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A Montanha Sagrada de Montserrat

Saímos de Port Lligat por volta das 17h00 da tarde, com rumo mais uma vez a Barcelona, para depois apanharmos a estrada para Montserrat, onde queríamos ir pernoitar, para no dia seguinte visitarmos o Mosteiro de Montserrat.

A viagem decorreu sempre em auto-estrada, o que fez com que chegássemos ainda de dia ao cimo da montanha de Montserrat.

Esta montanha pode ser vista de muito longe, e a sua silhueta é diferente das montanhas que a circundam, o que dá desde logo um tom de mistério ao lugar.
Quem se desloca de Barcelona em direcção ao noroeste e após cerca de quarenta quilómetros, começa a vislumbrar a bela montanha de Montserrat.

É uma montanha que se expõe ao longo de cerca de dez quilómetros de extensão, apresentando inúmeras "agulhas" de rocha conglomerada. O seu pico mais alto chega a 1.238 metros e tem desníveis de quase oitocentos metros.

Numa tradução livre do catalão, o seu nome significa “monte serrado” e o seu aspecto é esse mesmo, pois o que se observa é um maciço serrado. Trata-se, sem dúvida alguma, da paisagem natural mais impressionante da Catalunha.

Montserrat é segundo a tradição, a montanha mais importante e misteriosa da Catalunha. Situada entre as comarcas do Bages, o Anoia e o Baix Llobregat, esta montanha possui também o místico Mosteiro de Montserrat, que se localiza no cimo da montanha.

Assim, na encosta leste encontramos o Mosteiro Beneditino de Montserrat, construído no ano de 1.065. Um local de grande peregrinação por ter em seu interior "La Moreneta", a Virgem Negra, patrona da Catalunha.

É um local deslumbrante, diferente de tudo o que já vimos. É um lugar sem dúvida fantástico, quer pela beleza das paisagens, que do cimo do monte se vislumbram, quer pela áurea quase etérea que se respira no lugar, quer ainda pela presença da sua Virgem Negra, e ainda pela sua história milenar… Por tudo isto, é um lugar sagrado!

Na abertura do libreto de sua última obra, o compositor Richard Wagner, escreveu as seguintes instruções: “A acção da Ópera Parsifa passa-se no território dos guardiões do Graal, o Castelo de Monsalvat, situado nas montanhas ao norte da Espanha Gótica”.

Como se pode observar, esta frase indica que o grande compositor Richard Wagner, foi buscar inspiração na história da Abadia de Montserrat, para criar o fictício Castelo de Monsalvat, último território dos guardiões do Santo Graal.

A localização geográfica escolhida por Wagner não foi fruto da fantasia do autor. A sua decisão foi tomada após uma série de pesquisas baseadas em factos históricos. Como se sabe a ordem militar dos cavaleiros templários foi fundada na época das cruzadas, para defender o Santo Sepulcro. Sua primeira sede foi a Mesquita Al-Aqsa, situada no Monte do Templo, em Jerusalém.

Com o passar dos anos, a ordem transformou-se no mais poderoso braço militar dos cruzados, espalhando-se por toda a Europa. Dezenas de castelos dos templários foram construídas na Inglaterra, França, Alemanha, Portugal e Espanha, além de todos aqueles que ficaram espalhados pelo oriente médio.

No século XIV, o Papa Clemente V e o rei da França, Felipe o Belo, aliaram-se para destruir os templários e se apossarem de todas as suas imensas riquezas.

Acusados de heresia, os templários foram detidos, torturados e tiveram suas propriedades e bens confiscados. Seu líder máximo, Jacques de Molay, foi queimado vivo.

Antes de sua execução, protestando inocência perante os membros da inquisição, Molay implorou a Deus para que no prazo de um ano, o Papa e o rei fossem chamados aos céus para se submeterem ao julgamento divino.

A prece de Molay foi atendida. Em menos de um ano tanto Clemente V, como Filipe IV morreram. Após a execução do Grão-Mestre dos Templarios, a Inquisição intensificou a perseguição dos membros remanescentes da ordem.

Os últimos sobreviventes foram os Templários da Catalunha, que receberam a protecção dos monges beneditinos, refugiando-se no Mosteiro de Montserrat. Diz a lenda, que o Santo Graal foi levado para este refúgio e escondido numa das grutas desta montanha.

Fonte: Wikipédia / www.lebizarre.com

Port Lligat

Quando chegámos a Cadaqués, era nossa intenção visitar a casa de Salvador Dalí, cuja decoração, móveis e objectos pessoais do casal Dalí, ali levam centenas de visitantes durante todos os meses do ano.

No dia da nossa chegada telefonámos logo para a Casa-Museu Dalí, para reservarmos entradas, mas como já suspeitávamos, estavam com todas as séries diárias para visitas, completas. Segundo nos disseram, durante o Verão é quase impossível fazer a visita, uma vez que as reservas se fazem com meses de antecedência.
Após o almoço, tentámos ir até Port Lligat, mas as estradas estavam vedadas ao trânsito e o caminho tinha que ser feito a pé.

A Casa-Museu Dalí, pode no entanto ser visitada por fora, mas o que realmente encanta no lugar é a baía de calmas águas azuis. Esta pequena aldeia de pescadores, situada na península do Cabo Creus, vizinha da maior baía de Cadaqués, é realmente deslumbrante.


Na baía existe uma ilha, a Ilha de Port Lligat, que está situada logo à entrada da baía e separada do continente por um estreito de 30 metros de largura.

Esta baía e a ilha, foram representadas em várias pinturas de Salvador Dalí, como “A Madona de Port Lligat”, “Crucificação (Corpus Hypercubus)”, e o “Sacramento da Última Ceia”.


A Casa-Museu Salvador Dali é uma casa de arquitectura tipicamente mediterrânica, que confina a Sul com o Mar Mediterrânico, onde o lendário pintor surrealista passou grande parte da sua vida.

Depois de comprar uma casa de pescadores, em 1932, que transformou na sua casa de praia, Dalí foi alargando progressivamente a casa, à medida que foi comprando outras quatro casas adjacentes, completando assim a casa como a encontramos hoje, bem como os estúdios, em 1971.

Segundo li, esta casa transpira a personalidade de Dalí, que está carimbada em cada quarto, em cada sala, em cada recanto, dando ao visitante a impressão da sua constante presença.
Fonte: Wikipédia

Cadaqués


A chegada a Cadaqués ao crepúsculo é inesquecível, sendo esta uma hora que nos proporciona um espectaculo ímpar, do panorama da vila, do mar e dos barcos ondulantes ali fundeados. Esta pequena vila branca à beira mar, na província de Girona, na Catalunha, é uma vila de pescadores situada a norte da estância turística de Roses, na Costa Brava e encontra-se aconchegada numa baia, perto da península do Cabo Creus, no mar Mediterrâneo.

Atingir Cadaqués é algo difícil, uma vez que esta pequena baia da Costa Brava, se encontra isolada da restante orla continental, por uma cadeia montanhosa que se estende paralela à costa mediterrânica.
Encontra-se a curta distância de Barcelona, (a apenas 2h30) o que a torna muito acessível e atraindo não só turistas, mas também muitos espanhóis que têm ali as suas segundas casas para férias ou fins-de-semana.

A vila é muito famosa não só pela sua beleza, mas também por ser o lar do lendário pintor Salvador Dalí na vizinha praia de Lligat. Salvador Dalí visitou na sua infância várias vezes esta vila e mais tarde comprou a uma família de pescadores, uma casa em Port Lligat, que transformou e que viria a ser a sua casa de praia, numa bela e sossegada baia, perto de Cadaqués.

Outros notáveis artistas, tais como Pablo Picasso, Joan Miró, Marcel Duchamp, Antoni Pitxot, Henri-François Rey, Melina Mercouri e Maurice Boitel também moraram ou veranearam ali, por certo atraídos pelas belezas naturais de cadaqués.

Cadaqués estende-se desde o mar sobre uma colina, na qual se destaca uma impressionante e branca igreja barroca, a Igreja de Santa Maria. Ali perto foi feita a pernoita, no parque de estacionamento da vila, numa zona destinada a ACs, um lugar calmo, que nos proporcionou uma boa estadia.

Dentro da vila podem ser encontradas várias lojas de venda de artesanato e lembranças turísticas. Existem também vários bares e restaurantes que servem principalmente os frutos do Mediterrâneo.

