AS VOLTAS DO VENTO
Grignan
Depois de sairmos de
Genéve
, viajámos até tarde por terras de
França
a caminho do Sul. A nossa intenção era ir dormir à pequena
vila de Grignan
, uma povoação histórica, aonde chegámos por volta das 02h00 da madrugada.
O local de pernoita foi num recatado parque, com vista para o conjunto urbano, constituído pelo castelo e o casario iluminado à sua volta, situado junto de um aromático campo de lavanda, que se estende aos pés do povoado.
A noite decorreu sossegada e o sono correu solto. O dia escaldante que lhe sucedeu acordou-nos relativamente cedo e a sorte foi a AC estar estacionada e protegida debaixo de frondosas árvores centenárias.
Grignan
é uma pequena povoação da
Provença Francesa
, rodeada de campos de lavanda e situada perto de
Mont Ventoux
, a montanha mais alta da Provença, na região de
Ródano-Alpes
.
Esta bonita e emblemática povoação de
Grignan
, desenvolve-se à volta de uma elevação rochosa, que apresenta ainda hoje muitos traços medievais, possuindo no alto do rochedo um magnífico
Castelo Renascentista
, que é mencionado e imortalizado nas cartas que
Madame de Sévigné
escreveu para sua filha,
Madame de Grignan
, no século XVII.
O
Château de Grignan
, cuja origem remonta ao século XII, foi construído sobre o pico rochoso dominando
Grignan
, o que permite que seja visível ao longe. O edifício primitivo foi transformado em fortaleza, no século XIII, pela família
Adhémar
.
Localizada no terraço do castelo, existe uma igreja que foi construída entre 1535 e 1539, a pedido de
Luís Adhemar
. A fachada renascentista é flanqueada por duas torres quadradas de estilo gótico e possui uma bela rosácea. Dentro desta igreja existe um impressionante altar do século XVII e um órgão. No chão em frente ao altar de mármore há uma pedra funerária que marca a entrada selada para o túmulo de
Madame de Sévigné
, que ali morreu e foi sepultada em 1696.
Segundo alguns historiadores, no ano 1035, num "cartulaire" (um livro da igreja com títulos de propriedade pertencentes ao mosteiro) da
Abadia de Saint-Chaffre
de
Haute-Loire
, faz já menção de um antigo e obscuro
"Gradignanum Castellum".
No século seguinte, o nome evoluiu para se tornar no
castrum Grainan
(1105), sabendo-se muito pouco sobre o real nascimento do castelo ou daqueles que o construíram.
A existência de um certo
Christophe de Grignan
foi encontrada por volta do ano 1030 e, em 1035, o “cartulaire” de
Saint-Chaffre
, já fala de um
"Château de Grignan"
.
Um século mais tarde, de acordo com vários documentos, a
família Grignan
parece ter-se ali definitivamente estabelecido. É justamente nessa época que os
Grignans
parecem ter perdido a posse do castelo, que ainda hoje sustenta o seu nome. Começando em 1239, os registos mostram que o
Château de Grignan
deixou de pertencer aos
Grignans
, passando para a família de
Adhémar de Monteil
.
A construção no local do actual
Château de Grignan
, foi originalmente iniciada no século XII, mas no século XIII a
família Adhémar
expandiu-o transformando-o numa poderosa fortaleza. A expansão do castelo coincidiu com o aumento do poder dos
Adhémars de Grignan
. A partir do século XIII, os
Adhémars
, receberam o título de Barões, que mais tarde foi elevado à categoria de Condes através de
Henry II
, rei da França.
O
Château de Grignan
progressivamente tornou-se um baluarte imponente e a linha familiar
Adhémar
terminou, quando
Louis Adhémar
morreu sem um herdeiro em 1559.
Os títulos e posses de
Luís Adhemar
,
Conde de Grignan
, passaram para o seu sobrinho
Gaspard de Castellane
, filho de uma irmã de
Louis Adhémar
,
Blanche Adhemar
. Embora os
Adhémars
fossem uma família ilustre, em termos de nobreza e glória, rivalizavam com clã
Castellane
.
Louis Adhemar
, governador da Provença, remodelou o castelo medieval de 1545 a 1558. O castelo acabou mais tarde por ser herdado por
François de Castellane de Ademar de Monteil de Grignan
, que acumulou ao mesmo tempo os títulos de
Duque de Termoli
,
Conde de Grignan
,
Conde de Campobasso
e
Barão de Entrecasteaux
, bem como o de
Cavaleiro
a serviço do
rei Louis XIV
. Foi também governador-geral da
Provença
, e da cidade de
Orange
.
Em 1600,
François de Ademar de Monteil
transformou a fortaleza numa residência de luxo e de 1668 a 1690,
François de Castellane-Adhemar
transformou-o num sumptuoso palácio renascentista.
François
, o último
Conde de Grignan
, ficou duas vezes viúvo (sua primeira esposa foi
Angélique-Clarisse d'Angiennes
, filha do marquês de Rambouillet, e a segunda foi
Marie-Angélique du-Puy du Fou
).
Para o terceiro casamento,
François
escolheu
Marguerite de Sévigné
, cujo casamento foi celebrado no dia 27 de Janeiro de 1669.
Marguerite de Sévigné
, filha da Marquesa do mesmo nome, uma ilustre mulher, com jeito especial para a escrita, imortalizada nas cartas que escreveu, tendo dessa forma perpetuado a memória de seu genro e do seu castelo, até aos nossos dias.
Depois deste casamento o palácio tornou-se num local de encontro da sociedade de elite. Nos seus salões, a
Condessa de Grignan
, rodeada por prelados, escritores e cortesãos, parecia uma
"vice-Rainha da Provença",
como lhe chamaram certos autores.
Além das cartas imortais endereçadas à sua filha, a
Marquesa de Sévigné
expandiu o brilho do seu espírito nessas reuniões faustosas, cujo eco se repercutiu até
Paris
. Nessa época,
Grignan
merecia bem o nome que lhe deram, o de
“Versailles du Midi”.
Madame de Sévigné
estava separada de sua filha, dividindo as suas estadias pela
Bertanha
, onde possuia uma propriedade e por
Paris
onde mantinha casa, tendo nas estadias nestas suas propriedades, começado a sua famosa correspondência.
A Marquesa regressou três vezes ao
Château de Grignan
para passar longas estadias. Assim
Madame de Sévigné
viajou três vezes de
Paris
até à
Provence
, isto é, até
Grignan
, a fim de passar algum tempo com sua filha e seu genro. Primeiro com uma estadia de 14 meses, com início em 1672, e da segunda vez, 14 meses com início em 1690, antes de uma rápida viagem à
Bretanha
. A terceira estada foi de 22 meses, acabando esta com a sua morte em 1696.
Madame de Sévigné
apenas permaneceu pouco menos de quatro anos no total, nesta zona de França, mas que acabou por ocupar tanto espaço em seu coração e nas memórias imortalizadas nas suas cartas.
As festas luxuosas haviam arruinado o
Conde de Grignan
, pelo que, logo que ele morreu, no dia 30 de Dezembro de 1714, todos os seus bens foram vendidos.
Um gentil-homem de origem piemontesa, o
Conde Félix de Muy
adquiriu o palácio com as suas dependências. Depois da
Revolução Francesa
, o sobrinho do
Conde Félix
, o
general Conde de Muy,
fugiu e abandonou o palácio. Foi determinada a demolição do palácio, por uma ordem a 31 de Dezembro de 1793 e durante os primeiros anos que se seguiram à destruição do palácio, o vandalismo reinou entre as suas ruínas.
Depois de passar por vários proprietários, o castelo foi reconstruído no início de 1900 por
Madame Fontaine
, que o adquiriu em 1912. A sua nova proprietária, gastou toda sua fortuna para o restaurar e o dotar da sua antiga grandeza, transformando-o num lugar importante da história regional da
Provença
. Actualmente, o castelo pertence ao departamento de
Drôme
e é hoje uma grande atracção turística.
Fonte: Wikipédia
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