O início do nosso primeiro dia nas Astúrias, amanheceu ainda com algumas nuvens, que se foram dissipando à medida que a manhã avançava e o sol começou a espreitar até se tornar radioso.
A saída da autocaravana, por volta das 11h00, foi obrigatória uma vez que ali bem perto, nas encostas junto ao parque de estacionamento, chamavam por mim um grupo de póneis e cavalos asturianos que por ali pastavam. Assim fui-lhes fazer uma visita, aproveitando para me deliciar com a sua presença próxima e com a paisagem envolvente, não deixando de registar em fotografia a incursão que demorou cerca de uma hora.
Nesse dia pretendíamos visitar o Santuário de Covadonga, bem no coração do Parque Nacional do mesmo nome e subir os cerca de 1200 metros até aos lagos Enol e Ercina, que oferecem paisagens de uma beleza incomparável.
Assim e após o almoço pegamos na mota e partimos de Cangas de Onís, dirigido-nos pela estrada em direcção a Covagonga. Depois de alguns quilómetros percorridos e de algumas paragens para visitar e fotografar as lindas aldeias que nos iam aparecendo pelo caminho, começamos a subir para os Picos da Europa e para o Parque Nacional de Covadonga.
Passámos o Santuário de Covadonga, subindo sempre para os lagos, uma vez que optámos por os visitar primeiro. A estrada sinuosa contorce-se nas vertentes e as paisagens magníficas deixam-nos muitas vezes quase sem fôlego, devido à beleza quase indescritível daquele lugar.
Ali o viajante mais atento, ou de coração aberto aos murmúrios da terra, do vento, das sinetas ou mugir do gado à solta pelas serranias e escarpas, poderá descobrir nos mais pequenos gestos ritualizados da natureza, a presença das referências essenciais da identidade de uma das mais belas regiões do país vizinho. E descobrir que a extraordinária beleza desta região toma forma e personalidade, muito para além de uma paisagem de suaves colinas verdejantes ou de respeitáveis montanhas que guardam marcas de velhos glaciares…
Continuando a subir, a próxima etapa leva-nos até aos famosos lagos de Covadonga, vencendo um desnível de mais de mil metros. Pelo caminho passamos pelo Mirador de la Reina, um fantástico mirante virado a norte.
No percurso, os alcantilados rochosos de impressionante recorte alternam com vales e encostas onde se podem observar florestas de faias, tílias e azevinho. A pouco mais de mil metros de altitude surge o Lago Enol e logo seguir o Lago Ercina, de origem glaciar.
Fizemos uma primeira paragem junto ao primeiro lago, para o fotografar e para um descanso e lanche num pequeno bar típico asturiano, com vistas para o lago. Aqui foram provadas algumas das famosas iguarias das Astúrias, como o seu famoso presuntoasturiano e o queijo cabrales de aspecto similar ao queijo roquefort, mas de sabor muito diferente e igual modo saboroso.
Depois foi a vez do lagoErcina, a cerca de 1000 metros de distância para cima do lago Enol, que jaz num planalto calcário abaixo do pico da Peña Santa e apresenta uma melhor infra-estrutura de acolhimento ao visitante, mas o nosso interesse já só residia na observação da paisagem envolvente do lago.
A descida por vezes bastante íngreme, levou a que a que esta se fizesse mais lentamente do que a subida, com algumas paragens estratégicas em miradouros, para observação da paisagem e fotos da praxe.
A paragem seguinte foi no Santuário de Covadonga, junto à basílica neo-românica concluída em 1901, de grande beleza exterior, concebida pelo arquitecto Federico Aparici, em calcário rosa, como uma imitação das grandes catedrais germânicas medievais. Ergue-se magestosa no local da histórica vitória de Pelágio, mas a visita interior não apresenta grande interesse a não ser por via de alguma curiosidade natural.
Junto da Basílica de Covadonga existe uma gruta que é centro de peregrinação religiosa desde o séc. VIII, onde se encontra a Virgem de Covadonga. Há que notar que em dias de festa ou fins-de-semana, pode ser um verdadeiro suplício percorrer o serpenteante caminho de acesso ao santuário desde Cangas de Onís, ou até mesmo a sua sequência para o coração do parque. Por isso e para quem o quiser visitar, o ideal será escolher épocas não festivas ou dias de semana, como foi o nosso caso, quando a pressão turística diminui bastante.