Cadaqués também tem uma praia muito agradável de calmas águas cristalinas, para se desfrutar de dia e de noite, pois as águas são quentes a qualquer hora.
Tudo somado, Cadaqués é um lugar que faz do tempo lá passado, um tempo ideal e inesquecível, pois não podemos esquecer que ali estamos numa das estâncias turísticas mais cativantes da Costa Brava espanhola.

A caminho de Cadaqués



Depois do almoço e de mais uma caminhada por Collioure, partimos rumo a Espanha, fazendo a estrada junto ao mar Mediterrâneo, para se ficar a conhecer aquele pedaço de costa francesa, que nunca tínhamos tido oportunidade de fazer.

Era nossa intenção parar ao anoitecer, para pernoitarmos em Cadaqués, uma linda povoação à beira mar, que foi escolhida por Salvador Dali, para ali perto fazer a sua casa de praia, tendo passando lá grande parte da sua preenchida vida.

No sul da França, a zona situada à beira do Mediterrâneo, já bem perto de Espanha, está repleta de pequenos e bonitos povoados piscatórios e praias de areia e cascalho, resguardados por uma cordilheira de montanhas que se elevam junto ao mar, deixando só algumas réstias de terra e línguas de areia e cascalho, confinantes com o mar.
Uma dessas povoações à beira do Mediterrâneo e no sopé da montanha Albères, Port-Vendres, é a vila piscatória vizinha de Collioure, que logo nos aparece ao virar uma curva da estrada. Às portas de Espanha e perto de locais turísticos, Port-Vendres é a base ideal para fazer férias no Sul da França.

Porto natural de águas profundas Port-Vendres oferece um colorido tipicamente mediterrâneo, onde não se pode perder o espectáculo diário proporcionado pela chegada dos navios de pesca e o desembarque do pescado para o leilão.

O interior de Port-Vendres é muito bonito, com os Pirinéus a cairem no mar Mediterrâneo, oferecendo belíssimas paisagens, além da própria povoação que convida a um caminhar pelas suas ruas, o explorar a cidade e até conhecer a sua história... ´
O seu nome provém do grego, "Portus Veneris” (Porto de Vênus), pois era um abrigo natural onde a actividade marítima nunca deixou de existir.

Esta zona possui muitas praias, onde os veraneantes procuram além da calma e do sol, uma série de desportos como natação, jogos aquáticos, vela, pesca desportiva e submarina, mergulho, cruzeiros, ténis...

A povoação seguinte é Banylus-sur-Mer, O nome Banyuls indica a presença de uma lagoa. Na verdade, existia uma lagoa em Banyuls-sur-Mer, a “Vallauria”, até ter sido drenada em 1872, para se ganharem terras. O termo “sur Mer”, em francês, apenas indica a proximidade da costa.

Outrora, ao contrário de que seria de esperar, não era a actividade piscatória que era a mais praticada, mas sim o contrabando de mercadorias de e para Espanha, que terá sido uma actividade importante em Banyuls-sur-Mer e só uma pequena parte dos seus habitantes viviam da pesca e da viticultura.

A partir de Banyuls, no sopé dos Pirineus, os “Albères Monts”, como são chamadas estas montanhas à beira mar, fazem com que se tenha de subir quase sem parar, criando uma linha de falésia, que por vezes se deixa trabalhar em socalcos, preenchidos por vinha, que dão origem a vinhos doces naturais excelentes.

A estrada contorce-se nas vertentes e as vistas são deslumbrantes tendo com fundo, a permanente moldura do Mediterrâneo. Depois entra-se em Espanha sem se dar por ela.

Mais uma pequena enseada! É Port de la Selva. De todas as aldeias em redor do Cabo Creus, Port de la Selva é talvez a mais típica vila de pescadores, digna de reparo a partir de uma certa altura.

Constituída por um pequeno casario branco, que se aninha sobre si próprio, como que a procurar abrigo das escarpas aguçadas que a separam do continente e em especial, dos ventos da “Tramontana”.

A baía de Port de la Selva forma uma bacia natural, que abriga um porto protegido pelas montanhas que o cercam a partir do norte. No entanto esta costa é lugar onde ventos severos sopram. Ali mora a famosa “Tramontana”, um vento que vem do Norte e alcança uma força incrível, chegando por vezes aos 200 Km/h.

