Nos campos de cultivo, as hortas predominam. As vinhas em latada, marginam os campos de cultivo e as árvores e arbustos encontram-se por lá, um pouco por todo o lado. Não podemos dizer que se erguem, de tão baixas, ao alcance da mão de qualquer criança. Não podemos dizer que se escondem, de tão abertas de pernadas. Não podemos dizer que se recolhem, porque os quintais não tem sebe. E os campos ali estão, para serem partilhados e cultivados por todos...

A vegetação cerca-nos de todos os lados. Está à mão do nosso olhar, para que possamos enfrentar as imagens verdes do folhedo. Verdes, de um verde tenro e húmido, estão à mão da nossa mão, para que as toquemos.

Os excertos fotográficos que ali são captados, evidenciam a variedade de paisagens ao longo do curso do rio de Onor pela aldeia, e que proporciona ora, o conhecimento da natureza agreste e "bravia" do rio, ora, o contacto íntimo com o ambiente calmo e tranquilo das suas águas "mansas". É assim possível, experimentar sensações desencadeadas pelo ambiente aprazível e pela beleza natural destes lugares ímpares.

No final (ou começo da aldeia, dependendo do lado em que se entra), encontra-se a casa de Deus. Ao fim do dia, tocam os sinos da torre da igreja e até parece haver rosmaninho e alecrim pelo chão!...

3º Dia - 2ª etapa (Parte II) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho - Rio de Onor

Após visitarmos Rihonor de Castilla, a parte espanhola da aldeia passámos a antiga ponte medieval de alvenaria e três arcos, sobre o Rio de Onor e encaminhámo-nos para o lado português da aldeia.

A estrada do lado espanhol, em alcatrão, deu lugar a uma estrada de paralelepípedos em pedra, bem regularizada, como nos fez notar um casal de agricultores, que simpaticamente nos recebeu do outro lado da ponte. Estávamos agora na parte portuguesa da aldeia de Rio de Onor!...

Do lado português, continuamos a apreciar as casinhas típicas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, mas agora encontramos mais gente e as casas estão bem recuperadas.

A aldeia de Rio de Onor fica num vale luxuriante, onde corre esperto o rio com o mesmo nome, com soutos verdejantes, recoberto de culturas hortícolas em contraste óbvio com a aridez dos grandes planaltos circundantes.

É uma aldeia de fronteira, incluída no perímetro do Parque Natural de Montesinho e protegida pelas imponentes Serras de Montesinho (a poente), Sanábria (a norte) e Guadramil (a nascente).

As habitações perfilam-se ao longo de duas ruas paralelas, de cada um dos lados do rio de Onor. A aldeia de Rio de Onor é um caso emblemático, reforçado pela sua posição fronteiriça, com a sua homónima espanhola, Rihonor de Castilla.

A do lado espanhol chama-se Rihonor de Castilla ou Rihonor de Arriba e a parte do lado português é chamada de Rionor de Abajo ou oficialmente, Rio de Onor.

Os habitantes chamam-lhe simplesmente “al lugar”, quando se exprimem no seu dialecto próprio, uma das muitas características ímpares desta aldeia. O rionorês é um dialecto muito antigo, baseado na velha língua leonesa, uma vez que estas terras pertenceram outrora ao Reino de Leão, hoje fortemente influenciado pelas línguas ibéricas modernas e não muito diferente do guadramilês, praticamente esquecido, que era falado na aldeia vizinha.
Apesar dos documentos mais antigos que referem Rio de Onor datarem do tempo de Afonso III, presume-se que a sua origem é muito mais antiga, talvez anterior à fundação da nacionalidade, tendo a aldeia sido cortada em duas quando se definiram as fronteiras na região.
A estreita relação existente entre os dois núcleos da aldeia (impensável no caso de povoações separadas, para mais pertencentes a reinos distintos e rivais), parece confirmar esta tese. Houve em Trás-os-Montes outras aldeias cortadas pela linha divisória dos dois países, mas apenas Rio de Onor chegou assim, aos nossos dias.

As tradições comunitárias ainda se conservam vivas, sob a forma da posse colectiva de alguns bens, como os campos, os moinhos e os rebanhos. O modo de administração rural, é ainda hoje, levada a cabo por dois mordomos, designados pelo conselho, uma assembleia que reúne representantes de todas as famílias da aldeia.

Outrora os mordomos eram eleitos, mas actualmente existe um esquema de rotação cíclica, de modo a que todos possam exercer as funções. De salientar que a organização social da aldeia portuguesa se conservou mais ao jeito tradicional do que a da sua gémea castelhana.
Fonte: aboutportugal-dylan.blogspot.com

3º Dia - 2ª etapa (Parte I) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho

Após a saída de Puebla de Sanábria, rumámos a Rio de Onor, uma linda e típica aldeia portuguesa situada junto à fronteira e integrada no Parque Natural de Montesinho.

A estrada sobe a Serra de Sanábria, imediatamente a partir de Puebla de Sanábria e rapidamente se atinge grande altitude. Lá em cima é o momento de parar e contemplar a vista esplendorosa que o local nos oferece.

O panorama é maravilhoso. Puebla de Sanábria destaca-se lá em baixo, no meio de uma planície verdejante, banhada pelo rio Tera que a serpenteia majestoso.

Depois continuamos a subir a estrada estreita que segue para a fronteira portuguesa até Ungilde, que encontramos à esquerda. Ungilde é uma povoação situada a meia encosta, da qual pouco reza a história e que se presume que, tal como as restantes terras de Sanábria, teria sido ocupada ao longo dos tempos, por celtas, romanos, suevos e visigodos.
Foram terras que estiveram muito tempo sob a alçada do Mosteiro de San Martín de Castañeda, tendo as povoações que pagar dotação anual aos monges. Mais tarde passaram a pertencer ao Bispo de Lugo, um facto citado em vários documentos.

Sempre a subir são percorridos muitos quilómetros, onde predominam os matos pobres abrangendo uma área considerável. Depois sempre pela crista da serra, chega-se a um alto planalto e ali paramos, para descansar e admirar a paisagem.

Ali estende-se à nossa frente, um lugar de paz imensa, ar saudável e luz intensa, com vegetação arbórea e arbustiva, onde o pinheiro, a urze, as giestas e a carqueja em flor, marcam a paisagem.

Após o descanso, seguimos viagem e a partir de certa altura vai-se descendo muito lentamente até se atingir o vale. É nele que encontramos as primeiras casas e campos de cultivo de Rihonor de Castilla, também designada de Rihonor de Arriba, que encostada à linha de fronteira nos recebe silenciosa.

À distância de uns passos, do lado de lá da ponte e separada apenas pelo rio, a parte portuguesa da aldeia, que toma o nome de Rio de Onor.

O rio, não chega a ser ali um real obstáculo, uma vez que não serve de fronteira. Esta é feita através de uma linha imaginária, que divide a aldeia a meio.

Junto da ponte, ainda do lado espanhol, parámos numa sombra junto ao rio. Estacionamos a mota e caminhamos para o interior da aldeia da parte espanhola. Com as suas típicas casas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, a aldeia parece estar abandonada.

Toda a aldeia, preserva um carácter bastante arcaico e rústico, “casando” perfeitamente com a belíssima paisagem natural. No deambular pelas ruelas da aldeia do lado espanhol, observamos algumas casas de construção recente, mas na sua grande maioria, as casas estão efectivamente abandonadas, encontrando-se até algumas já em ruinas.

Junto ao rio, encontrámos três mulheres, que conversavam falando um estranho castelhano, sentadas em cadeiras à porta de casa. Foram estas as únicas pessoas que vimos do lado espanhol.