Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Do Quarto/Prisão de D. Afonso VI à Capela Palatina - Parte VII

A visita ao Palácio Nacional de Sintra continuou. Caminhando para oeste a partir da Sala dos Brasões,  encontramos, uma pequena sala à esquerda, cuja tradição a identifica como o Quarto/Prisão de D. Afonso VI, que ali viveu fechado nove anos em seus aposentos (ele havia sido rei e foi levado a abdicar, e quando quis tentar voltar ao poder foi tomado como traidor, e seu irmão, futuro D. Pedro II, mandou-o prender neste Palácio, quando D. Afonso IV regressou do seu desterro na Ilha Terceira) e onde viria a falecer em 1683.


Mais do que esta ocasional hipótese, interessa-nos aqui observar o carater simples deste reduzido espaço, com a sua pequena porta ogivada e o seu pavimento de velhas tijoleiras, pontilhado, aqui e ali, por azulejos mudéjares. A propósito deste quarto o embaixador de Carlos II (rei de Inglaterra e cunhado de D. Afonso VI) em Portugal, comentou que este quarto parecia ter sido escolhido “…mais para enterro do que para habitação.” No entanto deve referir-se que este quarto mesmo que simples para um rei, seria considerado luxuoso, quer para o povo da sua época, quer para muitos de nós na época atual.
Passa-se em seguida para a Sala Chinesa. Fazendo ainda parte do antigo Paço da época de D. Dinis, esta sala foi utilizada como quarto de dormir de D. João I, antes da grande campanha de obras promovidas por este monarca, nos inícios do séc. XV. Deve o seu nome atual ao lindo pagode chinês em marfim do séc. XVIII, que ali se encontra.

Deixamos a Sala Chinesa e ultrapassado mais um pátio, entra-se na rica Capela Palatina, consagrada ao Divino Espírito Santo. Remontando à primeira campanha de construções, esta capela foi edificada no reinado de D. Dinis, no início de século XIV, sofrendo ao longo do século XV várias alterações. Um retábulo maneirista que substituiu o original é da autoria de Diogo Teixeira.
Antes do altar-mor desenvolve-se, sobre o pavimento, um longo tapete policromo de azulejos alicatados, que alguns autores dizem ser do domínio muçulmano, mas que será mais legítimo colocar nos inícios do século XV. As paredes da capela estão inteiramente pintadas e preenchidas por um sem número de cartelas quadradas inclinadas, dentro das quais nos surge representada, sobre fundo vermelho e em variadas posições a pomba branca do Espírito Santo, segurando no bico o símbolo pacifista e religioso do ramo de oliveira.

Segundo a guia que nos acompanhou, obras recentes puseram a descoberto, ao fundo do altar-mor desta capela, raros vestígios de pinturas góticas, que terão precedido ao retábulo original.
Segue-se a Câmara (Quarto de Dormir) do rei D. João I, agora chamado de Sala Árabe. A atual decoração foi feita no reinado de D. Manuel I, inclui silhares revestidos de azulejos geométricos dispostos de modo a criarem uma ilusão ótica rematados por frisos de azulejos relevados, com maçarocas inseridas em flores-de-lis.

Esta sala apresenta também uma fonte colocada no centro da divisão, e aqui reina totalmente o mudejarismo, que segundo a nossa guia refletem a forte impressão causada pelas visitas efetuadas por D. Manuel e pela sua primeira mulher, D. Isabel, filha dos Reis Católicos, às cidades de Granada, Guadalupe, Toledo, Guadalajara e Saragoça, durante a sua viagem por várias regiões de Espanha em 1498.
O pavimento da Sala Árabe é constituído por um entrançado de tijoleiras retangulares. A meio, surge uma fonte em mármore branco, de planta circular, inscrita num quadrado de azulejos. Ao centro desta singela fonte ergue-se caprichosa uma escultura, de sabor vincadamente exótico, que alguns autores classificam como um trabalho provavelmente indiano, ali mandado colocar por D. Manuel I.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm

Livro fechado


Era uma vez um livro. Um livro fechado. Tristemente fechado. Irremediavelmente fechado.

Nunca ninguém o abrira, nem sequer para ler as primeiras linhas da primeira página das muitas que o livro tinha para oferecer.

Quem o comprara trouxera-o para casa e, provavelmente insensível ao que o livro valia, ao que o livro continha, enfiara-o numa prateleira, ao lado de muitos outros.
Ali estava. Ali ficou.

Um dia, mais não podendo, queixou-se:
— Ninguém me leu. Ninguém me liga.
Ao lado, um colega disse:

— Desconfio que, nesta estante, haverá muitos outros como tu.

— É o teu caso? — perguntou ansiosamente, o livro que nunca tinha sido aberto.

— Por sinal, não — esclareceu o colega, um respeitável calhamaço. — Estou todo sublinhado. Fui lido e relido. Sou um livro de estudo.

— Quem me dera essa sorte — disse outro livro ao lado, a entrar na conversa. — Por mim só me passaram os olhos, página sim, página não… Mas, enfim, já prestei para alguma coisa.

— Eu também — falou, perto deles, um livrinho estreito. — Durante muito tempo, servi de calço a uma mesa que tinha um pé mais curto.

— Isso não é trabalho para livro — estranhou o calhamaço.
— À falta de outro… — conformou-se o livro estreitinho.

Escutando os seus companheiros de estante, o livro que nunca fora aberto sentiu uma secreta inveja. Ao menos, tinham para contar, ao passo que ele… Suspirou.

Não chegou ao fim do suspiro, porque duas mãos o foram buscar ao aperto da prateleira. As mãos pegaram nele e poisaram-no sobre os joelhos.
— Tem bonecos esse livro? — perguntou a voz de uma menina, debruçada sobre o livro, ainda por abrir.

— Se tem! Muitos bonecos, muitas histórias que eu vou ler-te — disse uma voz mais grave, a quem pertenciam as mãos que escolheram o livro da estante.

Começou a folheá-lo e, enquanto lhe alisava as primeiras páginas, foi dizendo:
— Este livro tem uma história. Comprei-o no dia em que tu nasceste. Guardei-o para ti, até hoje. É um livro muito especial.

— Lê — exigiu a voz da menina.
E o pai da menina leu. E o livro aberto deixou que o lessem, de ponta a ponta.
Às vezes, vale a pena esperar.

António Torrado, in Educação na Aldeia (http://educacao.aaldeia.net/category/contos-educativos/)

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Da Câmara do Ouro à Sala dos Brasões - Parte VI

À Sala das Pegas seguem-se a Câmara do Ouro e a Sala das Sereias, onde continuam a ver-se exuberantes painéis de azulejos mudéjares, que ali dominam todo o ambiente.
A chamada Câmara do Ouro é uma sala do início do séc. XV. Foi nos finais do séc. XVI, o quarto de dormir do rei D. Sebastião, cujo retrato se observa na sala. Nela pode-se admirar uma cama em ébano de dimensões pouco comuns, e ornamentada com pinturas sobre cobre. O seu revestimento azulejar único, é constituindo por motivos de parra em alto-relevo do início do séc. XVI.

Na sala seguinte, a Sala das Sereias cuja designação provém da pintura do teto. Há a destacar nesse curioso teto apainelado e pintado, uma nau portuguesa que se vê ao centro, e dos lados sereias tangendo instrumentos musicais, que data de finais do séc. XVII ou inícios do séc. XVIII. No início do século XV estava aqui instalado o guarda-roupa.
Passa-se em seguida pela Sala Júlio César, uma pequena sala íntima, cuja designação é proveniente de uma tapeçaria flamenga do século XVI, representando uma cena de vida do general romano.

Alcançamos depois a Sala da Coroa, de novo revestida por preciosos azulejos mudéjares. Daqui se sai para o Pátio de Diana, forrado com belos azulejos manuelinos de parra e cacho, situando-se aí uma interessante fonte renascentista.
Sobre este pátio alonga-se a Sala das Galés, para a qual se sobe através de uma escadaria geminada. Trata-se de um acrescento de finais do século XVI, que dá acesso a um jardim denominado “Jardim dos Príncipes”, que até nós chegou na sua feição barroca. A Sala das Galés ostenta um teto de madeira em berço semicircular, que data de meados do séc. XVII, no qual vemos pintada a Barra de Lisboa, com múltiplas embarcações e várias perspetivas de fortalezas e de casario costeiro.

Em tempos dividida por paredes de tabique e com um teto falso, esta Sala das Galés foi utilizada como aposentos do príncipe D. Afonso (irmão de D. Luís I) conhecido como "O Arreda". Mais tarde foi recuperada pelo arquiteto português Raúl Lino e utilizada como sala de exposições temporárias. Hoje é mais um espaço museológico onde são exibidas algumas pinturas, contadores e louça de boa qualidade hispano-mourisca.
Em seguida entra-se na Sala dos Brasões, uma sala soberba também conhecida como Sala de Armas, foi mandada edificar por D. Manuel I (1495-1521), e é um dos melhores exemplos da afirmação do poder real. Esta sala situa-se numa torre do palácio, no local da antiga Casa da Meca.


O belíssimo teto em talha dourada ostenta no topo as armas régias, rodeadas por setenta e dois brasões de famílias nobres. No teto, abaixo dos brasões do rei e dos infantes e infantas, podem-se ver setenta e dois outros brasões da mais notável nobreza da época, dispostos por ordem de importância. Os painéis de azulejo com cenas galantes e de caça que cobrem as paredes são do séc. XVIII, e fabricados na antiga Fábrica Real do Rato.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palaciodesintra.paginas.sapo.pt/Visita.htm

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Sala das Pegas - Parte V

Saindo da Sala dos Cisnes e seguindo para norte, encontramos o chamado Pátio dos Cisnes, também designado por Pátio Central, para o qual se desce através de uma elegante galeria. A sul, um vasto tanque, exteriormente forrado por largos painéis de azulejos mudéjares. Ao centro, sobre o pavimento de lajes, ergue-se uma curiosa coluna em estilo manuelino. O seu remate é constituído por uma série de figuras humanas de cariz exótico, eventual alegoria ao domínio que Portugal exercia então nos quatro cantos do Mundo.

Voltando à Sala dos Cisnes e continuando para noroeste, entramos na Sala das Pegas. A designação de Sala das Pegas, remonta ao séc. XV e manteve-se ao longo dos séculos, devendo-se o seu nome à pintura do teto, onde as 136 pegas representadas segurando no bico uma serpenteante banda sobre a qual se pode ler a divisa de D. João I, Por Bem”, e nas patas agarram uma rosa, que poderá ser uma alusão à Casa de Lancastre, à qual pertencia a Rainha D. Filipa de Lencastre, mãe da Ínclita Geração.

No manuscrito Medições das Casas de Sintra, inserido no Livro da Cartuxa, o rei D. Duarte referiu-se a esta Sala como Câmara do Paramento (do francês “se parer”, que significa “mostrar-se”) onde eram recebidos os notáveis do reino e embaixadores estrangeiros. Neste seu apontamento o rei fez também uma descrição detalhada de várias dependências do Paço, onde incluiu dimensões e funções de alguns espaços.
Relativamente a esta sala, existe uma lenda do Palácio Nacional de Sintra, com várias versões existentes, que atribui a todas elas o facto – ou o suposto facto – de D. João I ter sido ali uma vez apanhado a dar um (talvez inocente) beijo a uma dama da rainha. Este facto foi motivo de imediato de grande coscuvilhice palaciana, por parte das outras damas da corte.

Segundo a nossa guia, as damas da corte com inveja de não terem também sido escolhidas e beijadas pelo rei D. João I, deram origem a grande e mordaz falatório na corte. Foi devido a todo este alarido palaciano que a situação provocou, que o rei mandou gravar a mensagem “Por Bem”, (como quem diz: “envergonhe-se quem nisso vê malícia”) que ficou inscrita nos bicos das pegas, que ali ficaram a representar "as coscuvilheiras". As pegas são aves, como se sabe, que devido ao seu piar (ou não fossem elas da família dos corvos, considerados barulhentos e de mau agoiro), fazem-se com facilidade ecoar de forma frenética pela floresta ou qualquer lugar onde estejam...
Nesta sala também se observam belos azulejos hispano-árabes que decoram as paredes, com motivos estrelados de grande impacto, que datam de inícios do séc. XVI. Do mesmo período, embora alguns fossem colocados posteriormente, são os que emolduram as portas e enquadram a lareira de mármore de Carrara, oferta do Papa Leão X ao rei D. Manuel I.

Em 1885, o rei D. Luís I ofereceu nesta sala um banquete em honra dos exploradores do continente africano Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens. Aqui decorreu também em 1905 o jantar oferecido ao Kaiser Guilherme II da Alemanha.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://palacio-de-sintra.blogspot.pt/

Sintra - 3º Dia - Visita ao Paço Real - Sala dos Cisnes - Parte IV

Entra-se no Palácio Nacional de Sintra e após a compra dos bilhetes iniciou-se a visita guiada ao interior do paço.

Com fundação árabe, o Palácio de Sintra torna-se, a partir do séc. XII e por cerca de oito séculos, a residência da Família Real Portuguesa. Único sobrevivente dos Paços Reais medievais, a sua configuração atual não se alterou substancialmente desde meados do séc. XVI, resultando de campanhas de obras sucessivas de D. Dinis, D. João I e D. Manuel I. Reunindo vários estilos arquitetónicos - gótico, mudéjar e manuelino - foi muito utilizado na Idade Média como refúgio da Corte durante os meses de verão e para a prática da caça.

Mundialmente reconhecido pelo perfil das duas monumentais chaminés cónicas das suas cozinhas, exibe no seu interior um acervo único de azulejaria hispano-mourisca e coleções de artes decorativas do séc. XVI ao séc. XVIII.
Após a subida de escadas para o primeiro piso, dirigindo-nos para oeste e penetramos na imponente Sala dos Cisnes, a maior sala do Palácio, tendo também sido outrora designada por Sala Grande no reinado de D. João I, e Sala dos Infantes a partir do reinado de D. Manuel I.

O seu nome atual de Sala dos Cisnes deve-se à decoração do seu teto, ao gosto da Renascença italiana, datado de finais do séc. XVI. Este teto, é formado por 27 caixotões octogonais (exceptuando os quatro de canto), emoldurados por talha predominantemente dourada. Dentro de cada caixotão está pintado um cisne com a sua gargantilha de ouro com campainhas, variando as suas formas e atitudes de painel para painel, sem que se encontrem dois idênticos. O teto desta sala foi referido por Luís Pereira Brandão, em cerca de 1570, em versos de louvor às maravilhas do Paço de Sintra.
Ali tinham lugar os acontecimentos mais relevantes, tais como receções a várias embaixadas, banquetes e celebrações e, no tempo de D. Manuel I, e de acordo com o seu cronista Damião de Góis, ali eram realizados saraus de música e dança todos os domingos e dias feriados. Nestes participava frequentemente o monarca acompanhado pelos seus músicos mouros, enquanto a corte dançava e assistia a representações que incluíam os autos de Gil Vicente, com a presença do próprio autor, considerado o pai do teatro português.

Na sequência dos danos causados pelo terramoto de 1755, o Palácio foi restaurado “à maneira antiga” por ordem do rei D. José I, sendo restauradas as pinturas do teto e os revestimentos de azulejos do séc. XVI, tendo sido recolocados outros já do séc. XVIII. Sobre as molduras das portas e janelas foram também aplicados azulejos do séc. XVI, esgrafitados, representando pequenas fortalezas e o brasão real de D. José I.

