Sevilha

Quando chegámos a Sevilha já era noite, e fomos de imediato procurar hotel. Cansados da viagem dormimos cedo, e só no dia seguinte fomos ver a cidade, já por nós sobejamente conhecida.
Sevilha é uma cidade espanhola situada a sudoeste da Península Ibérica, e capital da província homónima, na Comunidade Autónoma da Andaluzia. É a quarta maior cidade de Espanha (699.145 habitantes) e quarta maior área metropolitana por número de habitantes.
É a cidade dramática do flamengo e da tourada, boémia dos estudantes e bons vivants, mas também popular nos seus bairros mais castiços. Tão exótica quanto tradicionalista, é cenário de um quotidiano que parece ensaiado e em que nós, seus visitantes, somos os espectadores.
Em Sevilha a tradição anda muito perto do que sempre foi. Feita de alegria, religiosidade, flamengo, touros, cavalos e convívio. E, claro, do Guadalquivir, Bairro de Santa Cruz, Praça de Espanha, da Catedral,(imensa, cuja construção foi adaptada a partir de uma antiga mesquita) e Giralda,(a torre símbolo da cidade que faz parte da Catedral) da Plaza de la Maestranza e dos Alcazares Reais.
É uma cidade de movimentos lentos, mas intensos, diria mesmo, teatrais. Um palco onde os protagonistas, seus habitantes, teimam em perpetuar uma alma muito própria - a alma andaluza.
Povo autêntico, zeloso dos seus hábitos e cultura, é caloroso sem procurar agradar. Cede devagarinho ao ritmo uniformizador da globalização, pelo que a música é cantada em castelhano; nas montras, um belo traje à sevilhana é mais cobiçado que qualquer Prada ou Dior; e as tapas, saboreadas lentamente, mantêm-se como o sustento de eleição.
Em Sevilha, pressa é palavra desconhecida: todos vivem num compasso morno. Diria que de espera, para explodir em dias de "fiesta". Não adianta procurar saber porquê. Afinal, os tartéssicos, gregos, romanos, visigodos, árabes e cristãos levaram 2700 anos a costurar uma cidade assim. Podemos observar nela as marcas deixadas pelos seus primeiros povoadores, os Tartéssicos, que além de possuírem uma cultura muito elevada era um povo pacífico e culto; a sua existência chegou até nós através das crónicas gregas e dos achados arqueológicos.
Descobrir esta cidade é conhecer o seu estilo de vida, a personalidade das suas gentes, respeitar o seu ritmo e deixarmo-nos enredar no bulício do seu quotidiano.
Passar as primeiras horas da manhã no tranquilo Parque Maria Luísa, o pulmão da cidade, é uma alternativa deliciosa ao alvoroço das artérias que passam, quase por milagre, mesmo ali ao lado.
À saída do Jardim, a caminho da Catedral encontramos a Praça de Espanha, um dos símbolos da Sevilha actual. Esta majestosa praça, foi projectada para a Exposição Ibero-Americana de 1929, por Anibal González, um dos arquitectos mais célebres da cidade no século passado.
Construída em tijolo e cerâmica, em forma semicircular, rematada por uma torre em cada ponta, parece estar de braços abertos, a acolher todos os que por lá passam. Para que de perto observem os seus painéis de azulejaria, dedicados a cada uma das províncias espanholas.
Durante a caminhada, tropeçamos, em edifícios e monumentos, que nos seus estilos arquitectónicos diversos, gótico, renascentista, clássico e modernista, testemunham a antiguidade de Sevilha, e lhe conferem o carisma, comum apenas às cidades com história.
Não devemos deixar Sevilha sem visitar Triana, um bairro histórico, mas operário, onde nasceu o flamengo e onde o enorme número de turistas, ainda não desfigurou o ambiente castiço, sendo por esse motivo, uma boa opção - Triana, o bairro do flamengo. Foi neste arrabalde marinheiro que nasceram toureiros, cantoras e bailarinas de flamengo, e onde a dança surge, ainda hoje, de forma espontânea. É nesta zona que se concentra grande parte da animação nocturna de Sevilha e alguns dos melhores bares de tapas.
Esta cidade proporciona em vários recantos momentos floridos: os Jardins Murillo que dão para o Alcazar, o Valle na zona histórica, o Parque dos Príncipes em Triana, ou a margem direita do Guadalquivir toda ajardinada por ocasião da Expo 92. Afinal, Sevilha é a cidade das laranjeiras, onde os árabes que aí se estabeleceram, do século VIII ao XIII, deixaram entre vários legados o culto pela natureza, evidente nos seus jardins, repletos de cascatas e canais, jasmins e buganvílias.
Os espectáculos de flamengo, ficam do outro lado do Guadalquivir. Atravessada a Ponte San Telmo, devemos percorrer a colorida Calle Bétis, experimentando as esplanadas à beira-rio, enquanto ensaiamos a arte de "tapear" - vocábulo indispensável na Andaluzia que se refere à habilidade de ir parando de bar em bar a saborear pratinhos de petiscos, acompanhados por uma cerveja ou o típico manzanilla, vinho fino e seco.
Os espectáculos de flamengo, ficam do outro lado do Guadalquivir. Atravessada a Ponte San Telmo, devemos percorrer a colorida Calle Bétis, experimentando as esplanadas à beira-rio, enquanto ensaiamos a arte de "tapear" - vocábulo indispensável na Andaluzia que se refere à habilidade de ir parando de bar em bar a saborear pratinhos de petiscos, acompanhados por uma cerveja ou o típico manzanilla, vinho fino e seco.
Os sevilhanos afirmam que daqui se desfruta de uma das melhores vistas da cidade, pelo que é a altura ideal para aproveitar o panorama: à nossa frente fica o Bairro do Arenal e a Plaza de la Maestranza, e ao fundo a Giralda, à direita a Torre do Ouro, (do século XIII), reluzente sob sol quente do Mediterrâneo.
Badajoz










É a capital do Sul da Estremadura, a apenas quatro quilómetros de Portugal, é agora uma moderna cidade industrializada.
A parte antiga, merece uma visita cuidada, nomeadamente a zona em redor da Catedral de San Juan Bautista, dos séculos XIII-XVIII e com um interior rico e um belo claustro.
As obras de construção da Catedral de San Juan Bautista de Badajoz iniciaram-se em 1232, embora só em 1276 tenha sido inaugurada e consagrada a São João Baptista; a construção prolongou-se até ao século XV, embora tenha havido acrescentos no século XVIII.
A catedral possui três portais notáveis: a Puerta de San Juan, a Puerta del Cordero e a Puerta de San Blas. Vista do exterior, a catedral assemelha-se a uma fortaleza, com paredes grossas, ameias e uma poderosa torre-campanário de 11 metros de largura, que é o seu elemento mais destacado, com 41 metros de altura; o projecto original previa duas torres, uma de cada lado do templo, mas só uma foi construída.
Badajoz, foi fundada em 875 pelos mouros e tornou-se na capital do poderoso reino taifa, muçulmano. Passou para a soberania de Castela em 1230. Foi ao longo dos séculos prejudicada pelas lutas entre Portugal e Espanha, tendo sido ocupada pelos portugueses em 1386 e quase completamente destruída num cerco em 1705. É hoje um importante centro económico espanhol.
Elvas






Às portas de Espanha, distando a apenas 15 quilómetros de Badajoz (cidade fronteiriça espanhola), Elvas é uma linda cidade amuralhada, sendo a praça-forte mais importante da fronteira portuguesa, tendo sido por isso cognominada "Rainha da Fronteira".
Os Godos e os Celtas terão sido os primeiros povoadores desta autentica "cidade-fortaleza", que hoje se estende para alem das suas muralhas em forma de estrela.
Os Romanos deram-lhe o nome “Helvas” e por cá andaram até ao ano de 714, altura em que os Árabes a dominaram, deixando tantas marcas da sua presença, que algumas ainda perduram até aos nossos dias.
No reinado de D. Afonso Henriques, mais precisamente em 1166, Elvas foi conquistada aos Mouros pela primeira vez; posteriormente foi reconquistada e perdida de novo, sendo integrada definitivamente em território português por D. Sancho II de Portugal, em 1229.
O primeiro foral foi-lhe outorgado no mesmo ano, por D. Sancho II; teve um novo foral em 1513, concedido por D. Manuel I de Portugal, que marcou a elevação de Elvas à categoria de cidade.
A 14 de Janeiro de 1659, as suas linhas de muralhas e os fortes de Santa Luzia e da Graça tiveram um papel defensivo e importante no desfecho da Guerra da Restauração, na Batalha das Linhas de Elvas.
A caminho de Marrocos
Os preparativos para a viagem começaram com alguma antecedência, uma vez que, eram necessários passaportes e vistos de entrada em Marrocos.
