Após o descanso entrecortado, lá pela hora do almoço, agarramos nas bicicletas e lá fomos nós à verdadeira descoberta de Barcelona.
Barcelona é uma cidade que se revela aos poucos. Na primeira visita, o visitante ávido não deixa por visitar os seus principais monumentos, as obras de Gaudi e as principais ruas e avenidas, como Passeio de Gracia e as Ramblas, buscando nos pontos turísticos e nas suas principais ruas a sua identidade.
No entanto, Barcelona é muito mais do que isso. Uma visita completa só se encerra quando temos contacto com a vida urbana tão intensa, com a diversidade de suas identidades, encontrada em cada um dos seus bairros e até dos seus habitantes.
A mistura de imigrantes, turistas, verdadeiros catalães e moradores temporários que ali estão, muitas vezes só para passar um período curto de suas vidas, fazem de Barcelona uma cidade única.
Assim sendo nas outras visitas a Barcelona, o visitante começa a aperceber-se que a cidade esconde um mundo de vivências que para se conhecerem têm que sentir de perto. Caminhar ou pedalar pela cidade é muito importante e revelador.
Cada rua, cada praça e cada lugar nos revela novos caminhos, novas perspectivas, novas imagens e vivências incríveis que ficam gravadas para sempre na retina.
A visita, desta feita começou pedalando pelas ruas e avenidas da Cidade Nova, em direcção ao mar e depois percorrendo toda a marginal de praias de areia branca, vento quente e cheiro a maresia.
Desde a Praia Nova de la Mar, na parte Norte, à Praia de San Sebastián, na parte Sul, encontramos 5 km de praias de fina areia dourada, águas tranquilas, abundantes equipamentos e numerosas actividades náuticas para praticar. Mas nos arredores, encontramos outras praias igualmente com um grande encanto, sendo na sua maioria praias urbanas.
A meio caminho entre a Cidade Nova e a Cidade Antiga, parámos para o almoço tardio numa esplanada frente à praia, onde se degustaram entradas de “polvo à galega” e depois uma bela “paella de marisco”.
Ali junto à praia, com tanto para se ver e se apreciar, em dado momento algo nos chama a atenção, a presença de dois naturistas convictos que caminhando pela calçada, tentando em vão a mistura entre a multidão, mostravam os seus tão venerados atributos, com a naturalidade de crianças inocentes.
Recompostas as energias, seguimos até Barceloneta, o bairro de pescadores de Barcelona, situado numa restinga que penetra mar dentro, perto do centro da cidade e do Port Vell e que é famosa pelos seus restaurantes de peixe e mariscos e cafés à beira-mar. A sua praia é também a mais importante praia de Barcelona, a Praia de La Barceloneta.
Depois de um passeio atento por Barceloneta, seguimos para o Port Vell, a nova marina da cidade que se encontra aos pés de Las Ramblas e junto da antiga alfândega.
Ali estivemos parados bastante tempo, à sombra, numa pequena esplanada de um bar de tapas, para lanchar, retemperar energias e para nos deixarmos impregnar pela ambiência do lugar.
Esta ambiência difícil de descrever, está cheia de vida e para além dos lugares comuns já escritos e lidos inumeráveis vezes, espanta-nos com os seus pormenores de aldeia que se notam nos movimentos, onde transpira um forte sentido de comunidade característica de terra pequena, mas onde também parece haver espaço para todo o tipo de gentes, de uma enorme diversidade e beleza de traços faciais, própria de comunidades com muitas cambiantes.
Por toda a cidade se observam fisionomias características do árabe, sul-americana, africana, europeia, espanhola ou catalã e uma enorme diversidade de turistas das mais diversas proveniências, sendo por isso comum ouvir-se falar as mais diversas línguas.
Dirigimo-nos depois para o Passeio de Cólon, onde se fez mais uma pausa, para o desfrutar do espaço, ver, ouvir e gostar do grupo musical "Universong", que ali actuava ao vivo e ainda observar os estilos de vida que emanam das diferentes culturas dos passantes ocasionais.
O roteiro continuou com o atravessar de Las Ramblas, como sempre e a todas as horas atulhadas de gente. É um lugar de surpresas constantes, praticamente com uma por metro quadrado, com muitos e diversificados restaurantes, bares e cafés.
Fez-se noite e nas Ramblas ainda se fez pausa para jantar, rodeados da festa constante do lugar. “Após o jantar andámos sem parar”… desde a Cidade Velha até à “… Cidade Moderna onde nesta zona um segundo falo nos faz os olhos marcar. Depois de 10 km corridos que percorremos aguerridos, a noite acaba com discrepâncias entre Norte e Sul, Espanha e Portugal onde a malta birrenta já tudo leva a mal”.*
*in CoaBreca