Depois da visita à gruta, descemos até Cangas de Onís, para ainda de dia visitarmos a cidade. A visita ao centro da cidade abriu-nos o apetite e foi ali mesmo em frente á praça principal, que jantámos na esplanada do restaurante El Abuelo (O Avô), a famosa Fabada Asturiana, como entrada, seguida de um prato de salmão grelhado e de ternera com molho de cabrales.
O dono do restaurante, era uma pessoa na casa dos sessenta anos, com uma jovialidade e simpatia enormes, que rindo se intitulava ele próprio de El Abuelo, cativando qualquer cliente, sendo esta por certo a razão da grande clientela dentro do seu estabelecimento.
A partida rumo às Astúrias fez-se após o almoço do dia 9 de Julho. A viajem decorreu sem qualquer sobressalto, sendo feita de esticão, desde casa até Cangas de Onís, com breves paragens pelo caminho, para reabastecimento de combustível ou para petiscar qualquer coisa, durante o caminho.
O tempo estava de chuviscos e com tendência a neblinas fáceis, o que fez com que a viagem tivesse que se fazer mais devagar. Após a entrada em Espanha parámos para jantar o leitão, com batata frita e pão, que tínhamos levado da zona da Bairrada.
Após passarmos a Leon, o tempo melhorou embora o céu ainda estivesse nublado. Já cheia de sono, comecei como de costume, os preparativos para a deita. Deitei-me em andamento e logo adormeci, mas o meu resistente companheiro continuou viagem até ao nosso destino.
A partir de Oviedo e continuando em direcção a leste, chegámos a Cangas de Onís. Desde a entrada em Espanha até Cangas de Onís ainda é um esticão, mas os quilómetros parecem menos, talvez porque neste recanto da Península reina, enfim, uma espécie de irmandade geográfica que parece propiciar e facilitar a vida ao viajante, (ahah).
Cangas de Onís, porta de entrada do Parque Nacional de Covadonga dista uns trinta quilómetros do litoral, tal como de Oviedo. E da capital asturiana aos Picos da Europa, temos também uma hora ou menos, de viagem.
A chegada a Cangas de Onís, pelas 03h00 da madrugada, materializou-se com uma paragem, mesmo à entrada desta pequena cidade, onde fomos recebidos amavelmente por um excelente vento fresquinho e pela bela Ponte Romana sobre o Rio Sella, que se encontrava toda iluminada. Saímos para a fotografar, uma vez que o cenário era absolutamente cativante.
A cidade já se encontrava profundamente adormecida, pelo que fomos à procura do parque de estacionamento que também é estação de serviço para autocaravanas, que nos proporcionou uma boa e tranquila noite de sono...
A agreste orografia do Principado das Astúrias, tem permitido ao longo do tempo, a preservação em cada vale, em cada município ou em cada aldeia, de uma maravilhosa paisagem. Isto permite aos visitantes desfrutar das áreas urbanas, bem como das paisagens selvagens descobrindo antigas formas de vida e costumes.
As Astúrias são uma região bem conhecida pelas suas paisagens verdes, tendo a poucos quilómetros das altas montanhas, a costa Cantábrica, com belas praias e coloridas aldeias piscatórias. Esta é a razão pela qual as incursões nas Astúrias, são uma boa maneira de descobrir as paisagens naturais e o seu rico património.
A cordilheira dos Picos da Europa, cobrem três regiões: Astúrias, Cantábria e Castela e Leão. Segundo a lenda estas belas montanhas receberam o seu nome da boca dos marinheiros, para quem constituíam o primeiro sinal de terra pátria.
Novas tendências na indústria do turismo, como o turismo rural, espalharam-se rapidamente pelas Astúrias, trazendo à região os desportos de aventura, juntamente com outras propostas culturais e de tempos livres para actividades relaxantes, como a canoagem, os passeios a cavalo e as caminhadas.
Esta região é limitada pelas altas montanhas da cordilheira cantábrica, onde se podem encontrar algumas das mais belas reservas naturais da Europa, tais como o Parque Natural dos Picos de Europa e os parques nacionais de Covadonga e Somiedo.
As Astúrias oferecem algumas das mais espectaculares paisagens cénicas da Europa, pois possuem além de belas paisagens de montanha, algumas magníficas paisagens costeiras, bem como cidades e vilas maravilhosas. As montanhas cobrem mais de metade desta região e os seus cumes imponentes e agrestes oferecem cenários magníficos.
O turismo comercial de massas, até agora escapou a esta bela e verde parte de Espanha, o que a torna um destino ideal para o turista mais criterioso, que além de tudo quer ter uma experiência genuína da cultura espanhola.
A região tem um clima imprevisível, o que é um importante elemento dissuasor para o desenvolvimento do mercado turístico de massas, onde as temperaturas médias são, em geral apenas ligeiramente maiores do que as do sul da Inglaterra e a chuva pode ser esperada em qualquer época do ano.
As Astúrias além de nos oferecerem uma enorme beleza natural, possuem uma população com hábitos de cortesia e bons modos. É uma zona de Espanha, onde podemos deixar para trás as pressões e tensões da vida moderna e voltar a um mundo já por nós algo esquecido, onde a passagem do tempo não tem importância.
Com uma economia baseada em métodos agrícolas tradicionais, que continuam a ser amplamente praticados, possui ainda regiões remotas nas montanhas, onde se podem encontrar aldeias que salvaguardam um modo de vida, que pouco mudou ao longo dos séculos.
O pastoreio e a pesca na costa do Cantábrico, são também modos de vida que mantêm uma continuidade que a maioria das outras regiões de Espanha, já perderam.
As Astúrias são também o lar de antigos ritos e crenças e os costumes populares da região estão entre os mais interessantes de Espanha.
À mesa, as Astúrias oferecem a célebre sidra da região e especialidades que recordam sabores rurais, como o "cozido asturiano", ou a típica "fabada asturiana", um suculento guisado de feijão branco, carne de porco e enchidos.
A Sidra é a sua mais tradicional e histórica bebida típica. É um produto natural, com um baixo teor alcoólico, feito a partir de maçãs e servido a através do vazamento a uma boa distância em altura, de uma garrafa de vidro para um copo ou directamente a partir do barril para a garrafa, nas casas de sidra.
Há mais de uma centena de diferentes tipos de queijo nas Astúrias, de excelente qualidade. O mais conhecido é o queijo Cabrales, produzido apenas na vila do mesmo nome e em três aldeias do município de Peñamellera Alta. Este é certamente o mais conhecido queijo azul espanhol (idêntico ao queijo roquefort francês), devido à maneira pela qual os agricultores fazem este queijo de cabra, guardando ciosamente o segredo do seu fabrico.
A proximidade das montanhas com o Mar Cantábrico, nesta pequena região, permite um grande número de diferentes microclimas e habitats, que por sua vez permitem uma enorme diversidade de flora e fauna.
Os altos picos, os desfiladeiros, os verdejantes vales, as planícies férteis e a costa das Astúrias, são o lar de uma variedade de plantas e vida inigualável em qualquer parte da Europa Ocidental. Estes diversos habitats são também a casa de lobos selvagens, de ursos, da camurça e de uma única espécie de gamo, águias douradas e uma raça especial de póneis de origem celta, conhecida como pónei Asturcon.
Nem só de praia e planície se devem fazer as férias, mas também de montanha! Especialmente, quando já não está frio… E assim ganhou corpo a preparação de uma pequena viagem, às Astúrias e mais uma vez aos Picos da Europa.
Aproveitando os feriados do início de Junho, nos dias 10 e 11, partimos dia 9, terça-feira depois do almoço, para mais uma vez viajarmos pelas Astúrias.
As Astúrias são uma zona que faz parte das nossas paixões, onde há sempre coisas novas para ver e fazer, além de tantos e novos segredos por descobrir. Este saltinho às Astúrias há muito tempo que fazia parte de mais um dos nossos planos de viagens a realizar... E garanto que depois desta, muitas mais virão para a mesma região!
Assim sendo, o percurso para ir e voltar, foi decidido:
1º Dia - Partida de casa /Cangas de Onís;
2º Dia - Cangas de Onís / Lagos Enol e Ercina / Santuário de Covadonga;
3º Dia - Cangas de Onís / Arenas de Cabrales / Panes / Desfiladeiro de La Hermida / Potes;
4º e 5º Dia - Potes;
6º Dia - Potes / Comillas / Santillana del Mar / Valladolid;
O Alcazar, situa-se mesmo em frente e a uma curta distância a pé da colossal Catedral de Sevilha. È constituído por um conjunto de construções e jardins que se denominam de Reales Alcazares de Sevilha.