A praia que prevalece é bastante grande e oferece até mesmo na estação principal, espaço suficiente para muita gente.

Naturalmente, muitos dos seus habitantes têm no turismo, o principal meio de subsistência, mas a sua principal fonte de renda ainda é a pesca e seu porto de pesca está classificado entre os mais importantes desta província.

Os arredores da aldeia com os seus inúmeros passeios convidam ao encontro com a natureza intocada e com numerosos locais históricos que remontam à época megalítica e a tempos medievais.

É uma zona de praias selvagens e desertas… Continuando a caminho do Cabo Creus, a praia que se segue é a de Cala Tamariu que pode ser alcançada por carro. Outras pequenas baías existem nesta zona, mas só podem ser visitadas a pé.

Após o “boom” do turismo nos anos 60, o turismo nacional desenvolveu-se ali, com a classe média alta de Barcelona, que procurava habitualmente esta pitoresca zona.

Até ao Cabo Creus, as praias de areia e pedra com fundos rochosos, as montanhas com escarpas e vinhedos que chegam à boda de água, são a paisagem característica.

Depois de se voltar a subir novamente até bem alto, onde a serra é árida e os ventos sopram sem parar. Lá no alto é estrada e mais estrada, curva e contra-curva e ao cair da noite, começámos a descer a serra, para a chegada ao crepúsculo a Cadaqués

Fonte: cbrava.com

Collioure

"Não há em França céu mais azul do que o de Collioure... Ao fechar as persianas do meu quarto, fecho todas as cores do Mediterrâneo "

Henri Matisse

Saímos de Grignan ao fim da tarde e dirigimo-nos para a costa Sul Francesa. A intensão era ir dormir a Collioure, uma vila situada na costa mediterrânea.

No extremo sul de França, a 26 quilómetros da fronteira espanhola, encontra-se a idílica vila piscatória de Collioure, uma jóia plantada na costa rochosa, possuindo um ambiente repousante e protegido.

A pernoita fez-se na sua AS para ACs, situada junto ao parque de campismo de Collioure, que foi construído numa colina, estando as zonas de estacionamento, dispostas em socalcos, com vista para a colina oposta. Na manhã seguinte, o acordar foi sob um sol radioso. Ali mesmo ao nosso lado, um pequeno Epagnol Breton fez-nos sentir em casa.

Depois saímos com a AC e descemos até ao porto situado na enseada de Collioure. Deixámos a AC estacionada no parque junto do Forte/Castelo Real e fomos conhecer a velha povoação histórica.

O seu pequeno porto está situado numa abrigada enseada, onde as águas do Mar Mediterrâneo depois de rebentarem nos contrafortes rochosos das montanhas dos Pirenéus, entram calmas pela baía a dentro.

Um clima ensolarado quase todo o ano, é garantido pela protecção dos ventos norte, pela cadeia transmontana de Collioure, fazendo desta pequena vila um sitio exclusivo, onde o bem-estar e estilo de vida ("art de vivre"), têm as suas origens nas populações catalãs de outrora.

Várias praias e enseadas de seixos e águas cristalinas, completam o conjunto de predicados deste recanto da costa Sul francesa, contribuindo para que este seja um lugar escolhido por muitos, para as suas férias de Verão.

A vila está rodeada de vinhas em socalcos que se estendem pelas colinas atrás da cidade e que além de produzirem um vinho tinto encorpado, também oferecem uvas das castas Banyuls e Maury, para o fabrico de vinhos doces naturais, excelentes aperitivos, designados por "vinho do deserto", devido à aridez das colinas viradas ao mar.

A sua particular abertura ao Mar Mediterrâneo, facilitando a defesa relativamente a invasores, fizeram sempre de Collioure um lugar muito cobiçado.

A herança de Collioure é o resultado de tudo o que um rico passado histórico foi lentamente acumulando, transformando, destruindo e reconstruindo. Collioure foi desde a antiguidade o destino de muitos navegadores fenícios, romanos e gregos, o que se pode comprovar pelos ricos e diversificados achados arqueológicos, que ali se têm encontrado.

Em 673 o rei visigodo Wamba, ocupa Collioure e dá-lhe o nome de "Caucoliberis”, confirmando-se o seu papel como porto comercial.
Desde 981, o Conde de Roussillon e os reis de Maiorca, contribuíram para desenvolver e fortalecer Collioure. A vila foi entre os anos de 1276 a 1344, a residência de Verão dos reis de Maiorca.
Na Idade Média ali aportaram muitos cruzados, que por ali ficavam para descanso, antes de seguiram para a Terra Santa, como os Templários em 1207 (daí a famosa lenda na região, da existência de um "tesouro dos Templários"), os cistercienses em 1242 e os dominicanos em 1280.
Mais tarde, a descoberta da América, no séc. XV dá origem ao declínio gradual da actividade no porto de Collioure, que nessa época pertencia à Catalunha.

Como ponto estratégico da costa catalã, Collioure apresentava já nessa época, uma extensa rede de fortificações.

De 1462 a 1493, Collioure sofre a ocupação francesa no reinado de Luís XI, mas os catalães voltaram a ocupa-la mais tarde. No entanto, no ano de 1642, a cidade é novamente ocupada pelas tropas francesas, sendo nessa época que são alteradas as fortificações, dando a Collioure a sua aparência actual.

Em 1659, o Tratado de Roussillon - Pirinéus ligará a povoação definitivamente à coroa francesa.

Collioure no início do séc. XX tornou-se um centro de actividade artística, com a chegada à povoação de vários artistas "Fauvistas" ((do francês "les fauves" - "as feras", como foram chamados os pintores não seguidores do cânone impressionista, vigente na época e que foi uma corrente artística do início do séc. XX), tornando-se o seu lugar de encontro. Georges Braque, Henri Matisse, Pablo Picasso, entre outros, que foram moradores ilustres de Collioure, inspirando-se nas belezas naturais do lugar.

São lugares a visitar, o Castelo Real, medieval, as ruas medievais, o farol convertido na igreja de Notre-Dame-des-Anges, não se devendo perder o desfrute de uma bela refeição de mariscos outros frutos do mar, sentados nas magníficas esplanadas de qualquer um dos restaurantes situados nas docas da sua baía típica ligada ao Mediterrâneo.

No cemitério de Collioure, encontra-se o túmulo do poeta espanhol António Machado, que para ali foi, depois de fugir para escapar ao avanço das tropas franquistas no final da Guerra Civil Espanhola, em 1939.

Também ali viveu o romancista britânico Patrick O’Brian, desde 1949 até à sua morte em 2000. No seu romance “Os catalães”, O’Brian descreve a vida de Collioure, antes das grandes mudanças históricas, que tornaram francesa a povoação.

É também dele uma biografia de Picasso, que era seu conhecido. O'Brian e sua esposa Maria, também estão enterrados no cemitério da cidade.

Fonte: Site oficial de Colloure / Wikipédia

Visita ao Château de Grignan

A visita a Grignan e ao seu belo castelo deixa qualquer um com o sentimento de estar a viver uma espécie de encantamento, pois ali estamos em presença de um Castelo da Renascença, circundado por uma muralha da Idade Média. Uma muralha que não se distingue do próprio rochedo onde está implantada, numa completa fusão das épocas, aliada a um perfeito entrelaçamento da mão do homem e da mão de Deus.

À noite ao chagármos, a visão da cidade é arrebatadora. De dia o encantamento é total, pela visão do povoado no seu todo e pela vista que dele se alcança. Ao longe, uma cadeia de montanhas e, na planície, a luz da vinha, dos campos de girassol e de lavanda, amarelos e roxos.
Mas Grignan também arrebata pela aura literária. Porque no castelo morou Madame de Grignan, a filha e a destinatária de centenas de cartas de Madame de Sévigné, a maior correspondente da literatura francesa.

A visita ao Château de Grignan permite descobrir peças notáveis, como tapeçarias de Aubusson, magníficos móveis e quadros com retratos de familiares dos proprietários do castelo, entre os quais se encontra um de Madame de Sévigné.
A partir do primeiro pátio interior, formando o ângulo oriental da fachada restaurada, dita de Francisco I, encontra-se uma torre ligeiramente em relevo, a Torre Sévigné. Esta torre foi construída em puro estilo renascentista original do século XVI, possuíndo dois andares.

