A Utopia Artística de Yves Klein

Klein nasceu em Nice, na zona dos Alpes Marítimos. Seus pais, Fred Klein e Marie Raymond, eram pintores. De 1942 a 1946, Klein estudou na Escola Nacional da Marinha Mercante e na Escola Nacional de Línguas Orientais e aqui iniciou a prática do judo.

Yves Klein, o artista plástico que foi dono do céu, conseguiu atingir o seu objectivo máximo, "o vazio". A impregnação na matéria, nas obras de Klein provoca ao sair da exposição uma amnésia, o imaterial não permanece na memória, vive-se no momento.

Tive a sorte de poder visitar a exposição “Yves Klein - Corpos, cor, imaterial” no Museu Guggenheim, e esta experiência de contacto directo com as suas obras-matéria (pigmentos cromáticos, esponjas, folhas de louro) e obras-impressão (de corpos femininos e dos elementos físicos como o vento, o fogo) que me permitiu repensar a imaterialidade da sua real construção artística.


A crítica nos últimos 25 anos, vê predominantemente Yves Klein como o criador do IKB (International Klein Bleu), como um pintor abstracto com eventual retorno ao figurativo primitivo nas suas “antropomorphies” e “cosmogonies”,além de exaltar o misticismo na sua breve carreira, uma vez que Yves Klein morre cedo. Klein morreu em Paris de enfarte de miocárdio em 1962, com 34 anos, pouco antes do nascimento de seu filho.
Klein nasceu a olhar para o mar e para o céu e a sentir o vento e o mar na praia, na cidade de Nice, em 1928, e fez a sua formação autodidacta nas viagens que realizou, à Irlanda, à Itália, à Espanha e ao Japão. É no Japão que conhece a fundo a arte marcial do Judo, na qual se torna um mestre e professor na Academia de Paris. Será também no Japão que as folhas de ouro impressas nos papéis dos mortos o impressionam.

Muitas de suas primeiras pinturas eram monocromáticas, mas sem fixar-se em uma única cor. Ao final da década de 1950, seus trabalhos monocromáticos tornaram-se quase exclusivamente produzidos em um matiz azul intenso, que ele patenteou, embora a cor jamais tenha sido produzida comercialmente. As suas obras monocromáticas são um espaço aberto de cor, onde a possibilidade de evasão imaginativa ultrapassa a moldura formal da tela.
A impregnação no azul começa pelo globo-terrestre, visto por Yuri Gagarine, cosmonauta da missão espacial russa de Abril de 1962, que ao observar a Terra pela primeira vez do espaço, diz: "A Terra é de um azul intenso e profundo". Yves Klein não acredita na conquista do espaço feita pelo Sputnik ou por outras naves espaciais, mas sim pela impregnação física da sensibilidade do homem no espaço. Escreve a Fidel Castro (1958) e ao presidente Eisenhower nos EUA (1958) entre outros, para lhes comunicar a “Revolução azul”, que por ele será criada.

A meio do seu percurso artístico, surge a "sala das esponjas" onde 7 esponjas são expostas em plintos como uma metáfora à cabeça dos visitantes impregnados de matéria. O ouro, Klein expõe-no tal como ao pigmento azul e rosa sobre telas, em monocromias.

Paralelamente às pinturas convencionais, em diversos trabalhos Klein utilizou modelos nuas cobertas com tinta azul, que se moviam ou imprimiam-se sobre telas para formar a imagem, utilizando as modelos como “pincéis vivos”. Este tipo de trabalho ele denominou de “Antropometria”. Kein impregna de matéria o corpo das suas modelos para fazer os seus famosos “sudários”, de nus femininos.

Outras pinturas com este método de produção incluem “gravações” de chuva que Klein realizou dirigindo na chuva a mais de 100 km/h com uma tela atada no tecto de seu carro, e telas com formas provocadas por sua queima com jactos de fogo. A acção pictórica veste-se de corpo, a acção veste-se de matéria, ficam as marcas do vampiro. O fogo, decompõe-se nas três cores de Klein, e ele apercebe-se do facto em Krefeld na Alemanha, onde executa as suas telas sujeitas a combustão.

O trabalho de Klein gira em torno de um conceito influenciado pela tradição Zen que ele denomina "le Vide", em português, "Vazio". O Vazio de Klein é um estado similar ao nirvana, livre de influências do mundo, uma zona neutra em que as pessoas são induzidas a concentrar-se nas suas próprias sensações e na “realidade”, e não na “representação”.
Klein apresentou a sua obra sob formas que a arte é reconhecida, pinturas, um livro, uma composição musical, mas removendo o conteúdo esperado destas formas, pinturas sem imagens, um livro sem palavras, uma composição musical sem composição de facto, restando apenas o meio de expressão artística, tal como ele é. Desta forma ele tentou criar para quem o entendia e admirava, uma “Zona de Sensibilidade Pictórica Imaterial”.

Fonte: http://www.yveskleinarchives.org/ http://dasartesplasticas.blogspot.com / Wikipédia.or

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