Os primeiros edifícios do conjunto dos Reales Alcazares de Sevilha, foram mandados construir pelo Emir Abd Al Raman III, o primeiro califa andaluz e passaram por várias ampliações até a actualidade. Com decoração exuberante em seu interior e magníficos jardins na sua parte externa, o Alcázar é uma visita imperdível em Sevilha.
Originalmente uma fortaleza moura, o Alcazar foi ao longo do tempo ampliado várias vezes. Os Almohades foram os primeiros a construir um palácio, chamando-lhe Al-Muwarak. Todo o conjunto de palácios, foram utilizados por diferentes governadores árabes que passaram pela cidade.
A maioria dos modernos edifícios foi construída ao longo de ruínas, por Pedro Ide Castela(também conhecido como Pedro, o Cruel), no início de 1364. Dessa época data, o Palácio del Rey Don Pedro I. Depois durante o século XIV, os reis cristãos foram ampliando o complexo, contratando artesãos árabes.
Logo à entrada temos a Porta do Leão, em estilo almóada. A partir deste sítio tudo o que se pode ver é um conjunto extraordinariamente mesclado de arte árabe e cristã. Cruzando a muralha árabe do século XII, situamo-nos no Pátio da Montaria, cujo nome se deve aos batedores que acompanhavam o rei nas suas caçadas.
Ao entrar caminha-se pelo Pátio de las Doncellas e pela Sala de las Muñecas, passando pela Sala de la Justicia ou pela Casa de la Contratación. Estas salas ão criações de diferentes estilos e épocas, que dão uma ideia de todas as culturas e costumes que passaram pelo lugar.
Passamos ao Pátio do Leão, onde se podem contemplar as magníficas filigranas do Palácio de Pedro I. À direita situa-se o Quarto do Almirante, destinado por Isabel a Católica como Casa de Contratação, depois da descoberta do Novo Mundo.
Conserva-se nesta sala a famosa pintura a "Virgem dos Mareantes", de Alejo Fernández, obra de 1531, que retrata Cristovão Colombo com vestes reais, como lembrança da conquista do Novo Mundo. Foram aqui projectadas as mais célebres viagens dos descobridores, como a Primeira Volta ao Mundo de Magalhães.
No outro extremo do pátio existem uns salões do século XVIII, construídos sobre restos de um palácio gótico, do qual ainda se conservam os Banhos de Maria de Padilla, a Capela e o Salão de Carlos V.
Caminhando ao longo das galerias e salas decoradas com belos azulejos e preciosos tectos mudéjares, desde o vestíbulo chega-se ao Pátio das Donzelas, o pátio principal, uma obra-mestra da arte mudéjar andaluza.
Os Apartamentos Reais estão num primeiro nível com as salas redecoradas no século XVIII. Depois deste pátio encontramos a Sala dos Reis, a Sala de Carlos V contendo grandes tapetes de Bruxelas, o Salão do Imperador com azulejos do século XV e tapetes flamencos.
Depois o famoso Salão dos Embaixadores, uma sala coberta por uma cúpula semiesférica adornada com complicados arabescos dourados. Todas estas salas têm vistas para o pátio. A última delas é o aposento mais importante do Alcázar.
A partir da Sala de Filipe II chega-se ao Pátio das Bonecas, cujo nome se deve aos pequenos rostos visíveis em vários arcos. Este pátio, com uma belíssima ornamentação de azulejos e arabescos de estuque, costuma animar os visitantes que descobrem as caritas de bonecas talhadas em diversas colunas, já que se prestarmos atenção podemos encontrar nove caras em diferentes zonas da sala. Segundo a tradição, "traz sorte" a quem as encontra pelos seus próprios meios.
O Terramoto de Lisboa de 1755 afectou o conjunto arquitectónico, obrigando à realização de importantes modificações. Foi dado, então, um toque barroco ao pátio do cruzeiro.
Os Jardins do Alcázar são um dos maiores tesouros de Sevilha. Um passeio por estes jardins é uma das experiências mais gostosas que podemos experimentar quando se visita Sevilha.
De ornamentação árabe, renascentista, barroca, modernista... são alguns dos muitos estilos que podemos encontrar nestes jardins, tudo isto rodeado por palmeiras, fontes e abundante vegetação...