Atualmente nesta sala têm lugar receções e banquetes oficiais - como os realizados por ocasião de visitas oficiais de chefes de estado estrangeiros e concertos de que se destacam os do prestigiado Festival de Música de Sintra e colóquios, assim como outros eventos no âmbito da cedência de espaços.
Fonte: http://pnsintra.imc-ip.pt/ http://www.cm-sintra.pt/

Sintra - 3º Dia - Palácio Nacional - Parte III

Chegados ao centro histórico de Sintra, foi hora de um leve almoço, em esplanada de uma pastelaria/geladaria que servia mini refeições, situada no entroncamento da Volta do Duche, com a Rua Visconde de Monserrate, junto das Escadinhas do Hospital.
O centro histórico inclui a designada "Vila Velha" (freguesia de S. Martinho), um dos núcleos que constituem o aglomerado urbano de Sintra e que é delimitado a Norte pela Rua do Paço, Rua Conselheiro Segurado, Beco do Forno, Escadinhas da Pendoa e Rua Fresca; a Este pelas Escadinhas do Hospital e Rua Visconde de Monserrate; a Sul pela encosta da Serra; e a Oeste pela Quinta dos Pisões.

Sintra começou a ser edificada na época medieval numa zona de maior declive, no sopé do Monte da Lua. Esta "Vila Velha" desenvolve-se entre o Palácio Nacional de Sintra, o antigo Paço Real, e a própria Serra de Sintra (Monte da Lua), adaptando-se com flexibilidade e por sucessivos ajustamentos aos declives e à constituição morfológica dos terrenos.
Seguimos após o almoço até ao Paço Real, que queríamos visitar ao início da tarde. Uma vasta praça pública está adjacente ao Palácio (Largo Rainha Dª Amélia) e organiza o próprio tecido urbano, pois é aqui que converge a principal estrutura viária da "Vila Velha". À sua volta podemos observar a presença de pequenas praças, cujo traçado é irregular e espontâneo.

O núcleo mais antigo do centro histórico, de assentamento medieval, conserva um traçado relativamente homogéneo e sem grandes alterações ao longo dos anos. Constituído por um parcelamento pequeno e irregular, é densamente ocupado.
Já no Largo Rainha D. Amélia, como que num palco observa-se a "Vila Velha" que se desenvolve à sua volta. Dali se vê que a vila é um lugar único, que apresenta uma surpreendente coerência arquitetónica, apesar da diversidade formal dos edifícios que a integram. Esta coerência é conferida pelo ritmo das fachadas e dos vãos, pela contenção volumétrica e pela homogeneidade dos revestimentos.

No entanto, em especial neste núcleo mais antigo, a nível dos pisos térreos, é uma pena que a leitura se torne difícil e, por vezes até incoerente, dada a quantidade de elementos modernos usados (toldos, publicidade e acessórios), inadaptados ao local e à linguagem arquitetónica dos edifícios.
Dirigimo-nos ao palácio que se ergue em posição dominante, a meio da própria vila. O Palácio Nacional de Sintra é um conjunto que não foi concebido de uma só vez, mas sim um harmonioso somatório de partes distintas, pouco a pouco acrescentadas a outras já antes existentes.

Estamos, pois, perante um característico exemplar de arquitetura orgânica, isto é, perante uma verdadeira “obra aberta” que o foi, com inteira propriedade, ao longo de meio milénio. A irregularidade e o alcantilado do próprio terreno em que se ergue o Palácio, condicionaram-lhe o jogo de volumes, não permitindo soluções de simetria, nem regularidades de implantação. Assim, resultou um vasto conjunto de corpos aparentemente individuais e com personalidade própria, fundidos num grande todo e articulados através de um labirinto de escadarias, corredores, galerias e pátios interiores.

Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ http://www.ocaoquefuma.com/ http://www.cm-sintra.pt/

Tudo é Legal em Portugal!...


Portugal: corrupção e crise de mãos dadas

Relatório da Transparência Internacional estabelece uma forte correlação entre corrupção e a atual crise financeira, sobretudo nos países do Sul da Europa.

