Tanger

No inicio da tarde, deixámos Sevilha com rumo a Algeciras, percorrendo a auto-estrada de Cádiz. Chegados a Algeciras, fomos de imediato para o porto, afim de comprarmos bilhetes e procedermos ao embarque com destino a Tanger, uma vez que a travessia para África, nesta zona (Estreito de Gibralter), leva cerca de 02h30m a 03h00.

Quando chegámos a Tanger, já estava a anoitecer, e logo que desembarcámos, fomos procurar hotel. A procura foi longa, porque nesta época há sempre grande quantidade de emigrantes do norte de África, em viagem do seu país de origem, onde passaram as suas férias, para o país de emigração, ou a caminho das suas férias, na terra natal.

Situada num belo anfiteatro de colinas de onde se domina o Estreito de Gibralter, Tanger é uma cidade cheia de atractivos, não só devido às suas características marroquinas, mas também pela atmosfera cosmopolita que aí se respira. A sua posição estratégica, porta da Europa e de África, valeu-lhe o ser cobiçada durante muitos anos.

Tanger tem aquele encanto melancólico das cidades portuárias. "Veio das planícies nórdicas no bico de uma ave e foi largada em pleno voo no continente africano"... Diz a lenda. Onde dois oceanos se fundem, é encruzilhada de mitos, culturas e religiões. Viu passar caravanas, peregrinos, conquistadores e aventureiros. Fugitivos e desenraizados elegeram-na como lugar de exílio.
Cidade fronteiriça e misteriosa, calhou-lhe um estranho destino. Em Tanger cruzaram-se civilizações diversas, que deixaram algumas marcas na arquitectura, mas que nunca lograram desvanecer sinais relevantes da sua identidade marroquina.
Os Gregos, Fenícios e Romanos construíram cidades neste local. A cidade romana, Tingis, foi sucessivamente conquistada pelos Vândalos (no século V), Bizantinos (no século VI) e Árabes (no século VIII). Em 711, foi o ponto de partida da invasão árabe da Península Ibérica. Outros ocupantes de Tânger foram os Portugueses (1471-1580; 1656-1662), os Espanhóis (1580-1656) e os Ingleses (1662-1684), antes da cidade ser reintegrada no Marrocos Árabe.
Tanger é uma interessante cidade que guarda uma especial atmosfera do passado com o seu bairro mais antigo, o "Kasbah", a Medina e o seu movimentado Socco, mercado público onde os naturais do Rif expõem os seus produtos, especiarias, plantas medicinais, artesanato...
O Grande Socco, é o centro de Tanger, e fica situado junto à cidade antiga, que é dominada pelo seu Kasbah (cidadela), onde fica o Dar al Makhzen (o Palácio do Sultão), cujas salas foram transformadas num museu de arte marroquina, organizado por regiões. Contrastando com a agitação do Socco e do kasbah, estão os jardins da Mendoubia, verdadeiros oásis de paz.

O Museu de Antiguidades Marroquinas fica no Palácio Dar Shorfa. Na cidade antiga ergue-se ainda a Grande Mesquita, do século XVII, construída por Mulay Ismail (1672-1727), o governante que pacificou as tribos guerreiras de Marrocos e expulsou os ocupantes europeus.
A leste e a oeste de Tanger ficam o cabo Malabata, (de onde se pode contemplar a junção do Oceano Atlântico com o mar Mediterrâneo, bem como desfrutar de uma panorâmica sobre a baia de Tanger) e o cabo Spartel, providos de faróis. Entre ambos, numa extensão de cerca de 22 Km, alinham-se praias e baías rochosas de onde se avista Espanha, do outro lado do estreito. Destacam-se ainda, a Porta Dar Niaba e as Grutas de Hércules, junto ao oceano no cabo Spartel.

Nenhum comentário: