Biarritz



Em 1855, a princesa espanhola Eugénia de Montijo recebeu do marido, o imperador Napoleão III, um palácio voltado para o mar. Desde então, Biarritz, onde foi erguido o "mimo", tem sido ponto de encontro da nobreza europeia, de famosos e de turistas de todo o mundo, que desfilam pelas ruas tranquilas aproveitando a beleza natural e as tradições que surgiram da convivência entre franceses e espanhóis, além de gastar nos casinos locais.

Biarritz fica a pouco menos de uma hora da fronteira com Espanha, na zona francesa do País Basco. Areia fina e águas tranquilas caracterizam as sete praias mais atraentes da cidade. Algumas enseadas acalmam o movimento do mar, nas praias com infra-estruturas para turistas.

Fazendo parte do circuito de surf mundial, Biarritz apresenta-se como uma cidade diferente. O comércio é diversificado, mas a concorrência gira mesmo em torno de produtos relacionados com moda. O gosto pela tradição mostra-se nas lojas de guloseimas, que oferecem irresistíveis doces e chocolates.

Quando a noite cai, a tranquilidade recolhe-se, e Biarritz ferve. A paisagem é ofuscada pela iluminação dos bares, o frenesin de festas e o som das máquinas e apostadores dos casinos.

Antes dos banhistas, eram as baleias que invadiam as águas calmas da enseada de Biarritz. Vamos pensar que estamos na Idade Média. O local é um pequeno porto habitado por nativos craques no manuseio de arpões. Até ao século XVII, os arpões eram usados na matança de baleias, principal sustento dos pescadores. Eles vendiam o óleo do animal, usado como combustível e liga para construções. Os ossos iam para a confecção de cercas e móveis e parte da carne era usada em receitas gastronómicas da região.
Um documento de 1609, relata com indignidade o que aparentemente teria sido um dos primeiros processos de transformação sofridos pela até então pacata Biarritz. O documento, escrito por um observador, classifica como indecorosos os acontecimentos testemunhados: "Uma desordem de meninas e jovens pescadores que se podem ver pelas praias, vestindo apenas umas blusas e divertindo-se sobre as ondas".

Mas foi no começo de 1800 que a cidade começou a ganhar notoriedade. Um dos primeiros grandes nomes a frequentar Biarritz, foi o escritor Victor Hugo (1802-1885), que escreveu em 1843: "É um povoado branco, de telhados vermelhos e janelas verdes, construído sobre um pequeno monte relvado". Como que prevendo o futuro, Victor Hugo registrou mais tarde o temor de que o local pudesse converter-se num lugar da moda... "Esse dia não tardará a chegar", vaticinou o escritor e poeta.

Onze anos mais tarde, o imperador Napoleão III, deu início à construção de sua residência de verão. O palácio que seria um presente a sua mulher, para que esta pudesse ouvir o som das ondas e desfrutar da beleza da paisagem e dos benefícios do clima.

Guiada pela curiosidade ou talvez pela inveja, parte da realeza europeia acabou seguindo os passos do imperador, descobrindo o povoado. Construíram ali palacetes, os reis da Bélgica, de Portugal e de Espanha, além de príncipes russos, poloneses e lordes ingleses, mudando radicalmente Biarritz.

Mas muito ainda estava por vir. No século XX, a cidade teve de dar espaço a casinos e casas de espectáculos. Mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, Biarritz continuou atraindo a elite de várias partes do mundo, além de estrelas do cinema como Rita Hayworth, Frank Sinatra, Gary Cooper e Bing Crosby. Hoje muitos ainda são lembrados e homenageados, com seus nomes baptizando quartos de hotel.
Biarritz é o protótipo de um local elegante e descontraído ao mesmo tempo. Onde as celebridades e a garotada surfista nas praias se misturam sem qualquer esforço, sem qualquer semelhança com a loucura siliconada da Côte d’Azur. A só 15 minutos da fronteira com a Espanha, Biarritz é perfeita, combinando a elegância de um balneário de praia no estilo belle époque, com a paisagem e os sabores diferenciados da região basca.

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