O primeiro andar esteve outrora ocupado pelo gabinete de trabalho da Madame de Sévigné, de onde lhe adveio o nome. A torre escapou ao vandalismo e um dos últimos proprietários do castelo, fê-la consolidar e reparar imediatamente, após a tomada de posse da propriedade.

Não há como fazer a visita ao castelo, sem nos interessarmos por essa grande dama. Quem era Madame de Sévigné e por que escrevia?

Quem lê as cartas fica a saber que o amor maternal é sem dúvida para Madame de Sévigné, o mais sublime de todos, e que a sua filha era a sua musa.

Por ter sido a morada da destinatária dessas cartas de amor maternal e da própria Madame de Sévigné, o Châteaux de Grignan incita a refletir sobre o amor. E quem fica sabendo da história da restauração do castelo não tem como não pensar, que foi mais uma vez o amor, que o salvou...




Grignan


Depois de sairmos de Genéve, viajámos até tarde por terras de França a caminho do Sul. A nossa intenção era ir dormir à pequena vila de Grignan, uma povoação histórica, aonde chegámos por volta das 02h00 da madrugada.

O local de pernoita foi num recatado parque, com vista para o conjunto urbano, constituído pelo castelo e o casario iluminado à sua volta, situado junto de um aromático campo de lavanda, que se estende aos pés do povoado.

A noite decorreu sossegada e o sono correu solto. O dia escaldante que lhe sucedeu acordou-nos relativamente cedo e a sorte foi a AC estar estacionada e protegida debaixo de frondosas árvores centenárias.

Grignan é uma pequena povoação da Provença Francesa, rodeada de campos de lavanda e situada perto de Mont Ventoux, a montanha mais alta da Provença, na região de Ródano-Alpes.


Esta bonita e emblemática povoação de Grignan, desenvolve-se à volta de uma elevação rochosa, que apresenta ainda hoje muitos traços medievais, possuindo no alto do rochedo um magnífico Castelo Renascentista, que é mencionado e imortalizado nas cartas que Madame de Sévigné escreveu para sua filha, Madame de Grignan, no século XVII.
O Château de Grignan, cuja origem remonta ao século XII, foi construído sobre o pico rochoso dominando Grignan, o que permite que seja visível ao longe. O edifício primitivo foi transformado em fortaleza, no século XIII, pela família Adhémar.

Localizada no terraço do castelo, existe uma igreja que foi construída entre 1535 e 1539, a pedido de Luís Adhemar. A fachada renascentista é flanqueada por duas torres quadradas de estilo gótico e possui uma bela rosácea. Dentro desta igreja existe um impressionante altar do século XVII e um órgão. No chão em frente ao altar de mármore há uma pedra funerária que marca a entrada selada para o túmulo de Madame de Sévigné, que ali morreu e foi sepultada em 1696.
Segundo alguns historiadores, no ano 1035, num "cartulaire" (um livro da igreja com títulos de propriedade pertencentes ao mosteiro) da Abadia de Saint-Chaffre de Haute-Loire, faz já menção de um antigo e obscuro "Gradignanum Castellum".

No século seguinte, o nome evoluiu para se tornar no castrum Grainan (1105), sabendo-se muito pouco sobre o real nascimento do castelo ou daqueles que o construíram.

A existência de um certo Christophe de Grignan foi encontrada por volta do ano 1030 e, em 1035, o “cartulaire” de Saint-Chaffre, já fala de um "Château de Grignan".


Um século mais tarde, de acordo com vários documentos, a família Grignan parece ter-se ali definitivamente estabelecido. É justamente nessa época que os Grignans parecem ter perdido a posse do castelo, que ainda hoje sustenta o seu nome. Começando em 1239, os registos mostram que o Château de Grignan deixou de pertencer aos Grignans, passando para a família de Adhémar de Monteil.
A construção no local do actual Château de Grignan, foi originalmente iniciada no século XII, mas no século XIII a família Adhémar expandiu-o transformando-o numa poderosa fortaleza. A expansão do castelo coincidiu com o aumento do poder dos Adhémars de Grignan. A partir do século XIII, os Adhémars, receberam o título de Barões, que mais tarde foi elevado à categoria de Condes através de Henry II, rei da França.

O Château de Grignan progressivamente tornou-se um baluarte imponente e a linha familiar Adhémar terminou, quando Louis Adhémar morreu sem um herdeiro em 1559.


Os títulos e posses de Luís Adhemar, Conde de Grignan, passaram para o seu sobrinho Gaspard de Castellane, filho de uma irmã de Louis Adhémar, Blanche Adhemar. Embora os Adhémars fossem uma família ilustre, em termos de nobreza e glória, rivalizavam com clã Castellane.
Louis Adhemar, governador da Provença, remodelou o castelo medieval de 1545 a 1558. O castelo acabou mais tarde por ser herdado por François de Castellane de Ademar de Monteil de Grignan, que acumulou ao mesmo tempo os títulos de Duque de Termoli, Conde de Grignan, Conde de Campobasso e Barão de Entrecasteaux, bem como o de Cavaleiro a serviço do rei Louis XIV. Foi também governador-geral da Provença, e da cidade de Orange.
Em 1600, François de Ademar de Monteil transformou a fortaleza numa residência de luxo e de 1668 a 1690, François de Castellane-Adhemar transformou-o num sumptuoso palácio renascentista.


François, o último Conde de Grignan, ficou duas vezes viúvo (sua primeira esposa foi Angélique-Clarisse d'Angiennes, filha do marquês de Rambouillet, e a segunda foi Marie-Angélique du-Puy du Fou).


Para o terceiro casamento, François escolheu Marguerite de Sévigné, cujo casamento foi celebrado no dia 27 de Janeiro de 1669. Marguerite de Sévigné, filha da Marquesa do mesmo nome, uma ilustre mulher, com jeito especial para a escrita, imortalizada nas cartas que escreveu, tendo dessa forma perpetuado a memória de seu genro e do seu castelo, até aos nossos dias.
Depois deste casamento o palácio tornou-se num local de encontro da sociedade de elite. Nos seus salões, a Condessa de Grignan, rodeada por prelados, escritores e cortesãos, parecia uma "vice-Rainha da Provença", como lhe chamaram certos autores.


Além das cartas imortais endereçadas à sua filha, a Marquesa de Sévigné expandiu o brilho do seu espírito nessas reuniões faustosas, cujo eco se repercutiu até Paris. Nessa época, Grignan merecia bem o nome que lhe deram, o de “Versailles du Midi”.



Madame de Sévigné estava separada de sua filha, dividindo as suas estadias pela Bertanha, onde possuia uma propriedade e por Paris onde mantinha casa, tendo nas estadias nestas suas propriedades, começado a sua famosa correspondência.
A Marquesa regressou três vezes ao Château de Grignan para passar longas estadias. Assim Madame de Sévigné viajou três vezes de Paris até à Provence, isto é, até Grignan, a fim de passar algum tempo com sua filha e seu genro. Primeiro com uma estadia de 14 meses, com início em 1672, e da segunda vez, 14 meses com início em 1690, antes de uma rápida viagem à Bretanha. A terceira estada foi de 22 meses, acabando esta com a sua morte em 1696.


Madame de Sévigné apenas permaneceu pouco menos de quatro anos no total, nesta zona de França, mas que acabou por ocupar tanto espaço em seu coração e nas memórias imortalizadas nas suas cartas.

As festas luxuosas haviam arruinado o Conde de Grignan, pelo que, logo que ele morreu, no dia 30 de Dezembro de 1714, todos os seus bens foram vendidos.

Um gentil-homem de origem piemontesa, o Conde Félix de Muy adquiriu o palácio com as suas dependências. Depois da Revolução Francesa, o sobrinho do Conde Félix, o general Conde de Muy, fugiu e abandonou o palácio. Foi determinada a demolição do palácio, por uma ordem a 31 de Dezembro de 1793 e durante os primeiros anos que se seguiram à destruição do palácio, o vandalismo reinou entre as suas ruínas.

Depois de passar por vários proprietários, o castelo foi reconstruído no início de 1900 por Madame Fontaine, que o adquiriu em 1912. A sua nova proprietária, gastou toda sua fortuna para o restaurar e o dotar da sua antiga grandeza, transformando-o num lugar importante da história regional da Provença. Actualmente, o castelo pertence ao departamento de Drôme e é hoje uma grande atracção turística.

Fonte: Wikipédia