A última noite em Sevilha

Após a visita ao Bairro Santa Cruz e de estarmos mais uma vez junto à Catedral, onde decorria mais uma procissão, fomos ao princípio da noite até ao rio, para apanharmos um táxi para El Palacio Andaluz, que fica na Avenida Mª Auxiliadora, nº18. Já tínhamos reservado mesa para passar a noite com jantar incluído, afim de assistirmos a um espectáculo do flamenco com a verdadeira alma andaluza, recheado de paixão e com imensa luz e cor, que contou com um grande elenco de artistas.

O Palácio Andaluz oferece um dos melhores e os mais completos espectáculos de flamenco de Sevilha, oferecendo um menu de enchidos, queijos e tapas como entrada, sopa, prato de peixe e carne, sobremesa, café e bebidas, que foi mais do que suficiente.

Há grande número de clubes de flamenco em Sevilha e não se sabe nunca qual é o melhor, pois todos reclamam para si o estatuto de melhor.

Os vários clubes de flamenco oferecem percentagem aos hotéis, bares, restaurantes e até aos quiosques de jornais ou gelados, de forma a venderem maior número de bilhetes para o seu espectáculo, tendo sido desta forma que adquirimos os nossos bilhetes.

Sevilha está no cerne da cultura espanhola e, consequentemente do Flamenco, onde a cidade é sem dúvida a sua capital.

O Flamenco é uma arte espanhola, com raízes profundas na Andaluzia. Existem indícios quanto à forma como esta dança e música folclórica evoluiu, mas os seus detalhes estão perdidos na história.

A origem do Flamenco é motivo de controvérsia entre historiadores e estudiosos inclusive na própria Espanha. A versão mais aceite, foi concebida por um dos mais conceituados historiadores espanhóis, Ramón Menéndez Pidal, que afirma que no Séc. X, após o término das invasões árabes, camponeses expulsos do Egipto atravessaram o Norte de África e o Estreito de Gibraltar e estabeleceram-se na Península Ibérica. Se assim for, o nome “flamenco” confirma a teoria, pois em egípcio antigo, “Fallah Menco” significa camponeses expulsos.

Há uma tendência em confundir o flamenco com dança cigana, desenvolvida pelos ciganos nómadas (Zíngaros, Gypsies) que receberam forte influência da Europa Central, porém as características de música, dança e instrumentos, são muito distintas do Flamenco.

Também há confusão com os flamengos, originários da Bélgica e Holanda que derrotados pela “fiel infantaria” espanhola, foram depreciativamente chamados em espanhol de “flamencos”.

Embora as suas origens realmente sejam muito antigas, foi ao longo dos séculos XVIII e XIX que floresceu, atingindo uma enorme popularidade de 1875 a 1900. Praticamente todos a cidades andaluzas neste período, tiveram os seus cafés de canto e dança flamenca. Sevilha impulsionou muitos desses locais de espectáculo e com poucas excepções, os mais famosos cantores e bailarinos foram ou são de origem cigana.
A primeira forma da dança flamenca resumia-se somente ao canto e dança, tendo como únicos acompanhamentos as palmas e gritos de incentivo, chamado de “Jaleo”, que é utilizado até hoje.

No século XIX, passa a apresentar-se de forma mais completa com a utilização de guitarra (violão de 6 cordas), que se tornou imprescindível e mais tarde outros instrumentos foram incorporados ao Flamenco.

Segundo os estudiosos, o Flamenco é uma das danças mais originais e complexas. Além da técnica, o bailarino precisa desenvolver a expressão corporal para transmitir os seus sentimentos através dos seus movimentos, o que em Espanha é chamado de “Duende”.

O “Duende” é realmente o grande mistério do Flamenco, porque a técnica se aprende com dedicação, mas o “Duende” tem que ser extraído da alma ou como disse Frederico Garcia Lorca, “....o duende tem que ser acordado nas últimas moradas do sangue...” e somente com este sentimento e alma, a verdadeira dança flamenca se mostrará de forma completa.
Site: anaesmeralda.com

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