O percurso para ir e voltar foi decidido:
1º Dia - Partida de casa/Elvas/Badajoz/Sevilha;
2º Dia - Sevilha/Algeciras/Tanger;
3º Dia - Tanger;
4º Dia - Tanger/Rabat;
5º Dia - Rabat;
6º Dia - Rabat/Casablanca;
7º Dia - Casablanca;
8º Dia - Casablanca/Berrechid/Settat/Marrakech;
9º e 10º Dia - MarraKech;
11º Dia - Marrakech/Beni-Mellal/Azrou/Ifrane/Fez;
12º Dia - Fez;
13º Dia - Fez/Meknes/Tetouan;
14º Dia - Tetouan/Ceuta;
15º Dia - Ceuta;
16º Dia -Ceuta/Algeciras/Sevilha;
17º Dia - Sevilha/Chegada a casa.
Agosto de 1988 em Marrocos

Recordar esta viagem, vai ser como rejuvenescer 20 anos, pois foi à precisamente 20 anos que a fizemos. Marrocos é um país quente, e em Agosto é de um calor quase insuportável.
Ao pensar nisto e na inicial ideia de rejuvenescimento, lembrei-me de um mito da antiga cultura mediterrânea sobre o rejuvenescimento das águias. De tempos a tempos, reza o mito, a águia, como a fénix egípcia, se renova totalmente. Ela voa cada vez mais alto até chegar perto do sol. Então as penas incendeiam-se e toda ela começa a arder. Quando chega a este ponto, precipita-se do céu e lança-se qual flecha nas águas frias de um lago. Através desta experiência de fogo e de água, a velha águia rejuvenesce totalmente (fénix renascida). Volta a ter penas novas, garras afiadas, olhos penetrantes e o vigor da juventude. Seguramente este mito constitui o substrato de um salmo da bíblia, que diz: "O Senhor faz com que minha juventude se renove como uma águia". Assim sendo, vamos ver se depois de recordar esta viagem, e ao olhar para o espelho, verei novamente os olhos brilhantes da menina mulher que fui.
Dos mares às montanhas, passando pela imensidão do deserto do Sahara e seus belos oásis, Marrocos é um país de contrastes com as suas enormes praias e suas cidades ao mesmo tempo históricas e cosmopolitas. Aqui se fundem o Oriente e o Ocidente, a África e o mundo Mediterrâneo, não só na arquitectura, mas também na gastronomia, no folclore, no artesanato e em tantos outros aspectos da vida deste país.
Partida para o final da viagem
O dia 3 de Janeiro de 2007, foi o último dia de mais uma viagem inesquecível. A caminho de Portugal, percorrendo terras de Espanha, com pouco tempo para parar, assaltaram-me vários pensamentos que me deram algumas certezas.
Quando se viaja não se deve ter qualquer receio. Estar fora do nosso país é como estar no nosso, pois toda a gente nos entende. Mesmo que não se fale a nossa língua, não se deve ter medo: já estivemos em muitos lugares onde não havia maneira de facilmente nos comunicarmos através de palavras, e terminamos sempre encontrando apoio, orientação, e sugestões importantes, e até mesmo pessoas com quem gesticular e trocar, aqui e além algumas frases e palavras com mistura linguistica. E nunca nos perdemos, se tomarmos algumas precauções. Basta ter o cartão do hotel no bolso, e, numa situação extrema, devemos tomar um táxi e mostra-lo ao motorista.
Comprar muito não é uma boa opção. Em viagem só se deve gastar com coisas que não vai precisar de levar, bons espectáculos, peças de teatro, restaurantes, passeios...e só algumas lembranças, que se levam num pequeno saco. Hoje em dia, com o mercado global e a Internet, pode ter-se tudo, em nossa casa, sem precisar carregar o carro ou pagar excesso de peso.
Não se deve querer ver o mundo num mês. Mais vale ficar numa cidade quatro a cinco dias, que visitar cinco cidades numa semana. Uma cidade é como uma pessoa caprichosa, precisa de tempo para ser seduzida e mostrar-se completamente.
Uma viagem é uma aventura. Henry Miller dizia que: "É muito mais importante descobrir uma igreja que ninguém ouviu falar, que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sistina", com demasiados turistas gritando nos nossos ouvidos. Deve ir-se sim à "capela Sistina", mas devemo-nos perder pelas ruas, andar pelos becos, sentir a liberdade de estar à procura de algo que não se sabe o que é, mas que com toda certeza, iremos encontrar, e isso mudará a nossa vida, pois nunca mais o esqueceremos.
E finalmente, não comparar o país visitado com o nosso. Não se deve comparar nada, nem preços, nem limpeza, nem qualidade de vida, nem meios de transporte, nada! Não se viaja para se provar que vivemos melhor que os outros; a nossa procura, na verdade, é saber como os outros vivem, o que nos podem ensinar, como enfrentam a sua realidade e como vivem o extraordinário da vida.
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