Portugal, Itália, Grécia e Espanha continuam a não prestar contas tal como deviam e a apresentar graves problemas de ineficiência e de corrupção que não são suficientemente controlados nem punidos. Esta é uma das principais conclusões de um novo relatório da Transparência Internacional Intitulado "Dinheiro, Política, Poder: Riscos de Corrupção na Europa".


No documento hoje divulgado, chega mesmo a ser estabelecida uma forte correlação entre a ineficiência destes países no combate à corrupção e os deficits das contas públicas.


"Grécia, Itália, Portugal e Espanha lideram a lista dos países da Europa Ocidental que apresentam deficits graves nos seus sistemas de integridade. A pesquisa também sugere uma forte correlação entre corrupção e deficits fiscais, mesmo nos chamados países "ricos". Os países europeus que pior controlam a corrupção, também apresentam maiores deficits orçamentais", pode ler-se neste relatório.


"As relações entre a corrupção e a atual crise financeira não podem ser ignorados. Nestes países, a corrupção constitui muitas vezes prática legal, ainda que eticamente criticável, resultante de grupos de pressão opacos, tráfico de influências e ligações promíscuas entre os sectores público e privado", escrevem os autores do documento.


Nota ainda a Transparência Internacional, entidade sem fins lucrativos vocacionada para o combate à corrupção, que em Portugal, apesar da legislação em vigor limitar a circulação entre o setor público e o privado, continuam a existir demasiadas exceções.


Sobre Portugal, os autores do documento dizem ainda que o acesso à informação nas instituições estatais é extremamente demorada, continuando os cidadãos a ignorar e a não exercer os seus direitos.


Fonte: http://expresso.sapo.pt/portugal-corrupcao-e-crise-de-maos-dadas=f731208#ixzz209sxiDSS

Sintra - 3º Dia - Volta do Duche - Parte II

Deixa-se o museu e sobe-se desde o vale do rio do Porto até à Volta do Duche, por entre refrescante arvoredo do Parque. No caminho de subida olha-se para poente e entre a densa folhagem “…à luz rica da tarde, um quadro maravilhoso, de uma composição quase fantástica, como a ilustração de uma bela lenda de cavalaria...”, observa-se lá em cima o Paço Real do qual realçam as gémeas e largas chaminés cónicas, ex-líbris da vila.
Depressa se chega à Volta do Duche, um largo passeio, envolto em arvoredo acompanhando a estrada principal, que nos leva desde a Charneca Saloia ao Monte da Lua. Este passeio largo deve o seu nome a um estabelecimento de banhos públicos outrora ali existente, fundado, em 1848, e encerrado em 1908. É um passeio muito agradável e que possibilita no seu percurso até ao centro da vila, diversas panorâmicas do Paço Real a poente e do Parque da Liberdade a nascente.

Nele podem ver-se muitas esculturas contemporâneas de vários artistas famosos, que nos acompanham no seu percurso. Entre estas várias esculturas, comporta ainda um permanente monumento clássico, que perpetua a memória do Dr. Gregório de Almeida, obra do escultor José da Fonseca.
Pelo caminho, do lado esquerdo encontramos o portão de entrada para o Parque Valenças, hoje chamado Parque da Liberdade, embora os sintrenses lhe chamem simplesmente “O Parque” e ali gozassem de toda a liberdade do mundo, muitos anos antes de ter mudado de nome.  


Do mesmo lado aparece-nos mais à frente e quase a chegar à vila, a Fonte Mourisca, que foi edificada em 1922 (não no lugar atual), segundo projeto do Mestre José da Fonseca. A Fonte Mourisca substituiu o antigo Chafariz da Câmara, com o intuito de valorizar a entrada de Sintra e de «dignificar a água mais apreciada de Sintra».
Com o alargamento da estrada, em 1960, o fontanário foi desmontado e vinte anos depois, a Câmara reergueu o monumento, não no seu primitivo lugar, mas uma vintena de metros mais adiante, em plena Volta do Duche.

