Porto - 5º Dia - Praça do Infante D. Henrique, Palácio da Bolsa - Parte IV


 
Caminhando pela rua Mouzinho da Silveira no sentido descendente, chega-se à Praça do Infante D. Henrique, uma ampla mas acolhedora praça. Existente desde 1885, esta praça está rodeada de edifícios interessantes, como o Mercado Ferreira Borges, a Igreja de S. Nicolau, e sobretudo, o emblemático Palácio da Bolsa, em estilo neoclássico, dos mais notáveis do País, de visita imprescindível. Era precisamente para ali que nos dirigíamos, a fim de o visitarmos.

Em frente do Palácio da Bolsa, um jardim, sob o qual foi construído um parque de estacionamento subterrâneo, onde se destaca no centro um monumento ao Infante D. Henrique, o "Príncipe Navegador", erguido por ocasião do 5º centenário da sua morte. Num pedestal de granito, podem ver-se vários grupos de esculturas, sendo uma a “Vitória” que conduz dois corcéis e dois tritões, uma alegoria ao triunfo das navegações portuguesas, e uma figura feminina que simboliza a Fé levada nos Descobrimentos. Podem ver-se ainda uns relevos, nos quais está representada a conquista de Ceuta e o Infante na Ponta de Sagres. Por fim o conjunto está coroado pela estátua em bronze do Infante, junto a um globo terrestre.

Dirigimo-nos então ao Palácio da Bolsa de Valores, que foi construído em 1842 e reflete o florescimento comercial da época, na cidade do Porto.

Sede e propriedade da Associação Comercial do Porto - Câmara de Comércio e Indústria do Porto, o Palácio é um dos principais ex-libris e polos de atração turística da cidade e da Região. Palco da maioria das receções oficiais do Estado no norte do País, pelo Palácio da Bolsa têm passado governantes, altos dignatários e os principais estadistas mundiais do séc. XX.

O palácio, estruturado em planta retangular, desenvolve-se em torno de um pátio central, com telhado de quatro águas de diferentes níveis e com uma ampla claraboia. A fachada principal, com dois pisos (virada a oeste), emana uma certa austeridade proveniente do classicismo das suas linhas arquitetónicas.

Entramos no Palácio da Bolsa e após a compra dos bilhetes seguiu-se a visita guiada, realizada em três línguas.

O interior do edifício pauta-se por uma certa grandiosidade, que logo se pressente no Pátio das Nações, que nos recebe em festa, com tremendo barulho, levando-nos a pensar que seria uma sorte não serem quebradas as vidraças da abobada. Decorria ali o ensaio geral para a noite de fim de ano, que decorreria no dia seguinte ao da nossa visita.
O Pátio das Nações é um pátio central coberto por uma grande abobada envidraçada, sustentada por uma complexa estrutura metálica. O ritmo arquitetónico é marcado através das pilastras caneladas que percorrem os alçados interiores, alternando com o uso de arcos plenos, também envidraçados. À sua volta desenvolve-se uma varanda no primeiro piso a toda a sua volta, com balaustrada em ferro.

Na visita as fotos são proibidas, pelo que as imagens aqui colocadas foram retiradas da internet. Nela destacam-se algumas das salas nobres do segundo piso, dignas de referência, tais como a Sala das Assembleias Gerais, com o teto estruturado em madeira e delineado a ouro; a Sala da Direção, que possui um teto delicadamente coberto de estuque dourado; o Gabinete da Presidência cujas paredes se encontram pintadas com representações alusivas à Agricultura, à Indústria, ao Comércio e à Construção Naval; o Tribunal do Comércio de enorme interesse histórico; a sumptuosa Sala do Presidente, com os retratos pintados dos vários presidentes da Câmara de Comércio. Nesta Sala dos Retratos, encontra-se uma famosa mesa do entalhador Zeferino José Pinto que levou três anos a ser construída, revelando-se um "exemplar altamente qualificado em todas as exposições internacionais a que concorreu".

Porém, de todas é o Salão Árabe, que detém o maior destaque de todas as salas do Palácio. De planta oval e forte gosto revivalista, coberto de estuques do séc. XIX, com representações de caracteres arábicos vermelhos e dourados, que contrastam com o tom azul que reveste o teto e as arcadas preenchem as paredes e teto da sala, com desenhos a azul e ouro, constituindo o expoente máximo do Palácio. É neste salão que têm lugar as homenagens aos chefes-de-estado que visitam a cidade.