Passear pelos Jardins do Alcázar pode ser um dos passeios mais agradáveis de Sevilha, levando-nos a imaginar cenas das épocas em que os árabes dominavam esta província. Aqui é possível encontrar elementos com estilos, árabes, renascentistas e modernos.
Estão dispostos em terraços com uma vegetação verdejante, possuindo uma grande diversidade de laranjeiras e palmeiras, com fontes e pavilhões onde se respira frescura e quietude, sendo um lugar onde o vento sopra fresco, convidando ao sossego e descanso nesta calorosa cidade.
Destacam-se os Jardins do Príncipe, com a Fonte de Neptuno, os Jardins do Laranjal, com a Fonte do Leão, e o Pavilhão de Carlos V, onde morreu o rei Fernando III de Castela. No resto dos jardins, mais modernos, podemos encontrar-nos com o escudo e nome do rei Afonso XIII.
A partir dos jardins chegamos ao Pátio de Bandeiras, lugar onde se colocavam as bandeiras quando algum rei estava alojado no palácio, além de servir como uma espécie de Praça de Armas do Alcázar.
“A Catedral de Sevilha é uma genial e deliberada raridade”, dizia Camilo José Cela, em "Vagabundo ao Serviço de Espanha".
Na sua origem esteve uma decisão declarada de construir uma igreja tão deslumbrante que nenhuma outra se lhe pudesse comparar. Estava-se no início do século XV e Sevilha apenas tinha velhas igrejas arruinadas, depois de vários séculos de cultura muçulmana. A verdade é que o resultado foi e ainda é, a maior igreja gótica do mundo e o terceiro maior templo da cristandade, logo a seguir à Catedral de São Pedro, em Roma e à Catedral de São Paulo, em Londres.
Ergue-se sobre as ruínas de uma mesquita almóada/mudéjar mandada construir pelo Emir Abu Yacub Yussuf, em 1184. Por isso, sobre a Porta do Perdão, continua escrito “O poder pertence a Alá!”.
A visita propriamente dita deve começar devagar, contornando a catedral pouco a pouco e reparando nos pormenores góticos junto às portas de acesso ao interior. Ao entrar devemos olhar para cima, observando os arcos e arquivoltas, as figuras esculpidas em barro que nos contam episódios idos da história do Cristianismo.
Depois a curiosidade impele-nos a dar um passo em frente, a enfrentar o lusco-fusco do interior do templo, apenas interrompido pelos raios de luz que atravessam os vitrais. E é aqui sob os 40 metros de altura da nave central que se percebe na magnitude da terceira maior catedral do Mundo.
A sua arquitectura interior é majestosa, possuindo cinco naves, com mais de 120 metros de comprimento. As abóbadas são polinervadas e muito trabalhadas. É particularmente imponente o coro, que data de final do século XV, em talha dourada.
Para completar uma qualquer visita rápida, impor-se-á ver o túmulo de Cristóvão Colombo, mas ainda aqui se podem ver os túmulos dos reis Fernando III e Afonso X. Na Sacristia dos Cálices, estão representadas, em várias pinturas, uma das quais do grande pintor Francisco de Goya, as santas Justina e Rufina, padroeiras da cidade.
A sua área total abrange 11.520 metros quadrados. A catedral foi construída sobre uma base rectangular, onde o grande plano da mesquita foi substituído, mas o arquitecto cristão acrescentou uma maior dimensão à sua altura. A nave central subiu para 42 metros e até mesmo as capelas laterais parecem suficientemente grandes para nelas conter uma qualquer igreja normal.
Felizmente foram preservadas nesta grande Catedral, duas partes pertencentes à mesquita original, a entrada do tribunal mouro, o Pátio de los Naranjos, e da Giralda, originalmente um minarete, convertido numa torre sineira.
A entrada para a catedral é feita pela Porta de San Cristóbal, na zona sul. Perto da porta dedicada a este santo foi colocado o túmulo de Cristóvão Colombo.
Colombo foi originalmente enterrado na Catedral de Havana, na ilha de Cuba, que ele tinha descoberto na sua primeira viagem em 1492, mas durante as perturbações ocorridas em torno da revolução cubana em 1902, os seus restos mortais foram transladados para Espanha, ficando nesta catedral.
Um monumental túmulo foi esculpido por Arturo Mélida para a ocasião. Foi projectado em estilo romântico tardio, tendo sido esculpidas quatro enormes figuras, sob os ombros das quais é suportado o tumulo, que representam os reinos de Leão, Castela, Aragão e Navarra.
