Partida para o final da viagem

O dia 3 de Janeiro de 2007, foi o último dia de mais uma viagem inesquecível. A caminho de Portugal, percorrendo terras de Espanha, com pouco tempo para parar, assaltaram-me vários pensamentos que me deram algumas certezas.
Quando se viaja não se deve ter qualquer receio. Estar fora do nosso país é como estar no nosso, pois toda a gente nos entende. Mesmo que não se fale a nossa língua, não se deve ter medo: já estivemos em muitos lugares onde não havia maneira de facilmente nos comunicarmos através de palavras, e terminamos sempre encontrando apoio, orientação, e sugestões importantes, e até mesmo pessoas com quem gesticular e trocar, aqui e além algumas frases e palavras com mistura linguistica. E nunca nos perdemos, se tomarmos algumas precauções. Basta ter o cartão do hotel no bolso, e, numa situação extrema, devemos tomar um táxi e mostra-lo ao motorista.
Comprar muito não é uma boa opção. Em viagem só se deve gastar com coisas que não vai precisar de levar, bons espectáculos, peças de teatro, restaurantes, passeios...e só algumas lembranças, que se levam num pequeno saco. Hoje em dia, com o mercado global e a Internet, pode ter-se tudo, em nossa casa, sem precisar carregar o carro ou pagar excesso de peso.

Não se deve querer ver o mundo num mês. Mais vale ficar numa cidade quatro a cinco dias, que visitar cinco cidades numa semana. Uma cidade é como uma pessoa caprichosa, precisa de tempo para ser seduzida e mostrar-se completamente.
Uma viagem é uma aventura. Henry Miller dizia que: "É muito mais importante descobrir uma igreja que ninguém ouviu falar, que ir a Roma e sentir-se obrigado a visitar a Capela Sistina", com demasiados turistas gritando nos nossos ouvidos. Deve ir-se sim à "capela Sistina", mas devemo-nos perder pelas ruas, andar pelos becos, sentir a liberdade de estar à procura de algo que não se sabe o que é, mas que com toda certeza, iremos encontrar, e isso mudará a nossa vida, pois nunca mais o esqueceremos.
E finalmente, não comparar o país visitado com o nosso. Não se deve comparar nada, nem preços, nem limpeza, nem qualidade de vida, nem meios de transporte, nada! Não se viaja para se provar que vivemos melhor que os outros; a nossa procura, na verdade, é saber como os outros vivem, o que nos podem ensinar, como enfrentam a sua realidade e como vivem o extraordinário da vida.

Nenhum comentário: