3º Dia - 2ª etapa (Parte II) - Passeio pelo Parque Natural de Montesinho - Rio de Onor

Após visitarmos Rihonor de Castilla, a parte espanhola da aldeia passámos a antiga ponte medieval de alvenaria e três arcos, sobre o Rio de Onor e encaminhámo-nos para o lado português da aldeia.

A estrada do lado espanhol, em alcatrão, deu lugar a uma estrada de paralelepípedos em pedra, bem regularizada, como nos fez notar um casal de agricultores, que simpaticamente nos recebeu do outro lado da ponte. Estávamos agora na parte portuguesa da aldeia de Rio de Onor!...

Do lado português, continuamos a apreciar as casinhas típicas de xisto, de paredes escuras e sem reboco, mas agora encontramos mais gente e as casas estão bem recuperadas.

A aldeia de Rio de Onor fica num vale luxuriante, onde corre esperto o rio com o mesmo nome, com soutos verdejantes, recoberto de culturas hortícolas em contraste óbvio com a aridez dos grandes planaltos circundantes.

É uma aldeia de fronteira, incluída no perímetro do Parque Natural de Montesinho e protegida pelas imponentes Serras de Montesinho (a poente), Sanábria (a norte) e Guadramil (a nascente).

As habitações perfilam-se ao longo de duas ruas paralelas, de cada um dos lados do rio de Onor. A aldeia de Rio de Onor é um caso emblemático, reforçado pela sua posição fronteiriça, com a sua homónima espanhola, Rihonor de Castilla.

A do lado espanhol chama-se Rihonor de Castilla ou Rihonor de Arriba e a parte do lado português é chamada de Rionor de Abajo ou oficialmente, Rio de Onor.

Os habitantes chamam-lhe simplesmente “al lugar”, quando se exprimem no seu dialecto próprio, uma das muitas características ímpares desta aldeia. O rionorês é um dialecto muito antigo, baseado na velha língua leonesa, uma vez que estas terras pertenceram outrora ao Reino de Leão, hoje fortemente influenciado pelas línguas ibéricas modernas e não muito diferente do guadramilês, praticamente esquecido, que era falado na aldeia vizinha.
Apesar dos documentos mais antigos que referem Rio de Onor datarem do tempo de Afonso III, presume-se que a sua origem é muito mais antiga, talvez anterior à fundação da nacionalidade, tendo a aldeia sido cortada em duas quando se definiram as fronteiras na região.
A estreita relação existente entre os dois núcleos da aldeia (impensável no caso de povoações separadas, para mais pertencentes a reinos distintos e rivais), parece confirmar esta tese. Houve em Trás-os-Montes outras aldeias cortadas pela linha divisória dos dois países, mas apenas Rio de Onor chegou assim, aos nossos dias.

As tradições comunitárias ainda se conservam vivas, sob a forma da posse colectiva de alguns bens, como os campos, os moinhos e os rebanhos. O modo de administração rural, é ainda hoje, levada a cabo por dois mordomos, designados pelo conselho, uma assembleia que reúne representantes de todas as famílias da aldeia.

Outrora os mordomos eram eleitos, mas actualmente existe um esquema de rotação cíclica, de modo a que todos possam exercer as funções. De salientar que a organização social da aldeia portuguesa se conservou mais ao jeito tradicional do que a da sua gémea castelhana.
Fonte: aboutportugal-dylan.blogspot.com

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