A sua arquitetura revela certo formalismo académico, característico, aliás, do modernismo revivalista dos anos 1920. De facto, como o próprio topónimo indica, trata-se de uma estrutura de desenho neoárabe.
O edifício que alberga o fontanário é "dinamizado" por grande arco em ferradura denticulado, no qual se rasgam três outros arcos em ferradura, também dentados e emoldurados por azulejos neo-mudéjares, impondo-se ao centro, a pedra de armas do Município.

No interior ovoide e cobertura abobadada, as paredes permanecem revestidas por azulejos também de inspiração mudéjar. Ao centro, impõe-se o fontanário, cuja bica de bronze emerge de um florão e a água derramada resguarda-se em tanque oval com bordo concheado.
Fonte: http://www.cm-sintra.pt/ Eça de Queirós, Os Maias  

Sintra - 3º Dia - Museu Anjos Teixeira - Parte I

O dia seguinte ao da chegada a Sintra acordou ensolarado. O duche e o vestir foram rápidos, pois aquele dia esperava-nos um verdadeiro banho de cultura. O SINTRARTES é basicamente um festival de rua, que tem como objetivo principal envolver a comunidade no mundo fascinante das artes e que naquela edição (2011), prometia muita animação nas ruas da Capital do Romantismo.
Além dos espetáculos proporcionados pela Lumina – Festival de Luz, que decorriam durante as três noites, durante o dia todos os Museus e Palácios estavam abertos ao público até tarde, decorrendo ainda pelas ruas da vila, mais uma edição de “Sintra Arte Pública VIII”, uma belíssima exposição de escultura nas ruas, que fez desta vila um verdadeiro Museu ao Ar Livre.

Iniciámos a subida do parque de estacionamento até à Volta do Duche, com uma paragem praticamente logo no início para a visita ao Museu Anjos Teixeira. Este museu embora esteja inserido em pleno Centro Histórico e no trajeto entre o edifício dos Paços do Concelho e a vila de Sintra passa despercebido a quem, por instinto, segue o tradicional itinerário da Volta do Duche, por se encontrar em lugar baixo e envolvido na mata do parque.
Nele se encontram os legados artísticos de dois escultores contemporâneos: Artur dos Anjos Teixeira (1880-1935) e seu filho Pedro Augusto dos Anjos Teixeira (1908-1997), realçando-se trabalhos figurativos de temática humana e animal em gesso, mármore e bronze.

Este Museu encontra-se instalado num antigo imóvel construído nos inícios do século XX para uma azenha, que, na Azinhaga da Sardinha (o nome do lugar onde se encontra o parque de estacionamento aberto a autocaravanas), aproveitava as águas do rio do Porto, mais tarde transformada em serração de pedra, tendo sido, por fim, adquirido pela Câmara Municipal de Sintra para um depósito de viaturas municipais.
Mais tarde como a 24 de setembro de 1974, o Mestre Pedro Augusto dos Santos Teixeira legou oficialmente à Edilidade Sintrense, todo o seu espólio (de cariz neorrealista) e, ainda, boa parte do de seu pai, ficando, deste modo, as obras de dois grandes Mestres escultores contemporâneos reunidas neste mesmo espaço, que abriu ao público apenas em 1976.

Desde esta data, e até 1982, ali estiveram em exibição a quase totalidade dos trabalhos escultóricos destes dois artistas, altura em que a velha serração é fechada para obras de restauro, remodelação e ampliação integrais, de acordo com a escritura de doação em 1974, em que a Câmara ficou obrigada à construção de dependências para uso privado do Mestre. Neste contexto, passou o Mestre a residir no edifício, transformando-o numa Casa-Museu pública e num atelier vivo, onde deu aulas de escultura entre 1977 e 1992.
O Museu possui uma importante coleção de escultura, peças em bronze, estudos em gesso, desenhos, maquetas e outros trabalhos dos escultores. Para além das esculturas neorrealistas dos mestres Anjos Teixeira, podemos também observar coleções de pintura, desenho e fotografia.
Fonte: http://www.cm-sintra.pt/Artigo.aspx?ID=2000 / http://www.igogo.pt/atelier-casa-museu-anjos-teixeira/ http://www.sintraromantica.net/