Têm-se levantado muitas dúvidas relativamente à autenticidade dos restos mortais de Colombo, pelo que estão actualmente em curso testes de DNA, para descobrir se estes realmente são os restos do explorador.
O enorme interior da catedral, possui uma nave central e quatro naves laterais sumptuosamente decoradas. Podemos ver ouro em toda parte, mas ao mesmo tempo, verifica-se um certo sentimento geral de simplicidade e de retenção na sua decoração. As capelas estão confinadas às naves laterais e a enorme nave central foi deixada praticamente vazia.
No centro está a estrutura do coro, construído no séc. XV. O coro abre para a Capela-mor, que é dominado por um incrível retábulo gótico no altar. Esta suprema obra-prima, foi realizada por um único artesão, Fleming Pieter Dancart. O retábulo é composto de 45 cenas da vida de Cristo esculpidas em madeira e cobertas de ouro e que é o maior e mais rico retábulo do mundo.
Os seus vitrais são notáveis obras de arte do século XV. A grandiosa Capela Maior, concebida em estilo plateresco em 1528, abriga um magnífico tesouro. Entre os expositores fechados encontram-se relicários de prata e ouro, obras de Goya, Murillo e Zurbarán, e uma colecção de crânios.
A nordeste encontram-se as cúpulas da Capela Real, que não está sempre aberta. Construída no local da capela original, ela é um panteão real, que abriga os corpos de Fernando III de Leão e Castela, o Santo, e os túmulos dos dois laterais pertencem a sua esposa, Isabel de Hohenstaufen, conhecida em Castela como Beatriz da Suábia, e seu filho, Afonso, o Sábio.
Sem qualquer possibilidade de passar despercebida, quase como um apêndice da catedral, ergue-se a torre LaGiralda, verdadeiro ex-líbris da cidade.
Apesar de uma existência anterior, aquando da presença do templo árabe, foi só depois da sua quase completa destruição durante o terramoto de 1356, que o minarete ressurgiu e ganhou nova importância. A base de pedra suporta 94 metros de altura que são culminados pela estátua e cata-vento denominada Giraldillo, representativa da fé de um povo devotado ao cristianismo.
À esquerda da Capela Real encontra-se a entrada para esta maravilhosa torre mourisca, que vale a pena subir. Aqui, janelas e varandins distribuem-se pelos quatro lados da torre iluminando o interior das escadas que dão acesso a uma das mais belas vistas sobre Sevilha.
O último dia de visita a Sevilha, foi o dia de volta a casa, e do final da nossa viagem de Páscoa. Era Domingo de Páscoa e finalmente a Catedral e o Álcazar estavam abertos ao público no final da Semana Santa.
Antes de partirmos rumo a Portugal, fomos visitar a bela Catedral de Sevilha, que no domingo de Páscoa estava toda engalanada e o Álcazar que só abrira portas nesse dia, pois tinha estado sem receber visitas, durante toda a Semana Santa.
A cidade estava ainda cheia de gente, aliás como tinha estado durante toda a Semana Santa. Nesta semana Sevilha torna-se numa cidade pedonal, sem automóveis, com as ruas cheias de animação e carregadas de gente que anualmente ali vão festejar a Páscoa.
O dia mais alegre durante a Semana Santa em Sevilha é sem dúvida o Domingo de Páscoa, que como se sabe, celebra a ressurreição de Cristo morto.
As festividades da Semana Santa de Sevilha, vão muito além de um mero evento religioso, sendo um fantástico momento para se visitar a cidade.
Apreciar as procissões, que duram desde Domingo de Ramos até ao final da manhã de Domingo de Páscoa, pode tornar-se ao fim de alguns dias bastante enfadonho, em especial devido ao tempo que estas demoram, pelo seu habitual ritmo lento, por isso uma outra maneira muito mais interessante de apreciar a enormidade e a beleza dos andores, é visitar as igrejas de onde vêm.
Pelo menos duas destas igrejas, são dignas de uma visita, a Basílica de la Macarena e a Basílica de Jesús del Gran Poder, que se encontram a oeste do centro. Ali vemos um fluxo constante de paroquianos que se encaminham para as suas igrejas, em homenagem à Virgem e também para admirar os belos andores que se encontram no seu interior.