Fonte: http://www.minube.pt/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.guiadacidade.pt/ http://www.igespar.pt/

Porto - 5º Dia - Rua Mouzinho da Silveira e Rua das Flores - Parte III

 



Deixa-se o Largo 1º de Dezembro e caminha-se pelo largo passeio descendente da Avenida D. Afonso Henriques até à Estação de S. Bento.

 
Como a nossa intenção era ir jantar à zona ribeirinha do Porto, a partir da Praça de Almeida Garrett (outrora o Largo de São Bento),enveredámos pela rua de Mouzinho da Silveira, que desce à Ribeira.


A rua descendente de Mouzinho da Silveira é uma importante artéria do centro da cidade do Porto que foi profundamente marcada por um perfil comercial relacionado com a proximidade da Estação de São Bento, tendo historicamente cumprido um papel, hoje ultrapassado, de grande importância para o abastecimento das áreas rurais do Minho e Douro, nomeadamente em sementes, equipamentos para a lavoura, santos, balanças, rolhas…, com muitas dessas lojas antigas ainda nos nossos dias em laboração. Sempre abarrotada de gente, que desce ou sobe, para ou da zona Ribeira.
É ali que encontramos a antiga Casa da Companhia, onde funcionou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada pelo marquês de Pombal.



Nesta rua é também de notar um grande fontanário situado do lado esquerdo de quem desce, uma reconstrução semelhante à primitiva, de uma antiga fonte que naquela rua tinha existido no passado. É uma fonte de grandes dimensões, toda em granito trabalhado e de forma semicircular, que se encontra inserida num paredão de granito que sustenta a estreita rua dos Palames, que passa em cima, num plano bastante superior. No centro da fonte, há uma concha estilizada, tendo, por baixo, cinco retângulos e nos sobrepostos às extremidades do tanque estão colocadas as duas bicas.



Pelo caminho faz-se um pequeno desvio e sobe-se pela rua das Flores, para depois novamente se descer. O seu nome provém das viçosas hortas, recheadas de flores, que existiam nos terrenos por onde a rua foi aberta, as outrora chamadas as hortas do bispo. Há época era bispo do Porto D. Pedro Álvares da Costa, cuja tamanha devoção por Santa Catarina do Monte Sinai explica o nome inicial do arruamento: "Rua de Santa Catarina das Flores".

Outrora era uma rua onde viviam as elites da cidade ligadas à aristocracia urbana, bem como famílias ligadas à administração municipal da cidade e da Coroa, mercadores, frequentemente nobilitados, e alguns cristãos-novos, sendo a rua conotada com um forte caráter elitista, podendo ali observar-se alguns belos edifícios brasonados. Por trás das fachadas (algumas revestidas com lindos azulejos), estão algumas das melhores joalharias atuais da cidade do Porto.

No entanto, a zona alta da rua foi habitada por homens ligados, sobretudo, aos ofícios, como mecânicos, sapateiros, caldeireiros, serralheiros, pedreiros, ferreiros, etc. Também fixaram residência nesta rua comerciantes e industriais, barbeiros sangradores, cirurgiões, bem como alguns clérigos e juízes-de-fora.

Fonte: http://axanaxplease.com/ https://maps.google.pt/ http://pt.wikipedia.org/

Porto - 5º Dia - Igreja de Santa Clara - Parte II



No final da travessia a pé do tabuleiro superior da Ponte D. Luís I, observa-se o início do túnel que desce a caminho da estação subterrânea de metro, de S. Bento. Dali se sobe a rampa de acesso à Avenida Vimara Peres, e no topo desta, já na Calçada Vandoma, seguimos pela rua Saraiva de Carvalho a caminho do Largo 1º de Dezembro.


É ali escondida de quem chega, que se encontra a belíssima Igreja de Santa Clara, situada na freguesia da . Para lá se caminha, um pouco à descoberta da entrada, mais por intuição do que por certeza.

À esquerda, ao fundo do Largo 1º de Dezembro, um bonito portal renascentista talhado em pedra recebe-nos, antecipando um pequeno pátio interior do antigo Convento das Freiras Clarissas do Porto.

Olha-se a fachada da igreja que surpreende pela simplicidade. Um portal barroco com elementos renascentistas datado de 1697 leva-nos ao interior da Igreja de Santa Clara, que surpreende pelo forte contraste com o simples exterior.

O interior barroco maneirista é absolutamente opulento! Da entrada mesmo sob a obscuridade, vislumbra-se toda a sua magnificência, que impressiona pela sua exuberância decorativa e pela feliz combinação entre a talha e o azulejo.


A Igreja que é considerada uma verdadeira joia do Barroco, possui uma só nave, com tetos e paredes revestidos por talha dourada do Barroco Joanino (1ª metade do séc. XVIII), com belas colunas salomónicas e capitéis coríntios.

A sacristia e todo o interior, incluindo o piso superior são pertença do Convento. Na Igreja podem ver-se janelas gradeadas, através das quais as freiras assistiam, a partir do interior do mosteiro, aos rituais religiosos, estando o convento interdito a visitas, como é aliás usual nos conventos de irmãs clarissas descalças.


Construída ao lado do mais visível lanço das Muralhas Fernandinas, a Igreja de Santa Clara ficou concluída em 1457, assim como o Mosteiro com o qual fazia conjunto. Tal deveu-se a um pedido das freiras franciscanas clarissas que pretendiam substituir um mosteiro anterior, do séc. XIII, mais pequeno e modesto.
Com a supressão de vários mosteiros mais pequenos de diversas localidades entre o séc. XV e o séc. XVI, as freiras foram-se agregando no Mosteiro de Santa Clara, levando para lá as suas rendas, sendo uma delas uma portagem por todas as mercadorias que chegavam ao Porto, passando pelo rio Douro.
 
Nos finais do séc. XIX, com a morte da última freira, este Mosteiro foi extinto e por isso fechado, o que causou alguma degradação do edifício. No entanto, sofreu alterações na época moderna, altura em que foi edificado o belo portal renascentista.

Atravessando a porta que nos leva à Igreja, à esquerda cruzamos outra porta e percorre-se por dentro o que resta das Muralhas Fernandinas naquela zona.


Linda, mas origem de inúmeras derrocadas com dramas humanos, a Muralha Fernandina na Encosta dos Guindais continua altaneira e sempre pronta a ser admirada. Tem uma localização única e a vista do Porto, tomada de Gaia, não ficaria completa sem a sua presença. A paisagem é de sonho, onde quase podemos "agarrar" a Ponte D. Luís I, com os telhados dos Guindais logo ali por baixo de nós.
 
 

Fonte: http://www.portoturismo.pt/ https://maps.google.pt/ Wikipédia.org

Porto - 5º Dia - Serra do Pilar e Ponte D. Luís I - Parte I




O 5º dia de estadia no Porto foi iniciado na margem esquerda do rio Douro, em Vila Nova de Gaia.
 Depois duma passadinha pelo El Corte Inglês, para umas comprinhas, seguimos de metro até à estação do Jardim do Morro, situada na Avenida da República, junto ao tabuleiro superior da Ponte D. Luís I.

Dali acede-se com facilidade ao topo da Serra do Pilar, situada do lado direito e onde podemos encontrar um dos mais bonitos miradouros de observação da cidade do Porto. Do lado esquerdo encontra-se o Jardim do Morro, onde encontramos a Estação de Teleférico de Vila Nova de Gaia, para quem quiser descer até ao Cais de Gaia.
No cimo da Serra do Pilar, considerada como um dos ex-líbris da cidade de Gaia, fica situado um convento, há muito extinto, que foi construído em 1538 pelos mestres Diogo de Castilho e João de Ruão para albergar os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Conhecidos também por “cónegos pretos”, como referência à cor do hábito que usavam, ficaram ali instalados no séc. XVI, num dos locais mais bonitos de Gaia, a ver o rio e a beleza da cidade do Porto, como aliás é comum nas escolhas feitas por quase todas as ordens religiosas.

Mais tarde o local foi ocupado pelas tropas de Wellington em 1809, quando planeou o ataque contra a cidade do Porto.
Infelizmente o Mosteiro, bem como a sua Igreja estavam fechados para obras de restauro, aquando da nossa visita ao local. No entanto valeu a pena a visita, uma vez que o Terreiro fronteiriço ao Mosteiro é um dos melhores miradouros sobre o Porto antigo e o rio Douro, e um lugar excelente para descansar e tirar fotos.

Depois de estarmos bastante tempo desfrutando das belíssimas vistas no miradouro, descemos até ao Jardim do Morro, um bonito e refrescante espaço verde. Localizado no sopé da Serra do Pilar, junto ao tabuleiro superior da Ponte D. Luís, constitui também um magnífico miradouro para a zona histórica do Porto. Tem um lago, um coreto e uma vasta variedade de espécies vegetais, entre as quais se encontram 22 tílias alinhadas ao longo do tramo final da Avenida da República.