Sevilha tem sempre um encanto especial, quer quando chegamos, quer quando por ela passeamos e obviamente quando dela nos despedimos…
“O Flamenco, é o espelho da Andaluzia que sofre paixões gigantes e cala paixões, embaladas pelos leques e pelas mantilhas sobre as gargantas que têm. Tremores de sangue, de neve, e arranhões vermelhos feitos por olhares.”
Após a visita ao Bairro Santa Cruz e de estarmos mais uma vez junto à Catedral, onde decorria mais uma procissão, fomos ao princípio da noite até ao rio, para apanharmos um táxi para El Palacio Andaluz, que fica na Avenida Mª Auxiliadora, nº18. Já tínhamos reservado mesa para passar a noite com jantar incluído, afim de assistirmos a um espectáculo do flamenco com a verdadeira alma andaluza, recheado de paixão e com imensa luz e cor, que contou com um grande elenco de artistas.
O Palácio Andaluz oferece um dos melhores e os mais completos espectáculos de flamenco de Sevilha, oferecendo um menu de enchidos, queijos e tapas como entrada, sopa, prato de peixe e carne, sobremesa, café e bebidas, que foi mais do que suficiente.
Há grande número de clubes de flamenco em Sevilha e não se sabe nunca qual é o melhor, pois todos reclamam para si o estatuto de melhor.
Os vários clubes de flamenco oferecem percentagem aos hotéis, bares, restaurantes e até aos quiosques de jornais ou gelados, de forma a venderem maior número de bilhetes para o seu espectáculo, tendo sido desta forma que adquirimos os nossos bilhetes.
Sevilha está no cerne da cultura espanhola e, consequentemente do Flamenco, onde a cidade é sem dúvida a sua capital.
O Flamenco é uma arte espanhola, com raízes profundas na Andaluzia. Existem indícios quanto à forma como esta dança e música folclórica evoluiu, mas os seus detalhes estão perdidos na história.
A origem do Flamenco é motivo de controvérsia entre historiadores e estudiosos inclusive na própria Espanha. A versão mais aceite, foi concebida por um dos mais conceituados historiadores espanhóis, Ramón Menéndez Pidal, que afirma que no Séc. X, após o término das invasões árabes, camponeses expulsos do Egipto atravessaram o Norte de África e o Estreito de Gibraltar e estabeleceram-se na Península Ibérica. Se assim for, o nome “flamenco” confirma a teoria, pois em egípcio antigo, “Fallah Menco” significa camponeses expulsos.
Há uma tendência em confundir o flamenco com dança cigana, desenvolvida pelos ciganos nómadas (Zíngaros, Gypsies) que receberam forte influência da Europa Central, porém as características de música, dança e instrumentos, são muito distintas do Flamenco.
Também há confusão com os flamengos, originários da Bélgica e Holanda que derrotados pela “fiel infantaria” espanhola, foram depreciativamente chamados em espanhol de “flamencos”.
Embora as suas origens realmente sejam muito antigas, foi ao longo dos séculos XVIII e XIX que floresceu, atingindo uma enorme popularidade de 1875 a 1900. Praticamente todos a cidades andaluzas neste período, tiveram os seus cafés de canto e dança flamenca. Sevilha impulsionou muitos desses locais de espectáculo e com poucas excepções, os mais famosos cantores e bailarinos foram ou são de origem cigana.
A primeira forma da dança flamenca resumia-se somente ao canto e dança, tendo como únicos acompanhamentos as palmas e gritos de incentivo, chamado de “Jaleo”, que é utilizado até hoje.
No século XIX, passa a apresentar-se de forma mais completa com a utilização de guitarra (violão de 6 cordas), que se tornou imprescindível e mais tarde outros instrumentos foram incorporados ao Flamenco.
Segundo os estudiosos, o Flamenco é uma das danças mais originais e complexas. Além da técnica, o bailarino precisa desenvolver a expressão corporal para transmitir os seus sentimentos através dos seus movimentos, o que em Espanha é chamado de “Duende”.
O “Duende” é realmente o grande mistério do Flamenco, porque a técnica se aprende com dedicação, mas o “Duende” tem que ser extraído da alma ou como disse Frederico Garcia Lorca, “....o duende tem que ser acordado nas últimas moradas do sangue...” e somente com este sentimento e alma, a verdadeira dança flamenca se mostrará de forma completa. Site: anaesmeralda.com