Seguiu-se depois a caminhada pelo tabuleiro superior da Ponte D. Luís até à margem direita do rio Douro.
Em toda a caminhada a vontade é de parar constantemente, não só para fazer inúmeras fotos, mas também para ficar durante muito tempo com as mãos agarradas à varanda/resguardo da ponte, não só para admirar as belíssimas vistas que solicitam constantemente o nosso olhar, num ângulo completo, mas também para nos focarmos no rio Douro, salpicado de bonitas embarcações. É ali que nos vem à memória a bela canção de Rui Veloso, e é ali que ela faz todo o sentido:
Quem vem e atravessa o rio,
junto à Serra do Pilar,
vê um velho casario
que se estende até ao mar.
(...)

A Ponte Luís I, popularmente chamada Ponte D. Luís, é uma ponte em estrutura metálica com dois tabuleiros, construída entre os anos 1881 e 1888, ligando as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia (margem norte e sul, respetivamente). Tem 395 metros de comprimento e 8 de largura, sendo o seu arco ainda hoje considerado o maior arco do mundo em ferro forjado. Atualmente o tabuleiro superior é ocupado por uma das linhas do Metro do Grande Porto, ligando a zona da Catedral no Porto, ao Jardim do Morro e à Avenida da Républica em Vila Nova de Gaia.
Esta construção veio substituir uma antiga ponte pênsil que existia no mesmo local e foi realizada mediante o projeto do engenheiro belga Theophile Seyrig, discípulo de Eiffel, também autor da ponte  ferroviária de D. Maria Pia.

Fonte: http://www.igogo.pt/ http://www.lifecooler.com/ Wikipédia.org

Porto - 4º Dia - Zona do Carmo - Parte III



Caminhando, percorreu-se o curto caminho desde a zona dos Clérigos até à zona do Carmo. Era ali que queríamos visitar a belíssima Igreja do Carmo, localizada no cruzamento entre a Praça Carlos Alberto e a Rua do Carmo, bem perto da zona dos Clérigos.
Chegados à Praça Carlos Alberto, observa-se ao longe, do lado direito a Igreja do Carmo ou Igreja da Venerável Ordem Terceira de N.ª Sr.ª do Carmo.
 
A Praça Carlos Alberto outrora chamada Praça dos Ferradores, que se concentravam neste local. No topo nascente, encontra-se o Palácio dos Viscondes de Balsemão, construído no séc. XVIII.
Mas era a Igreja do Carmo que ansiávamos visitar e foi para lá que apressadamente se caminhou. Em estilo barroco/rococó é uma joia rara, que foi construída na segunda metade do séc. XVIII, entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo, sendo o projeto do arquiteto José Figueiredo Seixas.
 
Quando se chega perto observa-se que esta igreja está geminada com a Igreja dos Carmelitas, a ela encostada do lado oeste, como que constituindo um volume único, embora se diferenciem bem uma da outra.
A fachada de cantaria, ricamente trabalhada, possui um portal retangular, que se encontra ladeado de duas esculturas religiosas dos profetas Elias e Eliseu executadas em Itália, rematado por um amplo frontão e no corpo superior da frontaria, podem ver-se coruchéus e esculturas com as figuras dos quatro Evangelistas, revelando influências do estilo “barroco Italiano” criado por Nicolau Nasoni.

Contudo não é a fachada frontal que mais impressiona, mas sim a fachada lateral esquerda, que está revestida por um grandioso painel de azulejos, representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo. A composição foi desenhada por Silvestre Silvestri e pintada por Carlos Branco, sendo executada na fábrica da Torrinha, em Gaia e datados de 1912.
O interior é riquíssimo, destacando-se a excelente talha dourada dos retábulos rococós das capelas laterais e do altar-mor, além de diversa estatuária e pinturas a óleo, espalhados um pouco por toda a igreja.

Depois é a vez da Igreja dos Carmelitas ao seu lado. A fachada desta Igreja foi levantada entre 1619 e 1628 e tal como a Igreja do Carmo, apresenta uma expressiva decoração barroca em granito, uma das características das igrejas da cidade do Porto.
No final da visita a estas duas igrejas, foi a vez de um demorado descanso nas esplanadas em frente, a ver chegar a noite, ao que se seguiu um jantar de snacks, protegidos do frio da noite pelos enormes vidros da explanado do café em frente das duas belas Igrejas do Carmo, olhando a beleza dos seus magníficos portais.

Após o descanso e o jantar, o regresso ao Parque Biológico de Gaia. À saída da zona do Carmo uma passagem pelo Jardim da Cordoaria, hoje designado por Jardim de João Chagas.
O nome de Jardim da Cordoaria, por que é mais conhecido, deve-o à existência naquele lugar da Praça da Cordoaria, onde era realizada a atividade dos cordoeiros que ali estiveram instalados - na cordoaria nova - durante cerca de 200 anos.

No entanto no séc. XIX, a Câmara decidiu transformar essa Praça da Cordoaria num passeio público. O projeto, da autoria do paisagista alemão Emile David, foi executado em 1865/1866.
No Jardim estão as estátuas de Ramalho Ortigão e de António Nobre e um conjunto de esculturas de Juan Muñoz de 2001, assim como "O rapto de Ganímedes". No âmbito do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, este jardim sofreu uma remodelação.
 
Fonte: http://www.guiadacidade.pt/ Wikipédia.org

Porto - 4º Dia - Zona dos Clérigos - Livraria Lello & Irmão - Parte II




Acabada a visita à Igreja dos Clérigos e da sua Torre Campanário, seguimos para a emblemática Livraria Lello & Irmão, que o escritor espanhol Enrique Vila-Matas descreveu como, "A mais bonita livraria do mundo", e que mesmo que não o seja, uma vez que o conceito de beleza difere de pessoa para pessoa, é sem dúvida nenhuma, uma das mais belas do Mundo.

Fica situada na rua das Carmelitas 144, na freguesia da Vitória e bem próxima da Torre dos Clérigos.

Por fora o edifício chama desde logo a nossa atenção pela singularidade. Esta bela livraria de fachada clara e elegante destaca-se relativamente aos edifícios vizinhos.

Em estilo neogótico, formada por um amplo arco abatido, a entrada é realizada por uma porta central, ladeada por duas montras. Por cima, três janelas retangulares, são ladeadas por duas figuras pintadas por José Bielman, representando a "Arte" e a "Ciência". Por cima destas janelas destaca-se a designação "Lello e Irmão". A fachada completa-se com uma ornamentação feita com motivos vegetais, própria da Arte Nova e bem ao gosto do início do séc. XX. É ainda de realçar o rendilhado que encima o edifício, que completa este edifício, fazendo dele um verdadeiro monumento artístico que já mereceu classificação de património nacional.

No interior, os arcos quebrados apoiam-se nos pilares em que, sob baldaquinos rendilhados, o escultor Romão Júnior esculpiu os bustos dos escritores Antero de Quental, Eça de Queirós Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga, Tomás Ribeiro e Guerra Junqueiro.

Dois andares e uma união arrebatadora: uma linda e monumental "escadaria vermelha em espiral" semelhante a "uma flor exótica", como refere o guia Lonely Planet's Best in Travel de 2011.

Em estantes com prateleiras neogóticas encontram-se mais de 120.000 títulos, que embelezam este local de grande culto, das mais diversas áreas e línguas.

Os tetos trabalhados, o grande vitral que ostenta o monograma e a divisa da livraria "Decus in Labore" e a escadaria de grandes dimensões de acesso ao primeiro piso, são as marcas mais significativas da livraria.

Esta verdadeira joia arquitetónica é mais um dos ex-líbris da cidade, que atravessou todo o séc. XX, geração após geração, nas mãos da mesma família.

Em 1995, José Manuel Lello decide realizar uma profunda transformação no interior da livraria, cuja herança, segundo as suas palavras, lhe «trazia não só um passado de ricas tradições mas também a exigência de fazer perdurar esse ideal de amor pelos livros, que se traduziu na edificação de uma obra arquitetónica única no mundo». O trabalho de restauro e de adaptação às atuais formas de uso foi entregue ao arquiteto Vasco Morais Soares.

Fonte: http://cidadesurpreendente.blogspot.pt/ Wikipédia.org  

Clara Schumann (1819 - 1896)


Num ano em que se festeja o grande compositor alemão Robert Schumann é da mais elementar justiça relembrar também a sua esposa Clara. É justo por várias razões, não sabendo qual delas a mais relevante. É justo porque é artisticamente relevante tanto enquanto pianista, como compositora. É justo porque soube sempre defender e ajudar em todas as circunstâncias o marido e a preservar a sua memória. É justo essencialmente porque sem ela, Schumann não teria possivelmente composto nem metade das obras que nos deixou.
 
Clara Schumann, nascida Clara Josephine Wieck (Leipzig, Saxônia, 13 de setembro de 1819 - Frankfurt am Main, 20 de maio de 1896), foi uma pianista e compositora romântica alemã, casada com o também compositor Robert Schumann.

Desde muito jovem, com 5 anos, Clara começou a ter lições de piano mediante a disciplina rígida do pai, Friedrich Wieck. A mãe, Marianne, era também uma excelente musicista e dava concertos.
Quando Clara tinha 4 anos, os pais divorciaram-se, e posteriormente Friedrich Wieck ganhou a custódia da menina.


A partir dos 13 anos desenvolveu uma brilhante carreira pianística, apresentando-se em vários palcos pela Europa. Aos 14 anos, começou a compor o ‘Concerto para piano em lá menor’, que foi apresentado quando ela contava 16 anos, sob a regência de Felix Mendelssohn.

Destacou-se não só por isso, mas também por fazer parte da performance de compositores românticos da época, como Chopin e Carl Maria Von Weber.


Ainda na adolescência iniciou um romance com Robert Schumann, que na época era aluno de seu pai. Ao tomar conhecimento da ligação de Robert e Clara, Wieck ficou furioso, pois Robert apresentava problemas relacionados com a bebida, o fumo e sofria de crises depressivas. Preocupado com o futuro da filha, proibiu a relação, e em consequência disso encetou uma longa batalha judicial, que culminou após um ano de litígio, com a permissão de Schumann desposar Clara, após completar 21 anos.

Depois do casamento, Clara e Robert começaram uma longa colaboração, ele compondo e ela interpretando e divulgando as suas composições. Clara continuou a compor, mas a vida em comum era complicada, pois ela foi forçada a parar a carreira por diversos períodos, devido às 8 gestações e, apesar de Schumann aparentemente encorajar sua criação musical, ela abdicou muitas vezes de sua carreira como compositora para promover a do marido. A situação era agravada por várias diferenças entre o casal: Clara adorava turnês, mas Robert odiava; ele precisava de silêncio e tranquilidade para praticar, o que significa que Clara ficava em segundo plano, pois somente após os estudos do marido, é que ela podia dedicar-se ao seu estudo.


Outro problema eram as constantes crises nervosas do marido, que fizeram Clara assumir as responsabilidades familiares sozinha. A pior crise de sua vida aconteceu quando Schumann entrou em depressão crónica, o que obrigou a família a interná-lo num hospício, onde ficou por dois anos, até sua morte.
Após 14 anos de casamento, Clara Schumann ficou sozinha com os filhos, tendo que dar aulas e apresentações para sustentar a família. A partir daí, ironicamente, ela ficou livre para compor e dar concertos, e sua carreira finalmente pode desenvolver-se.


A partir deste momento enceta uma grande amizade com Johannes Brahms, que foi o seu principal sustentáculo nesse período, e o que deu infelizmente, margem a falatórios de que os dois teriam um romance. Seguiram-se anos de colaboração mútua, já que os dois artistas eram defensores ferrenhos da 'estética romântica' ligada a um padrão mais formal e opositores de Wagner e Liszt. Esta amizade durou até o final da vida de Clara Schumann.
 
Durante certo período, Clara sofreu de uma síndrome de dor, ligada a tendinites e atribuída aos excessos de treinos, na tentativa de executar as obras orquestrais de Brahms. O tratamento multimodal realizado à época foi bem sucedido e Clara pode continuar sua carreira.


Além de instrumentista de eleição, verdadeira chefe de família e compositora Clara Schumann ainda encontrou tempo para se dedicar ao ensino da música, tendo valorizado de forma sistemática a importância da vontade do compositor, do tom e da sensibilidade. Estes ensinamentos chegaram em grande parte aos nossos dias pela influência de alguns dos seus alunos nas melhores escolas de música do século XX.

Os últimos anos da compositora foram marcados por uma brilhante carreira como professora e o reconhecimento como concertista, chegando até a ser comparada com Liszt. Clara Schumann faleceu a 20 de maio de 1896, em Frankfourt.


Fonte: Wikipédia.org / http://guiadamusicaclassica.blogspot.com


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